Aquele olhar cheio de brilho começou a bagunçar a mente e o coração de Asui. O fato de sempre conseguir se manter estável diante de qualquer situação não permitiu que Midoriya notasse qualquer mudança relevante na face dela. Suas bochechas até chegaram a corar, mas de uma forma que quase não dava para ver. Contudo, Tsuyu havia travado no momento em que ouviu o elogio do garoto, e já estava com os olhos pregados nele há um bom tempo. Aquilo estava começando a deixá-lo sem graça.

"T-Tsuyu-chan... você está me encarando demais...", disse começando a ficar vermelho.

"Oh, me desculpe", ela falou após voltar a si. "Bem, faltam só alguns minutos pra aula começar. É melhor você ir se arrumar. A Ochako-chan e eu queremos muito que você vá, então... só pra garantir..."

Assim que terminou de falar, a jovem fez algo inesperado antes de se despedir. Com delicadeza, a pequena se aproximou de Izuku e beijou sua testa gentilmente. Foi repentino, porém suave. Ele demorou alguns segundos para processar o que havia acontecido depois que a menina se afastou.

"T-T-Tsuyu-chan!", exclamou enquanto a via seguir em direção à porta. "P-por que fez isso?!"

"Dizem que beijos curam machucados...", disse Asui ainda andando e sem olhar para trás. "Talvez os ferimentos que você ainda tem sumam depois disso. Enfim, te vejo na aula."

"C-certo... Nos vemos lá..."

Ela estava consideravelmente vermelha naquele momento, e sabia que seu rosto iria esquentar ainda mais se olhasse para Midoriya, o qual com certeza havia ficado muito mais vermelho.

"Isso foi muito constrangedor, mas em compensação, eu pude ver a reação do Midoriya-chan por alguns instantes...", a menina anfíbio pensou enquanto seguia para a sala. "Aquela expressão fofa que ele fez foi impagável."

"O que foi aquilo?", o garoto resmungou logo após se levantar da cama. "Quando ela se aproximou eu senti um frio... não, foi como se alguém tivesse ligado um ar condicionado dentro da minha barriga. E no momento em que eu senti a boca dela tocar a minha testa... Aquilo... Eu pensei que o meu coração fosse sair pela boca."

Minutos depois, a aula começou e todos, incluindo o menino de cabelo verde, estavam presentes. 

Tudo seguiu normalmente, exceto na parte em que Aizawa pediu para os alunos pararem o que estavam fazendo para dar uma notícia. Assim que conseguiu a atenção de todos, ele informou que por certos motivos o diretor decidiu transformar a escola num colégio interno, pois assim a segurança dos que estudavam ali iria aumentar.

"Nós, os professores, recebemos a tarefa de conseguir a permissão dos seus responsáveis pessoalmente, e esperamos que todos concordem em deixá-los continuar aqui sob essa nova condição, a qual será aplicada na próxima semana", o professor acrescentou.

Os envolvidos no incidente do karaokê já tinham uma ideia do que poderia ter feito aquilo acontecer, mas como não havia necessidade dos outros alunos saberem mais sobre o ocorrido, eles permaneceram calados.

"Eu tenho quase certeza de que foi por causa do que aconteceu ontem...", Todoroki falou em pensamento.

"Dormir na escola parece uma ideia legal pra mim! Acho que devíamos ter nos envolvido em uma confusão como aquela bem antes... Hã?! Qual é o seu problema, Mina?! Não pense em coisas assim!"

A menina cor-de-rosa deu uma leve chacoalhada na cabeça para espantar a besteira que havia acabado de surgir na sua mente.

"Me pergunto se meu dormitório vai ter espaço pra todos os meus instrumentos...", Jirou falou para si mesma. "Se tiver, não vou me importar de me mudar pra cá."

 O próximo final de semana não só prometia muita correria para os professores como também guardava uma última sensação de total liberdade para os alunos que iriam permanecer na Yuuei.