Dias Ensolarados escrita por Clarinna


Capítulo 1
Você não está sonhando


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês se divirtam, estava me devendo uma fanfic desse casal e VAI TER MUITO AMORZINHO E VIADAGEM SIM, PONTO FINAL, ACABOU.



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O garoto de cabelos negros estava esparramado na grama como se tivesse acabado de ser nocauteado, e usava o antebraço para tentar cobrir os olhos verdes do sol ofuscante, porém não agressivo, da tarde. Os cantos da boca tremiam levemente, tentando conter um sorriso tão inundado de felicidade que poderia fazer os lados de seu rosto se romperem, como se não fosse suficiente ouvir que sua testa estava para rachar. Em volta, árvores baixas e arbustos que se sacudiam com o vento, os insetos peculiares com seus zumbidos rondando, não era possível ouvir o som de alunos fanfarrões aproveitando o intervalo entre as aulas, não daquele cantinho imaculado dos jardins de Hogwarts.

Harry sentiu uma mão pequena e cálida descansar bem no meio de seu peito, e inspirou profundamente para aproveitar daquele toque ao máximo. Ele não poderia adivinhar, como sempre vitima da doce imprevisibilidade, que Ginny se locomoveria com a leveza de um gato e num instante estivesse sobre ele, cobrindo o sol do céu com sua cabeça de cabelos flamejantes. Ele afastou o braço, mas não abriu os olhos, apenas foi se habituando a todas as sensações novas; agora duas mãos espalmadas em seu peito, os joelhos finos dela tocando seus quadris, as pontas do cabelo fazendo cócegas em seu rosto. Ela estava sorrindo, Harry sabia.

— Pode abrir os olhos, - ela sussurrou com um leve tom de zombaria - você não está sonhando, Harry Potter.

Então ele abriu-os, e mais uma vez naquele dia  precisou se questionar mentalmente sobre a possibilidade de ter levado um balaço na cabeça no ultimo jogo e ainda estar inconsciente na ala hospitalar, tendo os melhores sonhos que alguém em coma poderia desejar. Tirando as detenções com Snape, claro. O sorriso dela estava radiante, os olhos castanhos grandes piscando com as pestanas longas, e todas as sardas nos lugares certos.

— Aah, - ele fingiu extremo alivio - graças aos céus.

 Ginny riu gostosamente, até ir cessando, e quando se tornou só um sorriso satisfeito ela se aproximou e beijou Harry devagar e delicadamente, causando uma moleza de sentidos instantânea no garoto, como se não fosse mais um dos milhões de beijos que desejavam trocar em um dia, mas um momento absurdamente precioso. Tinha razão, pois aquele momento voltaria a Harry mais vezes do que ele esperava precisar relembra-lo.

O garoto ficou extasiado de tal forma que suas mãos se moveram sozinhas quando envolveram a cintura dela com força comedida, trazendo-a para mais perto de seu próprio corpo.

Desde o beijo fatídico na sala comunal após a vitória da Grifinória, era assim que eles dois passavam seus dias; juntos, durante longas horas de amassos e conversas sobre a vida, quadribol e o que mais lhes interessasse, sorrateiramente pelos cantos mais reservados que a escola poderia oferecer e dos quais eles secretamente imaginavam que haviam sido os desbravadores. Entretanto, não era segredo para ninguém que Harry Potter e Ginny Weasley estavam namorando, e o falatório acerca desse fato era o único que não incomodava nenhum dos dois. Tendo Rony aceitado o namoro, para começar, já estava tudo em plena conformidade. Ele apenas precisava desviar o olhar quando sua irmã dava beijos de boa-noite, bom-dia, fiquei-com-saudades, ou a gente-se-vê em seu melhor amigo bem na sua frente.

Para infelicidade de Harry, a única coisa que obrigava-os a se separar além das aulas, aulas particulares com Dumbledore e detenções era a aproximação dos N.O.M.s de Ginny, que estava no quinto ano em Hogwarts sentindo toda a pressão que ele mesmo havia sentido no ano anterior, e tendo que passar horas na biblioteca sobre os livros e anotações. No inicio ele até se dispôs a fazer companhia, enquanto fazia as difíceis tarefas passadas pelos seus próprios professores, visando os N.I.E.M.s, porém logo Hermione fez o favor de observar que nenhum dos dois estavam se concentrando o suficiente se estavam a menos de dois metros de distancia um do outro, o que acarretou a Harry horas que mais pareciam se arrastar na sala comunal sem sua namorada.

Quando se encontravam de novo, realmente não tinha para ninguém. Harry amava e jamais trocaria seus melhores amigos, Hermione e Rony, por nada no mundo, mas Ginny era como... O pomo de ouro. Uma comparação peculiar que faria Hermione revirar os olhos, porém explica muita coisa. Ele não podia negar como se sentia livre ao lado da garota que gostaria de prender consigo para sempre. Ele era ele mesmo, porque Ginny não era qualquer uma, ela merecia e tinha todo o direito de conhecê-lo verdadeiramente. Harry ficou feliz ao constatar que ela não tinha chorado em nenhum dos momentos juntos até então, nem demonstrado pena, ou raiva descabida, ou dado indícios de que ele havia errado em alguma coisa e o queria menos.

Eles tinham muita liberdade em seus esconderijos, mas Harry tratava-a com respeito e cuidado sem exageros quando não se fazia bem claro que ele poderia passar um pouquinho da linha. Afinal de contas, estava sendo uma tarefa quase impossível controlar os hormônios, quando os beijos começavam a ser intensos demais e as mãos procuravam territórios além para explorar.

Naquele momento em questão a situação já estava se abrasando, e nada nele expressava o desejo de parar, o animal que vivia em seu peito ronronava com excitação, beirando ao desespero de não saber quando teria que domar violêntamente aquela vontade, como em todas as vezes que se empolgavam. A camisa de Ginny estava para fora da saia, e a inclinação para alcançar os lábios de Harry a fazia encorregar ligeiramente de seu corpo para frente. As mãos firmes dele fizeram um caminho já familiar, envolvendo a cintura dela, subindo para as costas e descendo até onde a saia cobria a camisa, mas desta vez ele se surpreendeu ao tocar a pele quente e macia, e sentiu necessidade de ficar ali algum tempo, fazendo circulos com os polegares na curva entre a cintura e as costelas de Ginny, notando que a menina se arrepiava intensamente.

Movimentando-se ligeira e harmoniosamente de novo, ela dobrou as pernas e pousou sobre Harry como se sentasse num banco do vestiario, puxando ele para cima pelos ombros para emparelha-los naquela posição confortavel. Ela segurou o rosto dele com as duas mãos, encarando com olhos cheios de desejo, o peito subindo e descendo um pouco mais rapido, ofegando. Tascou um beijo apaixonado que fez eles se desequilibrarem um pouco e rirem. Estavam prestes a se fundir, as mãos de Ginny enroscadas nos cabelos despenteados dele, enquanto Harry a apertava contra seu corpo por baixo da camisa sentindo cada centimetro novo de pele convidativa. Ele pensou que ela estava gostando, mas que obviamente tinha igual direito de toca-lo em lugares em que ninguém tinha tocado ainda, e provavelmente foi por isso que a garota desceu decidida por seu maxilar e pescoço com beijos inebriantes, e quase sem que Harry notasse, ela jogou sua gravata já frouxa para longe, e mergulhou as mãos pequenas e ansiosas pelo seu colarinho, abrindo botões da camisa ao move-las para seus ombros e para o peito nu, arranhando levemente com as unhas onde os dedos se demoraram, causando nele um choque de prazer e uma sensação de quentura no baixo-ventre que ele considerou alarmante, mas da qual ele não parecia estar no controle.

Ginny, por uma força magica sensata, pareceu notar que estavam indo longe demais quando uma mão de Harry segurou seu quadril com um pouco mais de força do que ele habitualmente fazia, empurrando-a para baixo, e a mão livre entre seus cabelos atrás da nuca, envolvendo-a num beijo feroz.

— Harry... - ela chamou, e para sua surpresa saiu como um ronronar baixo.

— Hum? - respondeu ele sem realmente ouvir, foi então que ela precisou juntar toda a sua força de vontade para afasta-lo com um empurrão delicado.

— Harry. - repetiu com mais firmeza, encarando a expressão repentinamente perdida dele, os oculos meio tortos, os dois tinham os labios rosados e inchados.

O garoto voltou a si em um estalo de juízo e tirou as mãos do corpo de Ginny, apoiando-as na grama, e correspondendo o olhar significativo dela com um pouco de pesar.

— Me desculpe. - disse antes que pudesse se conter, e ela pareceu contrariada - Quero dizer... Não devia ir tão longe.

— Nós dois nos empolgamos. - ela falou como se quisesse extinguir a culpa dele, mas sem sucesso pois estava completamente corada e arfante - Agora sei que você não tem nenhuma tatuagem, pelo menos.

Ela brincou com os dedos na pele nua de Harry por mais alguns segundos, depois aparentando desapontamento ao fechar os botões da camisa de novo.

— Você sempre se controla, me sinto até bem de ser essa pessoa uma vez. - brincou, então se lançou para longe dele, rolando na grama em camera lenta e parando de barriga para cima.

Estava certa, até aquele momento era Harry quem sempre tomava as redeas no meio de um amasso acalorado e fazia com que eles voltassem a pensar com sensatez, o quê ele compreendeu depois que era o medo de ser um completo babaca com ela por não controlar seus instintos.

— Hoje foi diferente. - ele murmurou mais para si mesmo, sentindo formigar cada lugar onde ela tinha tocado sem a barreira de roupas habitual.

Ficaram em silêncio pelo o que pareceu um minuto, que não foi desconfortavel, apenas uma forma de aquietar a excitação que ainda envolvia os dois. Quando se recuperou, Harry esticou o braço e pegou a gravata que tinha sido arremessada para o lado, voltando a coloca-la frouxamente no colarinho da camisa.

— Aquela nuvem parece um pomo de ouro. - Ginny apontou de repente, ele olhou para o céu e fez que concordava com ela - Será um bom agouro?

— Talvez. - deu de ombros - Não preciso de agouros, tem uma apanhadora incrivel no meu time.

— Ouvi dizer que ela é a maior gata.

Harry se ergueu do chão sorrindo e sacudiu as roupas para tirar a grama e as formigas que tentavam subir nele.

— Ouvi dizer que ela e o capitão ficam de amassos por aí. - ela ergueu as sobrancelhas fingindo surpresa, então se levantou também com um salto.

— Esse capitão tem muita sorte. - a menção da palavra ‘sorte’ fez o garoto se lembrar da poção que estava guardada no fundo de seu malão dentro de uma meia velha.

— Sorte? Eu diria... Talento. - Ginny riu com incredulidade forçada.

— Que orgulhoso!

— Não sou orgulhoso. - o garoto disse ainda rindo, porém como se desse um ponto final para a conversa.

— Claro que não é. - ela revirou os olhos e puxou a gravata dele até ficarem na mesma altura, roubando um beijo rápido - Nargulês existem também.

— Aqui está cheio de zonzóbulos.

Eles deram as mãos e começaram a caminhar de volta para o castelo aos tropeços, esbarrando um no outro de propósito até chegar na escadaria que levava ao hall.

— Vou para biblioteca estudar, de novo. - Ginny comunicou, bufando - Agora entendo por quê Ana Abbott teve um ataque de pânico.

— Alguns ficam bem desesperados e dá vontade de rir, mas ai você se pega indo para enfermaria tomar uma Poção Calmante. - ele estava lembrando dos dias que antecederam os N.O.M.s - A orientação vocacional foi util para você?

— Sim, mas não sei... - Ginny encolheu os ombros - Não quero uma carreira no Ministério, como papai, nem ser auror, tipo a Tonks ou você.

— Curandeira? - ele surgeriu e ela balançou a cabeça negativamente - Do quê você realmente gosta?

— Quadribol. - respondeu sem hesitar, e Harry abriu um sorriso, admirado.

— Vou te apoiar no que você quiser fazer. - disse calmamente, sentiu os dedos dela se entrelaçarem nos seus e um aperto, então se deu conta, metade de um segundo depois, de como aquela frase inocente soou comprometedora.

Olhou para ela quando chegaram ao hall e parecia estranhamente ansiosa e mais encantada por ele do que jamais estivera. O vento gentil que entrava pelas grande portas de carvalho tocava os cabelos dela, movendo-os como numa dança e, quando a moça o envolveu num abraço carinhoso, Harry ficou desconcertado e sentiu a garganta seca. Teve que se curvar um pouco para que ela não precisasse se sustentar na ponta dos pés, até afundar o rosto no pescoço dela e sentir aquele perfume floral adorado. Quando se separaram, ele achou que foi rápido demais.

— Às vezes, acho que quem está sonhando sou eu. - disse enigmaticamente, e se separou dele.

Harry observou enquanto ela se afastava, os cabelos longos e ruivos balançando, o andar decidido e charmoso de sempre. Seria possível estar mais apaixonado do que ele mesmo imaginava?


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Notas finais do capítulo

No próximo tem maissssss (óbvio).



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