Sorte ou Azar escrita por Isa imortalizada


Capítulo 24
Capítulo 24




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Fechei minha bolsa colocando o celular no bolso da frente, enquanto minha amiga apertava o botão do térreo, junto ao painel do elevador.

— Bella, esqueci de te contar, Jasper foi aprovada para Engenharia na NYU.

— Quer dizer, o meu trio favorito vai se manter juntos, Alice me mandou mensagem agora à tarde, ela foi aceita em Química e o Theo em artes cênicas na NYU.

— E a sua irmã, como está lidando com a ideia de um relacionamento à distância? Sabe que nessa idade tudo é tão intenso.

—Ela ta chorosa, mas New York, fica há poucas horas daqui, e Theo, quer manter o namoro, foi até pedir a mão dela para o meu pai, achei fofo. Ele não vai magoar a minha irmã,  porque morre de medo de mim, porque  eu sei alguns golpes, que segundo ele pode ser fatal, e o meu pai, já que sabe usar uma arma – disse revirando os olhos.

—Nem acredito que o meu irmão vai se mudar para outra cidade.

—Eles crescem tão rápido, estou tão feliz– digo rindo.

— E seus pais e a sua irmã, estão gostando da Suíça? 

—Minha mãe foi encontrar uma prima que mora lá a alguns anos, e está maravilhada, minha irmã já foi até em uma fábrica de chocolates, e fica me mandando várias fotos de onde gravaram o drama dela favorito.

As portas do elevador abriram, Rose remexeu na bolsa em busca das chaves do carro, mas parou abruptamente, fazendo com que eu lhe desse um esbarrão.

—Desculpa - disse.

—Eu acho que você não vai precisar da minha carona hoje

—Do que você está falando?

Ela simplesmente apontou o dedo em direção à porta dupla do prédio que refletia o crepúsculo do final da tarde, e por elas eu pude ver Edward vestindo um terno preto com a gravata frouxa, suas mãos estavam no bolso da calça e ele encostado-se a seu Volvo prata.

—Será que ele quer falar comigo?

—Amiga, se o boy que você beijou, salvou a vida dele e ainda livrou a irmã caçula de ser sequestrada, - disse enumerando as minhas ações - aparece na frente do prédio em que você trabalha, não é comigo e nem com o porteiro que ele quer conversar

—Eu to nervosa

—Relaxa, pensa comigo, se ele está aqui te esperando é sinal que ele quer resolver as coisas, e você vai colocar um sorriso nesse rostinho lindo, respirar fundo, e ir até lá pra saber o que ele quer, se for pra vocês ficarem juntos, perfeito, vou ficar muito feliz em ser madrinha do casamento. Agora se ele não quiser ter uma mulher linda, corajosa e que sabe dar a melhor sequência de Uppercut, então quer dizer que ele não te merece, e que será  nocauteado pelo meu namorado se te fizer você chorar.

—Rose – disse espantada

—É verdade Bella, se ele pensar em te machucar, é bom ele estar preparado, porque o meu louboutin de sola vermelha pode fazer um estrago em um rostinho bonito, afinal eu não paguei três mil dólares a toa.

—Obrigada – disse a abraçando

—Qualquer coisa me liga

Terminei o abraço e segui o seu conselho, me olhei no espelho da recepção e minha imagem estava aceitável, respirei fundo e caminhei em sua direção.

—Qual a probabilidade de conversarmos, sem que a loira queira atirar em mim?

—Se essa conversa envolver lágrimas da minha parte, talvez uma probabilidade de noventa e nove por cento.

— E se você não chorar?

— Então baixamos essa porcentagem para quarenta por cento.  

— E qual é a probabilidade de você querer conversar comigo?

— Talvez, uns setenta por cento? -perguntei em tom de dúvida

— Posso tentar reverter para cem por cento?

— Tudo depende

— Agente Swan, você aceita jantar comigo, imagino que não tenha se alimentado ainda?

— Claro, por que não? - Essa era a deixa, tinha certeza que Edward, veio em busca de respostas, e eu havia me preparado para esse momento.

Ele apontou para o carro, e segui para a porta do passageiro, antes mesmo de eu poder abrir a porta, ele logo se prontificou.

Peguei o meu celular na bolsa e escrevi uma mensagem, para Rose, explicando que estava tudo bem e que apenas iríamos sair para conversar.

Estar novamente nesse carro, me traz uma sensação de nostalgia, que aquece o meu coração. 

Passei grande parte do caminho, em silêncio, olhando a passagem, e apenas com o barulho de uma estação de rádio qualquer.

Percebo a velocidade do carro diminuir e entramos em um estacionamento subterrâneo de um prédio residencial. 

Em silêncio sigo os passos de Edward que me direcionada para um elevador em pouco tempo, vejo ele colocando a digital na porta do oitavo andar, e ela se abrir.

 O apartamento é impessoal, cores claras, mas com uma bela vista para a cidade, passo os meus olhos rapidamente e vejo uma mesa posta para dois, mas um piano, perto da varanda e o destaque da sala.

—Eu pensei em muitos lugares para podermos ter essa conversa - disse sentado no sofá, e fazendo sinal para acompanhá-lo. 

Rapidamente deixo a minha bolsa na poltrona e me sento virada pra ele.

—Cogitei a casa dos meus pais, mas minha irmã, estaria ouvindo atrás da porta. Pensei em um café, ou um restaurante, mas não sei o quanto você pode falar em público, imagino que você tenha que manter confidencialidade em alguns pontos. Então lembrei do meu apartamento, eu comprei logo quando terminei a faculdade, e acabei reformando, e ainda não trouxe as minhas coisas para cá, acho que seria um bom lugar, não quero que você se ofenda. 

—Imagina, eu até agradeço a sua sensibilidade em pensar na confidencialidade que o meu trabalho exige, afinal, foi por causa dela que nós estamos aqui.

— Eu pedi uma lasanha, de um restaurante italiano que gosto bastante, espero que esteja do seu agrado, vou buscar, fica à vontade. 

Edward em sua busca pelo nosso jantar, tirou o paletó que estava vestindo, e levantou as mangas da camisa social, respirei fundo, sentia me quente por estar naquela sala, tirei o meu elástico de cabelo preto do pulso e fiz um rabo de cavalo, em uma tentativa de aplacar o calor, me levantei assim que vi ele voltando da cozinha e em silêncio nos sentamos na mesa, e saboreamos um ótimo jantar, em silêncio. 

Devo confessar que é uma das melhores lasanhas que eu já havia provado.  

—Alice, me disse que lasanha era um dos seus pratos favoritos, espero que não tenha decepcionado. 

— Não decepcionou - disse me servindo um pouco mais do suco de laranja que estava ali, e me levantando para me sentar no tapete felpudo do chão da sala, e usando a mesinha como apoio para a taça.

O meu ex-professor, logo volta, e na mesa de centro deposita uma caixa de bombons sortidos, a nossa conversa será longa. 

—Bella, eu quero começar te pedindo desculpas, eu sei que errei quando não quis conversar com você, e me afastei, minha mente estava sob muita pressão, e eu nunca quis te magoar, me manter distante foi o jeito que eu encontrei de não meter os pés pelas mãos e acabar falando alguma besteira, que pudesse te machucar. 

—Eu entendo, e por isso, não quis impor a minha presença.

—Eu só queria entender como chegamos a esse ponto, e acho necessário colocarmos tudo em pratos limpos, para podermos seguir em frente.

Seguir em frente, essas três palavras ficaram rondando a minha cabeça, essa conversa seria definitiva. E com esse pensamento tomei a frente da conversa.

—A primeira coisa que quero deixar claro, é que nunca quis prejudicar ninguém, tudo nesse operação foi muito atípico, foi a minha primeira missão em campo, quem estava designada para acompanhar  a sua irmã era a Agente Rosalie Halle, mas ela não pode seguir, como a filtrada, não tínhamos um perfil que pudesse ser usado, e foi ai que tudo começou,  eu fui designada no lugar dela.

—Rosalie, a irmã do Jasper. Imagino que deva ter sido esse o motivo.

—Exatamente.

—E foi assim que você parou na minha sala de aula.

—Eu não havia estudado todos os integrantes da sua família, ou os amigos da Alice. Sabia que o básico, só me dei conta de que você era o irmão dela, quando você jogou a tampa da caneta em mim, e fez a sabatina sobre a magistratura -  revirei os olhos, um péssimo hábito que aprendi com esses adolescentes. 

—Hey, não revire os olhos pra mim, você estava no celular, mocinha. - Riu da minha careta.

— Lógico, eu tinha um bom motivo para estar olhando o celular, tinha um carro suspeito na rua da escola, estava apenas colhendo informações.

—Vou te confessar, você me chamou atenção ali - perdi uma batida do meu coração - nunca havia visto, nenhum aluno, falar com tanta propriedade sobre um tema do direito. Fora que fui ameaçado por imputar falsamente um crime de injúria, você me impressionou, ainda mais naquele corredor.

— Eu sou formada em direito, e apta para exercer a advocacia, passei no exame da ordem, no último ano de faculdade. Ou seja, doutora por excelência nas horas vagas.

— E maior de idade, presumo que aquela identidade era verdadeira.  - Constatou.

— Sim, eu tenho 23 anos.

—Acho que fiz você passar vergonha com seus amigos quando te tirei da Mynt Lounge, daquele jeito. devo ter feito papel de idiota, te entregando para os seus “tios”.

— Acredite, você fez a diversão dos meus amigos, ouço piadas do namorado, da minha amiga, até agora.

— Foi naquele dia, que eu perdi o controle, e te beijei.-E eu te chantagiei, peço desculpas por isso.

—Desculpas pelo beijo, ou pela chantagem? - Perguntou com um sorriso presunçoso.

—Pela chantagem, pelo beijo, eu não me arrependo.

—Eu nunca tinha ultrapassado esse limite com uma aluna.Quero que isso fique bem claro, eu não sou esse tipo de homem aproveitador.

— Alice, me garantiu a sua boa índole, eu vi com os meus próprios olhos, você lecionando, e eu posso em algum momento ter visto a sua ficha criminal.

—Até hoje, só houve um momento em que eu quis utilizar o meu primário, sabe quando aquela mulher atacou você no banheiro, e você foi parar no hospital? Ali, eu quis fazer justiça com as minhas próprias mãos.

—Você sabe que seguir essa filosofia de olho por olho e dente por dente, sempre vai ter alguém que vai sair machucado.E outra, a Victoria, era uma assassina de aluguel, queria matar Alice, eu não tinha muitas opções naquele momento, a não ser intervir. Victória, vai ser condenada pelo seus crimes, perante a nossa sociedade, a justiça pode demorar, mas não falha. 

Virei o rosto em sua direção, e passei os dedos pela nova cicatriz que ali tinha, era pequena, em torno de uns cinco centímetros, mas aquela noite estaria gravada na minha pele.

O que me surpreendeu, e fez com que um frio na barriga me dominasse, foi sentir os dedos gelados dele passar com delicadeza pela cicatriz, com uma feição de admirado.

— Naqueles minutos, entre ver você desacordada no chão do banheiro, até a ambulância chegar, foram as mais agoniantes da minha vida, foi ali que tive certeza que tinha que fazer algo.

— E você me beijou no escritório do meu pai no dia seguinte, quando foi me visitar, e eu te pedi um tempo.

— Fiquei em dúvida, se tivesse feito o certo, você tinha acabado de sofrer um acidente, não sabia se estava confusa, afinal, seu professor disse que tem sentimentos por você, e o fato de ser mais velho, não ajudava.

— Eu lhe pedi um tempo, justamente, para poder acertar as coisas, até tudo terminasse, e você não ter a sua carreira manchada por um escândalo.

— Tudo faz sentido, agora. Naquele dia, o agente Devon, estava naquele escritório, eu tenho que perguntar, não posso mais carregar essa dúvida comigo, vocês já tiveram algo, ele até te chama de bebê? 

— Devon, é  um grande amigo da minha família, ele é esforçado, e quando meu pai se aposentou, ele ficou em seu lugar.  Eu sou muito grata a ele. - suspiro - Devon, sempre esteve presente em minha casa, e por muito tempo me ajudou a estudar para as provas da faculdade. Não vou mentir e dizer que eu não tive sentimentos por ele, por que eu tive, por anos nutre um amor platônico unilateral.. E a poucos dias, ele me chamou para um encontro, mas não aceitei.

— É errado dizer que fico feliz que você não tenha aceitado? 

— Acho que não, afinal, eu não posso invalidar os seus sentimentos. 

— Sabe, por muito tempo eu evitei relacionamentos, quando estava na faculdade sofri um dissolução amorosa terrível, estava  cercado de mentiras e traições, isso acionou um gatilho na minha cabeça. Eu não gosto de mentiras Bella, prefiro a verdade, por mais difícil que ela seja. 

— Você prefere a verdade, né? 

— Óbvio.

— Então, a minha verdade, é que, eu tenho sentimentos por você, eu gosto de você, e por mais que o nosso encontro tenha sido, quase uma obra de ficção cinematográfica, envolvendo, mentiras, vilões, e um pouco de sangue. Eu quero me arriscar, e estar me declarando para você agora, e sem dúvidas a maior loucura de toda a minha vida. 

E sem que eu esperasse uma resposta, Edward me puxou para o seu colo, fazendo com que ficasse montada de frente para ele, olho no olho, minha mão apoiando em seu peito, sentindo os batimentos do seu coração, que estava tão agitado quanto o meu.

—Garota, você não para de me surpreender, você não deixou eu falar, fiquei planejando esse momento há dias. Em poucas semanas, você deixou o meu mundo de ponta cabeça, e eu prometi a mim mesmo, se a oportunidade surgisse eu não deixaria ela passar, e eu não vou deixar você fugir. Eu quero você pra mim, te quero na minha vida. Você quer ser minha namorada?

 Eu ofeguei, ele não quer seguir em frente sozinho, ele quer seguir junto comigo.

—Posso considerar o seu silêncio como um sim?

— Definitivamente, é um sim.

E nesse momento, ele puxou minha cabeça em sua direção, e me beijou com vontade, um beijo diferente de todos os outros, podia sentir suas mãos por todo o meu corpo, seus dedos faziam um carinho gostoso em minhas costas, ele me segurava com possessividade, nossas línguas duelavam entre si, minhas mãos foram diretamente para o seu cabelo, e eu dei um pequeno puxão, trazendo-o mais para mim, queria que seu corpo se fundir-se ao meu.

Seus beijos foram para o meu pescoço, fazendo com que o meu corpo se arrepiasse por completo, eu mordia os meus lábios, tentando segurar os meus suspiros e em uma tentativa falha, que ele não ouvisse os meus gemidos.

Era uma mistura de sensações, eu nunca tinha chego nessa fase com ninguém.

Quando eu menos esperei, ele mordeu o lóbulo da minha orelha, e o que me disse em seguida, me deixou, em êxtase. 

—Não morda os seus lábios com tanta força, deixe que eu irei  mordê-los, e seus gemidos, são melhores do que muitas composições de piano. Então pequena, não machuque algo que agora me pertence. - sem tempo para resposta, ele novamente se infiltrou em meu pescoço, me fazendo arrepiar, eu iria morrer.

Onde esse homem estava se escondendo? Em ápice de consciência, tinha que alertá-lo.

—Edward, acho melhor irmos com calma.

E assim que ouviu a minha negativa, ele parou, o que fez com que ganhasse mais pontos comigo, podia sentir a sua excitação pelo momento.

—Fiz algo que te desagradou, te machuquei? 

—Não é isso, tudo está tão perfeito- disse ofegante- perfeito, até demais, mas...

—Mas…, pequena, você pode me contar qualquer coisa, a verdade sempre, lembra? 

—E que, isso é tudo muito novo pra mim.

— Você está certa, não nos conhecemos o bastante para estar nesse nível, eu não quero estragar as coisas com você, já perdemos muito tempo separados.

—Não, não é questão de se conhecer. -Eu sabia, não foi uma boa ideia te trazer aqui, você deve estar pensando que tinha segundas intenções, me desculpe, fui precipitado.

—Quando eu falo de ser novo, eu quero dizer isso - apontei para nós dois.

—Eu não tô entendendo.

—Eu nunca estive nessa situação, ou nunca cheguei nessa fase em que estamos, nunca namorei, ou fiquei mais intimamente com alguém. Entende?.

—Quer dizer que você nunca…-tampei a sua boca com as minhas mãos.

—Por favor, não complete essa frase, não me faz sentir mais vergonha do que eu já estou sentido em admitir isso. 

—Não precisa ter vergonha, as coisas devem acontecer de forma natural, e se vamos namorar, eu vou adorar ser o seu professor.  -E voltou a me beijar, só que dessa vez, contemplando o momento, sem pressa.

Eu tenho certeza, que vou ser a melhor aluna, na matéria dele.


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