Doug dormia profundamente, imerso em belos sonhos, depois de uma noite de farra com os amigos. Principalmente, uma noite com Harry Judd, até que, às dez da manhã, o telefone começou a tocar insistentemente tirando-o de seu sonho na melhor parte. Irritado, atendeu ao telefone. Não perdoaria o responsável por acordá-lo a não ser que esse fosse o mesmo que fazia seus sonhos tão doces.
— Alô!
— Dormindo? – a voz conhecida perguntou.
— Estava, né – não pôde evitar sorrir ao responder. Sua raiva havia sumido porque, melhor do que sonhar com Harry, era acordar com sua bela voz.
— Desculpa te acordar, mas eu estou com um problema e pensei que você pudesse ajudar.
— Eu desculpo dessa vez, qual é o problema? Algo bem sério, para você me ligar às dez da manhã, não é?
— Sim, uma dúvida que está tirando meu sono – falou em tom de drama.
— Oh! Percebi – riu. – Mas então, Harry, estou ficando preocupado, cara, o que fez você acordar tão cedo?
— É que eu saí com um cara incrível ontem e não sei como chamá-lo para jantar hoje, eu pensei em ligar e o acordar às dez da manhã pra isso, mas não saberia algo bom o suficiente para convencê-lo. Nada do que eu disser será de longe tudo que ele merece ouvir.
— Eu não acredito, Harry. Posso saber com quem você passou a noite? – perguntou, indignado.
— Estava tão bêbado que não se lembra, Doug? – Harry fez voz de ofendido, rindo em seguida. – Como você pode ter esquecido alguém tão lindo e incrível como ele?
— Por que você não liga pra ele e o acorda às dez da manhã para dizer tudo isso? Tenho certeza que ele ficará muito feliz – seu tom era irritado.
— Porque eu não sei como dizer... Ele pode me achar um idiota e não querer sair comigo, então... Se fosse você, como gostaria de receber esse convite? – Doug respirou fundo para não responder nada muito malcriado.
— Se fosse eu... Provavelmente estaria sonhando com você, então acordaria feliz por atender ao telefone e ouvir sua voz, e depois disso você poderia dizer apenas: “Adorei passar a noite com você e fiquei acordado o resto dela pensando em como seria ter outra noite ao seu lado, então cansei de imaginar e resolvi ligar para ver o que acha da ideia.”
— Nossa, cara, você é bom nisso.
— E não acredito que estou te ajudando a chamar um cara para sair. Pensei que tivesse ido pra casa depois que saímos daquele bar – disse, sem esconder a frustração em sua voz. – Agora, se não tiver mais nada para falar...
— Eu tenho.
— O quê? – perguntou impaciente.
— Adorei passar a noite com você e fiquei acordado o resto dela pensando em como seria ter outra noite ao seu lado, então cansei de imaginar e resolvi ligar para ver o que acha da ideia. Então, quer jantar comigo essa noite?
— Ha-r-rry... – sua voz falhou enquanto tentava entender o que acabara de ouvir.
— Incrível como você conseguiu descrever lindamente o que eu estava pensando. Passei mesmo a noite inteira acordado pensando em um próximo encontro com você, então será que o garoto mais lindo e bobo do mundo poderia parar de gaguejar e me responder?
— Então o garoto incrível, lindo e inesquecível era eu?
— Você tinha dúvidas?
— Que eu sou isso tudo não, mas talvez você não tivesse percebido – riu. – Nunca se sabe, né... – Respirou para não gaguejar novamente. – Então... A verdade é que esse garoto perfeito aí adoraria sair de novo com você, porque ele também gostou tanto da companhia que não via a hora de conseguir dormir para sonhar com o cara que fez a noite passada ser a mais especial de sua vida.
— Às oito, então? – perguntou animado, após alguns segundos de silêncio, para manter a voz estável.
— Não se atrase.
— Espero que esteja pronto para ter a segunda noite mais especial de sua vida, porque, se depender de mim, farei de todas as suas noites as melhores.
— Se passá-las todas comigo eu não tenho dúvidas que serão.
— Até mais, então...
— Até... – o garoto sorriu bobamente, permanecendo com o telefone no ouvido, esperando que o outro desligasse.
— Ah! Doug...
— Oi...
— Esqueci de dizer uma coisa...
— O quê?
— Eu te amo! – disse por fim, desligando o telefone em seguida.
— Eu também... – respondeu, mesmo que o outro já não escutasse mais, ainda com o sorriso bobo nos lábios. O sorriso que seria seu companheiro por muito tempo, enquanto Harry estivesse em sua vida.

Fim.