Duas semanas depois.

Acho que eu estava a ponto de ter um colapso mental, onde eu estava com a cabeça quando resolvi acreditar nessa história toda de amizade por cartas? Você é muito muito muito burra Isabella Swan. 

Essa era a realidade da minha vida nas duas últimas semanas.

Eu andava ainda mais nervosa e ansiosa que o normal, andava encolhida com medo de que a qualquer momento as pessoas iriam votar para mim e falar: "Lá vai a bobinha das cartas" ou "Você realmente achou que alguém iria querer sua amizade esquisitona?".

Por conta disso minha mãe me levou ao psicólogo e ele receitou que eu passasse a tomar meus remédios duas vezes por dia ao invés de uma vez só, então eu estou a ponto de cair de sono indo pra escola.

— Bella, você tem certeza que quer voltar para lá? Se você quiser, eu posso conversar com seu pai e trocamos de escola rapidinho - Renée estava ainda mais protetora comigo.

Sim, eu tinha contado a ela o que havia feito a duas semanas atrás e ela surtou muito me perguntando o que eu tinha na cabeça. Eu sei que qualquer adolescente normal esconde algumas coisas dos pais mas eu não conseguia guardar segredos da minha mãe, eu era sempre um livro aberto com ela.

— Mãe, pare com isso por favor. Você prometeu que não meteria o papai nessa situação, ele é capaz de prender todos os alunos da escola por terem feito uma brincadeira com sua filhinha - sim, meu pai era chefe da policia de Forks e eu não queria pagar um mico ainda maior vendo meu pai levar todos os alunos para a delegacia até que confessassem quem estava por trás disso tudo.

— Você não acha que está sendo um pouco egoista por deixar seu pai no escuro sobre essa história? Ele sempre fez tudo por você Bella - meu coração da um salto ao perceber que já estávamos no estacionamento da escola. Renée parou bem próxima da entrada já que estava chovendo, agradeço internamente por isso, não queria me molhar muito.

— Não mãe - neguei séria, encarando seus olhos esverdeados - Não foi você que me aconselhou a sair da bolha? Me deixe enfrentar isso. Apenas fique firme para me ajudar quando eu precisar. Amo você - apertei sua mão que estava no volante e abri a porta saltando do carro.

A chuva fria caia pelo meu rosto e pescoço fazendo o pelo dos meus braços arrepiarem, subo as escadas e finalmente o teto da escola me dava abrigo contra o frio da chuva. Torço meus cabelos tentando tirar o excesso de água e retiro meu casaco ensopado, pelo menos minha blusa havia ficado intacta. 

Observo ao redor do corredor e não tinha ninguém por lá, eu sempre sou uma das primeiras a chegar na escola (retirando os dias que eu acabo acordando tarde e consequentemente eu chego atrasada) e eu gosto quando não tem ninguém na escola, me sinto mais confortável.

 Ao olhar minhas coisas noto mais um envelope, dessa vez verde, preso entre dois livros. Automaticamente meu coração dispara, eu não conseguiria esperar a aula começar para ler a carta e descobrir de uma vez por todas se isso é apenas uma piada ou não. Como não tinha ninguém no corredor, resolvo ler ali mesmo. Com os dedos trêmulos eu retiro a carta de dentro do envelope e estudo a elegante letra que tem mexido com a minha vida.

"Olá Isabella

Eu espero que você não esteja muito chateada com o meu sumiço, eu tive alguns problemas nessas semanas e fiquei afastado da escola mas não se preocupe, eu já estou bem.

Gostaria de falar também que bofe é muito corajosa e maluquinha, onde já se viu deixar uma carta para mim em cima da sua mesa? Já pensou se alguma pessoa pega no meu lugar? Mas não se preocupe, alguém de muita confiança me entregou e não leu nada do que escreveu.

E esse hoje é um dos motivos para eu estar lhe escrevendo, para falar da sua carta. Resumindo, por que você não é?

Isabella, eu já falei antes mas vou tornar a repetir para ver se entra nessa sua cabeça, você é linda, inteligente, doce, simpática, meiga, corajosa. Você é incrível Isabella, então não deixe que ninguém fale o contrario.

Mesmo com sua fobia você está sempre se esforçando para responder quando alguém fala com você. Sempre tira notas boas nas provas, não se importa com aparência ou popularidade como a maioria das meninas dessa escola fazem. Achar você Isabella foi algo muito além da sorte, você é maravilhosa.

Entao, por favor, não me pergunte mais o "por que eu?". 

E eu estou aqui para pedir por favor, que não fique com medo. Eu jamais iria pensar que me aproximar de você ou tentar ser seu amigo foi uma perca de tempo e você não vai estragar tudo, você é muito especial pra mim e o que eu sinto por você também é bastante especial, tanto que eu nem consigo expressar por palavras.

Me dê uma chance Isabella, me deixe aproximar de você, fazer parte da sua vida e te ajudar. Você não imagina o quanto eu quero te ver bem, te ver feliz.

PS: Você já descobriu quem eu sou? A cada carta minha ansiedade só aumenta, espero que goste de mim como eu gosto de você.

               With Love, Anth"

É, definitivamente o nome dele é Anthony mas qual deles? Na minha sala haviam dois meninos com esse nome, Mike Anthony Newton definitivamente não era pois ele não se importa com nada além de sua aparência e do clube de luta da escola, ouvi falar que ele sempre ganhava nas competições. Quanto ao Phillip Anthony, ele passava a maior parte da aula dormindo a duas mesas de distância da minha, duvido muito que ele notaria alguém como eu. 

Meus pensamentos são interrompidos quando um casal se aproxima de mim meio incerto. Os olho e vejo como eles são lindos, o homem era alto, loiro, tinha os olhos cor de mel e era muito branco mas a maioria das pessoas de Forks eram assim, o sol não aparecia muito por aqui. Já a mulher aparentava ser um pouco mais baixa do que eu, rosto em formato de coração, cabelos cor mogno e olhos verdes bastante bonitos. Os dois juntos pareciam ter saltado de alguma capa de revista, de tão bonitos que eram.

— Hm...  Olá, será que você poderia nos ajudar? - a mulher tinha a voz doce e suave, me lembrava muito Renée. Abaixo a cabeça um pouco envergonhada mas logo a respondo.

— Olá, do que vocês precisam? - fecho meu armário com a carta lá dentro e sorrio para o casal.

— Você poderia nos falar onde fica a sala de biologia do segundo ano? Meu filho saiu de casa apressado e acabou esquecendo o remédio dele - ela balançou uma pequena cartela de comprimidos - Ele não pode ficar sem tomar enquanto não estiver totalmente bem da virose e nós já estamos atrasados para o trabalho - ela olha preocupada para o relógio de pulso.

— Eu tenho essa aula agora. Se vocês estiverem realmente com pressa, eu posso entregar os remédios para ele - falo em um impulso de coragem mas depois me chuto mentalmente, como você pode ter feito essa burrice Isabella.

— Isso seria ótimo querida - o homem fala enquanto sorria - E se eu puder abusar um pouco mais, mande um recado meu, fale para ele lembrar de coisas importantes como o remédio no lugar de perder tempo implicando com a irmã. Ele não tem mais cinco anos - o homem solta uma sonora gargalhada me fazendo rir junto.

— Tudo bem, pode deixar - estendo a palma da minha mão onde a mulher deposita o remédio - só me digam o nome dele para que eu não entregue a pessoa errada.

— Ah, claro, que burrice a minha. O nome dele é Anthony - mais uma vez ela olha para o relógio e faz uma careta fofa. Ela me lembrava muito alguém mas minha mente não conseguia lembrar a quem.

— Esme - o homem lança um olhar reprovador - você sabe que ele não gosta de ser chamado por esse nome. Eu não sei quantas pessoas na sala podem ter o nome igual mas só para que não tenha erro, o nome dele é Edward Anthony Masen Cullen - pouco a pouco eles foram se afastando.

— Muito obrigada por nos fazer esse favor querida. Até mais - Esme acena para mim até que eles somem pelo corredor.

Ok! Eu consigo fazer isso não consigo? É simples Bella, você vai pra sala, se ele ainda não tiver chegado você espera, depois é só você perguntar quem é o tal do Edward Anthony Masen Cullen e entrega o remédio. Simples, fácil e indolor. Vamos lá, você consegue, você consegue.

Fui repetindo esse mantra até chegar na porta da sala, quando coloco minha mão na maçaneta minha mente dá um click e eu entro em pânico. O que aquele homem havia dito mesmo? O nome dele é Edward Anthony Masen Cullen.

Edward Anthony...

Espera aí... Anthony?!