Infindável escrita por Honora


Capítulo 1
único


Notas iniciais do capítulo

Narrada por Albus.



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O  fitei intensamente, como costumava fazer nas manhãs ensolaradas de sábado, onde passávamos algumas horas deitados perto do lago. Tomava cuidado exacerbado para não ser flagrado, ou teria de aturar um Scorpius intensamente vermelho e envergonhado. Gostava de encará-lo e fazer uma faxina em minha própria cabeça; alguns dos acontecimentos importantes do ano passavam como turbilhões e era difícil não me pegar pensando nisso.

As imagens de Scorpius beijando Rose, escondidos nas esquinas dos corredores, pareciam se fixar em minha cabeça, como se fosse algo realmente importante a ser lembrando, embora eu soubesse que não era esse o motivo pelo qual repassava as cenas em minha cabeça.

Eu estava definitivamente frustrado; logo completaria dezesseis anos e ainda me sentia perdido, exatamente como em meu primeiro dia em Hogwarts, onde me senti deslocado na Sonserina e Scorpius apareceu, quase que milagrosamente, mudando a coisa toda.

Ainda que não fossem mais costumeiros, eu me acostumou com aqueles momentos que passavamos juntos na companhia um do outro; nunca solitários, confusos ou extraviados.

No entanto, era como se a adolescência houvesse chegado cedo e parecia sempre pronta a desferir socos em mim. Haviam problemas demais com meu humor, crescimento e sentimentos — e tudo isso tornavam os momentos entre nós menos pacíficos e mais repletos de brigas por motivos fúteis. Tentava me manter ocupado com as aulas e quadribol, mas se tornava impossível quando estava deitado ao lado de Scorpius, simplesmente apreciando o bom tempo com a chegada do verão.

Eu gostava de pensar que havia um padrão muito comum; eu estava sempre extraviado na companhia de Malfoy, como se ele pudesse me deixar animado, confuso e irritado ao mesmo tempo. Claro que eu atribuía esse padrão a Rose, minha prima que parecia sempre disposta a levar Scorpius para longe de mim, se atracando com o meu melhor amigo como se ela fosse algum tipo de dementador – e apesar de beijar Scorpius, eu sentia que era a minha felicidade a ser sugada.

— Então... Você e Rose, hein? — comentei de repente, com um sorriso fabricado no rosto.

— O que tem eu e Rose? — os olhos de Scorpius eram pequeninos e confusos, mas brilhavam com maior intensidade quando os raios solares esbarravam nele.

— Tem algo rolando entre vocês dois — tentei não transparecer a raiva que essa sentença me trazia, certamente conseguira, pois Scorpius não pareceu notar diferença.

Malfoy apoiou o corpo nos cotovelos e eu observei o quanto ele parecia diferente do garoto franzino de onze anos que eu conheci; agora ele estava poucos centímetros mais alto que eu, e apesar de ainda manter as roupas alinhadas como sempre mantivera, Scorpius pareceu se permitir a deixar o cabelo bagunçado naquele dia.

— Não tem nada rolando, Albus — retrucou, com os olhos fechados e o rosto ao céu aberto.

— Definitivamente tem algo rolando — sussurrei emburrado.

— Afinal por que quer tanto saber? — oh, eu detestava aquele olhar repentino. Era como se Scorpius soubesse que eu escondia alguma coisa, e ele não se cansaria até descobrir o que era.

— Porque somos amigos, oras! Amigos contam as coisas um para o outro — resmunguei e me sentei, observando um grupo de estudantes afastadamente.

— Albus... Por acaso tem ciúmes nesse seu interesse repentino? — pelas barbas de Merlin! Meu tom de voz havia me denunciado ou Scorpius parecia saber ler-me de forma exata, de qualquer forma eu não estava disposto a descobrir a resposta.

— Por que eu estaria com ciúmes? — dei de ombros e me remexi, inquieto — Se vocês dois estão namorando então eu fico feliz por ambos.

Scorpius explodiu em uma gargalhada da qual me deixou incrivelmente desconfortável.

— Só faltou você se engasgar ao dizer isso, Albus. Você é um péssimo mentiroso quando se trata de mim, sabe? — o sorriso de seu rosto era encantador o suficiente para fazer com que eu me perdesse por horas, mas naquele momento encontrava-me emburrado demais para me deixar levar pelos métodos de sedução de meu melhor amigo.

— Sinta-se privilegiado então, querido Scorpius — a tentativa de imitar a voz de Rose rendeu a Malfoy uma nova gargalhada.

— O que você tem contra Rose?

— Eu? Nada. Tá mais para o que eu tenho contra você e Rose — sussurrei, esperando que ele não me escutasse.

— Ah, é? E por que? — bem, Scorpius já estava dificultando as coisas naquele nível. Já era embaraçoso o suficiente que eu estivesse dizendo todas aquelas coisas comprometedoras.

— Você é um idiota, Scorpius — resmunguei por fim, apreciando o sorriso que ele me lançava.

— Escuta, Albus, eu e Rose é só... Sei lá — quem ria agora, no entanto, era eu — Eu não sei explicar. Eu mal sei dizer como começou! Mas faz semanas que nada acontece entre a gente, sabe? Até porque eu e ela-

— Oh, uau, Scorpius! Devo te parabenizar por ficar semanas sem seu vício? — Malfoy revirou os olhos com o meu tom sarcástico e defensivo.

— Você me cobra como se eu e você tivéssemos algo juntos — defendeu-se Scorpius.

— Bem, poderíamos ter — as palavras pareciam simplesmente ter saído de minha boca e eu não poderia me encontrar mais arrependido.

Tentei contornar a situação, mas minha boca parecia lacrada em chumbo, e mesmo que conseguisse abri-la, provavelmente não saberia o que dizer. Contudo, evitei olhá-lo, mas podia afirmar que, devido ao silêncio embaraçoso e o peso que o ar parecia ter agora, Scorpius estava surpreso o suficiente para também não saber o que dizer.

Ótimo, pensei, arruíne sua amizade com chiliques ciumentos e confissões inesperadas. Você está indo perfeitamente bem, Albus Severus Potter.

— Você gostaria que tivesse algo entre nós dois? — a pergunta soou em um sussurro quase inaudível, mas eu estava tão perto que poderia escutar sua respiração pesada.

— Sim, Scorpius. Eu gosto de você, afinal, e não acho que precise ser um gênio pra perceber isso — sussurrei também.

— E você sabe que eu estou mais perto de me parecer com uma porta do que com um gênio — dei um sorriso, tentanto deixando a tensão de lado.

— Olha, tudo bem se você continuar beijando Rose por aí, eu vou tentar não pirar, porque ela é minha prima e você é meu melhor amigo. Não sei se foi o certo te dizer sobre o que eu sinto, porque agora eu estou me sentindo pior do que antes. Apenas esqueça, certo? — suspirei frustrado.

Às vezes eu realmente gostaria que minha boca se mantivesse lacrada com chumbo, e acho que Scorpius também gostaria...

— Cale a boca, Albus — num ato rápido, Scorpius selou seus lábios aos meu, breve o suficiente para me deixar com o gosto de manhãs perfeitas ao lado de Scorpius impregnado em minha boca.

 

— Você... — pisquei os olhos e arqueie as sobrancelhas, cético do recente acontecimento — Eu acho que você acabou de me beijar — observei estupidamente.

— Eu não acho que precise ser um gênio pra perceber isso — retrucou Scorpius, me imitando com um sorriso no rosto e bochechas levemente coradas.

— Caramba você me beijou enquanto continua saindo com a Rose? Que tipo de canalha você é, Scorpius? — veja, eu estava surpreso demais para ficar irritado com ele.

— Sobre isso... Bem, se você não tivesse me interrompido com seu chilique enciumado, eu poderia terminar minha sentença dizendo que eu e ela paramos de nos encontrar porque ela queria algo mais sério, enquanto eu ao menos gosto dela de verdade.

— Então minha prima gosta de você? — tentei raciocinar e reorganizar as ideias, mas as coisas pareciam difíceis quando você é beijado pelo seu melhor amigo que também e o cara que você gosta.

— Logicamente — tsc, convencido.

 

— E você não gosta dela?

— Não, Albus. Não é nela que eu penso... — Scorpius me fitava intensamente, aquele maldito sorriso que nunca perdia a beleza.

— Não vá dizer que é no meu irmão que você pensa... Eu não duvidaria, talvez seu plano seja beijar todos os Potter e Weasley — Scorpius me deferiu um fraco soco em meu braço, enquanto ria do meu tom sério.

— Idiota — voltou a se aproximar de mim, dessa vez, porém, beijando-me com sossego e intensidade, de maneira que eu havia me apaixonado apenas um pouquinho mais.

— Bem, essa manhã não saiu em nada como o esperado. Acho que isso é bom, deveríamos fazer mais vezes — observei.

— Claro, adoraria ver você tendo ataques de ciúmes novamente.

— Não vou fortalecer seu ego novamente, Malfoy, não se preocupe — fiz questão de ressaltar.

Nos deitamos novamente, enquanto apreciávamos o inicio de verão, a brisa aconchegante e aquele momento especial de tranquilidade. Nossos rostos cobertos pela luz solar, enquanto nossos dedos roçavam um no outro, até que finalmente se encontravam entrelaçados.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. ♥



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