Arena Mortal escrita por Nyna Mota


Capítulo 23
Capítulo 22 - Esperança


Notas iniciais do capítulo

Olha quem apareceu? Eu mesma!

Boa leitura!

Leiam as notas finais por favor.



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— Hey querida, cheguei.

Beijei Bella e corri pra sala pra ver minha pequena brincando. Aquela noite em especial ela estava radiante, toda suja de tinta, e nossa sala uma verdadeira zona. Eu não me importei. Abracei a menina linda de cabelos chocolates, mas com meus olhos e a rodopiei enquanto ela ria alto.

— Chão papai.

Desci ela e sentei ao seu lado. De imediato eu me tornei sua tela, meia hora mais tarde e eu estava tão sujo de tinta quanto a menina peralta. Como minha filha. A olhei emocionado.

O sentimento de satisfação que tomou foi muito grande, uma emoção. Tomei-a novamente em meus braços.

— Eu te amo filha. Vou cuidar de você pra sempre.

Abri os olhos tomados de emoção pelo sonho que tivera, ainda estava na prisão, tinha sido apenas um sonho. A dor no peito ameaçou me tomar, mas não permiti. Todos os dias eu acordava com a mesma resolução, cuidar do meu filho, reconquistar Bella. E com esse pensamento me mantive firme.

A notícia da gravidez me deixou eufórico, eu tinha um motivo, eu tinha um porque continuar, mesmo que Bella me chutasse no fim, ainda sim eu tinha algo. Algo bom, puro, inocente. Algo meu.

A primeira semana pós descoberta da gravidez passou como um sopro, eu só conseguia pensar naquele pequeno ser crescendo, eu precisava de notícias de Bella, precisava saber se ela necessitava de algo, e aquilo ia me enlouquecendo.

Com o fim do primeiro mês eu já havia aceitado mais aquela situação, já havia aceitado que não veria Bella grávida, que não participaria daquele momento, mas ainda sim, toda noite deitado no catre encarando o teto mofado eu imaginava e idealizava aqueles momentos e os vivia em minha mente.

Eu nunca acompanhei uma gravidez e o pouco que sabia se resumia a enjoos, desejos, barriga crescendo e dor nas costas. E imaginava aquilo, ansiava pelos desejos que Bella teria, as massagens que faria em seus pés, suas costas, suas trocas de humores, as consultas, até mesmo o parto assustador.

Me imaginava falando com o pequeno ser em sua barriga, e conversava com ele em minha mente, prometia ajudar nas tarefas da escola, assistir os filmes mais idiotas do mundo, prometia o fazer rir, e que estaria lá. Assim que eu pudesse eu estaria lá, e essa era a promessa mais importante do mundo todo.

Dois meses sem notícias, sem visitas. Bella não tentou vir me ver, e eu agradeci por isso. Mas eu queria noticias dela e do bebê.

Controlei a ansiedade e me mantive firme. Por eles.

As surras haviam diminuído muito, eu havia perdido totalmente a graça. Não tinha mais Bella, não tinha mais segredos, não tinha mais nada. Haviam outros mais divertidos, aqueles que eram novidade.

Sai pro banho de sol calmo, andando tranquilamente. Sentei distante de todos, apreciei o sol em meu rosto, imaginei quando poderia apreciar o sol do lado de fora daquelas grades.

Mais um mês se passou. Bella deveria estar com três, talvez quatro meses, meu coração disparou. Mais um pouco e meu filho nasceria.

O tempo estava passando rápido. Ainda bem.

Dias depois fui levado pra sala de visitas, apreensivo, um nó se formou em estômago.

Emmett me esperava. Um sorriso me tomou.

— Hey cara! — Ele sorriu alegre.

— Você andou sumido.

— Andei em uma missão, mas agora estou de volta.

— Por quanto tempo? — Perguntei pensando em Rosalie.

— Por quanto tempo Rosalie me quiser por aqui. — Ele sorriu. — Vou ficar no administrativo a partir de agora.

Fiquei surpreso. Extremamente feliz com a surpresa.

— Isso é bom. Vocês conversaram?

— Ainda não, mas vamos.

Eu ri.

— Como você está Edward? Tem algo diferente em você.

Eu abri um sorriso enorme e estufei o peito.

— Eu vou ser pai! — Isso mudava tudo.

— Fiquei sabendo! Parabéns cara! Bella está tão radiante quanto você!

Meu sorriso vacilou.

— Me conta.

Não precisei explicar, Emmett entendeu. Doía ter que pedir pra ele me falar sobre Bella, vergonha por não poder vivenciar aquele momento, mas eu queria tanto saber que apenas engoli orgulho e escutei.

As roupinhas, o quarto, os enjoos, a consulta pra saber o sexo marcada pra dali a três semanas. Eu analisei cada detalhe.

Ansiei por mais, mas não tinha.

— Bella me convidou para ser o padrinho. Queria saber se você não se importaria antes de aceitar.

— Ela não poderia ter feito escolha melhor.

Fiquei meio incomodado em ter sido deixado de lado naquela escolha, mas ignorei, ele seria a minha escolha também. Eu tinha que entender que ao sair da vida de Bella da forma que sai, seria deixado de lado em muitas coisas.

— Se algo acontecer e eu não sair...

— Não termine! — Emmet falou ríspido.

Encarei seu olhar sério.

— Você vai sair Edward, já foi uma grande parte, vai dar certo, apenas mais um pouco e você sairá.

Olhei pra ele irônico.

— Eu preciso que me prometa...

— Não...— Ele me interrompeu de novo.

— Você não entende! — Levantei o tom de voz. — Eu preciso de uma garantia de que se não sair daqui alguém vai proteger-los. Você teria sido minha escolha Emmett, você é o mais próximo de um amigo que algum dia eu cheguei a ter. Eu só preciso saber que eles vão ficar bem!

Terminei baixinho, com a cabeça abaixada.

— Eu prometo cuidar deles com a minha vida. — A voz firme de Emmett me fez levantar a cabeça.

Eu acreditei nele.

— Quando entrou aqui, qual era seu maior desejo pra quando saísse? — A mudança abrupta de assunto me fez sorrir.

— Beber uma cerveja gelada, ver um jogo, estar com Bella.

— E agora? — Ele indagou curioso.

— Sair daqui, pegar meu filho ou filha no colo, e reconquistar Bella.

Emmett se levantou, olhou em meus olhos antes de sair da sala de visitas.

— E é por esse motivo que você vai sair daqui cara. Você vai pegar seu filho no colo e reconquistar sua garota.

A porta se fechou e eu fui levado pra minha cela.

***

Os dias se arrastavam lentamente, minha sanidade era mantida pelo fio de esperança, um fio invisível que me ligava a um ser que sequer havia nascido.

Sonhava com os diferentes rostos, as vezes um menino, outras uma menina, idealizava as brincadeiras, e as noites em claro que eu passaria, mas que seria como todo o amor do mundo.

Apenas mais cinco anos, menos que isso até, e eu poderia enfim ter meu filho em meus braços.

Emmett e Alice me trariam fotos eu tenho certeza, e Bella era boa demais pra fazer meu filho me odiar. Ela inventaria uma mentira, que eu estava viajando a trabalho, e que logo retornaria. Ela diria que eu os amava mais que tudo, e logo mais eu chegaria. Eu quase podia ouvir seu sussurrar todas as noites.

Um dia de cada vez, mais um mês havia se passado. Agora como um tortura diferente, mais doce e também mais amarga.

Quando fui avisado de que alguém me esperava pra uma visita quase sai correndo.

Atrás da porta me esperavam ansiosamente Emmett e Rosalie, a loira não esperou e se jogou em meus braços.

— Um menino! Nós teremos um fodido menino!

Correspondi ao abraço emocionado. Um garoto, forte e inteligente como a mãe, com meus olhos, e seus cabelos.

As lágrimas caiam em meu rosto desavergonhado. Eu iria ensinar ele a jogar bola, e as tarefas de casa, e como tratar uma garota. Ansiava pelos primeiros momentos, pelo primeiro tudo! Ansiava por ele, dolorosamente.

— Não acredito que vou perder o parto. — Reclamei ainda abraçado a Rosalie.

— Você provavelmente iria desmaiar, é melhor que seja eu. — Ri da desculpa esfarrapada.

Ambos sabíamos que eu não desmaiaria, mas eu deixaria a loira convencida fingir que sim.

— Alice já sabe? — perguntei curioso.

— Ah sim, e desculpe me dizer querido, mas seu filho vai ser tãaaaooo mimado! Já compramos tantas roupinhas. Oh mamãe está enlouquecendo em ser avó, ela já escolheu tanta coisa! E meu pai? Você viu a cara dele Emmett? Ele chorou! – Ela riu. — Espero que quando for minha vez eles não estejam mais tão loucos!

Eu sorri agradecido. Meu filho seria amado, de uma forma que eu nunca havia sido, ele seria amado e cuidado, e graças aquelas pessoas incríveis nunca faltaria nada pra ele.

Silenciosamente agradeci a Deus, ou seja lá ao que existisse do lado de lá por aquelas pessoas maravilhosas.

— E Bella? Como está? — Perguntei da forma menos pretenciosa que consegui.

A ligeira careta nos rostos deles me fizeram gelar. Esperei em silêncio.

Rose suspirou.

— Estar grávida não é fácil. Estar grávida nessa situação é complicado. Tem horas que ela te odeia, nos outros momentos ela te ama e chora de saudade, e tem algumas vezes, preciso dizer, é um pouco assustador, ela realmente ameaça vir até aqui chutar sua bunda idiota. E é, acho que ela te odeia.

Rosalie era engraçada, mas acho que entendi o que ela quis dizer.

— Oscilando o humor? — Talvez eu tenha lido algo na biblioteca da penitenciária sobre gravidez.

— Demais.

— E comendo bem? — Isso me preocupava bastante. Tinha um trecho sobre enjoos e perca de apetite.

— Por três. Isso também fez ela te odiar. — Não resisti e ri. — Mas está sem enjoos.

Eu enchi Rosalie e Emmett de perguntas, até não ter mais tempo, e ainda sim eu queria mais, queria saber mais, queria estar presente, mas não podia, então aproveitava o que eu tinha.

A cada semana, ou a cada duas semanas eles voltavam e me atualizavam das noticias sobre a gravidez.

— Bella já escolheu o nome? — Perguntei numa visita em que Rosalie estava sozinha.

— Ela pensou em alguns, mas queria sua opinião. Pediu pra eu perguntar, eu estava planejando fazer isso mas...

— Mas você ia me enrolar e escolher o nome você mesma não é? – Brinquei mudando de assunto.

— Claro. Minhas ideias são sempre as melhores. — Ela deu de ombros.

— Quais as sugestões? — Indaguei curioso.

Não havia me permitido pensar nisso, pois imaginei que Bella não ia me permitir fazer parte daquele momento. Mas errei de novo, Bella cada dia mais se superava em me provar que podia ser ainda melhor.

— Ela pensou em Luke, Bryan, Steven, Thomas, Henry, e mais uns duzentos nomes. Já eu pensei em Robert, Chris, Tyler. Emmett quer Roger, Bony, Oliver, Clarke.

Eu ri das opções.

— Eu trouxe por escrito tá. Pra você ver como a grafia será mais bonita e tudo mais.

Rosalie havia se tornado uma grande amiga, assim como Alice. Mas havia uma diferença, Alice conhecia todas as partes negras de mim, e de uma forma estranha sua alma negra combinava com a minha. Rosalie era mais alegra, mais vivaz e essa parte também era necessária a minha vida.

— Deixe me olhar. — Encarei o papel perplexo. — Me diga que essa letra é a de Emmett!

O olhar ultrajado em seu rosto me tirou uma gargalhada.

— Tenta escrever tudo que aqueles fodidos professores falam de uma vez e com uma letra bonita! — Ela reclamou tomando o papel da minha mãe.

— É sério Rose, eu não consigo entender nada. — Falei rindo mais ainda e tentando pegar o papel novamente.

Ela me mostrou o dedo do meio, mas riu comigo e me mostrou os nomes.

Analisei cada nome detidamente. Imaginando o bebê que nasceria, se o nome combinaria, três me cativaram.

— Gostei desses: Luke, Thomas e Oliver.

— Traidor! — Ela reclamou olhando pro papel e as opções que tinha anotado. — Vou dizer pra ela.

Ela se levantou pra ir, o tempo havia acabado.

Segurei seu braço impedindo-a de ir.

— Rose...

Ela me olhou paciente.

— Obrigada. Diga pra Bella...Diga que agradeço. E que vou estar lá, assim que sair, assim que puder.

Rose assentiu e sorriu.

— Ela sabe.

Rosalie saiu e eu voltei pra cela.

Emmett foi quem voltou com a notícia.

— Foi uma puta briga! Mas enfim Bella decidiu o nome! Sinto dizer cara, mas ele vai se chamar Lucas, Luke! Oliver era muito melhor! — Resmungou.

Um sorriso enorme se abriu em meu rosto, acompanhando o enorme sorriso que ele estampava.

— Luke... — Meu menino se chamaria Lucas.

Um amor ainda maior se expandiu em meu peito. Eu nunca imaginei que um nome pudesse fazer uma transformação tão grande dentro de mim, expandisse um amor tão grande e potente. Mas mudou e transformou.

Meu Luke.

***

E mais uma vez me vi ansioso pelas visitas, que agora não tinham Bella, mas tinham notícias, tinha ultrassons e algumas fotos.

Bella estava cada vez mais linda, mais brilhante. A gravidez tinha lhe trago de volta o brilho que matar Charlie havia apagado.

Ainda tinha uma sombra ali, no seu olhar, mas era breve, era leve.

Ver que Bella havia superado me acalmou. Uma das maiores culpas que eu carregava era por ela ter tirado a vida do próprio pai, mas ela superou e se renovou.

Queria poder ficar com as fotos, e olha-las todas as noites. Mas eu sonharia com ela, tinha certeza.

Uma foto em especial me chamou a atenção.

Bella usava um vestido longo, florido, uma mistura de vermelho e amarelo. A barriga já grande chamava a atenção, dando um ar majestoso pra ela. Mas o sorriso e o beijo que ela jogava pra quem tirava a foto me tirou o ar.

Bella já havia sorrido pra mim daquele jeito, e eu sonhava com o momento que ela pudesse fazer isso novamente.

Acariciei seu rosto na foto.

— Espero que tenha sido você a tirar essa foto loira. — Resmunguei baixinho.

— Claro que fui eu!

— E espero que tenha umas cem cópias dela guardadas pra mim, uma bem grande, em uma moldura, pra quando eu sair daqui.

Rosalie e Emmett me encararam surpresos. Era a primeira vez que eu falava em sair dali com esperança.

— Você terá centenas delas espalhadas por toda a casa.

Sorri agradecido e continuei a olhar as fotos, passando lentamente e apreciando todos os detalhes.

— Logo mais...— sussurrei novamente pra foto de vestido longo.

E assim os dias foram passando, se tornando semanas e então meses, e a expectativa com o nascimento era grande, já estava na hora. Seria a qualquer momento.

Logo após o nascimento alguém viria me informar. Eu não me perdoava por não estar lá, por não poder estar presente.

Guardei o rancor pra mim mesmo e respirei fundo.

Inspira, expira. Se mantenha firme.

Eram meus pensamentos pra suportar os anos que ainda vinham pela frente.

Agora faltavam praticamente quatro anos, só mais quatro anos e eu poderia sair. Ser livre, andar de cabeça erguida, com meu filho.

***

Estava no hospital, andando por um corredor, sabia ser um hospital pelas faixas indicativas em todos os lados, além de cartilhas e pedidos de silêncio. Um sentimento de ansiedade muito grande me tomava. Eu precisava correr pra fazer algo. Continuei andando, até uma luz lá na frente me chamar atenção. Corri até ela agoniado, desesperado até.

Parei na frente da porta que reluzia sem conseguir ver nada, respirei fundo e dei o primeiro passo.

Lá dentro encontrei um berço branco, daqueles de hospital e dentro dele um menino. Vestia uma roupinha azul clara, com detalhes brancos. Do seu lado um ursinho de pelúcia que eu já havia visto numa foto recentemente.

Ele abriu seus olhos. Eram verdes, como os da mãe, Mas seu ralo cabelinho eram cor de cobre, como o meu.

Nossos olhares ficaram conectados, uma força invisível e poderosa nos ligava. Meu filho.

Lucas.

Cheguei perto dele, acariciei seu rosto ainda avermelhado. Ele segurou meu dedo, eu nem sabia que isso era capaz, ele tinha força. Pra mim parecia um pedido pra eu ficar e eu iria.

Não notei nada ao redor, até ouvir a voz.

— Nós fizemos um lindo menino não?! — Olhei pra Bella de canto de olho, não querendo tirar os olhos daquele príncipe. Não querendo perder nenhum momento.

— Ele é a coisa mais perfeita desse mundo! Obrigada por isso.

Sua mão segurou a minha, enquanto nosso filho segurava meu dedo. As lágrimas caíram. Estávamos interligados para todo o sempre.

Acordei do sonho tranquilo, em paz. Eu lembrava de tudo nitidamente. E então eu soube, Luke havia nascido.

Eu esperei a visita tranquilamente, eu sabia que alguém viria. A euforia de Emmett era contagiante.

Sentei enquanto ele me contava tudo, a bolsa estourando no meio da noite antes do previsto, a loucura pra ir pro hospital, o parto normal porque o apressadinho não quis esperar muito mais.

Ainda não tinha fotos, mas elas viriam, em breve.

— Ele tem cara de joelho, você sabe.

Fechei a cara pra Emmett que começou a rir de imediato.

— Ele tem os olhos dela. — Sussurrei. — E meus cabelos.

Ele me encarou sem entender. Não havia sido uma pergunta, era uma afirmação.

Eu já havia visto Luke, já tinha sentido todo aquele amor. Eu já sabia que meu filho havia nascido.

— Sonhei com eles essa noite. Vi Luke antes de qualquer um.

Ele assentiu.

— Ele é lindo cara. Parabéns.

— Valeu.

Ficamos em silêncio.

— Como está lá fora? Pra Bella, quero dizer.

— Depois que ela se afastou de você as coisas se acalmaram um pouco. A gravidez foi noticia por um tempo, mas uma liminar proibiu a imprensa de falar do Luke, ou publicar foto dele. O valor é um pouquinho alto, ninguém se arriscaria a criar uma briga com essa multa por um caso antigo. Carlisle tem sido bem protetor, e mexeu alguns pauzinhos.

 Assenti resignado.

— Como vai ser, daqui quatro anos, quando eu sair?

Emmett coçou a cabeça.

— Complicado cara. Mas nunca vi duas pessoas com mais força que vocês dois. Vocês vão dar um jeito de dar certo.

Sorri.

— Se ela não me chutar.

— Oh ela vai, pode ter certeza. Você vai ter que rebolar muito pra reconquistar ela.

Meu sorriso virou uma careta o que fez Emmett gargalhar.

***

A semana seguinte chegou com fotos do Luke. Eu vi meu lindo garotinho em todos os ângulos que Rose achou que ficaria bom, em todos os dias que ele teve de vida.

A foto mais bonita era uma preta e branca, Bella estava sentada numa poltrona confortável, Luke olhava a mãe enquanto mamava, e Bella o encarava com a mesma intensidade. Era uma cena intima e profunda, demonstrava todo um devotamento entre mãe e filho. Eu queria poder guardar aquela foto e eternizar aquele momento.

— Ele é lindo.

— E o choro dele é bem alto. — Ri da cara de cansada de Rose.

Ela estava com olheiras.

— Eu daria tudo no mundo pra poder passar todas as noites em claro cuidando dele.

Ela me olhou séria.

— Logo você poderá Edward. Logo. — Ela apertou minha mão.

***

Fui avisado de uma visita fui animado, ansioso para ver novas fotos de Luke, ver seu progresso cada dia mais.

Mas não eram Emmett ou Rosalie ali.

Era alguém que eu não via há seis anos, alguém por quem sentia gratidão.

— Jasper. — Cumprimentei surpreso.

— Sr. Masen. — Ele acenou pra eu sentar.

— Edward. — Corrigi simplesmente. — A que devo a honra? Devo dizer que isso é uma grande surpresa. Alice está bem? — Perguntei de repente preocupado.

Ela havia vindo na semana que Luke nasceu. Uma visita rápida pra dizer o quanto ele era lindo.

— Sim, ela está bem. Do outro lado do maldito país mas bem.

Sorri aliviado.

— Então...

— A promotoria tem uma proposta pra você Edward. Uma boa proposta.

Olhei suspeito. Eu não tinha nada mais a oferecer, disse tudo que sabia.

— Eu sabia que isso não ia dar certo. Nunca gostei de mentir. — Ele resmungou baixinho.

Continuei o olhando, ainda sem entender.

— Alice contratou um advogado com a ajuda de Carlisle. Eles solicitaram junto a promotoria que o restante da sua pena fosse cumprida em regime aberto ou no mínimo semiaberto. Eu estou fingindo que o advogado tinha uma procuração sua, o que claramente é contra a lei, e após falar com o juiz, ele acha que pode ser bom. Você foi um preso exemplar e ...

Jasper continuava falando e eu não conseguia ouvir.

Liberdade. Seu sabor era de sol e ar fresco. Estava tão perto.

— O que eu teria que fazer? — Perguntei com a voz fraca.

— Primeiro de tudo, assine a maldita procuração, antes que isso nos coloque em maus lençóis.

Eu ri e som pareceu um engasgo.

— O trâmite não vai ser demorado, um mês ou dois pra tudo se resolver eu acho. O advogado foi bem persuasivo. Ele esteve comigo na audiência com o juiz.

Um mês ou dois e eu sairia. E poderia pegar Luke em meus braços.

— Como será tudo lá fora? Como vou terminar de cumprir minha pena?

— Bem, o acordo é bom. Sinceramente um dos melhores que já fizemos.

Assenti animado. Qualquer coisa. Eu aceitaria qualquer coisa.

— Josehp, seu novo advogado, está a procura de um lugar em que possa trabalhar durante o dia, você tem que comparecer uma vez ao mês no Tribunal com alguns relatórios sobre seu trabalho e coisas assim. Não pode ficar na rua após às 20 horas, nem frequentar determinados locais. Vai poder ficar no seu velho apartamento...

Me atentei a cada regra falada por Jasper, eu ia cumprir tudo, da forma mais perfeita, sem nenhum deslize. Eu ficaria livre.

— Não conte a ninguém. — Pedi de repente. — Eu quero que seja surpresa. E se algo der errado, não quero que ninguém se frustre.

Ele concordou. Assinei a procuração.

— Quando eu, ou Joseph voltarmos teremos a minuta do acordo pronta pra ser assinada.

Jasper se levantou pra ir embora.

— Edward, é sempre um prazer fazer negócios com você. — Ele me deu um sorriso e saiu.

Eu também estava feliz. Eu estava mais que feliz, estava exultante. A vida voltava a vibrar com força total dentro de mim.

Mantive segredo durante todas as visitas.

Alice veio nesse meio tempo, me chamou de idiota imaturo, mas ela não entendia. Se eu não saísse, ia ser quase uma morte pra mim, e eu não queria mais ninguém sofrendo aquilo comigo.

— Você não está sozinho seu babaca! Todo mundo gostaria de comemorar isso com você! Essa cabeça grande só serve pra fazer coisas estúpidas! — Ela reclamava andando de um lado pra outro.

— Todos vão ficar felizes Edward, todo mundo ficaria empolgado e...

— E se decepcionariam profundamente caso algo desse errado. Eu não quero frustrar ninguém, eu só quero que quando sair seja uma coisa boa, não quero gerar apreensão.

— Você é um babaca! Já disse que vou ensinar Luke a ser menos teimoso que você? Se bem que filho de quem é, dos dois idiotas mais cabeças duras desse mundo, eu duvido muito que eu vá conseguir algo. — Ela resmungava enquanto me fuzilava com o olhar.

Apertei a mão de Alice com força.

— Eu vou sair daqui Alice.

Seu olhos brilharam vibrantes.

— Você vai sair daqui e vai começar a viver sua vida da forma correta.

Sorri agraciado com aquela frase. Eu ia sair dali.

***

A visita que eu tanto esperava demorou mais do que eu queria. Três meses, quase quatro, e então Joseph apareceu. De forma alguma aquele advogado havia sido pago por Alice.

Ele era imponente e caro, se sua maleta e seus sapatos lustrosos diziam algo.  Ele era velho, se eu chutasse diria mais que cinquenta anos, mas tinha os olhos vorazes.

— Sr. Masen, desculpe a demora. Mas houve uma pequena resistência para que você saísse daqui, nada que não pudéssemos contornar.

Ele sorriu de forma prepotente. Aquele era um homem que não perdia, nunca.

— Eu não tinha nada melhor pra fazer mesmo. — Brinquei.

Ele riu.

— Acho que gostei de você.

Ele se sentou ansioso e puxou um papel de dentro da maleta.

Os detalhes eram os mesmo que Jasper havia informados meses atrás.

— Conseguimos um trabalho pra você. A renda não é muita, mas vai dar pra você se virar e cumprir a pena até o fim.

Eu trabalharia em qualquer lugar. Faria qualquer coisa.

— Claro. É só dizer aonde devo ir, que irei.

— Só havia vaga na biblioteca municipal, é um local que os detentos não costumam gostar muito, então sempre acaba vago...

— Eu aceito. — Disse prontamente.

Biblioteca não era ruim, eu gostava de livros.

Os detalhes eram poucos. Logo o papel estava na mesa, e a caneta na minha mão.

Eu não tinha vergonha de admitir que minha mão tremia um pouco.

O julgamento e o acordo de delação havia sido minha sentença de prisão, ali era meu acordo de liberdade.

Assinei extasiado.

— Já vou levar diretamente pra promotoria, e em seguida pras mãos do juiz. No fim dessa semana você sai filho.

Um nó na garganta me impediu de falar. Em uma semana eu estaria livre.

— Agradeça a Carlisle por mim. — Falei antes que ele pudesse sair. — Diga que agradeço, e que farei tudo por eles.

Ele sorriu confiante.

— Eu direi a ele. Te encontro lá fora garoto.

***

Meus últimos dias dentro daquela prisão. Não havia qualquer tipo sentimento de despedida entre mim e aquelas paredes. Nenhum momento mágico que me fez repensar a vida e me fez relembrar aqueles dias com algo menos que vergonha e horror.

Havia apenas ansiedade para sair logo dali, agora que a possibilidade era real.

Fiquei mais compenetrado e fechado, ouvi o burburinho enquanto passava durante o banho de sol. Eles sabiam que eu ia sair, e não era num caixão. Era mais um que  ao sair dava esperança, e esperança era algo pouco comum por aqui.

Os dias passaram lentamente como uma forma de provação. A última forma de provação.

No quinto dia após a visita de Joseph, fui chamado pela direção.

— Chegou sua hora de sair rapaz. Espero que aproveite melhor a vida lá fora. — O diretor apertou minha mão me entregando uma roupa diferente daquela laranjada que eu usava há tanto tempo.

Troquei de roupas, não havia pertences, apenas documentos. Joseph já me esperava.

— Tudo pronto garoto. Você começa amanhã na biblioteca.

Ele me entregou a pasta com todos os papéis que eu precisava e as datas que eu tinha que me apresentar no Tribunal, bem como os relatórios que o coordenador da biblioteca teria que preencher pra mim.

Peguei tudo, e ao contrário da primeira, não entrei num camburão, eu sairia pelas portas das frentes, andando com minhas próprias pernas.

Meu coração estava acelerado. Os guardas acenavam amistosamente pela primeira vez.

Os portões foram abertos e achei que meu coração pararia antes de eu sequer colocar os pés pra fora.

Eu sai e ouvi o clique das travas atrás de mim.

O sol forte do meio da tarde bateu no meu rosto.

Era a primeira vez em seis anos que eu via o sol do lado de fora daquela prisão.

Eu estava enfim livre.


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Notas finais do capítulo

Perdoem-me a demora.
Tivemos suspeita de covid, crises de ansiedade, falta de inspiração, falta de tempo, cansaço devido ao trabalho. Mas o importante é que eu voltei!
Perdoem-me os erros, corrigi super animada por ter conseguido enfim escrever.
Kawanne Carrera, meus agradecimentos por me incentivar a escrever 200 palavras que viraram 4k.
Meninas estamos chegando ao fim, temos apenas mais um capítulo, e o epílogo (ainda estou decidindo se não pulo direto pro epílogo). Setembro vamos finalizar minha queridinha e vou dizer dói dizer adeus, mas temos novas ideias pra substituir Tiger.
Ressalto que usei da licença poética nesse capítulo, em relação a pena e a liberdade de Edward. Na realidade tudo é mais complexo, não tão fácil e não tão bom. Mas acho que já fui má demais com nossos bolinhos!
Então, contem-me o que acharam de tudo?
Luke? Relação EdwardxRosexAlicexEmmet?
Alguém esperava Carlisle ajudar com o Joseph? Estou ansiosa pela opinião de vocês.
Obrigada por estarem aqui.
Beijinhos.
Até breve.
25/0/2020.



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