Brisa de Inverno escrita por Sosolis


Capítulo 1
Capítulo 1 - Meu Nome


Notas iniciais do capítulo

Ah! Começou!

Esse primeiro capítulo ficou ridiculamente minúsculo, estou até um pouco envergonhada. Nas notas finais eu explico o porquê desse tamanho.

Eu, pessoalmente, não gostei muito do começo, mas acho que depois da quebra de tempo ficou um pouco melhor.

Boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/752113/chapter/1

Quando Soluço acordou, o sol ainda não brilhava no céu.

Ele levantou em um salto, o lençol remendado deslizando para fora da cama. Correu até a janela aos pulos, ajeitando a perna postiça. Colocou a cabeça para fora e sentiu a brisa reconfortante da noite atingir seu rosto.

—Banguela? – Chamou, tomando cuidado para não falar alto demais.

O dragão acordou, seus dois grandes olhos verdes se abrindo vagarosamente. Soluço pulou a janela e foi até ele, animado.

—Vamos!

O garoto começou a empurrar Banguela, insistindo para que ele saísse do lugar. Murmurava palavras de incentivo, mas o dragão estava sonolento demais.

—Seu preguiçoso, vamos logo, eu te dou peixe na volta...

Banguela levantou com um salto, seus olhos penetrantes encarando Soluço, que sorriu brincalhão e deu um cascudo nele.

—Interesseiro.

Os dois caminharam um pouco até estar longe o bastante da casa para arpar voo. Soluço subiu a sela de uma maneira que já era natural, instintiva. Se prendeu ao dragão e deu uma mexida desajeitada no cabelo.

—Acima das nuvens, Banguela.

E ambos voaram em meio a noite estrelada, deixando as preocupações para trás.

—--

—Pronto, amigão? – Disse Soluço, sua voz quase silenciada pelo vento que batia em seu rosto com violência.  

Banguela fez um aceno rápido com a cabeça e soltou um grunhido, o que foi facilmente entendido como um sim. Soluço colocou o capacete de ferro, configurou os mecanismos para se soltar da sela e ficou de pé, em cima do dragão, os dois braços estirados enquanto ele se esforçava para manter o equilíbrio no meio do ar.  

Tons de rosa, azul e laranja se misturavam no céu, marcando o nascer do sol. Soluço gostava de voar naquele horário. Os tons da alvorada o atraíam, prometiam algo novo, inesperado, emocionante. Faziam seu coração pulsar no ritmo do vento daquele final de outono. O inverno se aproximava, trazendo consigo uma brisa fria e amena, reconfortante. Logo estaria nevando, e Banguela detestava neve.

Com dificuldade para se manter em pé por tanto tempo, Soluço olhou para baixo. O mar gelado estava distante e parecia ameaçador. A respiração do garoto pesou. Mas mesmo assim, ele pulou.

E caiu.

O vento deu impulso ao seu corpo, como se o abraçasse e o empurrasse ao mesmo tempo. Ele sentiu Banguela voando para longe – treinaram que ficariam mais distantes dessa vez. Soluço gritou de empolgação, liberando o ar que pesava em seus pulmões. Seus olhos lacrimejaram por trás do capacete, a velocidade da queda cada vez mais alta.

“Certo, é agora”, pensou. Colocou a mão sobre a bota e puxou a corda que liberaria suas asas de tecido. Ele já havia feito aquilo dezenas de vezes, não sabia por que se sentia tão nervoso.

Mas então percebeu.

A corda prendeu. O mecanismo emperrou. Banguela estava longe.

E ele estava caindo.

Tentou puxar de novo e de novo, a respiração acelerada. Gritou por Banguela e conseguiu escutar ele se aproximando.

Mas era tarde demais, ele estava prestes a colidir com a água em uma posição na qual jamais sobreviveria.

Seu coração acelerou, Banguela gritou ao longe, mergulhando em sua direção.

Soluço fechou os olhos. Tentou se proteger com os braços.

Mas não caiu.

Ao invés disso, sentiu um frio na barriga e seu corpo sendo puxado em uma fisgada discreta. Abriu os olhos. Ele estava voando.

Mas aquilo não era voar. Ele não tinha controle. Estava sendo levado pelo vento. Como se fosse uma mera folha alaranjada, que caíra das árvores douradas do outono. Seu corpo foi posto – de uma maneira nada cuidadosa – na sela de Banguela, que parecia tão confuso quanto seu treinador. Soluço se posicionou corretamente na sela, rapidamente prendendo os mecanismos para que não caísse. Soltou um suspiro pesado de alívio – fora por pouco.

Mas voltou a olhar em volta, ainda perplexo com a maneira com a qual fora salvo. O que exatamente tinha acabado de acontecer?

Tirou o capacete e balançou a cabeça, tentando clarear seus pensamentos. Haveria algum dragão invisível? Ou que controlasse o vento? Caso houvesse, ele precisava descobrir.

Foi então que Soluço saiu de seus devaneios e olhou para a peça de armadura em suas mãos.

Uma geada cristalina se espalhava lentamente pela superfície de metal, de uma maneira que lembrou Soluço do desabrochar de uma flor. Formava duas palavras.

Soluço se esforçou para ler enquanto Banguela planava tranquilamente pelo ar. Reconheceu o nome.

Seu pai contava histórias sobre um grande guerreiro temido por todos os nórdicos, que cavalgava usando sua armadura amedrontadora e criando grandes e devastadoras nevascas, transformando drasticamente as estações e manipulando as geadas. Alguns diziam que ele podia vencer guerras para os povos em que nele acreditassem, usando apenas uma fração de seus poderes, sem nem precisar erguer sua espada.  

—Jack... Frost? – Murmurou Soluço, lendo as duas gravuras de geada no seu capacete, com uma incerteza clara gravada na voz.

Ele não esperava ouvir uma resposta, principalmente vindo de uma voz travessa e irônica logo atrás dele.

—Opa, esse sou eu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem de novo pelo capítulo curto, mas é que eu queria MUITO que esse fosse o final. XD

Espero que tenham gostado. ♥

Sobre o resto da história, eu não planejo ser muito exata. Como eu estou fazendo isso só por diversão pra me distrair de projetos maiores, a postagem dos capítulos vai ser bem inconsistente. Peço desculpas por isso, mas vou tentar meu melhor! ^u^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Brisa de Inverno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.