Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 47
Mudanças e memórias


Notas iniciais do capítulo

Oiii, desculpa a demora... Eu tive que preparar um trabalho pra apresentar essa semana e isso tomou todo o meu tempo :'(
Mas enfim, acho melhor eu começar a postar nos fins de semana mesmo
Espero que gostem do capítulo!



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As Chiquititas começaram a morar com Clarinha, mas assim como nas férias, viviam indo na casa de Davi e dos Cuecas. Logo quando voltaram para a escola, Joaquim, que não suportava ouvir os relatos de viagens de férias dos outros colegas, acabou espalhando pra todo mundo que havia passado as férias num cruzeiro e Sandy confirmou a história. É claro que não concordava com a mentira, mas não queria queimar o filme de Joaquim quando perguntaram a ela sobre a viagem, além disso, imaginou que seria muito legal se as férias deles realmente tivessem sido assim... Enfim, os dois acabaram se dando mal quando todos descobriram que estavam mentindo, mas depois de uma semana a história já estava esquecida e tudo voltou ao normal na escola.

Sobre a situação das Chiquititas, os adultos precisavam achar uma maneira de resolver. O melhor seria que algum deles tentasse ficar com a guarda delas. Poderia ser os dois? Até poderia, na verdade teriam mais chance de conseguir se fosse assim, porém, como Davi dizia, estava muito cedo para pensar em casamento, então nem chegaram a conversar sobre essa opção. Mas, além da adoção, ainda havia uma outra possibilidade: encontrar a tia das meninas. Foi ideia de Clarinha, que era um pouco sonhadora e imaginava que talvez ela estivesse arrependida e disposta a cuidar delas novamente, mas Davi discordava totalmente. Ele achava que se encontrassem Flora, deviam entregá-la à polícia. Mas antes de tomarem qualquer decisão, perguntaram às Chiquititas o que elas achavam.

Assim como Davi e Clarinha, cada uma tinha uma opinião diferente: Janete achava que eles deviam, sim, procurar a tia Flora e que, caso ela estivesse arrependida, ela e as irmãs deviam perdoá-la e voltar a morar com ela; Eleanora também queria que a tia fosse encontrada, mas não sabia o que pensar sobre o perdão, decidiria depois se ela merecia ou não, mas mesmo que merecesse, achava que voltar a morar com ela já era de mais; Sandy, por sua vez, não queria mais ver aquela mulher nem pintada de ouro, preferia que ela nem fosse encontrada e deixasse ela e as irmãs em paz. Na verdade, a menina preferiu refrescar a memória das irmãs e deixar os adultos informados sobre a época em que Flora não as deixava ir à escola quando começaram a morar com ela; os únicos que sabiam desse fato até agora eram Joaquim, Samuca e Téo, mas Sandy não ia mais ficar encobrindo a tia. Obviamente, Clarinha e Davi ficaram chocados com a informação.

Era muito difícil chegar a um consenso sobre o que fazer. Mas já que duas das meninas gostariam de rever a tia, eles decidiram que iam tentar procurá-la e depois iam ver se a entregariam pra polícia ou se deixariam as meninas darem uma chance a ela. O único problema é que não faziam ideia de como encontrá-la, afinal, Davi havia tentado entrar em contato com ela várias vezes e não havia conseguido... Clarinha viu uma foto de Flora pra saber como era a pessoa que estavam procurando, né? E então aconteceu uma coisa curiosa: ela achou a mulher muito familiar! Mais do que isso, ela tinha certeza que já tinha visto ela em algum lugar. Só não sabia onde... então voltaram à estaca zero.

Como se não bastasse, surgiu mais um probleminha na vida de Davi que podia atrasar um pouco essa busca: a casa onde ele morava era alugada e o dono a queria de volta em um mês. Ou seja, ele ia ter que procurar outro lugar pra morar com os meninos em muito pouco tempo.

— Eu não sabia que a gente morava de aluguel... — Disse Téo quando Davi contou a notícia.

— É, por que você escondeu isso da gente??? — Perguntou Joaquim a Davi.

— Mas eu nunca escondi isso de vocês.

— É verdade, eu já sabia, vocês é que nunca prestaram atenção quando ele falava a respeito disso. — Disse Samuca.

— Então a gente vai mesmo ter que se mudar? — Perguntou Téo, tristemente. — Eu gosto tanto dessa casa...

Davi falou que, tirando o fato do tempo deles ser muito curto, era até bom poder se mudar, quem sabe assim ele não comprava uma casa ou um apartamento? As coisas estavam indo bem no trabalho, talvez não eles não precisassem mais morar de aluguel. Joaquim começou a se animar com a ideia, achando que eles podiam morar numa casa muito melhor, tipo uma mansão com piscina, essas coisas... Mas quando Davi falou que não tinham dinheiro pra tudo isso, ele desanimou.

Na verdade, nenhum dos meninos estava com vontade de procurar outro lugar pra morar. Samuca olhou pela janela e viu a Árvore da Vida, então percebeu que tinha mais gente que não ia gostar dessa história de mudança...

***

Depois que as Chiquititas souberam da notícia, Janete, obviamente, quis passar o maior tempo que pudesse para poder se despedir da Árvore da Vida, então praticamente todos os momentos livres que elas tinham eram passados na casa dos meninos. Mas Janete ficou menos triste do que Samuca havia imaginado, porque, apesar de gostar muito da árvore, ela dizia que mesmo que não pudesse mais vê-la, saberia que ela estava lá, viva e deslumbrante, e esse pensamento a alegrava um pouco. Com um tempo, o próprio Samuca deixou de se importar tanto com o fato de ter que se mudar.

Com Joaquim as coisas foram um pouco diferentes. Mais do que uma ligação sentimental com a casa onde morava, ele achava uma injustiça eles terem que sair de lá só porque o dono queria. O menino achava que quem morava na casa que devia decidir quando queria sair. Parecia com a vez em que a dona do orfanato onde ele e os irmãos moravam decidiu vender a casa do nada e transferir todas as crianças de orfanato. Um dia ele desabafou sobre essas coisas com Sandy e a menina se lembrou de quando ele teve aquele plano pra ela e as irmãs saírem do apartamento onde moravam.

— Tá, isso aí foi muito pior do que ter um mês pra sair de uma casa alugada... — Joaquim disse, pensativo.

— Pois é, e quando vocês tiveram que sair do orfanato também foi bem pior. — Ela respondeu. — Pelo menos vocês não precisam fugir agora...

Ao ouvir essa frase, Joaquim pensou na música "Fugir Agora" e começou a cantar. A menina sorriu e o acompanhou na música. É claro que eles sempre cantavam juntos, afinal, era o trabalho deles; mas naquele momento, que estavam só os dois e tão conectados com a música... foi diferente das outras vezes, ambos sentiram isso. Mas ainda não tinham coragem de falar a respeito... Enfim, Joaquim parou de se incomodar com a mudança de casa por um tempo.

Téo era o que tinha ficado mais triste desde que receberam a notícia, porque era muito apegado à casa. Para ele, era muito mais do que uma casa, ela representava muita coisa. Era a primeira casa em que morava com uma família, quer dizer, ele morava com seus pais antes de ir ao orfanato, mas era muito bebezinho pra lembrar, então é quase como se não tivesse acontecido. Eleanora não gostava de vê-lo assim. Téo sempre a fazia se sentir melhor quando ela estava triste, então a menina queria fazer o mesmo por ele. Mas sabia que dizer coisas como "o lar não é o lugar onde você está, mas sim as pessoas" não iam funcionar porque sabia que, se a casa tinha significado pra ele, era quase como se também fosse uma pessoa...

Então Eleanora conseguiu pensar numa maneira de Téo sempre ter a casa com ele, mesmo que se mudasse: ele podia fazer um scrapbook que contasse toda a história deles com a casa, desde que entraram lá pela primeira vez sem nem conhecer Davi. Téo, obviamente, adorou a ideia e foi direto tirar fotos da casa e procurar materiais para fazer as colagens. Como o aniversário de Davi estava chegando, ele decidiu que daria o scrapbook de presente ao pai.

***

Clipe musical: "Álbum da Vida" por Sandy, Clarinha, Davi, Joaquim, Eleanora, Téo, Janete e Samuca.

***

Davi e Clarinha andaram muito ocupados nos dias que se seguiram, ele procurando casa nova, ela com os assuntos da escola onde trabalhava, e mesmo quando estavam juntos, tratavam do problema das Chiquititas, não descansavam nunca! Mas no dia do aniversário de Davi todos resolveram esquecer os problemas e relaxar (ainda bem que era num domingo). Os meninos queriam fazer a comemoração na gravadora, com todos os outros funcionários e artistas que trabalhavam com Davi. Ele achou que não era uma ideia muito boa, que os outros ficariam incomodados, além disso a gravadora não abria no domingo... mas justamente por não trabalharem no domingo, todos de lá gostaram da ideia dos Cuecas e eles tiveram permissão pra fazer a festa.

Clarinha teve um pouco de dificuldade para pensar num presente. Apesar de se conhecerem desde a infância, ela e Davi haviam passado muito tempo separados e mudado bastante, então ela não sabia se conseguiria dar algo de que ele realmente gostasse. Se fosse o aniversário de 18 anos de Davi, ela com certeza saberia o que comprar, mas esse não era o caso. A verdade é que ele gostava tanto dela, que ia gostar de qualquer presente que ela desse, né? Aliás, ele ficaria contente em simplesmente poder passar um tempo com ela no dia de seu aniversário, mas Clarinha achava que aniversário tinha que ter presente. Então foi pedir ajuda pras Chiquititas. Elas davam algumas sugestões boas, outras nem tanto... Mas Eleanora disse uma coisa muito interessante:

— Eu sei que você tá preocupada porque o Davi não é igual a antes, mas por que você não pensa em alguma coisa sobre ele que você sabe que nunca mudou e se inspira nisso pra escolher o presente?

Claro! O que nunca mudou em Davi foi sua paixão pela música, então Clarinha decidiu comprar pra ele um disco de vinil do Chico Buarque, já que Davi colecionava essas coisas. Nem precisa dizer que ele adorou, né? E também adorou a festa e todos os outros presentes que ganhou. Depois da festa, ele também conseguiu passar um tempo a sós com Clarinha (coisa que não acontecia há um bom tempo), o que o deixou muito feliz.

Mas no final do dia, aconteceu uma coisa que mexeu muito com Davi. Ele recebeu uma ligação inesperada: era sua mãe, a dona Nina, lhe desejando os parabéns. Clarinha tinha dado a ela o número de Davi, mas esta ainda não havia tido coragem de ligar pra ele. Porém não podia deixar aquele dia passar em branco agora que podia entrar em contato com o filho. Dona Nina ficou tão emocionada, que quase não conseguiu falar de tanto que chorava. Mas conseguiu dizer que o amava, lhe desejava um ótimo ano e precisava revê-lo. Davi também chorou. E também disse que amava a mãe. Ele também precisava revê-la!

Antes de dormir, Davi ficou pensando em como as coisas haviam mudado em sua vida. Até então, ele não havia se dado conta de que tantas pessoas gostavam dele. Antes dos meninos chegarem, ele mal falava com as outras pessoas da gravadora, e mesmo quando falava era só sobre assuntos profissionais. Mas agora percebia que tinha muitos amigos lá, amigos de verdade. As Chiquititas também haviam se tornado muito importante pra ele, quase tanto quanto os seus filhos, e dava pra ver que também gostavam muito dele. E ainda tinha a Clarinha, que além de amá-lo depois de tantos anos, estava fazendo de tudo para que ele pudesse se reconciliar com os pais. E a cada dia que passava, Davi desejava ainda mais que isso acontecesse. 

Mas antes teria que voltar a se preocupar com seus probleminhas atuais.


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Notas finais do capítulo

Aconteceu muita coisa hoje, né?
Espero que tenham gostado! *-*



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