Os Cuecas e as Chiquititas escrita por SnowShy


Capítulo 44
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Notas iniciais do capítulo

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!!
Eu ia postar só amanhã, mas, como o capítulo já tava pronto e hj é dia das crianças, resolvi postar agora hehe



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Clarinha ficou de queixo caído ao descobrir que Davi havia ficado sozinho cuidando de seis crianças. E não ficou surpresa quando ele contou que não estava conseguindo dar conta. Ele explicou o porquê de não ter contado nada a ela, e a mulher achou uma bobagem, mas entendeu o lado dele. Davi sempre havia sido muito independente e essa característica não havia mudado agora que ele estava mais responsável. O problema é que ele queria lidar com todas as responsabilidades sozinho, inclusive com as que não eram dele. E a tia das meninas? Ela simplesmente largou elas lá na casa dele e foi viajar?

Pois é, Davi contou que já tinha tentado várias vezes entrar em contato com Flora ao longo das férias, mas nunca conseguia. Até chegou a procurar na internet, mas não encontrou nada, nem redes sociais. Era bem estranho... Mas, voltando ao assunto das crianças, Davi acabou contando tudo sobre a confusão que acabara de acontecer. Era evidente que ele estava desesperado e precisava de um conselho. Clarinha pensou um pouco. Perguntou o que Davi havia feito com as crianças durante as férias.

— Como assim? — O homem ficou confuso.

— É, pra se divertir. Você ia viajar com os meninos, né? Essa ia ser a diversão das férias, mas agora que eles tão em casa, você pensou em levá-los pra algum lugar, fazer alguma brincadeira ou assistir a uns filmes?

Não, ele não tinha pensado em nada disso! Estava com a ideia tão fixa de que tinha que cuidar das crianças, que a ideia de se divertir com elas nem passou pela sua cabeça... Então era isso, Davi já sabia o que fazer. Agradeceu muito a Clarinha pelo conselho, não entendia como ela conseguia ter uma percepção tão boa das coisas mesmo estando longe.

— Ah, não foi nada! Eu fico feliz em poder te ajudar, mesmo de longe hahaha. Mas agora eu acho melhor você ir lá falar com as crianças...

— Tem razão, antes que eles aprontem outra!

— Depois a gente se fala mais. Ou tenta, né? Porque o sinal daqui é tão ruim...

— Pior que é mesmo... Clarinha, só mais uma coisa... Você encontrou os meus pais?

— Sim. Depois eu te conto como foi.

— Tá bom. Obrigado. Te amo!

— Também te amo! Tô com saudade!

***

Davi não imaginava como as crianças estavam arrependidas pela bagunça. Elas sabiam que a única coisa que podiam fazer era arrumar tudo e fizeram isso. Samuca também sugeriu que Janete devolvesse Jurema para a natureza e, apesar de um pouco triste, a menina sabia que era o certo a se fazer. Mesmo assim, as crianças continuavam se sentindo muito culpadas e perceberam o porquê: se as Chiquititas não eram filhas de Davi, ele não podia colocá-las de castigo e, como eram tão culpadas quanto os Cuecas, consequentemente estes também não poderiam ser colocados de castigo, pois não seria justo. Mas todos sabiam que mereciam ficar de castigo.

Estando ciente do fato, Samuca propôs um auto-castigo. Ele não faria mais experimentos científicos, não jogaria videogame nem faria nada de que gostasse até o fim das férias. Então os outros poderiam fazer o mesmo, cortar as coisas de que gostavam para se redimir com Davi. Janete foi a primeira a concordar, dizendo que não subiria mais na Árvore da Vida. Téo e Eleanora concordaram logo depois, mas Joaquim e Sandy não cediam de jeito nenhum.

— Se o Davi não colocar a gente de castigo não tem porque a gente ficar — disse o menino. — A única coisa que ele disse foi pra gente arrumar o quarto...

— Exato — Sandy concordou. — E a gente já arrumou. É só não fazermos mais bagunça, ué!

— Isso! Finalmente eu e você concordamos em alguma coisa! — Disse Joaquim, sorrindo.

— Pois é, né? — A menina respondeu, também sorrindo.

Os outros quatro olhavam com caras de reprovação.

— E tem mais uma coisa — Joaquim continuou —, a gente tá de férias e não tá saindo de casa nem fazendo nada de interessante! Isso já pode ser considerado um tipo de castigo.

Antes que Samuca dissesse que o que Joaquim dizia era um absurdo, Davi abriu a porta do quarto, surpreso ao ver que estava todo arrumado e limpo.

— Desculpa, Davi! — Disseram as seis crianças ao mesmo tempo. 

— Estão desculpados — ele respondeu, sorrindo.

Samuca, Janete, Eleanora e Téo começaram a falar sobre o auto-castigo e todas as coisas que iam parar de fazer, o que deixou Davi ainda mais surpreso. Mas o homem disse que eles não precisavam fazer aquilo e que sabia que estavam todos arrependidos de verdade.

— Eu fico muito aliviado que você pense assim, Davi! — Disse Joaquim. — Mas você precisa saber que se o auto-castigo fosse necessário, eu seria o primeiro a fazer, fui até eu que tive a ideia...

As outras crianças começaram a rir e obviamente Davi não acreditou em Joaquim e sabia que era muito mais provável que ele fosse o único a não fazer o tal castigo, mas enfim. O homem pediu que as crianças se comportassem melhor dali pra frente e elas prometeram que fariam isso. Mas ele também disse que entendia que elas estavam entediadas durante aquelas férias e que tentaria mudar isso. Por essa elas não esperavam!

— Alguém aqui quer tomar sorvete? — Davi perguntou. E recebeu uma resposta positiva unânime.

***

À noite, antes de dormir, Joaquim, Samuca e Téo conversavam sobre o dia maluco que tiveram.

— Imagina se aquela aranha tivesse subido no Joaquim? — Disse Téo. — As meninas iam descobrir que ele tem medo...

— Verdade! — Concordou Samuca. — Acho que ele ia fazer um escândalo maior que o da Sandy! Hahaha. 

— Até parece... — Respondeu Joaquim, incomodado com os comentários dos irmãos. — E vocês nem pensem em contar pra elas que eu tenho medo! — Ele disse, apontando o dedo indicador de um jeito ameaçador, o que fez os irmãos rirem muito. — Nunca mais eu subo na Árvore da Vida... — Joaquim continuou, ignorando as risadas. — Foi lá que a Janete achou aquela coisa! Só ela mesmo pra gostar de uma aranha daquele tamanho, essa menina é tão estranha...

Samuca, que era quem mais estava rindo, logo ficou sério quando o irmão começou a falar da Janete.

— Então agora você acha ela estranha?

— O quê? Eu sempre achei ela estranha...

— Não era o que parecia quando você ficava subindo na árvore com ela todo dia...

Joaquim estranhou o comentário do irmão, mas depois entendeu:

— Você tá com ciúme? — Foi mais uma afirmação do que uma pergunta. 

— Eu não...

— Parece que tá... — Comentou Téo.

Joaquim, então, começou a dar altas gargalhadas.

— Era por isso que você tava tão chato comigo esses dias!

— Isso não tem nada a ver! E eu não tô com ciúmes, eu só não entendo por que ela prefere ficar com você do que comigo...

— Ou seja, você tá com ciúme!

Samuca ficou envergonhado, até abaixou a cabeça. Sabia que o irmão estava certo (por mais que odiasse admitir) e pediu desculpas pelo modo como o vinha tratando. Joaquim respondeu que ia pensar se aceitaria as desculpas ou não, mas depois disse que estava só zoando, aceitava, sim.

— Mas foi mó viagem você ficar com ciúme, porque eu não gosto da Janete e ela com certeza não gosta de mim!

— Sério?

— Claro que é sério! Ela gosta muito mais da árvore do que de mim hahaha. E outra, você também pode subir lá, só não vai porque não quer...

— Ah, sei lá... você não acha que a Janete ia se incomodar?

— Samuca, você mora aqui! A árvore é mais sua do que dela.

Percebendo que Téo já estava dormindo, os gêmeos resolveram parar de conversar e ir dormir também.

Samuca ficou pensando no que Joaquim havia dito e, no dia seguinte, tentou criar coragem para falar com Janete. No final da tarde, a menina estava no alto da árvore, enquanto, lá de baixo, Samuca ficava pensando no que dizer a ela.

— Oi, Samuca! — Foi ela quem falou primeiro. — Quer vir pra cá? O pôr do sol é daqui a pouco, e é muito lindo ver daqui de cima!

Janete parecia muito animada e Samuca, por um momento, achou que estivesse sonhando... Ela havia mesmo acabado de convidá-lo para ver o pôr do sol com ela??? Depois que percebeu que aquilo realmente estava acontecendo, Samuca subiu na árvore. Teve um pouco de dificuldade, já que não era tão acostumado, mas conseguiu.

Lá em cima, eles viram o pôr do sol e também conversaram bastante. Janete ficava impressionada com as curiosidades científicas que Samuca falava e ele, por sua vez, ficava encantado com o que a menina dizia sobre a árvore, o pôr do sol e a vida, achava que cada palavra parecia que tinha saído de um poema. Ele podia não acreditar em mágica como Janete, mas achou que o que estava sentindo naquele momento era realmente mágico.

***

Clipe musical: "Abraça o Mundo" por Janete.

***

Mas nem tudo são flores. Os Cuecas e as Chiquititas nunca passavam tanto tempo juntos sem que Sandy e Joaquim brigassem pelo menos uma vez e naquelas férias não foi diferente...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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