Sede de Poder escrita por Mermaid Queen


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

postando um capítulo novo aqui depois de quase 2 anos socorro kkkkkk tamo chegando lá galera



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751654/chapter/30

Havia zumbidos e vozes e luzes, mas nenhuma culpa.

A morte era mesmo um dia que valia a pena ser vivido.

Todo o sangue havia sido lavado. Katherine sentia-se limpa e leve. Finalmente livre. Havia frio, mas ela estava só levemente consciente disso. Não sentia mais frio. Não sentia muitas coisas.

Em meio à névoa que estava por toda parte, embaçando a visão, Katherine recebeu a primeira visita. Não havia nada para ver de verdade. Ela tinha aquela presença do visitante na cabeça, não diante de si. Não havia mais “si”. Não havia nada.

Roberto se aproximou. Ele não tinha mais corpo, como ela, mas mesmo assim a aparência dele estava diferente. Não era mais aquele homem monstruoso, bizarro, que dissera aquelas coisas a ela no que parecia ter sido outra vida – e provavelmente foi. A presença dele era calma e bem-vinda. Paterna.

— Sinto muito por ter matado você.

Ele estava errado. Não havia sido assim.

— Você não ia fazer diferença – Katherine tentou dizer. Queria explicar, para que ele também pudesse ficar em paz, mas ele a deixara.

Ela estava novamente sozinha na névoa. Até aparecer outra voz.

— Eu sei que não – disse David. Estava angustiado. Katherine não conhecia mais a angústia. – Mas queria ter feito mais.

— Não podemos ser responsáveis por tudo – Katherine respondeu, simplesmente. David devia se libertar, como ela. Eram todos vítimas de todas as coisas. O que há para fazer?

David balançou a cabeça em discordância, e o mundo de Katherine se sacudiu. Não, ela quis gritar. Mas não podia gritar. Não podia deixar que as coisas se desequilibrassem logo agora que estava tudo certo.

E então apareceram três novas visitantes de uma vez, e houve um terremoto. Katherine estendeu os braços para se apoiar, mas suas mãos eram feitas de nuvem e tudo à volta dela era mera ilusão. Até as mulheres.

— Você estragou as nossas vidas – disse Mary. Ela ergueu a mão para Katherine acusadoramente, mas lhe faltavam todos os dedos.

Não— Katherine tentou dizer, e novamente não produziu som.

— Me tirou o meu futuro – Rachel sibilou.

— O que eu poderia fazer? – Katherine tentou se defender, e novamente tudo tremeu à sua volta. Seus dentes bateram.

— Destruiu a minha família – Ellen trovejou.

Katherine se encolheu. As vozes ecoavam e cresciam ao redor dela. E Mary não tinha mais dedos. Fora Katherine quem os arrancara, ela sabia. Não havia mais volta.

Quando vislumbrou Evan, as vozes se tornaram ensurdecedoras. Estavam esmagando-a. As palavras a invadiam, machucavam. Katherine não conseguia falar. A cada segundo que sustentava o olhar de Evan, o nó na garganta dela crescia e fazia queimar. A garganta dela estava pegando fogo. O corpo todo ia pegar fogo, e Katherine ia queimar, como merecia. Queimar para sempre.

Evan apontou para ela.

— Você vai pagar.

Katherine começou a gritar. Gritou tanto que sentia a garganta em carne viva. Passou a se debater, apavorada com o destino. Enfrentaria a danação eterna? Não era para ser assim. Ela nunca quis aquilo. Não era a intenção dela acabar com tantas vidas. Tentou salvá-los a todos, tudo o que fizera fora para salvá-los.

Mas ela merecia.

O inferno estava cheio de boas intenções, e Katherine era só mais uma.

A culpa a apertava. Mexia nela e a invadia por todos os cantos. Ela não estava livre. A culpa tinha mãos que a chacoalhavam, não a deixavam em paz, não paravam de balançá-la…

— Vamos, Katherine…

Katherine arregalou os olhos.

Não havia mais névoa ou gritos. Havia luz artificial, paredes brancas e uma mesa de metal. E sons estranhos. Um zumbido incessante. Uma batida de tambor. Correntes de ar.

— Estou pelada – ela constatou.

Melanie estava parada diante dela. Katherine achou que fosse um novo sonho. Talvez estivesse no primeiro dos sete infernos. Se Melanie era a sua primeira provação, imaginou que a eternidade seria realmente longa.

— Você volta dos mortos, e essa é a primeira coisa que tem a dizer.

Um calafrio passou pelo corpo de Katherine. A garganta dela realmente estava em chamas.

— Tenho sede.

Melanie olhou para ela de uma forma diferente. O tambor bateu mais alto e mais rápido.

— Estou ouvindo seu coração bater – Katherine falou, observando o medo crescente nos olhos azuis de Melanie. – Mas não ouço o meu.

— Vista essas roupas – disse Melanie apressadamente. Não parava de olhar para trás.

Katherine deslizou as pernas pela mesa de metal e saltou para o chão. O lençol que a cobria escorregou e caiu.

— Estou ouvindo tudo alto demais – Katherine se queixou com a voz estática.

— Só se vista, tudo bem? – Melanie falou, com a voz trêmula. Saiu da sala o mais rápido que pôde, embora tentasse parecer calma. Katherine percebia tudo.

Ela vestiu as roupas. Calças pretas, uma blusa branca e botas. Caminhou para fora com uma leveza que lhe era estranha e empurrou a porta.

Melanie, Travis e Chris saltaram diante da presença dela.

— Estou sonhando ainda – ela murmurou, compreendendo. Ou ainda era o mesmo inferno. Mas ela não tinha destruído a vida daquelas pessoas, pelo menos até onde sabia. Não havia porque usá-los para torturá-la.

— Os olhos… - Chris sussurrou, assombrado. Katherine fixou o olhar nele, e ele pulou.

— Você nos reconhece? – Travis perguntou, com a voz mansa. Deu passos cautelosos na direção dela e Katherine o observou, imóvel.

— Não estou entendendo – disse ela, desconfiada. – O que é isso?

Os três se entreolharam. Melanie suspirou, atraindo os olhares para si.

— Não temos tempo – falou, sacando o celular do bolso. – Olha, Katherine. Eu sinto muito que você esteja recebendo essa notícia dessa maneira, mas precisamos nos apressar. Você morreu. E voltou diferente. E agora nós precisamos de você. – Ela ergueu o celular, e em seguida mostrou-o a Katherine. – E seus olhos estão vermelhos, olha.

Katherine olhou para a tela do celular. Os olhos dela estavam vermelhos mesmo. E havia algo assustador na aparência dela, embora ela não soubesse dizer o quê. Talvez fosse a ausência de expressão. Mas ela não estava sentindo emoções para que pudesse expressá-las. Sentia-se um saco vazio.

— Conseguimos dar conta dos guardas até agora – Melanie explicou enquanto caminhavam. – Mas talvez precisemos da sua ajuda agora, porque eles já foram alertados.

Katherine respondeu com um lento meneio de cabeça. Sentia-se como se tivesse engolido brasas. A garganta estava realmente pegando fogo. Mas tentava se controlar.

— Serpente já não está aqui – Melanie continuou. – Ele fez uma série de pronunciamentos nos últimos dias, e contou ao mundo sobre os vampiros. Mas os humanos estão do lado dele. Vão ajudá-lo…

Melanie parou de falar quando Katherine saltou e passou por eles como um borrão. Voou sobre o primeiro guarda enquanto ele ainda virava na direção deles, vindo de outro corredor. Depois de batê-lo contra a parede, largou-o, desacordado, e já se jogou sobre o próximo que vinha depois.

Aconteceu tudo rápido demais. Antes que o grupo a alcançasse no corredor seguinte, Katherine já estava diante de quatro guardas desacordados. Ela não sabia explicar como fizera aquilo, mas algo nela assumira o piloto automático.

— Quero matar todos eles e beber o seu sangue – ela falou, e em seguida cobriu a boca, chocada. – Sinto muito. Ainda não estou totalmente no controle do que está acontecendo aqui.

Aqui, você quer dizer… na sua cabeça? – Melanie perguntou. Estava pisando em ovos, mas Katherine achou que estava sendo corajosa. Assentiu para ela.

Chris e Travis a encaravam, boquiabertos. Eram muito parecidos. Quando o grupo a alcançou, continuaram andando pelos corredores com Travis guiando-os.

— Serpente está reunido com os apoiadores nas ruas – disse Melanie. – Ele os convocou para uma marcha contra o governo vampiro despótico. Os humanos vão ajudá-lo a tomar o poder.

Katherine balançou a cabeça, sem entender. Serpente falara sobre massacre de humanos, sobre tratá-los como comida… Não fazia sentido que o estivessem ajudando. Melanie estendeu o celular para ela.

O primeiro vislumbre do rosto de Roberto produziu uma torção em suas entranhas. Sentiu dor física ao vê-lo. Katherine não gostou de sentir aquilo, mas pelo menos estava sentindo algo.

— “… e as campanhas de doação de sangue? Farsas! Os poderosos lucram com o seu sangue, fazem de vocês escravos! O governo dos Estados Unidos é tão sujo quanto o governo vampiro! Eles têm leis e acordos secretos de proteção mútua e benefício próprio enquanto vendem o seu sangue como se vocês fossem gado…”.

Ela pausou o vídeo e ergueu os olhos para Melanie, chocada.

— E tem muito mais. Nesse outro ele acusa o governo vampiro de silenciar os inimigos políticos sequestrando-os e mantendo-os presos. Diz que vão ser mortos para o sangue ser vendido a preço menor, já que sangue de vampiro é desvalorizado. E quando foram investigar o endereço que ele deu, encontraram mesmo todas as pessoas desaparecidas em uma propriedade pertencente ao governo federal, que era cedida ao governo vampiro. Depois disso, pararam de tratá-lo como um conspirador e foram investigar. As provas estavam ali.

Melanie clicou em outro vídeo. Era uma reportagem em um canal de notícias conhecido. A repórter era famosa e falava com urgência para a câmera.

— “…cada vez mais peças dessa história de terror se encaixam. A vampira misteriosa que estava se espalhando por toda a Internet em vídeos cometendo crimes e sequestros em nome do governo vampiro acaba de receber uma nova acusação. O caso do garoto Alex Chase, que foi visto pela última vez no domingo de 20 de outubro na escola Broken Hill, conhecida instituição para vampiros, quando compareceu a um jogo de futebol e desde então está desaparecido. Alex era ex-namorado dessa criminosa, identificada como Katherine Flores, com a qual ainda mantinha relações, de acordo com pessoas próximas. O corpo foi encontrado próximo de um dos locais em que Katherine foi avistada recentemente, e a polícia nos informou de que se encontrava mutilado e completamente drenado. Nos foi fornecida uma imagem de câmeras de segurança locais em que Katherine pode ser identificada ao lado do corpo brutalmente assassinado, mas o jornal tomou a decisão de não exibir devido à natureza perturbadora da imagem”.

Katherine pausou o vídeo e devolveu o celular a Melanie. Algo se agitou dentro dela, mas não disse nada.

— Devem estar na sala subterrânea, depois daquele lance de escadas – Travis falou, atraindo o olhar de Katherine. – Vai haver mais guardas.

Chris ficou para trás com Melanie, a fim de dar cobertura. Katherine e Travis desceram, e atacaram juntos.

Katherine se movia mais rápido do que era capaz de pensar. Deixou que o instinto a dominasse, e tudo acabou antes que pudesse se dar conta. Nem tiveram tempo de gritar, e estavam todos no chão.

Ela arrombou a porta com um chute e entrou, com Travis atrás de si. Mas o que viu a deixou paralisada. Estava vagamente consciente dos tiros que perfuravam seu peito e abdômen. Em algum lugar que parecia a milhares de quilômetros de distância, Travis se jogou sobre o Agente que atirava nela e o imobilizou.

Katherine não sentia dor. Enquanto sustentava o olhar de Evan, ela não conseguia sentir nada.

É isso o inferno, pensou, imóvel.

Estavam todos gritando com ela. Travis a agarrou, tirando-a do torpor, e a realidade voltou a ter som.

— Está ferida? – ele berrou, chacoalhando-a, tentando obter uma resposta dela. – Está sangrando!

Katherine afastou as mãos dele e ergueu a blusa. Encontrou a pele da barriga intacta por baixo de todo o sangue. Apenas cicatrizes pequenas indicavam onde as balas haviam perfurado. Deu um passo para se distanciar de Travis, e chutou os cartuchos vazios e amassados que saíram tilintando pelo chão.

— Seus olhos… estão vermelhos.

Katherine olhou para Evan novamente. Ela fungou, e pôde ouvir as lágrimas atingindo o chão antes de notar que estava chorando. A voz dele não parecia real. Soava como uma lembrança antiga. Hesitante, ela se aproximou.

— É você mesmo? – sussurrou. Um tremor percorreu o corpo dela.

Evan franziu as sobrancelhas.

— O que quer dizer? – perguntou, estendendo a mão através das grandes que os separavam, procurando tocá-la. Katherine se esquivou.

— Me diz uma coisa que só você saberia – ela pediu, com os olhos cheios de lágrimas.

Estava vagamente consciente das outras pessoas ao redor dela, olhando-a sem entender nada. Como Evan. Mas ele assentiu e pareceu pensar. E então sorriu com os olhos tristes.

— Quando chegamos a Nova York – ele falou, e Katherine sorriu também, querendo segurar o choro. – Quando a vi fascinada com a cidade, prometi que a traria de volta, só nós dois.

Katherine suspirou e encostou a testa nas grades. Não sabia como aquilo era possível, mas era Evan. Vivo, diante dela. Sentiu que acordava de um pesadelo longo demais.

Ergueu a cabeça e puxou o cadeado, que cedeu na mão dela. Deslizou o portão e recebeu um abraço apertado de David, mas, ao tocá-la, ele imediatamente recuou.

Fria— ele exclamou, com uma careta. – Tem alguma coisa errada com você. Parece artificial.

Katherine passou os olhos pelo pequeno espaço onde eles estiveram encarcerados. Encontrou Mary e Rachel e sentiu pena delas. Quis confortá-las, mas, se se aproximasse, provavelmente iria deixá-las ainda mais apavoradas. Trocou um olhar com Travis.

— Venham, precisamos sair daqui – disse ele, percebendo o que Katherine queria dizer. Quando ele falou, estendendo uma mão para Rachel, ela aceitou a mão.

Rachel tinha medo dela agora. E com razão. O cheiro humano dela e de Mary faziam a boca de Katherine se encher de saliva e os seus sentidos se aguçarem, como se fosse hora de caçar. Ela respirou fundo para se controlar e ignorar a sede, e deu um passo para trás. Ao se afastar, Mary e Rachel saíram de sua prisão. Pareciam ter um medo natural dela. Um medo que saía das entranhas. Katherine podia sentir. Ouvia os pensamentos delas murmurando palavras desconexas de alarme.

Foi a última a deixar a sala. Ouviu as exclamações de surpresa de David e Evan ao darem de cara com Melanie e Chris. Katherine também não entendia a presença de Melanie, e muito menos de Travis, mas havia coisas mais questionáveis acontecendo para que aquilo a incomodasse. Como acordar depois de pular de um prédio de vinte e cinco andares e se estatelar no chão. Estava perturbada pelas lembranças vagas quando alcançou Chris.

— E agora? – perguntou. – Para onde vamos?

— Estou me comunicando com Jack – Chris respondeu. – Serpente está reunindo os manifestantes dele na Times Square. E vai marchar pela sétima avenida.

— O que tem na sétima avenida?

— A sede do governo vampiro.

Katherine suspirou. Nunca pensara de fato em impedir Serpente. Ela não tinha nada a ver com o governo vampiro. Queria só salvar as pessoas que dependiam dela e fugir. E depois decidiu se matar, que era mais uma forma de fugir dele. Não estava dando certo, e agora ela era uma criminosa foragida.

— Dionora está esperando por nós em um abrigo – disse Chris. – Vou pegar o carro, e discutimos com ela em um lugar seguro.

O olhar de Evan se encontrou com o dela. Aparentemente, eram os únicos que sabiam de quem Chris estava falando.

Enquanto esperavam, Katherine puxou Melanie para o lado. Não queria falar na frente de David.

— Você sabe algo sobre a minha mãe? – perguntou em voz baixa, quase dominada pelo medo. – Achei que ela estaria aqui.

Melanie fez uma careta para ela.

— Sua mãe está… ajudando o Serpente, na verdade – disse ela, e Katherine arregalou os olhos. – O alcance dela nas redes sociais o ajudou a chegar onde chegou. Quer dizer, ela começou como uma voz ativa contra os vampiros quando tudo explodiu. Que estava com medo, que o filho havia sido sequestrado e a filha estava fazendo coisas horríveis…

Melanie olhou para ela como quem diz “sinto muito”, mas Katherine deu de ombros e disse para ela continuar.

— E ela queria que o governo fizesse alguma coisa contra os vampiros. Até que o Serpente começou a expor o complô do governo americano com o governo vampiro, e, bem… ele é seu pai, né? Ele disse que teve que forjar a própria morte para proteger vocês contra o governo vampiro, e eles se reencontraram, e ela o perdoou… e o mundo todo se sensibilizou com a história.

Katherine lançou um olhar nervoso a David. Ele estivera ali isolado do mundo, mais do que ela. Ficou preocupada com o que seria dele quando descobrisse tudo aquilo. Queria encontrar uma maneira de protegê-lo.

— Ela está ao vivo no Instagram – disse Melanie, baixando o som do celular. – Ela e mais centenas ou milhares de influenciadores digitais. Transmitindo a manifestação.

— Vão transmitir o golpe – Katherine murmurou de volta. – Acham que estão se libertando, apoiando os vampiros bonzinhos. Serpente quer transformá-los no celeiro particular dele. Quer poder se alimentar sem as restrições e a burocracia.

O som da buzina chamou a atenção deles. Uma van branca estava parada no meio-fio. Deixaram o prédio e foram em direção a ela, mas, ao sair na rua, Katherine começou a uivar de dor.

A pele dela estava em chamas. Soltava fumaça, ardia, bolhas estouravam por toda parte. Ela começou a correr, gritando, imaginando ter sido atingida por alguma coisa. Saltou dentro da van e gritou para que corressem, achando que estavam sendo atacados. A primeira coisa em que conseguiu pensar era que haviam derramado óleo quente nela.

Gritava com a dor excruciante, mas ouviu a porta ser fechada e o carro arrancou. Lentamente, parou de queimar, embora ainda sentisse cada centímetro da pele arder.

— O que aconteceu? – perguntou, com a respiração entrecortada.

Quando abriu os olhos, se deu conta de que havia sido a única a sofrer o ataque. Todos a olhavam, assustados.

— As órbitas dos seus olhos ficaram completamente negras por um tempo – David falou, assombrado. – Que nem um demônio. E saiu fumaça de você. Olha só pra isso! O que aconteceu com você esse tempo todo?

Katherine encostou a cabeça, exausta. Tinha plena consciência dos ferimentos cicatrizando diante dos olhos de todos, mas ficou em silêncio, querendo se recuperar. Travis, sentado no banco do carona, olhou para ela pelo retrovisor e murmurou algo para Chris. Ao vê-los juntos, conversando, finalmente compreendeu que eram irmãos. Perguntou-se como não tinha percebido antes, de tão parecidos que eram.

— Katherine? – David insistiu. Evan também olhava para ela com aquela mesma expressão que queria perguntar o que ela havia se tornado.

Eles achavam que ela era um monstro. Mas ela também achava. E o mundo inteiro achava. Havia coisas piores na vida.

Melanie bufou, com menos paciência que ela. Especialmente com os dois ex no mesmo cubículo.

— Ela queima no sol, não é óbvio? Todos vocês perceberam. Agora deixem ela em paz por cinco minutos, que tal?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

essa história toda é sustentada por um ícone e todo mundo aqui sabe quem é



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sede de Poder" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.