Na manhã seguinte, pensei que não seria capaz de levantar, pensei não ser forte ou corajosa o suficiente, mas havia uma voz em minha cabeça dizendo você é forte! E para o bem ou para o mal eu me levantei. Decidi explorar mais a casa, entrando então no único quarto do andar que eu não entrei na noite anterior.

Quando eu entrei no quarto, me surpreendi um pouco com a decoração, não era nada parecido com os quartos anteriores, esse era mais simples, ouso dizer até mais aconchegante. Com as paredes em tons pasteis, os móveis brancos, havia quadros pregados nas paredes, alguns com fotografias de lugares, outros com pessoas, em cima da cama havia um coelho branco de pelúcia.

Achei o ambiente tão aconchegante que acabei deitando na cama, e foi nessa posição que Percy acabou me encontrando.

—Planejando trocar de quarto?- Ele me perguntou se deitando ao meu lado

—Hum não, na verdade eu só estava conhecendo a casa e acabei parando aqui – Eu disse e ele ficou em silêncio encarando o teto e então murmurou :

—Stellae— e de repente todo o teto do quarto ficou idêntico ao céu noturno, todo escuro e coberto de estrelas.

—Como? - Eu sussurrei e ele riu levemente

—Quando éramos crianças nosso avô contava histórias sobre as estrelas e ela adorava, depois que ele morreu ela sentiu muita falta dele, como ela sempre foi encantada por estrelas e magia, ela descobriu esse feitiço e encantou o quarto –Ele disse e eu franzi o cenho

—Ela? Isso significa que esse era o quarto da minha mãe? -Eu o olhava espantada.

—Sim – Ele disse e riu um pouco, antes de continuar -É engraçado sabe, esse interesse dela por estrelas deve ter sido uma das coisas que fizeram ela se apaixonar pelo seu pai.

Ele voltou a encarar o teto e eu refleti sobre isso, por algum motivo isso me confortou e fez com que um pequeno sorriso aparecesse em meu rosto.

—Quem são as pessoas nas fotografias? - Perguntei me lembrando dos vários quadros que percebi ao entrar no quarto.

—Parentes e amigos, ah e até o Snape está em uma dessas, mas não se dê ao trabalho de procurar pelo seu pai, ele não está lá.

—Por quê? – Eu perguntei e ele ficou em silêncio por um longo tempo até me responder:

—Quem sabe ao certo? Arabella sempre foi uma bruxa difícil de se entender. - Olhei para ele e ergui a sobrancelha

—Diga-me sobre ela então. - Ele fez uma expressão pensativa por alguns segundos e então disse:

—Corajosa e gentil; ousada, mas cautelosa; ambiciosa, mas leal; as vezes tão explosiva quanto uma bomba e outras vezes tão calma quanto a água. - Ele terminou e eu o olhei na expectativa de mais.

—Você não se contenta com pouco não é Hermione? - Eu dei de ombros e ele continuou:

—Crescer com ela, era ter a certeza que eu teria a mais leal protetora, o oponente mais inteligente, a parceira de estudos mais dedicada, a ouvinte e amiga que eu precisava. -Ele terminou sorrindo.

—Ela parece ter sido uma grande bruxa. – Eu comentei e ele então me encarou com seus olhos esmeraldas penetrantes.

—Ela é uma grande bruxa, os outros apenas parecem se esquecer disso. - Eu o olhava intrigada, mas ele não estava prestando muito atenção. - Quando ela se casou com seu pai, foi como se tudo o que ela já conquistou fosse apagado, passaram a julgá-la como uma Black, mas esqueceram que ela fez isso por causa da única coisa que ela raramente deixava mostrar: por sentimentos, ela se casou com ele por amor.

Eu o encarava sem saber ao certo o que sentia sobre tudo isso, mas ele não se incomodava com meu silencio, pois continuou:

—Apesar de tudo, ela sempre foi racional. Se casar com seu pai, por mais irônico que pareça foi a atitude mais grifinória que sua mãe podia tomar. Foi uma das poucas vezes que a vi agir com o coração. - Ele agora tinha um olhar melancólico no rosto.

 _Você conheceu meu pai? – Perguntei e ele deu uma risada seca.

—Quem não conhecia seu pai, o sangue puro perfeito? - Ele tinha um tom de zombaria em sua voz, talvez não tenha sido uma boa ideia pergunta-lo, mas ele não pareceu se importar muito, pois continuou - Meu irmão não gostava dele simplesmente pelo fato dele ser um Black, sonserino e rival no quadriboll, mas confesso que nunca tive nada contra ele especificamente.

Irmão? Pensei mais sobre isso e o questionei:

—Irmão?

—Alberth, o gêmeo da sua mãe.

Então isso significa que eu tenho outro tio? Isso estava começando a ficar interessante.

—O quarto vermelho e amarelo presumo ser dele, pelas fotos... - Ele me olhou indignado e me perguntou perplexo:

—Você conseguiu ver alguma coisa naquele quarto? É tanto Amarelo e vermelho que fico até tonto. - Nós dois rimos sobre isso, no entanto ele confirmou minhas suspeitas:

—Mas sim é o quarto dele.

Franzindo o cenho perguntei:

—Vou conhece-lo?

—Provavelmente não. - Mordi o lábio e perguntei:

—Ele está morto?

—Até a última vez que o verifiquei não. - respirei fundo e tive coragem para perguntar:

—Vou ficar aqui até o fim das férias? - Ele suspirou e sentou-se na cama, me olhando seriamente ele começou:

—Olha Hermione se dependesse de mim você ficaria aqui até o fim do feriado, poderíamos ter chocolate quente ao invés de uma ceia e tenho certeza que nos divertiríamos, mas infelizmente você tem que voltar a Hogwarts.

Não teve como não demonstrar meu desapontamento, sentei na cama e o encarei, ele parecia triste e seus olhos esmeraldas estavam ansiosos por minha reação, eu apenas disse:

—Tudo bem Percy, não é como se fossemos uma família mesmo, -Vi um flash de decepção passar pelo seu rosto, antes que eu me levantasse e saísse dali.