Happy New Year escrita por Ahelin


Capítulo 1
Fogos de artifício


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Restava ainda uma hora até que o ano acabasse, mas Aninha não estava contando. Tudo que ela queria era terminar sua lista de metas para o próximo que viria; cumprir tais metas seria uma tarefa em que ela só pensaria mais tarde. 

Quando ela estava na metade do último item, One More Light começou a tocar insistentemente, anunciando uma ligação em seu celular. Seus dedos congelaram nas teclas do notebook. Irritada, a moça tateou na cama à procura do aparelho e o levou à orelha sem se preocupar em descobrir quem era, pronta para desejar um automático "feliz ano novo" para qualquer um que fosse.

— Ei, Ana — disse uma voz profunda assim que ela atendeu, relaxando seus nervos instantaneamente. Nicolas estava na pequena lista de pessoas de quem ela realmente gostava. — Você não vem mesmo? Não vai ser a mesma coisa sem você.

— Tô com dor de cabeça — mentiu ela.

Era uma desculpa ridícula, e ele confirmou isso com sua próxima fala:

— Se não quiser descer, eu subo aí.

Ana deu um tapa na própria testa. Claro que ele se ofereceria, uma vez que só estavam separados por dois andares.

— Não seja bobo, Nico. Não vai sair da sua festa por causa de mim.

— Eu te falei, não tem festa se você não vier. Passa aqui rapidinho, vai. Dez minutos e eu te libero.

Ela sabia que ele não ia desistir, e também sabia que ir até lá seria muito mais divertido que passar a noite sozinha em seu apartamento, mas não estava no clima de encontrar todo o círculo social de seu amigo numa única noite. Amigos, família e colegas de trabalho, todos falando ao mesmo tempo e enlouquecendo seus ouvidos. Ficou em silêncio por um momento, pesando os prós e os contras em sua mente.

— Tá bom — cedeu. — Dez minutos, Nicolas.

— É o bastante. — Ele desligou.

Ana preguiçosamente levantou da cama e vestiu qualquer coisa que não tivesse a textura de um pijama. Gostaria de morar no hemisfério norte para que pudesse passar as festas de fim de ano enfiada num moletom, mas infelizmente não tinha essa sorte. Mesmo com a chuva intensa castigando as janelas, a noite ainda estava quente.

O caminho até o elevador do prédio foi feito quase que de olhos fechados, e em dez segundos estava no andar certo. Mais quinze passos até que tocasse a campainha certa.

— Oi, você por aqui! — Nicolas fingiu surpresa. — Vem, entra.

— Há quanto tempo não te vejo! — Ela entrou na brincadeira, mas algo parecia estranho. Talvez... quieto demais. — Achei que estivesse dando uma festa.

— O quê? Não. — O homem fechou a porta atrás dela. — Eu te falei, sem você não teria festa.

— Então somos só nós dois? — Por algum motivo, o pensamento a fez sorrir.

— Depende. Você precisa de mais alguém? — Até o tom de sua voz mudava quando ele estava sorrindo. — Senta, eu vou pegar alguma coisa pra gente beber. A madame quer o quê?

— Abre o vinho que eu te dei no Natal! — Ana deixou os chinelos na porta e sentou no tapete. Seria legal passar a noite assim: dois amigos, conversa, vinho barato.

— Vinho de mercadinho servido em dose dupla para a senhorita. — Nico chegou e sentou-se perto dela, entregando uma taça.

— A 2018 — brindou ela. — E aí, você já fez a sua lista?
Ele deu risada.

— Que lista?

— De objetivos, ué. Pra cumprir durante o ano.

— Aninha, eu ainda tô tentando cumprir meus objetivos de 2012. Vai com calma.

Ela quase espirrou vinho pelo nariz quando engasgou com o que ele disse. O diálogo dos dois era sempre assim, leve e descontraído, e os tirava por um tempo da responsabilidade chata de uma vida adulta. Parando para pensar, a história deles se parecia muito com a fanfic romântica dos vizinhos que se conhecem na lavanderia e acabam se tornando um casal, exceto que o primeiro encontro fora numa lanchonete.

— Mas e você? — Nicolas perguntou depois que a primeira garrafa já estava vazia há muito tempo e a segunda estava pela metade. — Escreveu sua lista?

Ela confirmou com a cabeça, mas não disse nada.

— E o que tem nela? — Ele insistiu.

— Terminar meu livro, aprender a cozinhar, parar de roer as unhas... — Ela deu de ombros, mas o álcool em seu organismo tomou vida própria e continuou por ela. — Beijar alguém na chuva, ver fogos de artifício, parar de falar demais.

Nico sorriu.

— Olha... Já é quase meia-noite e tá chovendo pra caramba lá fora.

Ela lançou seu melhor olhar sarcástico.

— Engraçadinho.

— É sério! — Ele riu. — Só propus realizar seus sonhos, nada demais.

Ela tentou ponderar as chances de aquilo ser uma má ideia, mas não conseguiu encontrar nenhuma. Que mal faria, afinal?

Os dois se levantaram um tanto alegres demais, sendo fracos para bebida como sabiam que eram, e caminharam até a porta. O prédio tinha uma bonita sacada em cada andar, cujas portas de vidro ficavam fechadas em dias de chuva a não ser que alguém as abrisse como eles fizeram naquela noite.

Com as gotas de água e o vento gelado batendo em seu rosto, Ana manteve seus olhos fechados e imaginou a paisagem à sua volta, segurando-se na parede baixa de vidro que a protegia de cair. Nicolas, provavelmente percebendo o que ela fazia, abraçou seus ombros e colou os lábios em seu ouvido.

— Tem prédios pra todo lado, mas bem aqui embaixo dá pra ver a rua. A essa hora, não tem quase ninguém, só alguns carros passando. As pessoas dentro deles provavelmente não se importam de ver fogos de artifício. — A essa altura, ambos já estavam ensopados. — Tá muito escuro olhando daqui de cima, como se tivesse uma luz azul iluminando o céu, tudo de uma cor tão fria quanto esse vento.

De repente, o som da primeira bomba estourando a fez pular de susto. Várias outras se seguiram, sem obedecer a um ritmo, apenas barulhos aleatórios e borrões de claridade no céu.

— Como é? — gritou ela, para ser ouvida por cima do barulho.

— Luz colorida — gritou ele de volta. — Como fogo de várias cores se espalhando, eu acho. Não sei se consigo explicar. É mais como...

Ana não o deixou terminar. Ela se virou para trás no abraço dele e agarrou seu pescoço, puxando-o para baixo até que seus lábios se encontrassem. Um beijo de ano novo na chuva, como nas fanfics adolescentes bobas que ela adorava ler.

— É, fogos de artifício são assim — riu Nico, sem querer se separar dela. — Você descreveu melhor do que eu.

— Acho que eu quase vi dessa vez. — Ela sorriu.

— Bom, não vamos desanimar! — Ele a envolveu em seus braços de uma forma mais confortável. — Temos um ano inteirinho para tentar até dar certo.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não pegou, a Ana é cega ahaha espero que tenha gostado ♡ beijão!



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