HOLD THE LINE - Livro #01 escrita por Lyra


Capítulo 13
CAPÍTULO 13 - Separate Ways (Worlds Apart)




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Os irmãos Henderson não estavam dispostos a conversarem sobre o ocorrido, estando visivelmente abalados pela fatídica notícia que presenciaram naquela noite. A imagem do corpo falecido de Will sendo retirado das águas escuras do lago era impossível de esquecer, tomando-os com uma dor emocional imensurável. Apesar de terem acompanhado presencialmente o resgate do corpo, eles não conseguiam acreditar que Will havia, de fato, falecido na noite do seu desaparecimento.

Chorando copiosamente, Louise abraçou Dustin com força, o qual também estava aos prantos por ter perdido o melhor amigo. Mesmo que a adolescente ansiasse correr até a casa dos Byers para prestar as condolências aqueles que também eram sua família, sabia que não era o momento propicio e precisava dar tempo para resolverem a terrível situação e enfrentarem a pior parte do luto.

— E agora? — Dustin quebrou o silêncio enquanto enxugava o nariz na manga da camiseta. Por conhecer o irmão melhor do que ninguém, Lola foi capaz de captar no olhar da criança sobre o que ele desejava falar.

— Eu não sei — Ela moveu os ombros e enxugou os olhos. Seu ultimo desejo era ter que lidar com Eleven e os problemas que a menina trazia consigo, principalmente naquele momento tão delicado. — Não quero pensar nisso agora.

— Será que o Mike vai entrega-la para as autoridades? — Insistiu Dustin no assunto, estava muito ansioso e preocupado para deixar o assunto de lado.

— Ele não fará isso, Dusty — Apesar do tom de voz soar seguro, Louise não tinha tanta segurança sobre o fato. — Mas podemos deixar isso para amanhã? Por favor!

— Tudo bem — Lamuriou Dustin voltando a deitar a cabeça sobre o tórax da irmã enquanto a abraçava — Pode dormir aqui hoje?

— Claro! — Louise sorriu sem humor e beijou o topo da cabeça do mais novo. — Não vou a lugar algum.

[...]

Nenhuma outra noite fora tão comprida e triste para Louise como aquela. Diferente do irmão mais novo, ela não conseguiu pregar os olhos apesar de todo cansaço que sentia. As lágrimas haviam acabado e, ainda assim, não foram suficientes para cessar com sua dor emocional, deixando-a repleta de pensamentos negativos e sensações horríveis de vulnerabilidade.

Ela sabia que era sua obrigação ser forte, PRECISAVA ser. Era sua obrigação ser a mais centrada no momento, manter os pensamentos sobre controle e as emoções equilibradas de modo que não interferisse nos passos que viriam a seguir. Eles ainda tinham problemas importantes para lidar, ou melhor, tinham uma adolescente com poderes psíquicos para despachar. Eleven ainda estava na casa do Mike e mantê-la por perto tornava tudo muito perigoso, colocava não somente a vida de Louise em perigo, mas de todos os meninos do bando.

Lola jamais se perdoaria caso outra de "suas" crianças viesse a falecer, principalmente se esse fosse Dustin.

A simples ideia de perder o irmão mais novo lhe fez revirar o estômago e sentir desespero, assustada ela o abraçou com um pouco mais de força e afundou o rosto contra os cachos no topo de seu cabelo. O menino resmungou com o carinho da irmã, mas não recusou o gestou o despertou por completo, apenas se ajeitou sobre seu tronco.

Imaginava a dor e o sofrimento pelo qual Jonathan estava passando, em como aquele foi o pior dia de sua vida. Louise nunca foi o tipo de pessoa supersticiosa, mas estava cogitando que Nancy poderia estar certa sobre ter se afastado, talvez ela, realmente, atraísse desgraça e sofrimento para todos a sua volta. Caso Louise não tivesse tirado as fotos da ex-melhor amiga na hora da raiva, Jonathan não teria perdido sua câmera. Caso ela tivesse saído uns minutos mais cedo para dar bronca em Dustin quando ele se atrasou durante a campanha de D&D na casa do Mike, ela provavelmente teria visto Will passar e o obrigado a passar a noite por conta do horário. Se ela não tivesse deixado as crianças levarem Eleven para a casa dos Wheeler, ou melhor, se ela tivesse feito uma ligação alertando sobre a fuga noturna para os representantes da família, nenhum deles estaria correndo risco de morte. Os problemas a acompanhavam onde fosse e, talvez, todos do colégio estivessem certos em trata-la feito lixo.

— Oi, queridos! — A senhora Henderson ingressou sorrateiramente no quarto, fazendo com que Louise deixasse de lado seus pensamentos negativos e tivesse noção da hora, pois o sol da manhã invadia o corredor.

— Podemos faltar hoje? — Perguntou Dustin antes que Louise fizesse a pergunta.

— Por favor, mamãe. Não estamos em condições...

— Claro. — Assentiu a matriarca da família com expressões pesarosas, ela sabia o quando o Byers mais novo era importante para os dois e notava o quanto estavam abalados com a notícia. Com um meio sorriso no rosto, a senhora aproximou dos filhos e beijou a testa de cada um — Irei trabalhar, mas liguem caso precisem de mim. — Claudia estendeu a mão, tocando com doçura a bochecha da mais velha — Não deixe o Dusty sozinho, está bem?

— Obrigada, mamãe! — Agradeceu Louise fazendo uma mesura breve com a cabeça. — Pode deixar, estaremos juntos o tempo todo.

Mantendo o olhar piedoso no rosto, a Sra. Henderson deixou o quarto fechando a porta atrás de si. Os irmãos ficaram em silêncio por alguns segundos, desejavam que a notícia avassaladora não tivesse passado de alucinação coletiva ou algum tipo de erro, aquele não deveria ser o corpo de Will, não poderia ser. Eleven havia dito que o menino estava vivo e correndo o perigo, ela tinha superpoderes, o que a dava conhecimento para saber sobre o assunto.

— Vou trocar de roupas. — Avisou Louise levantando da cama e espreguiçando o corpo — Podemos comprar umas rosquinhas no mercado, o que você acha?

— Acho ótimo, já passamos por muita coisa merda noite passada, não precisamos de mais desgraça — Disse Dustin tentando manter o bom humor, apesar de toda desgraça que os acompanha.

— Dustin, está na escuta? — A voz do Lucas soou através do rádio comunicador, chamando a atenção dos irmãos e interrompendo qualquer comentário que Lola pudesse dar em resposta ao pré-adolescente desaforado — Dustin, é urgente.

— Louise na escuta, câmbio! — Anunciou a menina pegando o rádio comunicador primeiro por estar mais próxima da cômoda, porém sentando na cama para que Dustin pudesse escutar o que o amigo teria a dizer.

— Mike nos quer na casa dele, disse que é sobre o Will. Câmbio.

— É sobre o funeral? Câmbio. — Perguntou Dustin pegando o aparelho das mãos da irmã e olhando confuso para a mais velha.

— Não. Parece que é outra coisa. Se apressem. Câmbio e desligo.

Os irmãos trocaram olhares perdidos pela segunda vez, ainda tentando compreender sobre o que Mike poderia conversar com eles a respeito do melhor amigo falecido.

— Você não acha que a El... — Não era necessário Dustin terminar a pergunta para que Lola compreendesse o que ele queria dizer. Pois, talvez, ela tivesse utilizado dos seus poderes especiais para se comunicar com o Will no pós vida.

— Temos que ir... — Disse Louise saindo correndo do quarto do menino para o seu, gritando enquanto trocava as roupas da noite anterior por algo limpo pego da primeira pilha de roupas do armário — Com certeza a El deve ter usado dos seus poderes psíquicos, quero saber como... Mas aviso que se isso envolver fantasmas, mesmo sendo do Will, vou cair fora.

— Não é melhor trocar de roupa? — Perguntou Dustin avaliando a escola duvidosa de roupa de Louise, a qual era composta de camiseta azul marinho com estampas geométricas coloridas, calça jeans amarela e sapatos vermelhos, por cima de tudo vestia um moletom verde limão. — Isso está exagerado até para seus padrões.

— Não temos tempo — Louise revirou os olhos e puxou o irmão pela mão — Vamos que o Lucas daqui a pouco passa na frente de casa.

Lembrando-se de trancar a porta ao sair, os irmãos Henderson deixaram o conforto do lar o mais rápido que conseguiram. Estavam ansiosos para saber o assunto que Mike desejava tratar naquela manhã, principalmente por envolver Will e os poderes de Eleven. Entre todas as coisas que Louise conseguia teorizar, a última que ansiava era que o poder de Eleven envolvesse comunicação com os mortos ou seres sobrenaturais, pois desde o lançamento de Poltergeist ela havia criado um leve trauma quando o assunto era fantasma ou espíritos.

A dupla conseguiu chegar a tempo de encontrar Lucas, o rapaz estava descendo da bicicleta quando alcançaram o gramado da casa dos Wheeler. Felizmente a residência estava vazia, com exceção de Mike e Eleven, o que tornavam as coisas mais simples e fáceis para Lola, pois assim evitaria perguntas desnecessárias e evitaria o encontro com Nancy.

— O que você está usando? — Perguntou Lucas quando Lola desceu da bicicleta e a escondeu no cantinho com as outras.

— Meu Deus, vocês são insuportáveis — Reclamou Louise revirando os olhos e tomando a dianteira, mais uma pergunta sobre suas roupas e ela surtaria. — Mike, estamos todos aqui!

— Venham logo para cá! — Agarrando o punho de Lola pela manga do agasalho, Mike a puxou para próximo da barraca montada no porão onde Eleven utilizava para dormir. A menina sorriu quando viu a adolescente, um sorriso fraco, mas genuíno. O qual foi correspondido pela mais velha.

— O que você queria tratar afinal? — Perguntou Lucas irritadiço por ter sido tirado de casa quando deveria estar enfrentando as fases do luto.

— Isso! Fiquem quietos — Mike apontou para a Eleven, a qual mexia num rádio comunicador que os meninos utilizavam para conversarem a distância.

Para que pudessem prestar atenção no que estavam ouvindo, os três aproximaram-se ainda mais da barraca e se acomodaram sentados com as pernas cruzadas no chão. Era óbvio que Eleven estava tentando utilizar dos poderes naquele momento para captar algo através das ondas de rádio. Do aparelho era possível ouvir um choramingo sutil, porém Lola ou os outros não eram capazes de confirmar para Mike que aquele choro pertencia ao falecido amigo.

— Mike... — Lola o chamou com pesar no tom de voz. Se aquele era o ruído escutado por Mike, ele poderia estar vindo de babás eletrônicas vizinhas, apesar de ser Eleven a lidar com o aparelho, não significava que era do Will.

— Continuamos perdendo o sinal, mas vocês ouviram, não ouviram? — Perguntou o menino esperançoso.

Louise estava prestes a refutar as teorias de Mike sobre aquele ruído pertencer ao Will, mas fora Lucas que retirou as palavras da sua boca antes que dissesse ao responder a pergunta do melhor amigo com grosseria.

— Sim, eu ouvi um bebê.

— O que? — Perguntou Mike abismado.

— Mike, você obviamente captou uma babá eletrônica. Deve ser dos Blackburn da casa ao lado. — Respondeu Lucas.

— Isso pareceu ser um bebê? — Mike elevou o tom de voz ao perguntar. — Era o Will.

— Mike... — Lola começou, mas foi interrompida pelo Wheeler pela segunda vez.

— O Lucas não entende. Ele falou ontem a noite — Explicou Mike defendendo o argumento com unhas e dentes — Palavras!

— Que palavras? — Perguntou Louise franzindo o cenho.

— Ele estava cantando a música que ele adora, a El ouviu.

— El! — Louise aproximou a menina e colocou a mão sobre o rádio, forçando a mesma a parar com a busca e prestar atenção nela — Darling, you've got to let me know should I stay or should I go? — A mais velha começou a cantar. Ela foi a responsável por apresentar a música para Jonathan numa tentativa de lhe mandar uma indireta, mas o rapaz não compreendeu suas intenções ao mostrar a canção e a acolheu como uma de suas favoritas, foi quando apresentou a mesma para Will e ela se transformou num hino entre os irmãos fazendo com que a tentativa de flerte de Lola fosse por água a baixo — If you say that you are mine I'll be here 'til the end of time. So you got to let me know Should I stay or should I go? Era essa a música?

— Sim — Assentiu Eleven.

— Puta merda! — Louise ficou em pé e sentiu todos os pelos da espinha arrepiarem com a revelação.

Se perguntasse para Mike se a canção era aquela, ele teria dito que sim por estar na fase da negação do luto, como todas as outras crianças. Mas Eleven não conhecia a música favorita do Will, ela não mentiria caso tivesse sido outra canção tocada na rádio, não faria sentido El mentir sobre o assunto.

— Está mesmo no canal certo? — Perguntou Dustin antes que Lucas pudesse prosseguir com sua descrença.

— Não acho que seja isso. Ela deve estar sintonizando ele. — Explicou Mike olhando para El, a qual voltou a trabalhar no rádio comunicador.

— Igual Poltergeist! — Exclamou Louise aflita, aquele seria o seu pior pesadelo se transformando em realidade. — Olha, não quero partir para o Ouija...

— Ele não está morto! — Interrompeu Mike antes que Louise prosseguisse com outras formas de invocação espiritual.

— Está mais para o professor X, Lola — Explicou Dustin utilizando como exemplo o mutante Charles Xavier dos X-Men.

— Acreditam mesmo nessa merda? — Perguntou Lucas olhando para cada um dos presentes e parando seu olhar em Dustin.

— Não sei, digo... Lembra quando o Will caiu de bicicleta e quebrou o dedo. Ele soou assim — Disse Dustin recordando um evento do passado com o melhor amigo.

— A El não tem motivos para mentir sobre a música — Disse Lola agachando próxima aos meninos para manter a altura quase igualada.

— Vocês não viram o que eu vi? — Perguntou Lucas ao notar que todos estavam acreditando naquela suposição que soava absurda. — Tiraram o corpo do Will da água. Ele está morto!

— Talvez seja o fantasma dele, talvez ele esteja nos assombrando. Igual nos filmes de terror. Se for isso eu vou embora AGORA! — Falou Louise apontando com o dedo indicador para a saída.

— Não é um fantasma! — Disse Mike revirando os olhos com o comentário da mais velha.

— Como você sabe? — Perguntou Lucas.

— Eu sei! — Exclamou Mike irritado.

— Então o que estava na água? — Insistiu Lucas aumentando o tom de voz.

— EU NÃO SEI! — Gritou Mike furioso — Eu só sei que Will está vivo. WILL ESTÁ VIVO!

— Okay, vamos trabalhar com isso! — Disse Lola apoiando as mãos nos ombros dos meninos para apaziguar a discussão e tomar impulso para ficar novamente em pé — Se Will está vivo, temos que achá-lo antes que algo pior aconteça. Porém se a El utiliza dos poderes para busca-lo através das ondas de rádio, precisamos de algo mais potente.

— A estação de radioamador do Sr. Clarke — Disse Dustin animado e novamente com esperanças de reencontrar o melhor amigo.

— O Heathkit está na escola — Disse Lucas apontando a falha no plano. — Não tem como levarmos à esquisitona lá sem ninguém notar. Já basta a Lola ter tirado o dia para se vestir como artista de circo.

— Hey! Vai tomar no cú! — Ordenou Louise mostrando o dedo do meio para o menino — Mas você tem razão. Dessa vez temos que concordar com o Lucas, olhe para a ela.

— O que faremos? — Perguntou Dustin cabisbaixo.

— Uma transformação! — Disse Louise após breves segundos de silêncio — Podemos pegar algumas roupas da Nancy.

— Tem uma caixa de fantasias por aqui e de doações, deve ter uma peruca em algum lugar e roupas que sirvam na El — Disse Mike levantando do chão — Vou pegar a caixa de maquiagem da Nancy. Você arruma a El.

— Beleza! — Comemorou Lola batendo palmas — Ela vai ser a minha Dusty bunny.

— Vai ser o que? — Perguntou Dustin confuso.

— Depois você pede para a mamãe mostrar as fotos — Lola piscou com um dos olhos e caminhou até Eleven, a qual olhava confusa para toda movimentação do recinto — Hey, El! Vou te arrumar para um passeio, está bem? Nós vamos achar o Will dessa vez.

 


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