Black escrita por morisawa


Capítulo 2
Cassiopeia Black


Notas iniciais do capítulo

Estou participando de um projeto muito legal no spirit, e como ele acabou fazendo minha criatividade fluir, decidi postar uma drabble antes do combinado! Escrevia-a mais rápido que o meu normal, porém, achei que ficou muito boa. Enfim, apenas para relembrar, esse projeto só vai começar a "andar" mesmo no final desse mês, então, não esperem atualizações até lá! Talvez eu publique uma drabble ou outra antes, no entanto, nada confirmado no momento.

Boa leitura, como sempre.



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Cassiopeia olhou-se no espelho. Observou seu reflexo; era linda. Passou a mão devagar pela cintura, marcando com uma tinta invisível suas curvas bem feitas. Os seios fogosos, o olhar penetrante – pretas orbes chamativas e brilhantes –, os lábios vermelhos e carnudos, a pele macia e pálida, literalmente perfeita. Era como um fruto proibido, e isso tornava-a ainda mais desejada.

Não havia nenhum defeito aparente. Tinha uma voz calma e doce mas que por vezes, quando necessitava, conseguia ser direta e forte. O cabelo ondulado e grande, sempre aromático – como ela, em si, era. Então, por que sentia um vazio no peito? Palavras machucavam, mas ainda assim, não tinha como Cassiopeia não ser incrível em todos os sentidos imagináveis. Nunca fora tachada de apelidos ruins, talvez algumas vezes, mas seu público nunca saberia. Era uma mulher forte e independente.

Entretanto, estava totalmente quebrada por dentro. Confeitada, por baixo do vestido vermelho, com cicatrizes – marcas deixada para lembrá-la de seu fracasso. Enxugou uma lágrima que teimava em cair, relembrando-se de momentos distantes.

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1923

— Mamãe, por que me chamo Cassiopeia? Não achas que é um tanto estranho? – indagou a garota com um tom magoado, enquanto pousava a cabeça nas pernas cobertas de Violetta. O vento frio, como sempre era habitual chegar no inverno, fazia o cabelo curto de Cassiopeia esvoaçar. – Pollux sempre caçoa-me.

Violetta riu baixo mexendo carinhosamente nos fios pretos da filha. – Cass, sabia que há muito tempo atrás existiu uma rainha, segundo a Mitologia Grega, chamada Cassiopeia? Ela era conhecida por ser a mulher mais bonita já vista, e havia conquistado todo o reino com a sua beleza inigualável. Pollux não sabe o que fala, irmãos são sempre assim. Apenas ignore-o, e ele vá passar a parar de irritá-la.

Cassiopeia não disse nada por alguns minutos, observando o jardim. A varanda sempre fora gelada, mesmo nos dias de calor, e quando os tempos frios chegavam costumava ser pior ainda; no entanto, era bonito ver as árvores com os topos confeitados de neve, ainda mais junto de companhia. Violetta estava descansando sentada no banco de madeira, como tudo era por ali.

— Mas é um nome muito feio para uma mulher tão bela, mamãe.

— Não acho que alguém vá prestar atenção em seu nome, enquanto houver sua aparência, Cass. – tentou animá-la, aparentemente em vão. – Ninguém é perfeito.

 

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Era uma mulher linda, desejada, chamativa. Não tinha como não gostarem dela. Mas, de acordo com Callidora, ela era horrível, nojenta, repugnante. E talvez, apenas talvez, ela estivesse certa. Cassiopeia nem sabia mais quem ela mesma era.

Uma mulher almejada ou simplesmente uma farsa? Sempre perdida em devaneios, séria e infeliz, mas que aparentava mais viva fora de casa, sensual e bonita. Talvez estivesse delirando, sua imagem havia ficado borrada e suas pernas começaram a fraquejar.

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1934

— Você enoja-me, Cassiopeia! – esbravejou enquanto lágrimas corriam por seu rosto. – Como pôde? Éramos amigas! Amigas, Black! Você sequer sabe o que significa, não? Como foi capaz de jogar todos esses anos no lixo?

— Deixe-me explicar, pare de gritar! Merlin, você nunca para de julgar os outros, eu tenho uma boa explicação, eu juro! Não me proíba de falar.

— Uma boa explicação para você ter dormido com o meu namorado?!

Uma tensão espalhava-se pelo quarto branco. Callidora estava com um vestido preto, o batom e toda sua maquiagem borrada, enquanto decepcionada olhava para Cassiopeia, que só usava uma toalha. Denver já tinha saído, parecia ter armado tudo para apenas as duas encontrarem-se e ele poder ficar fora de qualquer briga que houvesse.

— Eu estava bêbada! – finalizou Cassiopeia, tentando aproximar-se de Callidora. – Você sabe que eu não gosto de garotos, Dora! Não pode acreditar naquele canalha, tenho certeza que ele planejou tudo! Por favor, você precisa acreditar em mim, eu nunca faria algo assim para você!

— Bêbada?! Essa é sua explicação! Me poupe de suas mentiras, Cassiopeia! Você nunca gostou é de garotas, apenas virou minha amiga para ficar com Denver! Merda, como eu pude acreditar em você todos esses anos? Você é horrenda, Black. É como todos os seus parentes, esse rostinho bonito que carrega é apenas uma farsa para esconder todos os seus podres. Você é feia, Cassiopeia Black, e vai morrer sozinha! Nunca mais ouse me procurar, ou eu juro que te mato.



.                                                      .

 

Aparentemente Callidora estava certa. Cassiopeia estava no auge dos seus quarenta anos, continuava tão bela como sempre, mas nunca mais havia tido um relacionamento.


Iria morrer sozinha e bonita – talvez não por dentro, mas quem se importava?


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