Ele era um homem simples.
Claro, não tão simples como a palavra implica; ele era simples se comparado com seus colegas - se recusava a ver aqueles homens de vestes finas como amigos - que viviam a base de uísque de fogo, charutos e mansões.

Antonin era um homem solitário e estava muito bem vivendo e sendo dono de si mesmo (e ele era?). A herança deixada por seus pais não era algo muito satisfatório, pois a verdade fortuna de sua família havia ficado com seus primos e tios na velha e fria Rússia.

Se ele sentia saudades de casa? É claro. Nunca aceitara a estranha Londres como seu lar. São Petesburgo era sua casa e ponto final. A mansão Dolohov e suas escadarias tão rigorosamente limpas e luxuosas, as várias lareiras e os quadros de seus parentes mais ilustres o faziam se sentir nostálgico e melancólico quando comparadas a sua cela em Azkaban ou aos seus aposentos na mansão Malfoy.

Mas o que o realmente incomoda era o inverno. Para ser mais específico, a falta dele.
Claro que fazia frio em Londres, com suas chuvas finas e afiadas e seu tempo nublado que parece eterno, mas Antonin precisa sentir. Ele precisa sentir a neve, o frio extremo nos seus ossos, fazendo seu sangue apenas aquecer após várias doses de vodka.

Para seus colegas, isso seria um tanto estranho e usual, porém outros possuíam tantos diferentes vícios e nostalgias ocultos e esconder sob os panos a sua saudade era o que o russo sabia fazer de melhor.
Fotos e cartões postais com imagens turísticas de São Petesburgo e Moscou eram saqueados de locais trouxas por Antonin e escondidos nos bolsos de suas vestes para o lembrar do dia que poderá voltar a pisar nas ruas cobertas de neve e sofrimento do seu país.

Quando foi preso em Azkaban pela última vez, Dolohov ficou sozinho em uma grande cela.
O porquê? Nem ele sabia, mas no momento em que colocou os pés na cela, sentiu frio.

E sentiu, pela primeira vez em anos, talvez em décadas, o que se parecia com o sentimento de estar de volta à sua Rússia.