A Proposta escrita por Maria Ester


Capítulo 3
Capítulo 3




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Era uma noite iluminada, o hotel, com vista a mar, dava um ar de mistério, a luz da lua estava belíssima, prateada, mas nada disso interessava, ou pelo menos Cecília não reparou nos detalhes. Não era hora de ter medo, ela estava ali por um motivo, um motivo específico; Dulce Maria.

Suspirou e entrou com o carro no estacionamento. Nenhum manobrista se ofereceu para levar seu Chevrolet Onix até a ala VIP, repleta de carros importados.

Entrou no amplo salão antes da recepção, la tocava uma música ambiente onde alguns convidados fumavam e bebericavam seus refinados drinks. Não reparou em ninguém, foi direto para recpção, onde um dos seguranças barrou sua passagem.

— O convite por favor – disse, estendendo a mão.

— Meu marido chegou mais cedo, ele deixou avisado que eu chegaria depois – mentiu.

— Seu marido?

Cecília abriu sua bolsa e mostrou sua habilitação onde ainda constava seu sobrenome.

— Gustavo Lários. Quer que eu ligue para ele, para que você confirme a informação? – e se ele quisesse realmente confirmar pelo celular? Estava passando mal de tanto nervosismo, mas não deixou transparecer, uma das coisas que aprendeu com os Lários; manter o auto controle sempre.

Notou que o segurança estava aflito, não sabia o que fazer. Certamente ele mesmo pegou o convite da mão de Gustavo e deve ter percebido a modelo loira ao seu lado como acompanhante.

Por falar nela...

Cecília lembrou da sensação desagradável que sentiu, quando viu a foto bem feliz do casal na capa de uma renomada revista de fofoca de São Paulo. Gustavo parecia estar fascinado pela beleza da mulher. Não era de se espantar, Nicole realmente era perfeita.

Não devia ser a primeira com quem Gustavo saiu depois que Cecília o deixou, apenas a primeira que veio a público. Bom, mas isso não era de sua conta.

Respirou fundo e olhou para o segurança com certa insatisfação, sinais que havias visto Gustavo fazer inúmeras vezes para poder agilizar algo.

— Talvez seja melhor a Senhora mesmo ir a atrás dele.

Dera certo, afinal quem era louco de importunar Gustavo Lários, o homem mais rico de Doce Horizonte e um dos mais ricos do país, no meio de uma festa.

— Boa festa – disse, abrindo a porta.

O salão de festas do hotel Hilton estava com uma decoração luxuosa e repleta de pessoas glamorosas como já era de se esperar, havia um DJ tocando, garçons com bandejas cheias de champanhe e aperitivos finos. Cecília pegou uma taça e tomou todo o conteúdo em um gole só.

Percebeu olhares curiosos observando-a enquanto circulava pelo salão, perguntou-se se conseguiria ouvir os borburinhos de “É a Cecília mesmo?”

Tentou desviar a atenção indo direto para o jardim, onde serviam o jantar e o som era mais baixo.

De imediato, identificou-o em uma roda de homens conversando, ele estava com as   mãos nos bolsos da calça de linho, de costas para ela. Ao lado, estava Nicole, que estava fumando.

Ele detestava cigarros, pensou.

Sentiu um leve desconforto, estava com o coração a mil. Ele entortou a cabeça em sua direção e depois voltou a conversa. Cecilia encheu-se de coragem e começou a andar em sua direção, dera poucos passos, quando ele virou, olhando-a fixamente. Ele era lindo, tal qual sua mente torturada lembrou.

— Olá Gustavo – cumprimentou, tentando ao máximo, manter o controle.

— Cecília – respondeu inclinado para beijar suas bochechas – o que te traz aqui?

— Preciso falar com você – falou apertando uma mão na outra.

Gustavo sabia que era sinal de medo, e se detestou por isso. Por que ela teria medo dele? Nunca encostou em um fio de cabelo dela que não fosse para o prazer de ambos.

— Com licença rapazes, Nicole... – levou-a para longe dali, com uma mão em suas costas.

Perceberam os olhares discretos especulativos.

A cada passo, Cecilia tentava se concentrar nas palavras que vinha ensaiando, mas está ali, ao lado dele depois de dois anos de separação, era mil vezes mais difícil do que imaginou.

Eles se distanciaram somente quando estavam fora da vista dos curiosos, Gustavo foi o primeiro a falar.

— O que você faz aqui Cecília?

— Vim falar com você.

— Bom, isso é bem obvio. Mas porque veio até aqui quando eu deixei claro que não queria mais contato com você?

Essas palavras foram para Cecília com uma bofetada bem dada, mas ela não deixaria se abater.

— Preciso de sua ajuda.

Ele deu um riso irônico e disparou:

— Mais ajuda, já não basta os 10 milhões que eu te dei?

— Não estou atrás de seu dinheiro.

— Vá logo ao ponto.

Cecília respirou fundo e disparou.

— Quero adotar uma criança, mas preciso de sua autorização perante o tribunal, pois ainda estou com meu nome de casada.

— Como é que é? Fora de cogitação. Espere o divorcio sair e adote sem eu ter nada a ver com esse seu devaneio.

— Mas Gustavo, não é um devaneio e eu não estava pensando em nada disso para mim, mas ela apareceu na minha vida e precisa de mim. Se eu esperar pelo divorcio eu posso perde-la.

— Não é problema meu.

— Eu estou sem tempo, a qualquer momento tirá-la de mim.

— Repito: não é problema meu.

— Mas sem você não posso conseguir, essa é a única solução.

— Esforce-se mais. Talvez dessa vez você consiga ir até o fim com alguma coisa antes de simplesmente desistir.

— Eu não vou desistir, mas eu realmente preciso de sua ajuda.

— Uma pena, mas nossa conversa termina por aqui, boa noite Cecília e aproveite a festa.

— Mas Gustavo... – ele deu as costas a ela e se distanciou, voltando para o círculo com que estava conversando antes que ela aparecesse.

Após três anos de casamento com a promessa de ter um filho, ela admitiu a verdade. Não queria ter um bebê. E agora Cecília tinha a audácia de lhe pedir ajuda, esse tipo de ajuda.

Mas olhando-a, linda como sempre fora, precisava se controlar para não toca-la, não beija-la.

Voltou a festa com a imagem dela arrasada em sua cabeça. Sua acompanhante, Nicole, a primeira desde a separação com Cecília, olhou para ele friamente, dando uma tragada no cigarro em seus dedos. Ele odiava cigarro, não era de se estranhar que ele não conseguira nem ao menos beija-la.

Cecília era mais baixa, curvilínea, era impulsiva e tinha uma gargalhada que ele adorava, e seu cheiro, ele nunca esqueceu seu cheiro, era muito bom, principalmente nas primeiras horas da manhã.


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