Préludio escrita por Anne chan


Capítulo 1
Capítulo Único




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Completamente desperto, Harry olhou para o telhado de pedra de seu quarto em Hogwarts. Ainda estava escuro e seus colegas de quarto continuavam a dormir sonoramente nas camas ao lado, mas sem conseguir fechar novamente os olhos, Harry levantou-se, ainda um pouco aturdido pelo sonho que tivera. A madrugada fria lhe fez tremer os ossos quando ele deixou os cobertores quentes. Vestindo um casaco por cima do pijama, Harry caminhou até o parapeito de uma das janelas do quarto, sentando-se no chão frio e encostando a cabeça no vidro embaçado pela geada. Não era nem de longe o lugar mais confortável para se estar, mas ele preferia assim, manteria sua mente distante do sonho.

Em dias normais, era possível ver um pedaço do jardim norte pela janela, mas devido a crosta de gelo que se formara e ao sol que ainda não nascera, não era possível ver praticamente nada. A lua lançava seus últimos raios de luz antes de se esconder no horizonte, mas Harry tampouco conseguia ver isso e nem estava interessado. Ele apenas ficou ali, notando como, lentamente, o céu mudava de cor e o negro predominante da madrugada dava lugar a uma alvorada cinzenta. Na janela embaçada, Harry desenhou um rosto sorridente. Não era como ele estava se sentindo, mas sim um desejo, uma prece, de que aquilo se tornasse realidade.

Levantando-se quase sem fazer barulho, ele procurou suas vestes, o uniforme negro da escola com detalhes em vermelho e dourado, símbolo de sua casa. Harry desceu para o salão comunal da Grifinória, pretendendo esperar até que Rony acordasse, fato que ainda demandaria algumas horas, já que hoje era domingo. Mas ao contrário do que Harry esperava, o salão comunal não estava vazio; estava repleto de quintanistas que provavelmente tinham varado a noite estudando desesperados para os exames de N.O.M.’s. Mentalmente Harry agradeceu por aquele ser somente o seu segundo ano na escola, não estava preparado para toda a pressão que os tais exames colocavam no indivíduo. Decidido a procurar um lugar mais silencioso, Harry saiu do salão, caminhando pelos enormes corredores do castelo sem ter um rumo real. Acabou chegando aos jardins.

A madrugada fria congelara a grama e seus pés faziam um barulhento som de *CRACK, CRACK* conforme ele andava através do silencioso jardim. Não havia ninguém à sua volta; agora que ele conseguira a solidão que procurava, desejou estar de volta ao quarto, onde estava rodeado de amigos, ainda que estes estivessem dormindo. Harry no entanto continuou andando, sua intenção era chegar até o lago da lula gigante, mas parou de chofre ao ver que seu pedido se realizara, ainda que não tivesse sido da maneira que queria. Sua vontade foi de dar meia volta, mas o som de seus passos na grama congelada fez o outro garoto se virar para olhar quem se aproximava.

Draco Malfoy estreitou seus pequenos olhos azuis, demonstrando todo o desagrado que sentia com relação a Harry e este fez o mesmo, expressando seu ódio através dos olhos verde esmeralda. Harry queria muito sair dali, mas temendo que tal atitude pudesse ser interpretada como covardia, ele caminhou firme até o lago, parando a poucos metros de distância do outro garoto. Fingindo não vê-lo, Harry sentou-se na grama congelada que mais pareciam pequenas agulhas, ignorando as pequenas pontadas que sentiu e que em pouco tempo seu traseiro ficaria encharcado. Ele apenas queria mostrar que estava completamente à vontade.

Muito provavelmente pensando o mesmo, Draco lançou um último olhar de antagonismo para Harry antes de virar-se mais uma vez. Suas mãos estavam cheias de pedras achatadas e pegando uma delas, o garoto a lançou em direção ao lago. A pedra quicou duas vezes antes de afundar. Harry soltou uma risadinha baixa ante a tentativa falha.

― Acha que pode fazer melhor? ― Draco perguntou irritado, erguendo-se diante de Harry de forma desafiadora.

― Olhe e aprenda.

Harry levantou-se e pegou uma pedra achatada nas margens do lago. Aquela na verdade era a sua primeira tentativa, mas ele não ia admitir isso e, olhando atentamente para o lago, Harry afastou as pernas e lançou a pedra. Foi lindo, ele pensou com sarcasmo. A pedra fez um brilhante arco no céu e afundou no primeiro momento em que ela tocou a superfície do lago.

Ao lado dele, Draco caiu na gargalhada. Harry o odiava mais do que já odiara alguém, mas não pôde evitar de rir junto naquele momento.

O sol agora nascera por completo, banhando o lago com tons de dourado. Os dois garotos continuaram a  desafiar um ao outro, atirando pedras no lago até que a Lula-Gigante ergueu um de seus tentáculos em direção aos dois garotos, irritada pela quantidade de pedras que fora jogado em seu lago. Eles caíram para trás com o susto antes de novamente caírem na gargalhada. Estavam sentados mais próximos do que jamais estiveram e Harry foi o primeiro a notar isso. Acalmando-se, ele olhou para o rosto de Draco tão próximo ao seu. O ódio que sentia desde o primeiro momento em que lhe batera os olhos na Madame Malkin ressurgiu com força. Draco também parara de sorrir e sem pensar muito, Harry cortou a distância entre os dois e juntou seus lábios aos do outro.

Foi um encontro rápido, não durou mais que um segundo, pois Draco se afastou assustado. Todo o seu rosto estava vermelho como um pimentão, sua mão lhe tampava a boca, como se não quisesse acreditar no que acabara de acontecer. Harry também não conseguia acreditar no que ele fizera, mas deixaria para pensar nisso depois, porque, naquele momento, havia algo mais em sua cabeça.

― Você tem gosto de cereja.

Harry se aproximou novamente, mas dessa vez Draco foi mais rápido, saltando para longe dele. Pondo-se de pé e escondendo o máximo do rosto que podia, Draco deu as costas e começou a correr.

― Nu- Nunca mais chegue perto de mim, idiota! ― gritou avançando em direção ao castelo.

Harry permaneceu no mesmo lugar até que os jardins começaram a se encher de vida com os estudantes que aproveitavam o dia de folga.

Os dias se passaram e Draco passou a evitar Harry, desviando-se do caminho dele sempre que percebia que se cruzariam. Harry também não forçou nenhum encontro, limitando-se a observá-lo à distância, como sempre fizera.

― Harry, o que há com você? ― Sentada à farta mesa de café da manhã da Grifinória, Hermione perguntou preocupada.

― Do que está falando? ― Harry a olhou sem entender.

― Há dias que você está encarando a mesa da Sonserina. E desde quando você gosta tanto de cereja?

Harry não havia percebido que estava encarando demais, mas notou o próprio e recente interesse pela fruta enquanto pegava outra da bandeja e a levava a boca. Seus olhos se encontraram com os de Draco, que os desviou imediatamente, o rosto normalmente pálido adquirindo uma intensa tonalidade de vermelho.

― É que… ― Ele disse lentamente, brincando com talo entre os dedos, levou um tempo até que respondesse e sua voz não saiu mais do que um murmúrio baixo. ― Cerejas me lembram dele.


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