Carmem andava de um lado para o outro da cozinha. A governanta estava preocupada com o sumiço de Isabella. Levou as mãos ao coração quando Embry entrou na cozinha de forma silenciosa.

—Desculpa Carmem, não quis te assustar, achei que não tivesse ninguém aqui. Só vim pegar uma água. – foi até o armário e pegou um copo. - O que faz acordada tão tarde?

—Esperando pela menina, o que mais seria? – respondeu fungando.

—Vá dormi mulher e deixe que o marido dela se preocupe com isso.

—Embry, você sabe como a menina fica. Tenho que ajudá-la e não vou conseguir dormir enquanto não tiver notícias dela. Será que você não poderia ligar para o seu amigo daquele bar onde ela costuma ir? Por favor, para acalmar o coração dessa pobre velha.

—Carmem, de velha você não tem nada. Não acho que deveria se preocupar com isso, mas já que insiste, vou ligar para o Jared.

Embry teve que tentar três vezes até que o amigo finalmente o atendeu.

— Está atrás da patroa de novo? – Jared já estava acostumado com o amigo ligando procurando pela herdeira dos Volturi. Bella e seus amigos eram clientes fiéis da boate onde ele trabalhava e era ele quem avisava a Embry quando a garota passava dos limites e precisava ser buscada.

—Ela está por aí?

—Sim, e está muito doida. Posso aposentar com o tanto de gorjeta que vou ganhar deles essa noite. Cara, não quero te preocupar, mas ela começou a tirar a roupa. E o povo está gostando, acho melhor vir busca-la antes que acabe em confusão.

—Vou pedir para o marido dela busca-la. – desligou agradecendo o amigo. – Carmem, a situação está feia por lá.

—Vou acordar o Senhor Edward. Pode pegar o carro e leva-lo até lá? – Pediu com os olhos úmidos. Como ela amava aquela menina levada.

—Tudo bem Carmem, mas eu não vou entrar. Estou cansado de passar vergonha com ela.

Mais que depressa ela subiu correndo as escadas e bateu a porta do quarto. Edward levou um tempo para se levantar e ela começou a bater de forma mais aflita.

—Carmem? – perguntou coçando o olho e se acostumando com a claridade que vinha do corredor.

—Desculpa acordá-lo, mas você precisa ir buscar a Senhorita Isabella.

—O que aconteceu? – Perguntou voltando para o quarto e mudando de roupa. – Conseguiu acha-la? - Depois que leu a carta que o avô tinha deixado, Bella simplesmente desapareceu.

—Sim. Ela está numa boate que costuma ir e quando ela bebe muito faz algumas loucuras e o amigo do Embry já avisou que é melhor busca-la antes que aconteça algo pior.

— Isso acontece com muita frequência ou é só por causa da morte do avô? – Edward já estava descendo as escadas com a governanta ao seu lado.

—Praticamente todos os dias. Por favor. - pediu tocando no braço dele o fazendo parar. – Seja gentil, a menina só precisa de alguém que a ame e a trate bem.

—Farei o possível Carmem. – a tranquilizou. – E vá dormir. Deixe que cuido de tudo.

—Vou esperar acordada e vou fazer um café bem forte. A minha menina vai precisar.

[...]

Embry já era conhecido por todos os seguranças, já que ele sempre ia buscar a herdeira dos Volturi, por isso, não teve a menor dificuldade em fazer com que deixassem Edward entrar. Os seguranças murmuram um, boa sorte, para ele. Assim que entrou na boate lotada, bastou um segundo para encontrar a esposa, ela estava dançando em cima de uma mesa e vários homens estavam ao seu redor. Ele marchou com raiva até ela e foi logo a pegando e a jogando nos ombros.

—Ei cara, está acabando com a festa. – Um homem gritou reclamando.

—Me solta, seu grosso. – Bella reclamou e quando viu que era Edward começou a rir. – Marido, não sabia que você estava aqui. Por que não aproveitamos e vamos beber um pouquinho? – Ela falava com uma voz arrastada e o cheiro de álcool estava deixando Edward tonto. Ele andou rápido até a saída e colocou a esposa encostada no carro para poder falar com ela.

—Isabella, olha sua situação. – Começou a brigar com ela, mas ela fez um bico e ele se lembrando do conselho de Carmem e do pedido de Aro, mudou de tática.

— Não briga comigo, só queria me divertir e esquecer que o meu avô morreu, mas você é um chato e não me deixa ser feliz.

—Vamos para casa e depois conversamos, vou te dar um banho.

—Huum, você quer é se aproveitar de mim que eu sei. – cutucou o peito dele- Pode aproveitar à vontade. – Começou a desabotoar a blusa dele.

—Para com isso. – Segurou firme as mãos dela. – Não vamos fazer nada.

—Por que você não me ama? – Choramingou. – Ninguém me ama. Que droga de vida, ninguém me quer. - Começou a chorar.

—Está tudo bem? – Embry abriu a porta do carro.

—Não, não está. Meu marido me odeia e não me quer. Como poderia estar tudo bem? – Bella gritava tentando se apoiar no carro. Edward já perdendo a paciência a colocou no banco de trás. Ela gritou, chorou e tentou agarrar ele e depois de um tempo caiu no sono.

Quando Edward a tirou de dentro do carro ela dormia feito um anjo. Ela não parecia em nada com a mulher arrogante e esnobe naquele momento, ali ele pode ver outra face dela. Talvez ela só precisasse de alguém que a amasse e cuidasse dela. E ele reafirmou ali a promessa que tinha feito a Aro, ele tomaria conta dela enquanto os dois estivessem juntos. Ele mostraria que ela poderia ser feliz e mesmo não a amando, ele a ensinaria a se amar.

[...]

—Como ela está? – Carmen perguntou preocupada vendo Edward carregar Bella.

—Bêbada, mas não se preocupe que vou cuidar dela. Pode ir dormir.

—Tem certeza que dá conta? – ela não queria abandonar a menina naquele momento.

—Sim, Carmen. – respondeu docemente. Ele tinha gostado muito dela e ficava chateado pela forma que Bella a tratava.

—Qualquer coisa me chame.

 Edward subiu as escadas e foi com a esposa até o banheiro. Ele a colocou sobre a bancada e gentilmente começou a tirar as roupas dela, a deixando apenas com as peças íntimas. Quando terminou, a levou para o chuveiro e o ligou na temperatura fria. Bella acordou assustada.

—Calma. – Edward a segurou no lugar. – Só estou te dando um banho, você está em casa. – ela não falou nada, apenas se apoiou nele e começou a chorar.

Edward tirou as próprias roupas e sentou com ela no chão do banheiro e deixou que ela desabafasse. Ele mantinha os braços firmes em torno dela e Bella se agarrou nele em busca de consolo.

—Vai ficar tudo bem. – Edward falou por fim a ajudando a se levantar.

—Não, não vai. – pegou a toalha que ele estendia e começou a se secar de forma automática.

—Eu te ajudo. – pegou outra toalha e começou a secar os cabelos dela. – Você é forte e vai ficar bem.

—Eu só finjo que sou forte. Sou apenas a casca de uma pessoa. – era a primeira vez que ela falava sobre os seus sentimentos para alguém, desde que tinha largado a terapia aos 14 anos. – Meu avô disse que não queria que eu voltasse para uma casa vazia, mas isso é tudo o que me resta.

—Nós estamos aqui.

—Não. Isso. – apontou para os dois. – Vai acabar um dia. Você vai ir embora, voltar para a sua noiva ou para outra mulher que ame e eu vou continuar aqui.

—Podemos ser amigos. Eu vou ser sempre grato pelo que está fazendo pela minha família.

—Não Edward. Você não gosta de mim e nunca vai gostar. – foi em direção à cama e se jogou lá. – Sou apenas uma garota rica, esnobe e acho que posso comprar todo mundo, não tenho educação e muito menos amor ao próximo, sou arrogante e mesquinha.  – recitou as palavras que ele tinha dito a ela quando conversaram no hospital e Edward engoliu em seco, ele tinha sido muito grosseiro com ela.

—Eu estava errado sobre você. – Edward pegou uma camisa dele e entregou para Bella. Ele se virou para que ela pudesse se trocar.

—Pode pegar uma calcinha naquela gaveta? – apontou para o armário e ele pegou uma sem pensar muito sobre isso. – Deita comigo? – perguntou num sussurro e Edward deitou na cama e ela colocou a cabeça no peito dele e pegou no sono logo em seguida. Ela se sentiu em paz naquele momento e grata por pelo menos naquele momento, não estar sozinha. Já Edward apertou a esposa em seus braços e pela primeira vez desde que tinha terminado com Victoria, ele não pensou nela. Só pensou no que poderia fazer para manter Bella, bem e a salvo. Beijou os cabelos dela e também pegou no sono.