Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 14
ZIA - Campos de morango


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo só ia sair amanhã, mas vou postar logo ;)
tentarei postar o seguinte o mais rápido possível também já que né... quero os nórdicos logo na treta ♥



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ZIA

Carter estava mal. Eu me preocupava muito com ele. Só de olhar o estado em que ele estava o meu coração se partia em mil pedaços. Mesmo com a ambrosia que os tais filhos de Apolo deram, ele ainda tinha demorado mais de um dia inteiro para acordar. Mas pelo menos ele teve bastante atenção. Eu e Sadie ficávamos nos revezando para ficar cuidando dele e às vezes Sean, Julian ou Cléo revezavam com a gente também para que pudéssemos descansar. Afinal, tinha sido um dia muito cansativo.

O estado de Carter trazia à memória coisas ruins. Me lembrava quando ainda morava na vila de Al-Hamrah Makan, uma vila egípcia que você não vai encontrar no Google Maps. No entanto, minhas memórias quanto à isso ainda eram confusas. Pedaços ainda faltavam. Mas ver Carter ali daquele jeito, me fez lembrar de meus pais, me fez lembrar de Iskandar. Eu não queria perder mais ninguém. A memória de Iskandar era a que mais doía. Ele foi a pessoa mais próxima de família que eu tive (ou ao menos, que eu me lembre). Me ensinou toda a magia que eu sei, cuidou de mim por anos e, mesmo assim, apesar de todo o poder que ele possuía, estava agora morto. A melhor prova de que ter grandes poderes não significa que viverá para sempre. Claro, Iskandar viveu uma longa vida, mas eu ainda me sentia de luto pela morte dele.

Tentei deixar minha eterna saudade de Iskandar um pouco de lado e focar nos problemas de agora. Como havia sido uma aventura bem cansativa que tivemos na Casa do Brooklyn, estavam todos ainda muito cansados não importando o tanto que descansávamos ou o tanto que as pessoas do Acampamento Meio-Sangue tentassem nos receber bem. Tínhamos usado muita magia e ambrosia nenhuma conseguiria curar o cansaço psicológico.

O sol havia começado a entrar timidamente pelas janelas do chalé de Apolo e eu me apoiava de bruços na beirada da cama de Carter em um estado letárgico entre dormindo e acordada quando ele resmungou alguma coisa inteligível. Eu me levantei na hora, pois ele não dava nenhum sinal tão grande quanto um resmungo inteligível desde que tinha desmaiado no quando saíamos do cemitério.

Meu coração se encheu de alegria quando notei que os olhos dele abriam com fraqueza. Acho que essa felicidade ficou bem estampada no meu rosto, pois eu não conseguia parar de sorrir e a imagem ficou embaçada quando meus olhos se encheram de lágrimas. Passei a mão em meus olhos tirando-as quando Carter resmungou:

— Perdi muita coisa? Onde estamos? – ele disse numa voz fraca de partir o coração. No entanto, pelo menos ele tinha acordado.

Antes de responder qualquer coisa, deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto e o abracei com força, mas delicadeza enquanto a sensação de alívio enchia meu peito.

— Que bom que acordou! Estávamos todos preocupados! – eu disse enquanto ele abraçava-me de volta.

— Desculpe por preocupar todos – ele disse com uma fraca risada.

Eu o soltei levemente e simplesmente continuei a seguir meus instintos quando nossos lábios se aproximaram e se tocaram. Foi um beijo com um gosto estranho já que as lágrimas ainda caíam de meus olhos e escorriam pelo meu rosto. No entanto, foi um beijo gostoso, leve e adocicado. Ao nos separamos, nos olhamos por uns segundos e ele, com um doce sorriso, me deu um beijo na bochecha. Eu abri um sorriso maior ainda e o acariciei na bochecha antes de dar-lhe um selinho nos lábios.

— Estamos no Acampamento Meio-Sangue, no chalé de Apolo. Parece que é a enfermaria do lugar. – expliquei com a voz repleta de alívio por o ver acordado e aproveitando para limpar as lágrimas de meu rosto.

— Quanto tempo eu dormi?

— Dois dias e algumas horas... – expliquei cabisbaixa. Todos já estavam ficando preocupados, até os filhos de Apolo que cuidavam dele. Segundo eles, era estranho que ele tivesse demorado tanto para acordar.

— Tanto assim? Como estão todos? O que aconteceu? – perguntou ele se agitando e tentando se sentar, mas eu forcei para que ele voltasse para a cama.

— Relaxe. Não se agite. Estão todos bem. Estamos meio espalhados pelos chalés que tem aqui. Tem um monte, você deveria ver quando puder sair dessa cama. É um lugar bem legal aqui.

— você ficou todo esse tempo me esperando acordar? - ele perguntou, sua expressão parecia indicar que havia ficado tocado com isso.

— Sim - eu disse afirmando com a cabeça - Fiquei revezando com a Sadie principalmente mas as vezes com Sean, Julian e Cléo também. 

— Obrigado - ele disse segurando uma de minhas mãos com duas das suas. - De novo, desculpa por preocupar vocês. Está com cara de cansada.

— Não se desculpe. Não foi culpa sua. 

— E Sadie? Onde ela está?

— Está no chalé de Hades. Anúbis pediu pra ela ir pra lá aparamente – eu disse revirando os olhos. Eu podia fazer uma longa lista dos problemas desse relacionamento. Já havia listado alguns deles para Sadie, no entanto, ela simplesmente não me escutava – Mas ele ainda não apareceu.

— Ele não veio também? – perguntou Carter.

— Não. Parece que algo de permissão ou algo do tipo. Atena não o incluiu na permissão. Por mim, espero que continue assim.

— Espero que Sadie não escute você falando isso – ele respondeu suspirando – Pode falar para ela que eu acordei? Deve estar preocupada.

— Depois... – eu disse depois de refletir por alguns segundos olhando-o com um doce sorriso e então depositando um leve beijo em sua testa enquanto passava meus dedos pelo seu cabelo encaracolado.

Ele corou. Era engraçado como era tão fácil o fazer ficar sem graça.

O resto do dia passou como um borrão de tão rápido. Ao descobrirem que Carter tinha acordado, os médicos dele apareceram para checar se estava tudo bem e Sean, Julian, Cléo, Will e Nico também foram comemorar que ele tinha acordado. Sim, nada de Sadie até então.

Segundo os médicos do chalé de Apolo, aparentemente, Carter ainda estava meio fraco, mas pelo menos estava bem melhor do que quando estávamos no cemitério. Depois disso, o atualizei de tudo que tinha acontecido. Que Percy e Annabeth tinham voltado para Nova Iorque, que um centauro chamado Quíron tinha perguntando nossa versão da luta e que estava praticamente só esperando Carter acordar para que todos pudessem discutir sobre isso. Isso é, todos menos Anúbis que não tinha aparecido ainda e, segundo Quíron:

— Não acho que ele possa tão facilmente – disse Quíron nos explicando – Não sei muito dos outros deuses, mas, até onde eu saiba, eles tem certas regras. Provavelmente, como o Acampamento Meio-Sangue é um lugar fortemente grego, ele teria problemas se tentasse vir até aqui sem ter a autorização de algum dos olimpianos ou outro deus importante. Seria como invadir território, acho.

Acho que isso estava partindo o coração de Sadie. Eu chutaria que, como Walt morreu, ela estava mais grudada em Anúbis. No entanto, obviamente, Sadie também ficou feliz em ver que Carter tinha acordado. Ainda assim, ela demorou um pouco para descobrir isso. Como os médicos recomendaram uma caminhada para pegar um ar, eu e Carter decidimos ir até o chalé de Hades já que Sadie não tinha aparecido ainda desde quando ele acordara. Ao chegar lá, o único que pudemos ver foi Nico que estava concentrado lendo um monte de revista em quadrinhos da Marvel e da DC em sua cama enquanto Will estava logo ao lado e parecia concentrado rabiscando alguma coisa numa daquelas folhas que se usa para escrever música.

— Ela tá dormindo – disse Nico apontando para a cama onde Sadie estava toda encolhida agarradinha ao travesseiro.

— Tentamos acorda-la quando ouvimos que você tinha acordado. Mas ela nem se mexeu – disse Will sem tirar os olhos da partitura. Parecia bem concentrado.

— Tudo bem, obrigado. – disse Carter.

— Ela já não passa muito tempo dormindo mesmo a noite - disse Nico com uma expressão séria - Escuto ela chorando.

— Walt? - Carter perguntou olhando para mim e afirmei com a cabeça e dei de ombros ao mesmo tempo demonstrando que achava que sim mas não tinha total certeza.

Ele foi se aproximando da cama de Sadie devagar, ainda estava meio fraco. Ele então começou a sacodir a garota de leve e a chamar seu nome, mas nada dela acordar. Ele insistiu, mas tudo que ela fez foi resmungar. Depois de muita insistência, ela abriu os olhos. Acho que levou uns segundos para processar a informação, pois ficou olhando para Carter e do nada abriu os olhos de uma vez e se levantou repentinamente o abraçando com força.

— CARTER! VOCÊ ACORDOU! – exclamou ela o abraçando e chorando.

— Não, tô dormindo ainda. – ele respondeu.

— Engraçadinho... Sinal que já tá bom – ela reclamou com um sorriso no rosto dando um soquinho de leve no ombro dele, mas mal o tocando.

Deixei-os ter uma conversa entre irmãos, aproveitar a presença um do outro e essas coisas. Aparentemente, ela já tinha sido informada que Anúbis não poderia aparecer por ali tão facilmente e, exatamente por isso, que ela ficava alternando entre o chalé de Apolo e o de Hades. O de Apolo porque era onde Carter estava se recuperando e ela se preocupava com o irmão. O de Hades porque foi onde Anúbis pediu para ela ir então as chances de ele aparecer exatamente ali seriam maiores. Me pergunto se o chalé de Hades possa ser considerado um lugar de morte que permita Anúbis aparecer. O resto do Acampamento me parecia alegre e feliz demais para ser um lugar de morte e pesar.

Mais tarde, decidi andar com Carter pelo acampamento. Eu não tinha conhecido ele direito ainda, pois tinha ficado todo o tempo me preocupando com Carter. 

— Aqui é bonito... – disse ele depois de um tempo.

— Sim – respondi segurando sua mão.

Era legal passear por ali. Haviam vários chalés onde os semi-deuses viviam. Um para cada deus grego. Também tinha um lago, campos de treinamento, uma área de refeição e... enfim... um acampamento completo e seria muito normal também se não fosse os chalés de estilo meio diferente e as criaturas mágicas passeando por aí como se nada tivesse acontecido. Uma coisa que chamou minha atenção, foi a plantação de morangos que havia por ali. Segundo me falaram, eles conseguiam alguns trocados vendendo as frutas. Eu e Carter de mãos dadas dentre as plantações de morango que, na escuridão da noite, ficavam como uma daquelas fotos bonitas que vemos na internet. Linda. Os vagalumes voavam pelos morangos iluminando apenas em alguns pontos tornando a paisagem um tanto romântica.

— Vou ver se esses morangos que eles plantam aqui são bons. – disse Carter pegando um deles e o olhando – Será que são mágicos ou algo assim?

Também fiquei curiosa pela resposta da pergunta apesar de eles me parecerem completamente normais. Ele comeu um e abriu um sorriso parecendo gostar.

— É bom – disse enquanto ia pegando outro – Tá, completamente normal. Mas é gostoso.

— Pera. – eu disse conseguindo fazer com que ele parasse de comer o morango bem quando ele o segurava entre os dentes. Nem acredito que eu fiz isso, mas, naquela hora, eu me aproximei do morango que estava na boca de Carter e mordi a metade que estava pra fora. Ele ficou tão vermelho quanto o morango e acho que eu também.

Eu comi a parte do morango que roubei e ele terminou de comer o que havia restado em sua boca. Sem graça, sorri para ele que me olhava pensativo até que ele me abraçou e me beijou longa e profundamente. Um beijo com sabor de morango foi o que senti quando seus lábios tocaram os meus e seus braços deslizaram pela minha cintura me abraçando e puxando para perto dele. Correspondi o carinho abraçando-o ao redor do pescoço e, a partir daquele momento, morango estava entre minhas frutas favoritas.


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Notas finais do capítulo

comentem! gosto de comentários! ♥