Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 129
CARTER - Como um Faraó


Notas iniciais do capítulo

bem vindos para um cap escrito sob reação de vacina, stress e cansaço de trabalho... aiai...
enfim... aproveitem.



no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Kayla, Grover, Percy, Piper,
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter, Meg, Apolo e Zia
no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse, Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Mallory, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo esganar), Ciara



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/747866/chapter/129

CARTER

Se eu tinha alguma conclusão daquela reunião toda, é que os deuses discordavam mais entre si do que eu e Sadie discordamos entre nós dois. E olha que estávamos só discutindo se eles iriam nos ajudar ou não, imagina quando começassem a discutir sobre como ajudar. Uns gritavam discutindo entre si, uns ficavam emburrados em seus lugares, outros calmos e em silêncio aparentemente só esperando no que aquela confusão daria, outros tentando impedir que aquilo tudo não partisse para a violência.

— UM DE CADA VEZ! - gritava Zeus, mas ninguém ligava para ele.

Eu tentei ouvir ao menos um dentre as vozes mais altas e consegui ouvir um deus falando bem alto, para que conseguíssemos ouvir do centro do anfiteatro.  Ele era tão antropomórfico, sendo metade pássaro, que, se eu não soubesse que ele não era egípcio, eu teria achado que era.

— É perigoso quando nos envolvemos demais! - disse ele - Toda vez que interferimos demais, as coisas ficam terríveis. Por isso temos vários acordos para tentar controlar as coisas.

— Quem é ele? - perguntei aos cochichos para Ísis.

— Garuda. Hindu. - respondeu Ísis, também em voz baixa.

— Nós ajudamos contra Gaia. - lembrou Atena.

— Diz isso pois confia que você e os seus não vão sucumbir. - disse uma deusa que, sinceramente, me deu arrepios - Não julgo, são bem antigos e ao mesmo tempo extremamente presentes até hoje. 

Ela tinha enormes asas negras e descia as escadas do anfiteatro com calma. Quando ela passava, a maioria daqueles que estavam ao lado, no meio do caminho, se calavam e se afastaram. O vestido dela era tão negro que nem parecia real enquanto deslizava pelas escadas. O cabelo dela também ia pelo mesmo caminho, longo, bem escuro e preso numa longa trança. 

O jeito que ela andava e o ritmo e o tom de voz com que falava, me fazia lembrar da Malévola só que com um toque mais… não sei… antigo, talvez? De toda forma, tá aí uma deusa que eu, só de olhar, tinha certeza que não queria como inimiga.

— Ela é a mais importante aqui? - sussurrou Meg, com certeza notando o mesmo que eu.

— Não há um só “mais importante” que os demais aqui. - respondeu Thoth, rapidamente, aos sussurros - Muitos têm títulos e importâncias equivalentes.

— Não sabia que se importava tanto assim com os mortais, Ereshkigal… - comentou Hades, um dos poucos que não havia se encolhido dela e ficavam nas bordas do caminho dela.

Ela olhou por um segundo para ele, deixou escapar um pequeno sorriso (que não me pareceu nem um pouco simpático, mas ao menos não parecia maldoso) e continuou a descer até se juntar à nós no centro do anfiteatro. 

— Eu não ligo tanto assim… verdade… Mas não deixa de ser verdade que Naunet, Quetzalcoatl, Hafgan e etc já estão interferindo demais enquanto causam confusão. - disse ela ainda olhando para mim ao invés de para Hades - Você… Ísis te chamou de Faraó Carter, você é Carter Kane, então?

— S-Sim… Me conhece? - respondi meio preocupado.

— Não exatamente. - disse ela e eu não sabia se isso era bom ou ruim.

— C-Como…? - comecei a perguntar, mas fui esquecido rapidamente.

— Você… concorda em ajudar os mortais? - perguntou Enlil claramente meio chocado - Porque?

— Concordo. - respondeu Ereshkigal - Porque é muito irritante ter que lidar com esses deuses novinhos que se acham demais só porque não somos tão adorados quanto antes. Então, de livre e espontânea vontade, quero ajudar um velho colega.

— Não vou dar argumentos bonitos e meio sem sentido como os outros… - disse um deus repentinamente enquanto coçava o nariz - Já entendi os argumentos. Mas a questão é, vale mesmo a pena eu gastar minha energia com isso? O fato é, estou com preguiça.

— Você percebe que pode acabar desaparecendo todos os seus fiéis e vocês morrerem, né? - perguntou Apolo.

— Apolo está certo! - exclamou o Imperador de Jade - Por isso demos algumas ajudas aos nossos semideuses, mas iremos ajudar mais a partir de hoje!

— Você percebe que ali na frente estão deuses egípcios, sumérios, nórdicos, gregos? - disse o deus - Uma galera que, até onde eu me lembre, os países atuais são intensamente muçulmanos ou cristãos. E eles ainda estão ali, dando bronca na gente para ajudar um bando de mortais em mais um problema como se não fosse ter mais outro problema daqui a algumas décadas.

— A Noruega nem é tão cristã assim… - resmungouOdin em voz baixa, mas logo aumentou a voz de novo - Não foi sem perdas que chegamos até aqui. 

— Vocês são um bando de covardes, isso sim! - exclamou Meg.

— Meg! - alertei ela.

— COMO OUSA!? - exclamaram vários enquanto uns só riam. 

— POR ISSO MORTAIS NÃO DEVERIAM VIR ATÉ AQUI! - gritou outro.

— Cuidado, Meg! - alertou Zia também se colocando na frente de Meg e olhando para ela séria - Não é o melhor lugar pra dizer as verdades. 

— Pensem também como motivo para ajudar o fato que seus fiéis contam com vocês. - falei, tentando desviar o foco dos deuses de Meg - Vocês têm fiéis que rezam para vocês, alguns de vocês têm filhos mortais também, ou amigos, ou amores. Pessoas que contam com vocês ou que vocês tem o poder de ajudar e fazer a diferença. Já demos os argumentos, verdade. Mas não acham que é o esperado de um amigo, um parente ou até um deus, atender um pedido desesperado de ajuda? Nossos inimigos já se uniram. Porquê é tão difícil fazermos o mesmo?

— Os sumérios irão ajudar. - declarou Ereshkigal.

— Mas você… não… fala por n-- disse Enlil para Ereshkigal, parecendo bem sem graça.

— Os sumérios irão ajudar. - disse novamente Ereshkigal, dessa vez só para Enlil.

— Eu ia dizer o mesmo, não precisa me olhar assim. - resmungou Enlil.

— Os egípcios também. - disse Ísis.

— Os tupi também! - disse Tupã.

— E os iorubá! - exclamou Xangô.

Então, num momento que me deixou bem tenso, alguns grupos de deuses começaram a conversar entre si, provavelmente fazendo uma votação em vozes baixas. Sendo os gregos os criadores da democracia, esperava que Zeus fosse se reunir com os demais. Contudo, só olhando para os outros deuses, ele simplesmente declarou:

— E os gregos.

— Isso! - começou Apolo dando um soco leve na própria coxa.

— E os chineses. - declarou o Imperador de Jade.

— E os nórdicos! - gritou Odin fazendo alguns deuses, provavelmente nórdicos também, gritarem como se a batalha estivesse logo ali ao lado.

Algumas votações internas demoraram mais, mas o que importa é que vários foram gritando que iriam ajudar. Nem todos pareciam felizes, verdade, mas acho que o resultado já estava positivo o suficiente, principalmente se eles cumprirem a promessa… o que era outra história. Uns descontentes acabaram saindo, mas vários ficaram ainda e escutei conversas paralelas começando aos cochichos.

Meu pouco espanhol conseguiu pegar que os deuses latinos falavam preocupados sobre Quetzalcoatl. Não sei se mereço tantos créditos pelo meu espanhol aqui já que era um nome difícil de não notar. Outras conversas continuaram a teorizar sobre as pirâmides, mas eu ainda estava ao redor dos deuses de antes, no centro do anfiteatro, que estavam só observando as discussões.

— Lembrem-se que não sabemos em quem podemos confiar aqui. - disse Odin, bem alto, para todos ouvirem - Tomem cuidado com quem vocês falam. Por hoje é só, vamos todos gastar um tempo conferindo as alianças de cada panteão que aceitou ajudar.

Parece que foi tudo o que os deuses precisavam, todos se levantaram e começaram a ir embora enquanto uns continuavam discutindo em vozes baixas. Aposto que essas discussões iam continuar em outro lugar.

Zeus foi um dos que foi embora e, assim que o fez, Apolo veio correndo até nós. Ele estava claramente aliviado de não ter mais que fingir que não estava nos ajudando. Hades, por outro lado, também foi outro dos que foi embora. Tantos deuses tinham ido embora, que logo não havia mais muita gente no centro do anfiteatro conosco. 

— Não vamos discutir sobre os próximos passos? - perguntou Meg -Eles estão saindo!

— Aqui melhor não. - lembrou Zia - Não quiseram nem espalhar qual das pirâmides de Gizé acham que é o alvo.

— De fato não é seguro. - disse Ísis - Pode ter algum espião entre nós. Nunca se sabe.

— Então… Sei lá… - disse Meg - É como se não tivesse adiantado de nada.

— Adiantou sim. - disse Ísis - Alguns deuses têm medo de desobedecer o líder dos panteões ou fazem isso na surdina. Esses estarão mais solícitos. E não duvide da capacidade de chamar um panteão para a guerra quando necessário.

— Tem chance disso acontecer? - perguntei - Os deuses aparecem e… quem sabe… meu pai… 

— Sabe que seu pai, fundido com Osíris, não pode mais andar no mundo dos vivos. Seu pai gostaria de ver você e a Sadie mas… infelizmente não é possível e tão pouco é a hora certa. - disse Ísis com o rosto sério mas, que, lá no fundo eu notei a dó - Mas, de toda forma, está de parabéns. Falou como um faraó hoje.

— Ainda assim, só falei. - eu disse dando de ombros - Não senti tanta firmeza neles também.

— Como diz uma antiga filosofia egípcia, “A língua é a espada do rei e a palavra é mais poderosa que qualquer outra arma.” - disse Ísis.

— Sim, foi muito lindo. - disse Zia sorrindo pra mim de um jeito que até fiquei sem graça.

— Isso. - concordou Thoth - Quero dar os parabéns pela ousadia da Meg também. Alfinetando assim o ego de todo mundo. Perigoso e eficiente.

— De toda forma… - disse Ísis -  Não duvidem do que acabaram de fazer. Vocês verão alguns frutos disso com certeza.

— Um deles já está vindo… - disse Atena repentinamente se juntando ao nosso círculo de conversas acompanhada de Ereshkigal - Posso conversar com vocês num lugar mais seguro?

— Acabamos de conhecer ela. - disse Zia indicando Ereshkigal com o olhar - Podemos confiar nela?

— Sim. - afirmou Atena - Explicarei para vocês logo

Apesar de me sentir extremamente intimidado em sair andando por aí no Olympo, seguimos Atena quando ela começou a andar para fora do anfiteatro. Eu, Meg, Zia, Apolo, Ísis e Thoth seguimos Atena e Ereshkigal. Atena ia na frente sem olhar para nós e eu tentei não notar as pessoas nos encarando. Era legal ter uma chance de passear mais pelo Olimpo. Tudo era com certeza bem bonito e realmente parecia uma Grécia perdida no tempo. Passamos por esculturas bonitas de deuses e deusas, bares por onde saíam música, pessoas conversando ao lado de espelhos d’água artificiais e muito mais. Era muito para processar de uma vez só.

 O único ponto ruim era que atraíamos a atenção das pessoas quando passamos. Com certeza éramos uma estranha visão já que não devia ser tão normal um bando de mortais estar ali com alguns deuses gregos, egípcios e uma deusa … suméria? Meu chute era que Ereshkigal era suméria, já que Enlil parecia conhecer ela. Tentei forçar minha memória para confirmar meu chute, não conseguia exatamente me lembrar, mas eu sentia que o chute estava certo.

— Ahm.. Ereshkigal… - perguntei, deixando a curiosidade me controlar por um segundo antes que eu perdesse a oportunidade - Como sabia quem eu era?

Claro que eu tinha meus chutes de como mas, fiquei curioso mesmo assim. Ela não parecia a pessoa mais simpática de todas, nem a mais boazinha, mas pelo menos parecia civilizada.

— Escutei quando ouvi falar de sua irmã. - respondeu Ereshkigal.

— O que tem a Sadie? - perguntei imediatamente ao sentir meu espírito de irmão mais velho subir em mim.

— Oh nada… Ela está bem até onde eu sei. - disse Ereshkigal voltando a andar, claramente sabia para onde Atena nos levava e assim, tivemos que acompanha-lá - É só que ela é a fofoca do momento no submundo.

— Porquê? - perguntou Meg embora eu tivesse meu chute quanto a isso também.

— Imagino que seja… - resmungou Ísis ao meu lado inspirando e expirando lentamente parecendo juntar cada gotinha de paciência.

— Ora, não é todo dia que um deus fala que vai virar mortal por causa de uma mulher mortal. - disse Ereshkigal - Temos até uma aposta de se isso vai durar ou não. Arawn e Hel acham que não. Eu e Hades achamos que sim.

— Posso… perguntar o porquê acha que vai durar? - perguntei curioso, claro que eu me preocupava com a felicidade de Sadie.

— Porquê ouvi falar que Anúbis não está mais de tanto mau humor e fazem séculos que isso não acontece. - justificou ela. 

A conversa morreu quando paramos diante de uma biblioteca com arquitetura totalmente Grécia Clássica. Atena guiou-nos para dentro da biblioteca enquanto minha cabeça só pensava em Sadie. Nem prestei muita atenção na coleção de papiros e livros de idades diferentes que estavam ali, mas tentei.

Ali na biblioteca, entre as estantes de livros, haviam mesas e cadeiras. Algumas pessoas, talvez deuses ou… outras criaturas, julgando pela aparência, estavam debruçadas sobre papéis e livros estudando algo. Estava um completo silêncio e, talvez por Atena estar guiando nosso grupo, ninguém deu mais do que uma olhada breve para nosso grupo.

Eu sinceramente esperava que Ereshkigal e Hades estivessem certos no chute pelo simples fato de que já tinha sido doloroso demais ver Sadie completamente destruída quando Walt morreu. Mas logo parei de pensar nisso quando Atena nos levou para uma sala dentro da biblioteca e trancou a porta. 

A sala que Atena nos levou, era aparentemente uma sala de estudos. Tinha uma mesa redonda no centro, cadeiras ao redor dela e nada mais. Nem mesmo uma janela se quer. O cômodo tinha mesmo a cara de um lugar perfeito para ter uma conversa secreta.

Para deixar a conversa ainda mais secreta, Ísis tinha uma ideia, pois começou a murmurar algum feitiço que fez as paredes e a porta daquela sala serem preenchidas com hieróglifos flutuantes.

— Assim ninguém conseguirá nos ouvir ou abrir a porta por fora. - explicou Ísis mesmo que ninguém tivesse perguntando.

— Então.. como queria explicar… - disse Atena - Ereshkigal foi quem encontrou o Sharur, a maça que derrotar o Asag que percebe Samirah Al-Abbas. Ela me passou e eu escondi no British Museum já que vocês já iriam para lá graças a pistas que Thoth deu para um de vocês.

— É uma boa ideia deixar ele lá enquanto isso? - perguntou Zia.

— É como esconder uma árvore numa floresta. - disse Atena - O Iraque, anteriormente suméria, é o país com maior roubo de artefatos históricos do mundo e também tem uma péssima taxa de retorno destes. O British Museum tem uma vasta coleção de artigos roubados de várias civilizações do mundo todo. Incluindo Grécia, Egito e Suméria. 

— O que exatamente tem embaixo do British Museum que Thoth disse? - perguntei olhando para Thoth.

Ele sorriu e trocou um olhar com Atena, que sorriu de volta para ele.

— Um segredinho nosso. - disse Thoth - Salvamos parte de algo muito importante e antigo e fomos cultivando no decorrer dos séculos.

— O quê? - perguntou Zia.

— A Biblioteca de Alexandria. - disse Thoth com um enorme sorriso.

— A… A B-Biblioteca de Alexandria!? - questionei meio chocado tentando engolir aquela informação.

Olhei para Zia e Meg e elas estavam chocadas também. Na verdade, até Apolo estava e Ereshkigal tinha erguido um pouco as sobrancelhas. A única, além de Atena e Thoth, que não pareceu ter visto novidade alguma ali, foi Ísis.

— Quando ela pegou fogo, conseguimos pegar algumas coisas antes de serem destruídas. - admitiu Thoth - No decorrer dos anos, fomos colocando mais algumas coisas lá, mas admito que depois que surgiu a internet, paramos um pouco. Infelizmente. Mas ainda assim é uma ótima fonte de conhecimento antigo. História, sociologia, matemática, astronomia… magia…

— Ah… - disse ao entender - Lá tem como desfazer a magia das pirâmides?

— Erm... provavelmente não. - disse Thoth - Na melhor das hipóteses, terá apenas uma parte. Ao que tudo indica, essa magia é bem mais antiga. 

— Mas terá como desfazer a magia nos obeliscos. - acrescentou Atena - Isso facilitará bastante as coisas.

— Aí meu carro volta a funcionar direito né? - perguntou Apolo, mas parecia uma pergunta retórica, pois já estava quase pulando de alegria ali mesmo.

— Entre outras coisas. Mas o ideal seria conseguirem recuperar meu livro… - admitiu Thoth suspirando - Apesar de que lê-lo também é bem complicado. Mas… temos o que Istustaya e Papaya disseram para Samirah.

— Gente eu tô muito perdida… vocês vão ter que me atualizar depois. - disse Meg.

— Eu não estou muito melhor, vai por mim. - disse Apolo.

— Samirah é uma das semideusas nórdicas. - explicou Zia - Ela foi para a Inglaterra junto com a irmã do Carter, Sadie. Quando ela estava na Turquia, duas deusas deram um alerta meio… sei lá… estranho… pra ela. Desde então o Asag, um bicho horroroso, começou a seguir ela.

— Istustaya e Papaya são hititas. - disse Ereshkigal - Tenho alguns amigos entre eles e ouvi o aviso delas por meio deles. Um aviso que pedia para ela lembrar de três coisas. “A chave do feitiço”, “O deus ajudar” e “onde está aquele que com salmão o dedo queimou”. 

— Nosso chute é que o cara do salmão é Finn MacCool. - eu disse - Sadie me falou que aparentemente estavam tentando chamar por ele no País de Gales.

— Sim, também concordamos que é sobre Finn MacCool. Ele, quando coloca o dedo queimado na boca, possui todo o conhecimento do mundo. - explicou Atena - Incluindo como desfazer os feitiços antigos que Naunet arrumou e qualquer outra coisa que acharmos importante saber. Para nossos adversários, nós encontrarmos ele é extremamente problemático. 

— Não sabem onde ele está? - perguntou Zia.

— Não. - disse Atena - Apenas sei que diz a lenda que ele ressurgirá em auxílio de seu povo num momento de necessidade. 

— Tentei descobrir mais sobre isso e descobri uma coisa importante. - disse Ereshkigal - Esses três pedidos, espera-se, que sejam feitos para um gênio.

— Então… tenho que colocar agora na minha lista que gênios também existem… - disse Meg lentamente - Ok… ok… 

— Poucos existem. São seres mitológicos no final das contas. Por mais que eu não goste muito da palavra “mitológico”... - disse Ereshkigal - Mas sei que tem um em algum lugar da Ásia ou da Europa. 

— É uma variedade de lugares meio grande nisso aí. - disse Meg, salientando o mesmo que eu pensei.

— Foi o melhor que consegui por enquanto. - disse Ereshkigal encarando Meg.

Eu não queria estar no lugar da Meg naquela hora. Mas ela ficou lá, só de braços cruzados fingindo bravura. Fingindo mesmo pois dava para ver que ela havia dado sim uma fraquejada.

— Ficaremos de olho por mais informações quanto a isso, mas, por enquanto, o importante é que consigam entrar na Biblioteca de Alexandria. - disse Ísis.

— Tem… alguma complicação para entrar? - perguntou Zia.

— A porta só se mostra se você souber da biblioteca. Ok, isso está resolvido. - disse Thoth - E se você quiser usar o conhecimento dela por uma boa causa.

— Dois resolvidos. - disse Apolo.

— MAS… - acrescentou Thoth.

— Tinha que ter um “mas”... - resmungou Meg.

— Mesmo assim não é um caminho fácil. - disse Thoth - Eu não posso dizer muito. Mas tenho certeza que vão conseguir. O que eu posso dizer é que a porta de entrada está na sessão egípcia do British Museum mas escondida. Só com visão do Duat conseguirão ver a porta. Ela fica trocando de lugar todo dia, então não consigo realmente dar uma referência melhor. Tem uma porta também na Nova Biblioteca de Alexandria em Alexandria, mas ir para o Egito é muito perigoso para vocês no momento.

Ele falava e eu tentava memorizar tudo aquilo para poder repassar as informações para Sadie. Tenho certeza que assim que voltarmos, a primeira coisa que farei será ligar para Sadie para conseguir passar o máximo possível de informações.

— Tá… - falei.

— Isso deve ser o suficiente para conseguirem chegar lá. - disse Thoth - Aproveitem direito o que tem lá.

— Vocês sabem mais sobre como está meu tio e o resto da Casa da Vida do Nomo do Egito? - perguntei.

— Eles estão bem. - disse Ísis - Estão no Sudão, perto da fronteira com o Egito. Estão, com discrição, em contato com outros grupos, meio esquecidos, principalmente na África, para preparar um exército. É muito claro que teremos uma batalha grande. Afinal, é óbvio a cada lugar que é atacado que eles estão montando um exército. Até agora o do México foi o maior de todos fora do Egito, mas a situação no Egito está ainda pior. Por isso é perigoso demais irem para lá agora, totalmente despreparados.

— Em Las Vegas e no País de Gales não sobraram tantos. - perguntou Zia.

— Na China ficou claro que eles tem muitos por lá também. - disse Atena - Os semi-deuses chineses não conseguiram lidar com todos por lá.

O comentário de Atena me fez lembrar de dias atrás, quando estava resolvendo as burocracias da universidade, apareceu no jornal sobre enchentes na China. Talvez então essas enchentes não fossem naturais, mas sim consequências  de tudo que acontecia já que tínhamos problemas com os rios também por mais que outros estivessem focando mais nisso do que nós, como as Caçadoras de Ártemis.

Guardei essa informação na cabeça junto com todo o resto. Lembrei que Zia tinha gravado a reunião no celular, espero que a gravação estivesse boa pois era realmente muita coisa para repassar para todo mundo.

— Estamos com bastante coisa para processar por hoje… - disse Meg, dizendo exatamente o que eu pensava.

— Vocês vão ficar bem. - disse Thoth.

— E a pirâmide de Gizé que acham que vai ser a usada? - perguntou Zia.

— Pode ser meio óbvio, mas a de Khufu. - disse Ísis - Talvez, por achar óbvio, talvez Naunet troque. A de Djoser pode ser uma escolha também, por mais que não fique em Gizé.

— Thoth… você escreveu as coisas da reunião né? - perguntei.

— Sim… - admitiu Thoth - Ahm… não posso dar elas para vocês, se é o que quer perguntar.

— Era sim… - admiti meio decepionado.

— Tem coisas que não são para mortais. - explicou Thoth - Mas posso fazer uma versão sem essas coisas e mandar para vocês. Quem sabe até com atualizações novas.

— Pode ser. - falei.

— E é melhor não demorarmos mais por aqui. - disse Ísis olhando para Thoth - Temos que voltar.

— Sim… - disse Thoth suspirando lentamente.

— Se chegarmos nesse estágio de guerra, irão vir lutar com a gente? - perguntei.

— Talvez sim, talvez não. - disse Ísis suspirando lentamente - De fato queremos ajudar mais, contudo, infelizmente está complicado ficar muito tempo longe.

— E… o Sharur… - perguntei apressadamente enquanto Isis, Thoth e Ereshkigal começarem a se preparar para ir embora - Está onde no British Museum?

— Em exposição na sessão suméria. - disse Atena - Vai ser fácil achar, imagino. Ou talvez seja mais fácil passarem direto sem notarem que tem algo mais especial do que simplesmente uma peça histórica ali.

Ísis, Thoth e Ereshkigal foram até a porta e acho que não tinham mais nada que queriam nos passar, pois Isis desfez a magia que protegia a nossa conversa e Atena não parecia querer falar mais nada. Antes de eles irem embora, contudo, eu queria fazer um último pedido para Ísis e Thoth.

— Poderia dizer para o meu pai que estamos bem e sentimos falta dele e da mamãe? - perguntei.

— Claro. - respondeu Ísis com um breve sorriso.

Ficamos lá alguns segundos até Zia perguntar:

— Tem algo mais que precisamos saber?

— Creio que não. Apolo… - disse Atena logo em seguida - Pode levar seus amigos de volta para Nova Iorque.

— Ah… tá… - respondeu Apolo.

Ísis, Thoth e Ereshkigal eram claramente bem mais rápidos. Não teve muito espaço de tempo entre eles e nós sairmos mas, mesmo assim, quando saímos do cômodo que Atena nos levou, não conseguimos mais ver eles.

Apolo foi guiando nosso caminho. Era estranho associar aquele Apolo adulto e loiro com o adolescente que tinha conhecido primeiramente. Um nem parecia a versão adulta do outro. Mas, notando que eu estava indo embora do Olimpo, aproveitei meus últimos segundos ali para admirar tudo. Sabe-se lá se eu ia conseguir voltar ali algum dia. Era uma oportunidade única.

Tudo ali era muito lindo e era bem mais habitado do que eu imaginava. Isso considerando como eu imaginava o Olimpo se para começo de conversa eu considerasse um passado em que eu imaginei a possibilidade de ele existir. Infelizmente, mais rápido do que eu queria, estávamos diante do elevador.

Outros deuses estavam lá também, esperando o elevador para ir embora. O que me deixou curioso sobre como Ísis, Thoth e Ereshkigal tinham ido embora. Bem, talvez Ereshkigal tenha ido embora voando. Ela tinha asas afinal de contas.

— Tudo foi razoavelmente bem até né? - perguntou Apolo quando entramos no elevador.

— Nosso histórico de coisas dando ruim é tão alto que eu ainda estou estranhando tudo. - admiti enquanto um deus apertava o botão do térreo.

— Ah sei… - disse Apolo rindo - Tive uns dias como mortal lidando com esses problemas que jogam para os semideuses e… credo… 

— Assim que chegar em casa vou ligar para Sadie. - disse.

— Melhor usar uma Mensagem de Íris. - disse Apolo - Eu te dou uns dracmas.

— Vamos voltar para Nova Roma? - perguntou Meg.

— Ahm… não sei. - admitiu Apolo - Acho que vou ficar aqui, para ficar mais perto do Olimpo. Vai que temos alguma novidade e precisamos ir para lá.

— Então eu também vou ficar aqui também. - disse Meg.

— Se estiver tudo bem, claro. - disse Apolo olhando para mim e Zia.

— Claro. - respondi.

A volta para a Casa do Brooklyn foi suficientemente ok. Especialmente considerando que sabíamos que estávamos sendo observados. Até tentei contornar isso com um pouco de magia já que sabia um feitiço que conseguia nos deixar invisíveis… desde que não tivesse um mago forte por perto, que aí ele conseguiria ver tudo. Mas era uma aposta válida e que também me deixava bem orgulhoso de conseguir fazer já que, anos atrás, quando usei ele com a Sadie, as coisas não tinham dado tão certo, já que a magia acabou dando problema e explodindo na gente.

Não tinha como eu disfarçar uma porta se abrindo, então estava realmente logo de ser o melhor dos esconderijos. A parte que importa é que conseguimos chegar sem problemas maiores. Quando a magia se desfez, Meg logo se jogou no sofá, claramente já se sentindo em casa, apesar de eu a ter conhecido a pouquíssimo tempo, e Apolo voltou a sua forma adolescente.

— Vou pegar logo um dracma para quando você quiser ligar para sua irmã. - disse Apolo levianamente, mas nem consegui responder ele depois de pegar a moeda e me dar pois, do nada, Zia me deu um beijo na bochecha.

Olhei para ela surpreso e, admito que bem vermelho, mas ela só olhou de volta para mim com um leve sorriso.

— Algum motivo para isso de repente? - perguntei meio acanhado.

— Um presente de parabenização por ter sido um ótimo líder hoje. - explicou ela.

— Ah… - disse acanhado coçando a nuca bem sem graça.

— Vem, vamos ligar para a Sadie. - disse Zia pegando o dracma da minha mão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Deuses da Mitologia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.