Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 127
MEG - Brigando por Ajuda


Notas iniciais do capítulo

a Meg está entre nós para continuar os relatos da reunião entre os deuses XD aproveitem esse cap q ficou enooooooooooorme

no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Kayla, Grover, Percy, Piper
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter, Meg, Apolo e Zia

no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse, Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Mallory, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo esganar), Ciara



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MEG

Preciso dizer que eu adorei o jeito que a tal Ísis falou com Zeus? Porque eu adorei, apesar de ele claramente não ter gostado nem um pouquinho. E ainda, depois de ter deixado Zeus emburrado como uma criança mimada, ela ainda voltou para se sentar conosco elegantemente, como se nada tivesse acontecido. 

Ela voltou acompanhada do tal Enlil, o deus Sumério de sei lá o que. Os dois ficaram conversando até onde nós estávamos, mas tudo da conversa que eu ouvi foi Ísis resmungando.

— Esses gregos, como sempre se achando demais. - resmungava Ísis para Enlil e logo então, se sentava do lado de Thoth - Até meus filhos são mais velhos do que Zeus.

— Nada de novo. - disse Enlil - Sempre esquecem o tanto de coisa que já tinha acontecido e o tanto de civilização que já existia, quando eles começaram a surgir ainda como micênicos.

Ignorando a conversa toda, Thoth fez surgir diante dele uma prancheta com um pequeno maço de papiro em cima e uma caneta preta com a ponta que parecia um pequeno pincel. Me surpreendi um pouco por não ser de fato um pincel, mas imagino que modernidade chega para todo mundo uma hora ou outra… até para uns poderes dos deuses, pela cara.

Então, Enlil por uns segundos olhou para mim, Zia e Carter e então perguntou algo para Ísis num idioma que eu nem reconheci. Pra me deixar mais perdida ainda, Ísis também respondeu num idioma que eu não reconheci. Podia ser o mesmo que Enlil usou, provavelmente era, mas estava tão perdida que nem isso eu podia confirmar. 

Como conclusão da conversa, Enlil deu de ombros e foi sentar em seu lugar, algumas fileiras atrás, junto com outra deusa.

— Que idioma foi esse? - perguntou Carter.

— Sumério. - respondeu Ísis.

— E sobre o que estavam falando? - perguntou Zia.

— Nada. - garantiu Ísis - Não se preocupe.

Carter e Zia não pareciam menos preocupados, e eu também não estava menos curiosa. Só que qualquer tentativa de perguntar qualquer outra coisa foi interrompida quando Odin deu pequenas tosses falsas para atrair a atenção de todos. Alguns ainda estavam de pé na parte central do anfiteatro, e muitos conversavam, então lentamente todos iam ficando quietos em seus lugares. Ou pelo menos falando mais baixo em seus lugares.

— Por favor, não troquem de lugar! - pediu Odin enquanto um deus, que Thoth não nos apresentou, tentava se misturar com os japoneses, logo atrás dos gregos, e voltava revoltado para o grupo logo à nossa frente.

O tal chinês Imperador de Jade, sentado logo na nossa frente, suspirou alto, aparentemente meio irritado, quando o deus que tentou se infiltrar nos japoneses, sentou, cabisbaixo, perto dele, junto com os outros chineses. Ao mesmo tempo, o tal Xangô sentou logo atrás de nós, ao lado de um outro cara cuja roupa me chamou muita atenção por ser uma bela e longa saia verde, embaixo de outra amarela mais curta com arco-íris por toda a borda.

— Tem alguma lógica na escolha dos lugares? - perguntei baixinho para Thoth.

— Sim. Tem. - respondeu ele sussurrando - Basicamente, é um esquema complicado para não deixar quem já brigou muito na história perto um do outro. Por isso, estamos entre os deuses chineses e os orixás iorubás. O Egito Antigo não teve quase nenhum contato com nenhum dos dois… ao menos não até o Império Romano tomar conta de tudo.

— Ué… - disse meio perdida - O Egito não é na África? O pessoal aqui atrás parece ser da África também.

— Sim. Mas a África é muito grande e o Deserto do Saara é uma barreira muito poderosa. - confirmou Thoth - Quando os egípcios de antigamente tentavam explorar mais para o interior da África, seguiam o Nilo ou o Mar Vermelho, o que deixa a Nigéria, e seus orixás, do lado oposto. Era complicado, o contato foi pouco. Mas até a Somália e a Etiópia fomos direto… e vice-versa.

— Thoth… - comentou Ísis em tom de alerta.

— Calma. Não falei onde fica Punt… - defendeu-se Thoth.

— O que é Punt? - perguntei perdida.

— Como sabem… - disse Odin em alto e bom som interrompendo completamente minhas conversas - Vários deuses de vários panteões e alguns demônios, monstros e derivados resolveram se unir para alterar a ordem das coisas.

Odin então passou o slide de capa e mostrou um com o mapa da Terra dividindo em cores. A da fronteira dos EUA com o México para cima, o resto da América do Norte estava pintada de roxo. O México e aquele miolo todo fininho das Américas e as ilhas do Caribe estavam de verde escuro. O resto, lá pro sul, estava de amarelo.

A Europa estava toda de verde claro, a Ásia quase toda de vermelha. A África estava dividida em três. Uma metade branca para oeste, outra rosa para leste e outra ao norte, laranja, que pegava todo o norte da África e continuava até pegar todo o Oriente Médio. Aí tinha a Oceania solitária de azul e eu mereço nota 10 por saber localizar tudo isso. Mas não me pergunte mais do que isso.

— Segundo as informações que Atena e Hermes conseguiram coletar, - disse Zeus - nossas dores de cabeça dividiram o mundo da seguinte forma com um ou mais deuses tomando conta de cada região. Nyx, que cuidava da parte roxa ao norte do México, felizmente, não é mais um problema.

— Ela havia feito uma base em Las Vegas e lá usou sua magia na pirâmide do hotel Luxor… - disse Odin - Falaremos disso depois. Mas o que importa é que alguns semi-deuses e magos conseguiram lidar com ela. Dependendo dos resultados dessa reunião, enviarei um grupo de einherjar para proteger o local de quaisquer outras invasões.

— Falando de resultados das reuniões… - disse Xangô, logo atrás de mim - Esses resultados incluem definir de vez se iremos ajudar ou não na situação? Só temos a perder com apenas parte de nós ajudando plenamente, uns por baixo dos panos e outros ainda sem fazer nada enquanto relaxam com vinhos e saunas como se nada acontecesse.

— Tradicionalmente e já a séculos, evitamos interagir diretamente com os problemas dos mortais. - lembrou algum deus que nem vi de onde falou.

— Não somos nós que começamos esse problema! - exclamou Carter se levantando enquanto eu achava que ele estava assinando ali mesmo seu testamento - Estamos indo para todo lado tentando resolver, sim. Mas esse problema é muito mais mágico e divino do que mortal, e mesmo assim estamos tentando resolver um problema que afeta tanto nós, com vocês, com pouca ou nenhuma ajuda enquanto lutamos com outros deuses!

— Você já está abusando da sorte. - alertou Zeus - Recomendo que fique apenas escutando e não interrompa.

— E desde quando qualquer reunião nossa não é cheia de interrupções e gritos? - perguntou Hades.

— O Faraó Carter está certo. - disse Ísis - Esse não é um problema dos mortais, portanto, não precisamos nos afastar e deixar eles resolverem por si mesmos.

— Você quer é se livrar de ter que arrumar a própria bagunça! - exclamou Izanagi - Naunet não é uma deusa egípcia? Não foi ela quem começou?

— Não é seu filho, Susanoo, um dos primeiros a se juntar a Naunet e começar a espalhar a bagunça pela Ásia? - perguntou Enlil - Assim ouvi dizer.

— Inclusive é ele e mais dois que estão tomando conta da Ásia. - comentou um deus, em tom de raiva - Vocês japoneses, não mudam! Nós coreanos lembramos muito bem do que já fizeram!

— Para um povo que gosta de ser isolado, é muita novidade vocês estarem aqui, Izanagi. - lembrou Ísis - Posso muito bem acusar vocês da mesma forma que me acusou.

Nesse ponto já estava uma enorme confusão, maior até do que a do começo. Era conversa pra todo lado, alguns lugares gritavam, alguns deuses chamavam outros pra brigar, outros poucos tentavam evitar isso. Enfim, um caos.

— Gente! Nem chegamos ainda na parte de decidirmos se vamos ajudar ou não! - exclamou Odin, tendo que gritar para ser ouvido na discussão que se espalhava cada vez mais - Vamos concordar ao menos que não é um problema dos mortais, sim? Depois falaremos sobre ajudas.

— É sempre assim? - perguntou Zia para Thoth e Ísis enquanto a conversa e discussão paralela entre os deuses lentamente ia começando a diminuir de volume e quantidade.

— Sim. - confirmaram ambos ao mesmo tempo.

— Se bem que é bem raro ter uma com tanta variedade de deuses… - acrescentou Thoth - Acho que nunca aconteceu e olha que ainda tem panteões faltando.

— Continuando… - disse Odin suspirando longamente - Quetzalcoatl, nessa parte da América Latina em verde escuro ainda é um problema. Sofreu algumas baixas, graças a um grupo de mortais, mas segue sendo um problema e ele também foi um dos que conseguiu juntar um exército para si. Na América do sul… na verdade não sabemos quem está liderando a situação. Tupã, Viracocha, alguma novidade?

— Não. - respondeu Viracocha.

— Não. - respondeu Tupã - A situação já é bem ruim na Amazônia mesmo só considerando os problemas mortais. Não estamos em quantidade boa para lidarmos com tudo ao mesmo tempo. Mas… 

— Estávamos conversando… - acrescentou Viracocha - Acreditamos que seja lá qual deus ou deuses estão liderando a situação na América do Sul, ele deve ser Inca ou Tupi.

— Por que acham isso? - perguntou uma deusa que eu não sabia o nome mas que parecia ser latina e/ou indígena também, mas falava de um grupo afastado tanto de Tupã como de Viracocha.

— Temos sequer certeza de que talvez esse cargo não esteja vago? - perguntou o Imperador de Jade.

— A maior concentração de problemas está claramente nas profundezas da Amazônia, bem em cima da fronteira do Brasil e do Peru. - disse Tupã - Pelo tanto de problemas surgindo de forma aparentemente pensada, o cargo não está vago.

— Certo… - disse Odin - Voltaremos a isso depois. Continuando nas outras partes do mundo, na Europa temos Hafgan.

— Ele foi derrotado ontem no interior do País de Gales. - disse Apolo com a voz meio baixa, aparentemente com vergonha, mas gradualmente aumentando a voz a cada palavra.

— Ouvi dizer o mesmo. - afirmou Atena - Mal tinha começado a organizar seu exército, tal como Quetzalcoatl fez. Considerando o histórico de Quetzalcoatl, é de se imaginar que Hafgan foi derrotado pouco antes de ele seguir em direção a pirâmide que usaria para fazer a magia com ajuda de Ogma.

Ao mesmo tempo em que Atena começava a dizer isso, notei que Zia pegou o celular do bolso e começou a freneticamente anotar tudo que era dito naquela reunião, exatamente como Thoth fazia. Ao mesmo tempo, Carter também ligou um gravador disfarçadamente e colocou ele, ligado, no bolso da calça. Claramente estavam falando bastante coisa e confiar na memória não era uma boa ideia. 

— Tem pirâmides no Reino Unido? - perguntou Enlil - Achei que a Inglaterra preferisse sair roubando as outras civilizações ao invés de ser mais uma européia que prefere imitar os egípcios. Não é só pelas pirâmides de Gizé serem pesadas demais para carregar que elas não estão num museu inglês?

— Não acho que tenha nenhuma pirâmide relevante… - comentou Thoth - Anúbis com certeza saberia dizer melhor que eu. Mas é possível que tenham algumas imitações pequenas.

— Imitações pequenas sim, relevantes, de fato não. - disse Morrigan - Se eles tiverem escolhido alguma pirâmide em solo europeu, tem uma um pouco famosa em Roma e temos a de vidro do Louvre.

— Tem algumas antigas mas bem pequenas, simples e meio destruídas na Grécia também. - acrescentou Atena - Talvez Hafgan estivesse se preparando para ir para uma dessas. Eu apostaria na do Louvre.

— Alguém pode acabar tentando substituir Hafgan ou o Louvre. - acrescentou Ísis - Afinal eles tem que conseguir fazer a magia deles em 7 pirâmides o mais espalhadas possível pelo mundo.

— O mais geograficamente perto de fazer isso seria o que está no controle dessa parte aí laranja do mapa. - disse o Imperador de Jade - Quem é?

— A responsável por todo o Oriente Médio e os países falantes do árabe do norte da África, é a própria Naunet. - disse Odin.

— Existe então uma chance de ela aparecer em Paris… - comentou uma deusa que parecia ser do sudeste asiático.

— Não teria tanta certeza. - comentou Thoth - Creio que o epicentro de tudo e o local de qualquer batalha final que acontecerá, é o Egito. Ela arriscaria demais sair por tempo demais dele. Agora que ela tem mais aliados, pode acabar mandando alguém em seu nome.

— Quem está com o resto da África? - perguntou algum outro deus.

— No oeste, temos Nanã e Oxum. No leste, temos Nidar, da Somália. - respondeu Xangô - Mas eu tomaria cuidado com Oxum. Ela é extremamente astuta para conseguir o que quer.

— Na Ásia temos Susanoo e mais dois japoneses. - comentou o Imperador de Jade claramente querendo prosseguir com a reunião - Alguns semideuses lutaram com ele e seu exército mas, tal como com Quetzalcoatl, eles ainda são um problema. Mas felizmente conseguimos impedir de ativarem a tal magia da pirâmide no que tentaram fazer no Mausoléu do Primeiro Imperador Qin. 

— Acho que ainda estavam despreparados, foi a primeira tentativa deles com uma pirâmide, afinal de contas. - lembrou Viracocha - Depois eles foram para o México e, com os astecas e maias com números estão reduzidos já a séculos.

— Por último, temos a Oceania. - continuou Odin - Aparentemente, não temos tanta certeza mas, as coisas por lá quem cuida é o Maori, Whiro-te-tipua. 

— Temos um conjunto de semideuses tentando lidar com ele também! - acrescentou uma deusa que parecia até a irmã mais velha da Moana.

— Juntando o que cada panteão presente tem, temos boa parte dos nomes mais importantes dentre os envolvidos. - disse Zeus - Alguns já não são mais um problema inclusive. Então não estamos tão ruim nesse quesito.

Zeus então olhou para Atena e para Odin, afirmou com a cabeça para cada um deles e então Odin passou o slide para o próximo. Esse, também era um mapa, mas tinha as divisas normais de países e uma lista do lado. A lista era:

1 - Pirâmides de Gizé (?)

2 - Pirâmide do Sol (Feita)

3 - Hotel Luxor (Feita)

4 - Mausoléu do Primeiro Imperador Qin??????? Outra???

5 - Louvre??? Pirâmide de Ceustius??? Outra???

6 - ???

7 - ???

Em pontos do mapa, estavam marcados os números de 1 a 5 sendo que havia dois números 5, um no meio da Europa, outro no meio da botinha da Itália. Imagino que sejam as localizações das coisas da lista. Parecia fazer sentido.

— Eles precisam de sete pirâmides para ativar a magia deles. - disse Atena - Caso alguém tenha curiosidade em saber, uma frase da magia ativada fica escrita na pirâmide com luz roxa, mais importante que isso, um pilar de luz roxa cruza o topo da pirâmide. Eles já conseguiram fazer a magia em duas, a Pirâmide do Sol, no México e o Hotel Luxor, nos Estados Unidos. Precisarão então de mais cinco. Desses cinco, não temos muita certeza de muito, mas é altamente provável que a última pirâmide seja alguma egípcia, dada ao tamanho, poder, influência, fama e a própria afinidade de Naunet. Existem muitas pirâmides no Egito, mas o melhor chute indica que talvez uma das Pirâmides de Gizé, resta saber qual.

Atena olhou para Ísis e Thoth, acho que ela queria saber a opinião deles, pois Ísis respondeu:

— Já temos nossa opinião, mas preferimos não compartilhá-la nesse ambiente que, com todo respeito, com tantos entrando ao mesmo tempo, não temos certeza se há um espião de Naunet e de seus parceiros. - disse Ísis.

— Pois bem. - disse Atena, que pareceu gostar, até abriu um sorrisinho e logo trocou de assunto - Considerando Egito, México e Estados Unidos, existe uma ausência muito grande do lado da Ásia e Oceania, e também na Europa. 

— E acrescento uma coisa… - disse Thoth - O acúmulo de magia que eles precisam é muito grande. Não vão conseguir fazer todas ao mesmo tempo. 

— No sul da África também tem umas pirâmides além das do Egito. - acrescentou o homem ao lado de Xangô.

— E tem pirâmide na África sem ser no Egito? - perguntou um deus velho que parecia europeu.

— No Sudão tem várias. - comentou Thoth.

— Tinha também as pirâmides de Nsude dos Ibos, na Nigéria. - comentou um deus africano.

— Sim sim. - concordou Xangô.

— “Tinha”. - enfatizou um deus dentre os gregos.

— De fato. - concordou Atena cortando a conversa antes que se transformasse em uma briga - Não temos certeza de quais são as outras, mas é importante que todos tomem cuidado e tentem evitar as outras serem ativadas.

Então, tudo ficou um caos, ficou bem difícil acompanhar. Mas basicamente vários grupos de panteões da Ásia e da Oceania prometeram ficar de olho nas coisas e usar seus semideuses para isso também. Nem todos pareciam tão afim de ajudar, verdade. Xangô e o outro cara atrás de mim estavam emburrados conversando rapidamente em algum idioma que eu não conhecia. Basicamente, todo mundo de alguma forma questionava como iria ou não ajudar.

Do que eu conseguia ouvir, as opiniões eram as mais diversas. Inclusive, olhando ao redor, eu até notei que três deuses, em momentos diferentes, simplesmente resolveram ir embora. No centro do anfiteatro, Zeus, Odin e Atena conversavam entre si.

— Pelo o que eu entendi então… tem realmente outra galera tentando arrumar as bostas da Naunet e seus amiguinhos? - perguntei.

— Entendi o mesmo. - disse Zia.

— E os obeliscos? - perguntou Carter para Ísis e Thoth.

— Eles são com vocês, são um grupo grande, afinal de contas. Mas se terão ajuda ou não é outra história que precisa ser discutida ainda. - disse Ísis - Mas tudo o que precisam já está no British Museum. O resto é com vocês.

— E os rios? - perguntou Zia.

— Pequenos detalhes para potencializar o resultado e nos atrapalhar. - disse Ísis - O foco mesmo são as pirâmides.

— Tem como explicar melhor a parte do British Museum? - perguntou Carter.

— Embaixo do British Museum. - disse Thoth, sussurrando - É como esconder uma árvore numa floresta. No British Museum normal mesmo, vocês não encontrar o Sharur, embaixo, provavelmente estará um papiro para desfazer a magia dos obeliscos.

— “Provavelmente”? - repetiu Zia.

— 90% de chance. - defendeu-se Thoth.

Mesmo com a gente conversando no meio da confusão, as conversas entre os deuses seguiam de alguma forma ou outra e a paciência deles ia sendo consumida. Tanto que notei Enlil indo até onde Odin, Atena e Zeus estavam e logo então, Ísis se levantou para aparentemente fazer o mesmo. O que surpreendeu a todos, foi Carter se levantar logo em seguida, fazendo Ísis parar por um segundo e virar-se para ele.

Determinada, Zia levantou também e, bem, eu levantei também, né? Não ia ficar esperando ali sozinha. Thoth, ainda sentado, suspirou e logo se levantou, meio a contragosto. Acho que todo mundo entendeu que Carter queria ir falar com os outros deuses junto com Ísis.

Ísis analisou Carter lentamente e então continuou a andar em direção ao centro do anfiteatro. Nós quatro, sim, Thoth também, seguimos ela enquanto os outros deuses nas arquibancadas continuavam suas discussões. Com a gente se aproximando, Atena parou as conversas que tinha com os demais, e olhou para nós. 

— Temos que convencer o máximo de panteões possível a ajudar… - dizia Enlil - Muitos aqui já não são tão fortes, outros nem um pouco populares dentre os que se juntaram a Naunet… é quase certeza que muitos deuses de vários panteões vão sumir ou cair num sono eterno na melhor das hipóteses.

— Parece pra mim um motivo para participarem todos. - disse Carter.

— O mortal tem razão! - exclamou Enlil se virando para as arquibancadas do anfiteatro - OW GENTE! CALEM A BOCA! NÃO ACABOU AINDA NÃO!

— QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA MANDAR A GENTE CALAR A BOCA? - gritou um deus do lado dos gregos, se levantando claramente irritado, apesar de parte da confusão ter de fato diminuído.

— Lindo, uma briga de egocêntricos... - resmungou Zia ao meu lado.

— Ares... Ares… Ares… - disse Enlil - Tenho, o quê? O dobro da sua idade? Quer brigar ou prefere repensar sua fala e ficar quieto por alguns minutos mais para terminarmos de falar das partes importantes?

Eu tive que segurar a risada quando vi Ares sentando-se novamente como se nada tivesse acontecido. Claramente não estava sendo um dia fácil para os gregos e seus egos enormes. Com essa pequena discussão entre Ares e Enlil, gradualmente o resto do pessoal foi ficando quieto enquanto Enlil só esperava, com braços cruzados, no centro do anfiteatro.

— Caso alguns não tenham notado ainda, - começou Enlil - estamos em risco de desaparecer ou hibernar caso o plano de Naunet e seus amigos funcione. Eles irão nos substituir e a maioria de nós já está em uma situação suficientemente ruim. Reconheço que alguns aqui são bastante ocupados ou estão ajudando os mortais disfarçadamente, já que a maioria dos líderes de panteões não estão aceitando tais ajudas. Mas vamos mesmo ficar sem fazer nada, enquanto deixamos nosso próprio destino nas mãos de alguns mortais?

— Mas nós interferirmos é perigoso. - disse um que eu lembro de Thoth ter apresentado mas esqueci o nome - As consequências…

— Seriam elas realmente maiores do que as de não interferirmos dessa vez? - perguntou Atena - Nosso maior medo era começar uma guerra entre panteões, o que seria desastroso, mas já temos vários panteões unidos para tentar derrubar a outra metade. O potencial de destruição disso é enorme.

— Você… é Huitzilopochtli, né? - perguntou Carter para o que eu não lembrava o nome, com um nível de confiança admirável - A situação no méxico foi triste, foram muitos mortos ali de um grupo de semideuses que, pelo o que eu entendi, já não tinha muita gente. Chegamos atrasados, afinal temos nosso limite, somos só mortais, como vocês mesmo adoram sempre lembrar. Imagine como poderia ter sido diferente! Nós já perdemos amigos nessa confusão toda e estamos em risco de perdemos mais! Coloquem-se no nosso lugar um pouco! Vocês nunca perderam ninguém importante? Nunca precisaram desesperadamente de ajuda e quem mais podia ajudar, simplesmente não estava afim?

— Somos deuses… - disse alguém na arquibancada - Não temos problemas mundanos e inferiores assim.

— Nós temos sim… - disse, do nada e surpreendentemente, Apolo - É difícil esquecer Jacinto… e não me sentir culpado pela morte dele… 

Ao lado de Apolo, notei uma deusa muito, muito bonita, dando tapinhas no ombro dele, como se tentasse consolá-lo. Afinal, a cara de Apolo estava meio triste, provavelmente lembrando de Jacinto.

— Nem todos somos como os gregos, se apaixonando por mortais. - comentou uma deusa em outro ponto da arquibancada.

— Pode até ser mas… - disse Apolo se erguendo num surto de coragem e olhando para a mulher bonita do seu lado - Afrodite… Vênus, tanto faz… Você obviamente também se lembra de Adonis.

A mulher bonita do lado dele então abaixou a cabeça, mas Apolo não parou por ali.

— Ísis, - disse Apolo - Osíris pode ter voltado mas tenho certeza que você lembra do desespero de quando ele estava morto.

— Impossível esquecer, espalhado em pedaços por todo o Egito. - comentou Ísis - Não foi nem um pouco agradável ter que juntar todos, com pouca ajuda ainda por cima.

 - Frigga… - continuou Apolo olhando para uma deusa em outro grupo agora - Você tentou de tudo, mas mesmo assim seu filho Baldr morreu.

— Nanna até morreu de luto… - comentou a tal Frigga, cabisbaixa.

— Izanagi… - disse Enlil se juntando às tentativas de Apolo - Tenho certeza que ainda sente muita falta de Izanami.

— Ainda me sinto culpado por cela-lá no Yomi… mas o que eu poderia fazer? - resmungou Izanagi, cabisbaixo.

— Podemos ir mais além… - disse Enlil - Lembrem de todos os deuses que sumiram quando seus povos foram forçados a seguirem outra religião.

— Agora você foi bem baixo. - comentou Viracocha.

— Pensem também em todas as vezes que nosso povo sofreu e ficamos querendo ajudar. - disse Xangô - Certeza que isso não é algo que todos se identificam, mas os que se identificam vão lembrar… clamo dos africanos presentes, que lembrem do desespero das épocas de escravidão.

— Os períodos da segunda guerra… - comentou um deus do grupo que, julgando pelas brigas passadas, eram dos coreanos.

— Tantas secas que já passaram… - comentou Enlil olhando para Ísis, que afirmou com a cabeça.

— Os persas… - completou Ísis - O Império Romano… Os britânicos… 

— Então, será que conseguimos concordar em dessa vez ajudarmos mais os mortais? - perguntou Enlil.


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Notas finais do capítulo

inclusive, me digam por favor se acham q o cap ficou grande demais ou não. tá com quase 4k palavras kk



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