Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 119
MALLORY - Vazio


Notas iniciais do capítulo

quem é vivo sempre aparece! tanto eu quanto a Mallory kk desculpa a demora, eu estava precisando muito descansar de absolutamente tudo. Mas aqui estou eu o/ de volta com um cap q logo na escolha de narrador já confirma q a Mallory tá viva kkk
divirtam-se ♥


no momento, estão nos EUA os grupinhos:
— Nova Roma: Frank, Lavínia, Hazel, Annabeth, Zia, Kayla, Grover, Percy, Piper, Meg, Apolo
— NY: Cléo, Paulo, Austin, Drew, Carter
no momento, estão voando, os grupinhos:
— Indo para Europa: Reyna

no momento, estão em alto mar, os grupinhos:
— Indo para Nigéria : Leo, Calipso, Olujime, Magnus, Jacques, Alex, Festus

no momento, os grupos que estão na EUROPA são:
— País de Gales: Caçadoras de Ártemis (Thalia, Ártemis, etc), Clarisse. Sam, Blitzen, Hearthstone, Mestiço, Anúbis, Sadie, Will, Nico. // Maias-Astecas: Victoria, Micaela (a menina q parece Annabeth) e Eduardo (guri chato que o Mestiço deve estar querendo jogar na água).
— Contra vontade no País de Gales: Mallory



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MALLORY

Eu estava confusa. Tinha uma sensação de que tinha algo errado, mas não conseguia entender direito o quê. Era uma sensação muito estranha. Minha cabeça parecia leve, leve demais. Não sabia o que dizer, o que pensar, o que achar. 

Antes, quando um gigante caolho me carregava para sei lá onde estava agora, era fácil deduzir que aparentemente eu devia estar com raiva e tentar fugir dele. Especialmente considerando que ele não estava sendo nem um pouco simpático e educado. Mas agora, quando ele me largou dentro de uma cela, era difícil pensar no que eu deveria fazer. Eu tinha a sensação de que deveria ser óbvio, mas a resposta não chegava até mim. O mais perturbador, no entanto, era que também não conseguia descobrir quem exatamente era “eu”. 

A cela que me largaram era de madeira e eu não era a única ocupante dela. Antes do gigante me jogar lá de qualquer jeito, eu pude notar que a cela na verdade era uma escultura gigante com tábuas de madeira no formato de uma pessoa. A “cela” era a parte da barriga da estátua. E pra completar, a estátua estava no meio de uma clareira num acampamento de guerra meio estranho.

Entre as tábuas de madeira de minha estranha cela, eu por vezes fitava o acampamento e logo depois notava assustada que eu parecia encarar eles como se estivesse em transe. Uma pequena parte do acampamento era composta por pessoas, homens e mulheres, com mantos vermelhos carregando cajados de madeira. A maioria dos cajados parecia simplesmente um galho grosso e longo arrancado de alguma árvore, e alguns tinham uma planta presa na ponta. 

Dentre o pessoal que vestia mantos, um ou outro usava um manto dourado extremamente chamativo. Ao contrário dos de vermelho, que pareciam habitar mais as barracas montadas, os de dourado ficavam mais ao redor do castelo mais além.

Só que a maior parte do pessoal era claramente um monte de guerreiros. Afinal, andavam para cima e para baixo com armas diversas. Só achava estranho a escolha de visual deles. Não estava nem quente, mas eles estavam com pouca roupa. Não mais do que um short e um top adicional se fosse mulher. Eles também pintavam o corpo com desenhos usando tinta azul clara e os cabelos deles eram descoloridos.

Por mais que o gigante que me carregou até ali fosse realmente preocupante, ele simplesmente deitou na encosta do morro atrás do acampamento e meia dúzia de pessoas se empenharam em passar pomadas amareladas gordurosas em seu olho machucado enquanto ele roncava de leve numa soneca quase invejável.

Apesar de bem perdida, eu sentia uma necessidade de entender onde eu estava e quem estava ali. A jaula de madeira ter frestas grandes o suficientes para parte de um braço passar, mesmo que com um pouco de dificuldade, ajudava bastante minhas tentativas de olhar o que havia por ali. Mas escapar dali não parecia nada fácil. Não só por a cela ser meio alta, mas também porque estava tudo bem trancado. Tanto que uma garota, minha companheira de cela, tentava constantemente abrir o cadeado que segurava a porta e falhava toda vez. O cadeado e o fecho dele eram as únicas partes de metal de nossa cela de madeira.

Ela e o meu outro companheiro de cela tinham se apresentado devidamente depois de que fui jogada ali… foi terrível a sensação incômoda de não conseguir me apresentar. Também foi quando me jogaram ali que um dos guerreiros de cabelo loiro oxigenado comentou:

— Nossa coleção de semideuses só aumenta. Qual dessa vez? 

— Nórdico. - falou o gigante rindo - Ela fede a viking e a irlandesa também.

Foi uma ótima pista de que havia algo em comum entre nós. Eu não lembrava de ser uma "semi-deusa nórdica”, mas a informação me parecia certa, embora eu não conseguisse dizer o motivo.

Agora, eles discutiam estratégias de fuga e eu tinha dificuldade em prestar atenção ao sentir minha mente vazia demais, e por isso preferia entender o que nos rodeava.

— Hey, garota que não lembra o nome. - chamou um dos meus companheiros de cela me tirando de minha concentração - Não fica aí quieta na sua. Nos ajude a pensar em como sair daqui.

— Aaron, deixa ela. - reclamou a garota que tentava abrir a porta e logo suspirava desistindo - Ela não parece muito bem.

Aaron era um garoto de 15 anos, irlandês, bem branco, loiro e de olhos castanhos bem escuros. Segundo ele mesmo disse, era filho do deus romano Janus. Eu tive a sensação de que aquela informação, ser filho de um deus romano, deveria parecer absurda, mas ao mesmo tempo perfeitamente normal.

A garota, Ciara, era mais velha. Tinha 18 anos, pele levemente parda, cabelos negros e cacheados, olhos castanhos bem claros e um pouco de sardas nas bochechas. Ela disse ser filha da deusa grega Tique, deusa da sorte, segundo ela.

— Você não se lembra de ser filha de algum deus nórdico? - perguntou Ciara uma vez amigavelmente.

— Não… - respondi colocando a mão na têmpora - Eu queria, queria muito lembrar. Mas nem meu nome vem até mim.

— Acho, mas não tenho certeza, que outra coisa em comum que temos, além de sermos semideuses, é sermos irlandeses… - disse Ciara - bem… mais ou menos. Meu avós eram irlandês. Meu pai e eu somos do interior da Inglaterra.

— Sabia que não devia ter saído do Acampamento Júpiter para passar o ano com minha mãe… - resmungou Aaron.

— Para de resmungar aí sobre esse tal acampamento. - disse Ciara - Temos que pensar num jeito de sair daqui.

— E evitar todo um exército armado. - completei - Não temos armas.

— Nossas armas estão logo ali. - disse Ciara sussurrando e apontando para uma barraca próxima onde nossas coisas estavam jogadas de qualquer jeito numa pilha.

— Teríamos que, primeiro, encontrar um jeito de sair dessa cela. - eu disse.

— E depois, precisamos de muita sorte para ou eles estarem distraídos com algo pelo menos. - completou Aaron - Nem a noite eles deixam de nos vigiar.

— Felizmente, sorte é comigo mesmo. - disse Ciara.

— Se sorte é com você, então como você veio parar aqui? - perguntou Aaron.

— HEY! - gritou um dos guerreiros lá embaixo.

Interrompemos apressadamente nossa conversa. Estávamos falando baixo, talvez ele não tivesse ouvido. Aparentemente não, pois ele logo erguia um grande bastão com uma trouxa de pano amarrada na ponta com algo dentro. Ele então forçava a passagem da trouxa por entre duas tábuas de madeira, e avisava:

— Comida.

— Ao menos não querem que morremos de fome. - disse Aaron enquanto Ciara pegava a trouxa e a abria bem no meio de nossa cela quadrada.

— Claro que não. - respondeu o guerreiro rindo - De que adianta sacrifícios que morrem antes da hora?

— Ah, que bosta… - reclamou Aaron - A gente já era.

— Sacrifícios com que finalidade exatamente? - perguntei tentando ter alguma pista, não custava nada tentar perguntar diretamente.

— Estamos tentando invocar Fionn Mac Cumhaill! - disse o guerreiro animado parecendo uma criança que acabava de ganhar um brinquedo… não alguém que falava de sacrifícios humanos.

E, de novo, veio até mim a sensação de que eu devia saber quem ou o que era algo. No caso, quem era Fionn Mac Cumhaill. No meio de minha perturbação por sentir que deveria lembrar, também tive que conter um riso por aquele guerreiro ser claramente tagarela.

— Fionn Mac Cumhaill? Ele existe mesmo? - perguntou Aaron.

— Quem é ele? - perguntou Ciara.

— Um dos maiores heróis irlandeses! - exclamou o guerreiro - Dizem que, se o povo pedir, ele volta para nos ajudar e salvar a Irlanda! E o Sr. Hafgan disse que ele é importante!

— FIONN MAC CUMHAILL É ESCOCÊS, SEU IDIOTA! - gritou um segundo guerreiro pronto para comprar briga.

— ELE É IRLANDÊS! - rebateu o primeiro.

Num piscar de olhos os dois estavam brigando, e então a briga começou a incluir outras pessoas e apenas uma tentava separar os dois. Aquilo já não estava útil e minha barriga roncando declarou, ao sentir o cheio de pão, que a comida era mais interessante. A trouxa de pano tinha um pedaço de pão duro e uma garrafa de plástico de água. Ciara já tinha dividido o pão em três pedaços iguais e já comia a parte dela.

 - Aaron, esse Fionn MacCool… ele é famoso? - perguntei levando meu pedacinho de pão duro pra bora.

— Sei lá, só lembro que minha mãe contava a história de que ele queimou o dedo com salmão aí quando ele chupa o dedo ele vira um sabe tudo. - disse Aaron dando de ombros - Eu achava engraçado.

— Do jeito que o cara falou, não somos os primeiros que eles tentam sacrificar. - disse Ciara - Temos que tentar alguma coisa. Talvez quando escurecer…

— Mas tentar o quê? - perguntou Aaron.

— No castelo… - eu disse encarando o castelo que conseguia ver entre as frestas da madeira, e de onde parecia entrar e sair pessoas importantes - Quem está lá dentro além do pessoal de dourado? Vocês sabem?

— Já ouvi eles falarem de “Senhor Hafgan”. - disse Ciara - Então tem pelo menos ele e mais um cara que vimos entrar, um tal de Ogma.

— Ogma? - repeti, aquele nome me parecia de fato desconhecido.

— É um cara que parece professor de faculdade. Se ele sair do castelo, você vai reconhecer na hora. - disse Ciara - Achava que ele era um grande nada quando apareceu, tão diferente dos outros, mas um dos caras de dourado…

— Druidas… os caras de dourado são druidas. - disse Aaron - e os de vermelho também. Só que os de dourado são mais importantes e fortes. 

— Tá… Antes de sabermos quem era o Ogma, um dos druidas de dourado veio falar com ele. - continuou Ciara - O druida disse “Oh, grande Ogma, você por aqui é sinal que conseguiu traduzir para nós a parte que precisaremos do Livro de Thoth?”.

— Ele respondeu que sim. - completou Aaron com a boca cheia de pão - E outro druida disse algo tipo “Duh, o cara é, tipo, o deus do idioma, do aprendizado e coisa e tal”.

— Certeza que não foi tão informal assim… - disse Ciara.

— Detalhes… - respondeu Aaron dando de ombros.

Então, do nada, nossa conversa foi interrompida pelo som de uma trombeta. Nós três grudamos automaticamente nas frestas da madeira tentando ver o que aconteceu de diferente. O acampamento estava um caos enquanto uma longa corneta, dourada, bem alta, e com a saída do som no formato de algum animal ou monstro com boca aberta, era soprada por um guerreiro ao lado de um druida de vermelho todo ofegante.

Os guerreiros e druidas começaram a correr para todo lado, pegando suas armas e cajados, e indo até uma das entradas do acampamento. O gigante, escondido do lado oposto, se acordava saindo de uma boa soneca, seu olho ainda fechado e empapado de pomada.

— Tem alguém na floresta.. - disse Aaron.

— Alguém que consegue peitar esse exército inteiro, espero. - disse Ciara.

Presos ali, não tínhamos muito o que fazer, mas Ciara se sentou de pernas cruzadas e fechou os olhos com muita concentração. Perdida, olhei para Aaron, que deu de ombros e sussurrou:

— Acho que ela tá tentando fazer um pouco de sorte pra gente. Não deu tão certo da última vez antes de você chegar. 

Deixei que ela tentasse fazer um pouco de sorte pra gente e, junto com Aaron, acompanhamos o que logo se tornou uma luta. Não era apenas uma pessoa escondida na floresta, eram várias, mas o tamanho do exército era maior.

As pessoas que chegavam ainda estavam bem longe para eu conseguir ver alguma coisa, mas senti um arrepio na nuca que eu não sabia explicar. Do mesmo modo, fiquei mortalmente preocupada quando o exército que nos prendia soltou uma chuva de flechas na direção deles. Contudo, elas foram recebidas por uma barreira mágica e ao mesmo tempo, começou a chover muito forte, mas só onde os recém chegados estavam. 

Enquanto isso, o gigante tinha dificuldades em participar das lutas também.

— Andem logo! Abram meu olho! - gritava ele enquanto um grupo de pessoas usava toda a força para abrir o olho.

— M-Mas Sr. Balor, não está curado o suficiente! - alertava um druida de dourado.

— Não tenho tempo para isso! - reclamava o gigante, Balor.

Nesses segundos, os recém chegados começaram a revidar. Flechas foram lançadas de longe mirando nos arqueiros inimigos e até mesmo um relâmpago que começou um pequeno incêndio que com certeza logo se espalharia. Nem todos os arqueiros tinham barreiras mágicas, então alguns foram machucados pelas flechas. Mas, o mais importante, foi que uma flecha atingiu perfeitamente o fecho do cadeado da nossa cela.

— Ha! Consegui! - comemorou Ciara.

Nossa sorte, contudo, não foi suficiente para quebrar de vez o fecho do cadeado, mas algum dano nele havia sido feito.

— Deixa comigo. - falei me oferecendo para tentar terminar de destruir o cadeado e assim, permitir a nossa fuga.

Era na base da força bruta mesmo. Enfiei metade do meu braço no espaço entre duas tábuas de madeira. Foi muito desconfortável, já que era bem apertado. Mas comecei mesmo assim o processo difícil de arrancar a flecha e bater ela contra a madeira de novo na esperança de destruir a madeira e a tranca de metal o suficiente para abrir a porta.

No campo onde a briga acontecia, os ataques ainda eram principalmente de longo alcance, com exceção do chão que se movia e de galhos que atacavam os recém chegados. Mas aparentemente eles estavam prontos para isso também, pois a chuva logo estava tomando conta de tudo, incluindo do acampamento de guerra (e da nossa cela) e parte dos galhos agora atacava os nossos captores.

Eu estava focada em meu trabalho, mas ousei olhar para os recém chegados por alguns segundos. Notei que duas pessoas estavam na frente dos demais, uma mulher e um homem. Ela tinha um arco e cabelo vermelho amarrado num rabo de cavalo bem alto, ele estava de preto do fio de cabelo até o sapato. 

A mulher lançava flechas certeiras numa velocidade inacreditável e, ao redor da mulher se reuniam vários javalis saídos da floresta que logo iam correndo, aparentemente bem raivosos, em direção ao acampamento de guerra. E na frente do rapaz surgiram, do nada mesmo, a mesma quantidade de enormes cachorros negros que logo corriam acompanhados dos javalis aumentando ainda mais o caos no acampamento.

Atrás deles, estava o resto do pessoal. Meu estômago deu um pulo estranho quando vi o cara barbudo entre eles, facilmente o mais alto e musculoso de todos ali. Por algum motivo, foquei o olhar nele e me senti aliviada. Nem parei para notar quem ali fazia a barreira mágica que não deixava as flechas atingirem o pequeno grupo, nem quem lançou o relâmpago, ou as várias flechas ou o que fazia alguns dos guerreiros que começavam a correr adiante congelar no meio do caminho.

— OS SACRIFÍCIOS ESTÃO TENTANDO FUGIR! - gritou alguém interrompendo minha análise do grupo e tentativa de abrir o fecho.

Olhei para a fonte da voz e encontrei um cara loiro com um grande bigode, cabelo penteado para trás com bastante gel e um terno de tweed que parecia um pouco apertado já que ele parecia um pouco parrudo embaixo do terno. Ogma, suponho.

— VAMOS FAZER O RITUAL AGORA! - gritou ele agarrando um druida de dourado no meio da confusão que estava ali - FIONN PODE NOS AJUDAR NISSO! 

— Podemos lidar com eles, senhor. - disse o Druida.

— Tem dois deuses ali! - rebateu Ogma e eu ignorei e continuei tentando escapar mesmo - Eu não sou bom de luta. Minha magia do idioma é o máximo que eu consigo e Balor não tá com o olho bom!

— E Hafgan? - perguntou o druida.

Nesses segundos, ouvi o começo dos sons de espadas se batendo e explosões e etc. Os dois grupos tinham se encontrado. Mas os barulhos da batalha foram momentaneamente interrompidos quando ouvi um barulho como um laser acompanhado por uma forte luz justamente de onde Balor ainda estava deitado.

— ISSO! ASSIM! - comemorou Balor quando um laser saía de seu olho.

— Não tem um pouco mais de sorte aí não, Ciara? - perguntou Aaron.

— Tô tentando! - reclamou Ciara.

O laser não era ininterrupto. Ele falhava mesmo enquanto Balor se levantou para se juntar à confusão. Mas para onde Balor olhava, o laser destruía o que tocava com facilidade. Daquele tamanho, se ele fosse para a área da batalha, nem precisaria do laser, ele podia simplesmente chutar todos. Mas o laser falho que saía do olho dele chegou antes no campo de batalha atingindo qualquer pessoa que estivesse pelo caminho, amigo ou inimigo.

Ouvi gritos desesperados vindo do campo de batalha, minha mão já doía pelas tentativas de danificar a porta da cela. Flechas tentavam acertar Balor apressadamente antes de ele chegar no campo de batalha (felizmente ele tinha que dar a volta no acampamento), mas a maioria não conseguia passar por cima de toda a extensão do acampamento.

Mas de repente, quando Balor estava quase alcançando o campo de batalha, literalmente num piscar de olhos, ele não era o único gigante ali. O segundo gigante apareceu do nada e era meio brilhante e transparente ao mesmo tempo, e por algum motivo tinha cabeça de cachorro. e quase no mesmo segundo que ele surgiu, o gigante semi-canino bateu com tudo na cabeça de Balor com seu cajado envolto com uma película de névoa negra.

Balor quase caiu, mas seu rosto (e olho perigoso) virou para a floresta, destruindo só árvores e talvez alguns animais. Então no meio da batalha, começou uma batalha de dois gigantes também. 

— Aquele ali no alto do castelo deve ser o chefão. - disse Aaron.

Eu olhei pro castelo e, no topo de uma das torres dele, estava um homem com uma longa capa tão preta quanto o cabelo longo dele. Mas mais preocupante que ele, foi um círculo de druidas de vermelho e dourado, a maioria de vermelho, que se formou ao nosso redor e começou a murmurar alguma coisa.

— O que eles estão fazendo? - perguntou Ciara.

Seja lá o que fosse, duvidava que era coisa boa. Comecei a tentar quebrar mais avidamente a madeira perto do fecho. Minha mão já sangrava por causa do atrito e das vezes que me machuquei com a ponta da flecha. Mas os druidas eram mais rápidos do que eu, os pés do boneco gigante cuja barriga era nossa cela começaram a pegar fogo independente da chuva e da madeira molhada.

Talvez a chuva e a madeira molhada estivessem dificultando o fogo, mas o fato é que estávamos prestes a virar churrasco. 

— ELES VÃO MATAR A GENTE! - gritou Aaron desesperado começando a chutar, com os dois pés, a porta da cela.

O impacto repentino fez eu quase derrubar a flecha enquanto sentia a dor no meu braço prensado no buraco da cela. Nossa cela foi tomada pelo desespero. Estava ficando muito quente ali. Ciara se juntou com Aaron nos chutes à porta e logo eu desisti de minhas tentativas, tirei meu braço machucado do buraco com um pouco de dificuldade, e me juntei a eles na esperança de que nossos chutes combinados conseguissem quebrar o fecho.

Estava tudo um caos. Gritos, lasers, explosões, armas se batendo, socos e etc podiam ser ouvidos de toda parte. Aaron gritava ajuda e tentava controlar o choro. As chamas subiam, o calor se transformava em queimaduras, a madeira crepitava ficando mais frágil então ouvi alguém gritando: 

— MALLORY! 

Aquele nome e aquela voz fizeram eu me arrepiar toda. Tanto que parei uns segundos de chutar a porta, mas uma chama queimando a minha mão me fez recomeçar o processo desesperadamente enquanto tentava digerir aquelas emoções. Mallory… será esse meu nome?

Meus joelhos doíam com o impacto, meu corpo todo doía, meus pulmões se revoltavam com a fumaça que subia até ali, eu tossia, várias partes do meu corpo ardiam, queimadas, até que a fechadura se quebrou e a porta escancarou-se. Uma chama subiu raivosa por um segundo, mas logo voltou à sua altura original. O fogo tinha subido o suficiente para deixar um pulo, que já era preocupante pela altura, pior ainda. 

Pelo menos uma parte do círculo de druidas forçando o fogo a aumentar magicamente estava completamente distraído numa luta contra quatro pessoas. O fogo não subia mais, mas também não diminuía. Dessas quatro pessoas, uma delas, era o cara alto e corpulento. As demais, eram uma garota com os cabelos escondidos por um pano verde, um segundo cara, bem mais baixinho que o primeiro e um terceiro cara com cabelos bem brancos.

— MALLORY! - gritou o cara corpulento, sujo de sangue, estendendo os braços para mim - HOPPE! JEG FÅR DEG!

— QUÊ? - gritei de volta.

— PULA! - gritou o cara baixinho.

— CURAMOS AS QUEIMADURAS DEPOIS E A CHUVA DÁ UMA AJUDA! - gritou a garota.

Que escolha eu tinha? Eu pulei. As chamas no meio do caminho me queimaram, a dor era insuportável, então eu gritei de dor, mas ao menos a chuva realmente ajudou e o cara corpulento realmente me pegou. Eu estava com muita dor no geral, mas não pude deixar de notar como ele parecia desesperadamente preocupado comigo ao me colocar deitada no chão lamacento. 

— Os outros dois na cela… - eu disse no meio da minha dor - Ajuda eles.

Ele não pareceu entender, mas apontei para a cela e a garota com o pano no cabelo já tinha visto também Aaron e Ciara e já puxava o cara enorme e selvagemente bonitão para pegar os dois. Ciara mandou Aaron na frente e, nesse momento, um garoto loiro que eu não conseguia correu até mim e, com magia, começou a curar meus ferimentos. Tudo parecia estar indo bem, até que, logo depois de resgatar Ciara, uma flecha vinda de sei lá onde atingir mortalmente o cara fortão bem na têmpora.

Meu chão desabou.

 


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Notas finais do capítulo

final de semana sai cap novo da fic do Anúbis o/
QUE ENTREM OS DEUSES GREGOS FINALMENTE! o/ CREDO COMO O EGITO É VELHO! DEMOROU MUITO!



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