Minna estava sentindo como se sua cabeça fosse explodir.

Já estava trabalhando em cima de alguns versos para o Cypher coletivo a alguns dias, mas nada estava mostrando bons resultados. Nunca eram palavras fortes ou rimas consistentes, e essa falta de qualidade estava estressando a rapper demais.

Ela retira seus óculos de armação branca, delicadamente colocando-os sobre a mesa perto de sua poltrona vintage. Ela enrosca os dedos em seus curtos fios castanhos, abaixa a cabeça e suspira pesadamente. A cabeça latejava, os olhos doíam, seu coração começa a disparar dentro do peito.

Merda!

Estava começando...

A sensação de tontura, a falta de ar, o estômago revirado, as mãos começando a tremer. Era tudo familiar demais.

Por que justamente agora?

O desespero lentamente começa a tomar conta de Kim Soo Min, e ela começa a perder a noção da realidade a sua volta.

Fazia alguns meses que aquilo não acontecia...

Merda!

Merda!

MERDA!

Ela pensou que já tinha superado daquilo!

De repente, ela vê uma pessoa agachada a sua frente, de expressão preocupada e olhos tristes.

Lágrimas finalmente caíram dos olhos da Kim.

Era Hinata.

—Min-chan... — A voz suave e tranqüila da japonesa pareceu preencher o lugar — Vai ficar tudo bem. Venha... Vamos te levar pro seu quarto. Ok?

A coreana assente e se deixa ser levada carinhosamente pela mão até o quarto que dividia com Moon Sook, sendo conduzida por sua unnie mais calma. Não era a primeira vez que a rapper teve um ataque de pânico como aquele, e provavelmente não seria a última.

Risadas juvenis ecoavam na praça onde o festival não oficial de dança underground mais conhecido da Coréia estava acontecendo. Era um lugar bem aberto e pessoas de praticamente de todas as idades paravam para observar as coreografias incríveis de jovens que mexiam o esqueleto por hobby.

Entre os grupos estava um particularmente conhecido: o Dugeon Crew de Suwon. E era deles que vinham os risos altos e freqüentes.

Izzy sentiu-se novamente com 12 anos no meio de tantos rostos conhecidos e familiares. Ela estava muito feliz com a decisão de ter ido vê-los e matar a saudade dos amigos mais próximos que teve em sua cidade.

Alguns não pareciam ter mudado nada e outros ela quase não reconheceu. A Ishii não pensou que sentiria tanta saudade deles, mesmo que tivessem se visto no início do ano passado...

K estava com um grande sorriso no rosto e um braço nos ombros de Izzy. Estavam matando um pouco da saudade que sentiam um do outro e não tinham pressa nenhuma para isso.

Para Ishii Yujin, nada poderia estar melhor.

As duas jovens se sentam na cama macia, a mais velha acariciava os cabelos castanhos da outra, sussurrando encorajamentos e elogios para sua dongsaeng.

—Isso, chore o quanto precisar, Min-chan... Eu estou aqui. Tudo vai ficar bem.

Moon entra no quarto e se depara com a eomma abraçando sua colega de quarto, enquanto esta chorava e soluçava. Depois de um segundo de choque, a Park finalmente se lembrou do que era.

A dançarina sai calmamente do quarto, voltando pouco tempo depois com um copo de água e um comprimido em mãos.

Já um pouco mais calma, Soo Min aceita ambos.

Ela engole o comprimido com gosto de plástico e é instruída por Onix a beber a água devagar, a fim de acalmar a respiração e diminuir a chance de engasgue.

Quando deu pó si, Minna estava deitada em cima de seus lençóis claros com Onix à sua esquerda e Moon a sua direita. O calor corporal de ambas e a sensação de segurança que passavam, logo fez com que os resquícios da crise passassem e ela se sentisse cada vez mais relaxada.

Ela sabia que logo o calmante faria efeito, mas nada poderia jamais substituir a presença da unnie e da dongsaeg e de seus abraços e carinhos naquele momento.

Os versos, ela pensou, poderiam esperar um pouco.

Ela se lembrou novamente que forçar a criatividade não produz resultado algum, algo que já havia “comprovado” com Onix e Izzy em épocas perto de comebacks e afins, e estava disposta a se lembrar de vez desta lição.

“Faça sem reclamar e aproveite o momento” não se aplicava somente ao trabalho, mas também ao descanso.

Isso foi algo que ela acabou de se lembrar.

K e Izzy estavam caminhando pelas ruas da cidade, o mais velho admirando as luzes modernas e as diferentes pessoas que passavam por eles. Ela ria em alguns momentos, quando os olhos pareciam demorar-se mais em algumas *ahem* partes de algumas pessoas.

Ele não mudara praticamente nada... Era reconfortante para Yujin saber disso.

Não importa o quanto a vida dela mude, sua família sempre será a mesma.

— E como está a vida em Seul, Yu?

A voz dele transparecia alegria.

—Está ótima! — Ela afirma, mas ri em seguida — Trabalho tanto que quase não dá tempo de sentir que algo não está bom.

O rapaz alto cai na gargalhada, e ela o acompanha.

—E como estão as meninas? Faz tempo que não as vejo pessoalmente!

As unnies da Angel Wings conheceram o rapper e dançarino underground quando as meninas estavam em sua primeira tour pelo país. As amizades surgiram no fanmeeting após o show em Suwon, e muitas ainda conversavam com ele por mensagens. Ele parecia ter um carinho especial por Onix, que já viajou com Izzy numa folga, e a maknae suspeitava que era porque a Kurosaki era a única pessoa com quem o rapaz conseguia conversar sobre Rock.

—Estão ótimas! Nós trabalhamos num álbum novo recentemente e estamos ficando muito felizes com o crescimento do grupo. — Ela faz uma pausa — Soo Min-unnie e Hina-unnie estão muito felizes por terem mais dinheiro agora.

—Roupas e livros, não é?

—É!

E mais uma vez os dois estavam rindo juntos...

Era tão bom estar com ele novamente!

Taehyung não conseguiu acreditar na sua sorte.

Ele fora inocentemente ao dormitório das meninas, querendo conversar um pouco com Laddy sobre a música que estavam tentando compor, e quem o atende na porta e Minna.

Ela estava com uma blusa larga e grande na cor branca, leggings pretas, descalça e com o cabelo adoravelmente bagunçado. Sem contar uma carinha simplesmente encantadora de sono, que fez com que o mais alto tivesse que se segurar para mostrar reação alguma ou pegá-la nos braços.

A tentação era grande, ele tinha que admitir.

—Taehyung-ah!

Ele estava muito feliz em ouvi-la dizendo seu nome.

— Oii, noona! — Ele sorriu alegremente para ela — Como está?

Ela sorriu, mas fora somente nos lábios. Ele percebeu que os olhos pareciam mais tristes que o habitual.

Ele sentiu uma pontada de culpa por ter feito a pergunta, talvez a lembrando de algum momento ruim do dia.

—Estou bem, Taehyung-ah... —A incerteza estava presente na voz da jovem — E você?

Ele murmura um “eu também” e ela o convida para entrar.

Os dois se sentam no sofá da sala de estar delas, um ao lado do outro. O coração dele dispara, mas o cantor tenta esconder aquilo ao máximo. Ele não faria idéia de como explicar aquilo sem se confessar, e ele sabia que ainda não era hora de isso acontecer.

Ele tinha que conquistar Kim Soo Min antes de tudo.

—O que o traz aqui, Taehyung-ah?

—Eu vim falar com Laddy-ssi. — Ele pausa — Sobre o projeto. Pro álbum. —O nervosismo estava cada vez mais evidente na voz — Noona, sabe se ela está?

Ele demorou para perceber, mas a mais velha estava sorrindo docemente para ele. A constatação disso o deixou corado, o que fez com que a garota abrisse ainda mais seu sorriso e soltasse uma risadinha fofa.

Ela murmura algo como “que bonitinho”, mas o mais novo não tinha certeza... Seus sentidos pareciam pregar algumas peças dele quando ela estava por perto.

—A Yoon Sook-ah saiu com Summer e Onix recentemente. Não sei quando voltam... —Ela pausa, olhando para ele — Se quiser, pode esperar aqui.

Contendo o sorriso bobo e tentando não transparecer o fato de seu coração estar a mil por hora, o cantor assente.