Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 9
Golpe Baixo


Notas iniciais do capítulo

Olááááaáááá, tudo bem com vocês povinho da madruga? o/

Então gente, É MUITO BOM VER - OU APARECER AQUI QUE SEJA - DE NOVO! Sério, vocês não sabem o quanto tá sendo complicado pra mim esse ano pra escrever. Eu mal pego no PC por falta de tempo. A escola tá acabando comigo, mas mesmo que demore muito - tanto aqui como em OOLH que deve tá cheio de teia de aranha por falta de atualização - eu nunca vou abandonar vocês, fechou? Certinho?
Em breve novos capítulos, novas aventuras e principalmente, novas histórias originais que vocês possivelmente vão demorar um pouquinho pra juntar todos os pontos, em OOLH - O Outro Lado da História - portanto fiquem ligados. Provavelmente o próximo capítulo novo (os dois próximos, não sei, depende de quanto tempo eu terei) sairá lá.

Também queria pedir desculpas e agradecer a todos que comentaram em SYH e OOLH. Gente me perdoem mesmo por não responder vocês, eu JURO que leio todos os seus comentários e quando eu arranjar um momentinho pra sentar de boa (vou fazer isso - tentar - nesse feriado agora, quem sabe?) vou responder todos, até os mais antigos. PROMESSA.

Até a próxima e chega de lenga-lenga, né? Boa leitura pessoal. :v

Capítulo postado dia: 29/03/2018, ás 00:03.



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Adrien

Quando cheguei na sala a Cheng ainda não estava lá. A professora estava falando alguma coisa que não cheguei a prestar muita atenção porque realmente eu não me importava – depois alguém faria o meu dever de tão idiota que ele deveria ser – e liguei os meus fones de ouvido no meu celular e coloquei algumas das minhas músicas favoritas para tocar. Rock, pop, eletrônica... As faixas foram passando e eu nem vi o tempo passar pra falar a verdade. Só comecei a prestar atenção quando a baixinha de olhos azuis entrou por aquela porta com uma carinha vermelha. Observei bem seus olhos um tanto inchados e a pouca maquiagem dos mesmos, um pouco borrada; seu nariz estava um tanto avermelhado e na hora entendi o recado.

Ela estava chorando. Mas seria pelo que eu havia dito ou por conta da detenção?

Enquanto ela se aproximava eu fingi não lhe dar a mínima importância, começando a batucar meu caderno com os dedos no ritmo que ecoava em minha mente e ignorando quando aquela morena dos sonhos respirou fundo para evitar desabar novamente. Se ela continuasse assim tão emotiva por tudo o que acontecesse então ela ainda iria chorar muito durante a faculdade de Design de Moda ao meu lado, porém... Havia alguma coisa naquela expressão que tentava se manter forte e inexpressiva que me fizera colocar os olhos sobre aquela garota belíssima mais uma vez. Ela era tão misteriosa que era muito difícil ler suas emoções assim, logo de cara. Precisaria de tempo e paciência para entender aquela obra de arte para enfim aproveitar seu conteúdo livremente e talvez até algo a mais.

Ela era especial, mas por quê?

Me perguntei durante todo o resto do período se arriscava questioná-la se estava bem e tentar iniciar uma conversa na boa ou se continuava na minha e lhe importunasse depois. No fim, quando o sinal tocou e a nossa primeira aula oficial acabou, eu preferi a segunda opção. Apesar de querer muito continuar enchendo a Cheng eu precisava ocupar a minha mente com alguma coisa que me levasse a algum lugar. Felizmente não teria nenhuma sessão de fotos durante aquelas semanas de detenção que tinha recém-adquirido graças a nova linha de moda que meu pai ainda estava desenvolvendo para a nova coleção de inverno/outono, então... É, eu teria bastante tempo para pensar no que eu iria fazer. Arrumava minhas coisas ao som de Rock and Roll distraidamente e fingi não reparar a mestiça baixinha e maravilhosa que me fuzilava com olhos frios antes de sair da sala de aula e desaparecer no corredor.

Não lhe parei. Ela seria obrigada a voltar depois mesmo.

Alguns passos de distância Nino se junta a mim com aquele típico ar sonhador e iluminado de quem acabou de encontrar ouro numa mina escura e fedida depois de meses sem ver a luz do sol – e que por sinal me dava ânsias por tanto drama. Ele começou a falar animadamente sobre ter conversado com aquela tal de Alya mais uma vez, que tinha pegado na mão dela e nem recebeu um tapa no meio da cara, que ambos tinham tido a melhor discussão de shipp’s, filmes e um montão de outras baboseiras que eu nem prestei muita atenção e que depois de tudo isso, fazendo uma enorme e comprida conclusão, ele podia afirmar com todas as letras que tinha certeza que aquela garota também gostava dele e que finalmente tentaria chamá-la para um encontro.

— Eu acho que você poderia ter ido direto ao ponto desde o começo, mas como você gosta de complicar as coisas... É, vai nessa cara. – disse tentando não soar tão desagradável como me parecia. Ele balançou a cabeça e arrumou o boné, me encarando com uma sobrancelha arqueada.

— Que bicho te mordeu hein? – ah Nino, sabe de nada inocente. Dei um sorriso de canto e parei minha música, tirando os fones e os colocando ao redor do meu pescoço.

— Um bicho baixinho, de olhos azuis como o céu, irritante e infelizmente, tremendamente irresistível. – respondi continuando meu caminho sorridente. – Lembra daquela garota que estávamos comentando no intervalo?

— A mesma que você ficou secando o dia inteiro ontem, que eu adorei ver indo pra cima da Jacqueline e que você chegou chegando hoje, achando que é só do seu jeito que se conquista uma mulher e acabou é espantando ela? – Nino retrucou cruzando os braços com ironia, mas eu preferi não rebater com arrogância. Ao invés disso lhe encarei de volta e dei alarguei o meu sorriso.

— Ela mesma. – confirmei, parando na metade do caminho que levava até o pátio principal da universidade. Ao longe muitos alunos iriam embora barulhentos e contando uns aos outros como fora seu primeiro dia. Ah, como aquilo também era tentador. – Duas semanas de detenção, comigo.

— Como assim “detenção com você”? – ele questionou parecendo um pouco incrédulo. – A sua amiguinha Jacqueline que deveria ficar lá! Você não tem nada a ver com o que aconteceu, porque raios você vai pagar esse castigo?

— Não é óbvio? – indaguei indicando com a cabeça para trás do meu melhor amigo. Atrás dele, há uns dez metros de distância estava a Cheng e aquela garota por quem Nino estava supostamente apaixonado. – Aquela garota parece me odiar. Tanto a mim quanto á Jacqueline. Você realmente acha que eu vou deixar aqueles dois rostinhos de boneca de porcelana se rasgarem por inteiro na detenção?

— Conta outra cara. Tu tá de olho mesmo é nela. – meu melhor amigo me acusou gesticulando com os braços, exasperado. – Desde quando você se preocupa em parar um bom barraco entre meninas?

Dei de ombros e gargalhei.

 Ele me conhecia como ninguém. Mas o que eu poderia fazer? Quando eu quero uma coisa, eu consigo. Com aquela morena não seria diferente. Eu e Nino ainda conversamos por alguns minutos enquanto observávamos nossas garotas a distância. Porém, quando aquela ruivinha de não se jogar fora apareceu com o meu primo eu não me contive ao ver uma nova oportunidade surgindo bem a minha frente. Cutuquei o ombro do moreno ao meu lado e fiz questão de ir na direção onde os quatro estavam. Preciso dizer a cara mortal que a Cheng fez quando me aproximava? Acho que não, não é mesmo pessoal?

— E ai Louis, como é que você está primo? – perguntei em voz alta enquanto dei algumas batidinhas no ombro do mesmo.

Ah cara, como eu queria ter uma câmera nas minhas mãos nessa hora! A garota do Nino ficou bege e escancarou a boca, tentando conter a surpresa com uma das mãos. A ruivinha com pequenas sardas no rosto estava surpresa e parecia não acreditar no que estava acontecendo. Já a Cheng... Ela parecia que ia vomitar a qualquer minuto, com os olhos arregalados de espanto que pareciam que iriam cair para fora a qualquer instante. Eu estava me segurando para não começar a rir ali senão não iria parar nunca mais. Já o Louis... Bem, acho que ele estava meio que não entendendo nada.

— Hã, eu estou bem sim... E você? – ele respondeu meio sem saber o que dizer naquela situação. Dei outra batida em seu ombro e me forcei a não rir.

— Eu estou ótimo. – respondi olhando rapidamente para Nino balançando a cabeça, reprovador. – Então, vai ficar na cidade de vez? Porque se vai, você pode se acomodar lá no apartamento. Não será problema nenhum meu querido primo.

— Cara, você tá bem? – Louis me indagou com uma sobrancelha arqueada e se segurando para não rir de mim também. De fato, eu deveria estar com uma cara de louco mesmo. – Precisa ir ao banheiro ou algo assim?

Aquilo foi a gota que faltava para eu começar a rir que nem um louco e levar o moreno junto comigo. Vocês devem estar confusos com toda essa reviravolta não é? Deixem-me explicar a situação: minha mãe, Emile Agreste, tinha uma irmã chamada Margot. Eu lembro que a vi poucas vezes, ainda na época que minha mãe estava viva e bem... Foi a muito tempo. Elas eram totalmente diferentes uma da outra: enquanto minha mãe era loira e com olhos verdes – parecida comigo – minha tia Margot tinha os cabelos negros, mas tão negros, que os olhos castanhos quase passavam em branco. As duas tinham quase a mesma idade, mas tia Margot era um ano mais velha que a minha mãe. Ambas eram muito bonitas, e eu posso afirmar isso porque tenho uma foto das duas com os seus maridos – na época ainda namorados – em algum tipo de baile de formatura, acho. Margot e o pai de Louis morreram num acidente de carro no Canadá, onde eles moravam antigamente há apenas alguns anos, e, pelo incrível que pareça, foi apenas alguns anos antes da minha mãe também falecer – que por coincidência ou não do destino – também num acidente de carro. Mas apesar de todas essas tragédias nas nossas famílias, nós nos dávamos muito bem e tirando o fato que nós dois também éramos muito parecidos.

Sério, nós realmente éramos muito parecidos. Quem olhasse para nós poderia até pensar que fôssemos irmãos. Nossa aparência e nossas personalidades eram muito semelhantes, porém de alguma forma Louis ainda era mais responsável e tranquilo do que eu. Muito mais responsável. Eu também era tranquilo antigamente, mas naqueles últimos anos da minha vida eu me tornara bem mais agitado... Revoltado, como Nino e Alex tanto viviam enchendo o saco na minha cabeça.

— Realmente o universo deve me odiar profundamente. – ouvi Cheng resmungar e cruzar os braços, ainda intercalando seu olhar de mim para meu primo. Ela parecia inconformada e não pude deixar de rir descaradamente da sua cara. – Como é que pode? Tanta gente no mundo para ser seu primo, você tem um traste como o Agreste como parte da sua família.

— Traste? – Louis repetiu, um pouco confuso e eu acho que ele percebeu quando eu fechei a cara pra aquela baixinha folgada. – Hã, Adrien...

— Escuta aqui Cheng, você devia se preocupar mais em usar um salto alto e ser menos baixinha pra enfrentar alguém do meu tamanho. – disse lhe desafiando com o olhar. Mas acho que estava é entrando numa fria.

— Como é que é? – Marinette chata Cheng me questionou, fuzilando-me com um olhar raivoso. Eu dei um sorriso largo enquanto meu melhor amigo dava um assobio baixo atrás de mim.

— Eita. – ouvi a ruivinha de olhos claros sussurrar com cara de assustada e se virando para Alya, engolindo em seco. Elas pareciam se comunicar com aquela troca de olhares tensos entre ambas.

— Vai dar merda. – ouvi a garota de Nino rebater ainda mais baixo que quase não lhe ouvi.

Na verdade, eu não queria ouvir. Eu estava mais preocupado em encarar aquela morena sexy a minha frente se levantar e ainda sim ficar a quase meio metro de distância da minha face. Apesar de toda provocação eu estava certo mesmo: ela era mesmo baixinha. E isso lhe tornava muito fofa. Mesmo querendo me matar como queria agora.

— Hã, eu não acho que seja uma boa ideia cara... – Nino palpitou baixinho atrás de mim, mas eu o ignorei.

— Se você repetir essa idiotice mais uma vez, eu vou...

— Você vai o que? – lhe interrompi me abaixando alguns centímetros para ficar cara a cara com a minha garota. Ah, como era divertido provocar a Cheng. Vocês deveriam ver a cara de puro ódio dela exalando uma onda quente no meu rosto que seria possível até me queimar como uns duzentos sóis e sem protetor solar. – Vai ficar emburrada e ganhar mais algumas semanas de detenção comigo?

É, talvez ela fosse mais difícil do que eu imaginara. Por quê?

Bem, digamos que eu não previa um golpe nas minhas partes baixas e hã... Antes de ir pra detenção, eu fui carregado para a enfermaria da universidade pelo Louis e pelo Nino em busca de alguma coisa que aliviasse a minha dor no meio das minhas pernas.

A única coisa que eu poderia gravar na minha mente depois disso é nunca, jamais, enfrentar a Cheng daquele jeito outra vez. E, lógico, que eu iria me vingar depois disso.

***

Marinette

— Você ficou maluca Marinette?! – Kattie gritou para mim enquanto eu ainda encarava o chão, enfurecida. – Você estava pensando o que quando chutou aquele babaca do Adrien? Meu Deus será que você percebe o que você fez sua louca?

— Você queria que eu fizesse o quê Kat? – gritei de volta me levantando inquieta da cadeira que estava. – Aquele lixo começou a falar da minha altura! Você e a Ay sabem o quanto eu já sofri por conta disso. É óbvio que eu não conseguiria me segurar diante de uma provocação, ainda mais daquele garoto infeliz que me dá nos nervos até quando respira! – disse com a raiva estourando dentro de mim. - Argh, que vontade arrancar aquele cabelo loiro fio por fio da cabeça daquele estúpido que pensa que eu sou como uma daquelazinhas que qualquer um pega por ai e que logo descarta que nem lixo e...

Um tapão que Alya me deu no rosto foi o suficiente para me fazer calar a boca e prestar atenção na minha melhor amiga. Agressiva? Talvez, mas nessas horas de histeria era necessário um bom choque de realidade de alguém mais racional do que a pessoa que está histérica. Confusa a minha lógica? Eu sei, mas não me questionem, eu estou ridicularmente estressada então parem de me encher o saco.

— Garota, você tem noção do que você acabou de fazer? – ela indagou e eu tentei me acalmar, esfregando o local que Ay me batera na face. Ela bufou e tirou os óculos, para esfregar as lentes embaçadas de tensão. – Você acabou de chutar os países baixos de um cara. O mesmo cara que já chegou em você querendo ser o gostosão da parada e querendo ficar com você logo de cara, e o mesmo que você passou o dia inteiro reclamando que era escroto. Você parou para pensar como ele deve estar furioso com você nesse exato instante?

— Não. – respondi começando a pensar no que eu fizera nos meus momentos de cegueira/fúria nos últimos minutos. Eu estava começando a entender o que minhas amigas estavam querendo me dizer. – Essa não. Não tinha pensado nisso.

— É claro que você não pensou. – Kattie retrucou, tão irritada quanto eu estava. Ela não tinha paciência, assim como eu. – Agora olha a bosta que você fez: vai ter que encarar o cara que você mesma atacou por duas OU MAIS semanas trancada na mesma sala que ele por sabe-se lá quantas horas! Você tá entendendo tudo o que você acabou de causar com toda essa sua implicância com o idiota do Agreste?

Esfreguei o rosto com ambas as mãos e esfreguei meu cabelo. O que raios foi que aconteceu com a minha vida? O que foi que eu fiz pra merecer isso Jesus? Será que o meu destino é passar por tanta prova assim, porque se continuar desse jeito acho que vou é me matar.

— Eu sou uma idiota. – murmurei tentando pensar no é que eu iria fazer da minha vida depois de entrar numa sala com o cara que deveria estar espumando de raiva em algum lugar da universidade.

— Sim, você é. – Alya concordou colocando os óculos e me olhando reprovadora. Isso sem falar da Kat, que continuava irritada e tensa ao mesmo tempo. – Agora eu quero saber o que é que você vai fazer.

— Eu vou ter que dar um jeito nisso tudo. – disse tentando acreditar no que dizia. Na real? Não fazia a mínima ideia também.

Logo depois o mesmo sinal que tocou no intervalo soou no pátio onde estávamos e provavelmente o diretor ordenou que todos os alunos que estariam de detenção fossem para dentro da sala. Ok, a minha possível morte começaria antes que eu preparasse um resquício qualquer de plano e eu não estava nem um pouco nervosa. As meninas ainda disseram algumas coisas que eu não prestei atenção, eu acabei me despedindo delas e dizendo que poderiam ir pra casa sem mim, que chegaria lá mais cedo ou mais tarde. Depois disso segui a trilha de alunos que provavelmente estariam indo para a detenção e tratei de encontrar um jeito de me precaver de qualquer desafio que o Agreste iria querer jogar para cima de mim como vingança.

O problema é que eu não sabia nem por onde começar e quando aquele loiro entrou por aquela porta com sangue nos olhos... Bem... A única coisa que me veio a mente era apenas uma frase: “Eu tô lascada”. Respirei fundo e procurei me manter o mais impassível que conseguia.

Afinal, o que mais poderia acontecer naquele dia? 

# # #

Eu retiro tudo o que eu disse! Eu nunca imaginei que detenção era sinônimo de tortura! A detenção era onde o auditório ficava enquanto a verdadeira sala da detenção era reformada depois de um incêndio acidental que acabou com boa parte da classe, mas se você acha que aquilo era uma coisa boa é porque vocês de fato não compreendem o meu desespero. Você não pode, simplesmente, fazer nada na detenção. É isso mesmo, nada. O próprio diretor Damocles supervisionava pessoalmente aproximadamente uns vinte e poucos alunos que estavam no ambiente enquanto folheava uma revista qualquer numa mesa improvisada sob o palco, totalmente despreocupado com a situação de todos ali. Você não podia conversar; beber nem comer nada; não podia mexer no celular... Não podia nem mesmo respirar muito senão era perigoso levar uma advertência e não aparecer na escola pelos próximos dias. Eu estava num completo tédio e pra piorar aquela situação aquele já era o meu quinto dia na suspenção depois da aula, onde o Agreste ainda não tinha planejado nada contra mim depois que eu o atacara enfurecida dias atrás. Estava ficando preocupada. E se ele tentasse me pegar de surpresa e sem ninguém que pudesse me ajudar? E se assim, de repente, ele resolvesse me atacar também? Eu estava ficando assombrada e, – por mais que eu odeie admitir isso pra vocês –, arrependida, por ter dado um chute no garoto propaganda do meu design de moda favorito.

Quer dizer, não que minha opinião sobre ele havia mudado, longe disso, mas vê-lo ali, na dele por tanto tempo sendo que ele mais do que ninguém poderia ter acabado com a minha raça por ter grana e influência sobre a universidade... Bem, aquilo só serviu pra me deixar ainda mais arrependida pelo meu erro. Mais assustada também. Mil e uma coisas poderiam acontecer comigo se ele quisesse, e vocês ainda pensam que eu não tinha problemas? E tipo, eu preciso dizer que eu gelei quando mais uma “aula” de detenção com o diretor acabou e ele veio na minha direção?

Acho que não.

— Cheng. – ele me chamou e eu me segurei para não revirar os olhos. Odiava quando me chamavam ou chamavam os outros pelo seu sobrenome. – Nós temos contas a acertar.

Fingi não estar tão nervosa quanto aparentava e dei ombros, demorando para arrumar minhas coisas e então encarar aquele loiro mimado.

— Jura? – perguntei inocentemente e acho que isso acabou soando sarcasticamente mal. – Achei que não viria. Você demorou muito.

Ele então fez algo que eu jamais iria prever. Ele bateu a mão no apoio da minha cadeira do auditório e se abaixou para me encarar face a face, se colocando a minha frente determinado a não me deixar sair dali correndo como fizera nas últimas vezes que ele tentara se aproximar. Bem, eu acho que corei. Não esperava uma aproximação tão repentina entre nós dois e me segurei para não demonstrar fraqueza. Minhas mãos suaram e eu as guardei dentro do pequeno casaco que estava usando. Eu o observei mais um pouco enquanto o silêncio ainda pairava entre o espaço que nos dividia. O cabelo dele estava bagunçado sobre o rosto e ele usava um moletom preto largo sobre o belo corpo de modelo que estava escondido debaixo das roupas. Os olhos pareciam mais desafiadores e desdenhosos do que nunca, porém alguma coisa neles me deixou desconfiada. Eles pareciam esconder alguma coisa e felizmente o dono fazia questão de manter isso em oculto melhor do que ninguém. Eu não posso dizer que não o compreendia nessa pequena parte. Eu mesma escondia muito de mim mesma.

— Não conte com isso. – o Agreste disse baixo, mas com um sorriso irônico no rosto. Eu franzi a testa e continuei calada. Ele pareceu sentir o meu receio – para não dizer medo – do que ele poderia ou não fazer e tenho quase certeza que ele se divertiu com o gelo em meus olhos. – Não vou matar você Cheng. Você não vale a pena pra mim. Seria apenas tempo desperdiçado. – ele olhou para os lados e se certificou que só estávamos nós dois ali, se afastando um pouco de onde estava a me fitar antes. – Porém, você merece pagar pelo mal que me fez. Por isso eu te desafio a um duelo.

— Um duelo? – repeti, confusa e então ele finalmente se afastou de mim, levando a tensão existente com ele. Eu podia respirar de novo.

— Um duelo de dança. – o loiro explicou indo em direção as escadinhas que davam pro palco a minha frente. – Eu te desafio Marinette Dupain-Cheng, num duelo que a levará à sua felicidade ou então à sua perdição. Se vencer, eu lhe dou a minha palavra que nunca mais lhe chamarei de baixinha e irei lhe provocar sem sua permissão.

Joguei minha bolsa na confortável cadeira do auditório e subi para o palco, apenas a alguns metros de distância de onde o mesmo estava. Revirei os olhos com toda aquela encenação desnecessária, ainda mais no lugar que estávamos. Ele deveria ser ator não modelo. O observei pegar seu celular – que possivelmente era de última geração – e ligá-lo a um pequeno par de caixas de som – não me perguntem de onde aquilo saiu -, colocando-o no chão de madeira abaixo de nós dois.

— Não acha mais fácil se render antes de começar e pagar um mico então... Agreste? – indaguei sarcástica, o que naquele momento estava sendo muito divertido. Ele retribuiu com um sorriso presunçoso.

— Não vai me perguntar o que eu ganho se você perder? – ele replicou de volta e eu franzi as sobrancelhas levemente, dando uma risadinha.

— Eu não preciso. – lhe garanti cruzando os braços sobre o peito logo após de tirar meu casaco, ficando com a regata rosa que estava usando naquele dia e com o cabelo solto sobre parte dos ombros. Sorri. – Você já perdeu mesmo.

Ele deu um pequeno suspiro e colocou a música pra tocar. O.k., vocês devem estar pensando: “Ah claro, o melhor jeito de resolver uma treta depois de chutar o amiguinho de um homem é dançando com esse homem”. Pensem comigo: eu não tinha opções ali. Não podia simplesmente correr pra longe daquele playboy metido a salvador da pátria sem que ele planejasse outro jeito para me retribuir o golpe baixo que lhe dera há dias. E não podia simplesmente negar tal desafio por dois motivos: o primeiro é que eu sairia como uma covarde que tem medo até de dançar com um cara rico que “salvou sua pele”. O segundo é... Bem... Por mais que eu o odiasse, aquele infeliz havia acertado na escolha da música. Closer, dos The Chainsmokers. Eu não consegui resistir depois que o som começou a tocar naquele prédio tão vazio e ao mesmo tempo tão cheio.

Ele começou a fazer passos muito bem elaborados enquanto eu deixava a música entrar na minha cabeça, envolvente. Podia sentir cada batida, podia visualizar cada movimento que faria pra detonar o Agreste... Mas cara, ele também dançava muito. Não sei se era apenas impressão minha, mas o ar estava começando a esquentar enquanto o assistia praticamente dançar pra mim e uau, eu estava adorando aquilo e... Meu Deus, o que é que eu estou dizendo?! Ele é o pior de todos os riquinhos que pensam que as mulheres são apenas objetos que giram ao seu redor e que comem em suas mãos, sem questionar e nem pensar. Não podia me deixar levar por todo aquele charme falso e aquela sensação estranha que fazia minhas mãos suarem como nunca.

Ei, eu estava na boa antes de te conhecer

Eu bebo demais, e isso é um problema

Mas eu estou bem

Ei, diga aos seus amigos que foi legal conhecê-los

Mas eu espero nunca vê-los de novo

 

Eu sei que parte seu coração

Se mudou para a cidade grande em um carro aos pedaços

Quatro anos, nenhuma ligação

Agora, você está linda no bar de um hotel

Eu não consigo parar

Não, eu não consigo parar

 

Amor, me puxe para mais perto

No banco de trás do seu Rover

Que eu sei que você não consegue pagar

Mordo a tatuagem no seu ombro

Puxe as cobertas do canto

Do colchão que você roubou

Da sua colega de quarto lá em Boulder

Nós nunca vamos envelhecer

 

Nós nunca vamos envelhecer

Nós nunca vamos envelhecer

Era minha vez. Ele estava tentando me distrair com seus passos, tentando em vão – ou não tanto assim – me seduzir e me fazer cair nos seus braços que nem um pato. Porém, eu iria lhe ensinar uma lição que me minha mãe uma vez me ensinara: “Pra pegar o mel de uma abelha, você não pode simplesmente colocar sua mão dentro da colmeia, sem nenhum tipo de proteção. Você vai ser picada. Agora, se você tiver os equipamentos certos, consegue-se até o mais saboroso dos produtos da abelha-rainha.”. Ele iria ver só.

Você está tão lindo quanto no dia em que nos conhecemos

Eu esqueço o motivo de ter te largado, eu estava louca

Fique aqui, e coloque aquela música do blink-182

Que nós escutávamos no último volume em Tucson

 

Eu sei que parte seu coração

Me mudei para a cidade grande em um carro aos pedaços

 

Quatro anos, nenhuma ligação

Agora, você está lindo no bar de um hotel

Eu não consigo parar

Não, eu não consigo parar

Meu plano parecia ter funcionado: ele estava praticamente babando com os meus passos provocantes e muito bem feitos graças às antigas aulas de dança que eu e minha irmã, Bridgette, havíamos feito quando mais novas. Eu estava fazendo de propósito, é claro. Eu jamais iria me sentir atraída por um cara como o idiota do Agreste. Não era o meu tipo. Porém, eu só estava fazendo aquilo pra provar que eu era sim capaz de vencê-lo num duelo de dança e mais: de mostrar que sou muito melhor que as aproveitadoras-más-influencias que ele andava pra cima e pra baixo na universidade desde que nos vimos pela primeira vez. Eu deixei minha mente vagar por um minuto e quando notei a música já havia me consumido; o Agreste dançava comigo com tanta facilidade que até mesmo parecíamos ter combinado os passos feitos com tamanha habilidade e velocidade. Estávamos, pelo mais improvável que pareça, sincronizados. Por um momento um pensamento passou pela minha cabeça e eu senti um arrepio me atingir.

Será que ele também sente o mesmo pela música do que eu? Será... Será possível?...

Estávamos próximos, próximos até demais. Eu posso estar ficando louca, mas a dança... Aquela dança, ela parecia ter... Sei lá, nos conectado por algum momento? Por um pequeno momento eu já não sentia mais toda aquela raiva que nutria por ele desde o primeiro dia de aula. Ele me parecia mais... Normal. Comum. Mas aqueles olhos... Os olhos verdes mais concentrados que eu já vira em toda a minha vida durante uma dança... Eles pareciam doloridos naquele pequeno instante. Foi como se eu pudesse ler alguma coisa, que eu não fazia a menor ideia do que fosse, que ele temia revelar a alguém, mas que ao mesmo tempo implorava por ajuda. Não sabia se me sentia confusa ou se estava tonta do giro que ele me fizera fazer nos últimos minutos da música.

Mas a tontura se dissipou rápido quando ele tentou me beijar – mais uma vez. E então todo aquele ódio por ele ser um mau caráter voltou pra a minha mente e me trouxe de volta o juízo, enquanto eu simplesmente dava um passo para trás e o observava de olhos fechados e beiço estendido. Revirei os olhos e decidi que era melhor ir embora antes que mais alguma coisa me impedisse de chegar em casa. Peguei meu casaco jogado no liso chão de madeira do auditório e caminhei devagar até as escadinhas que davam para as cadeiras.

— Ei, espera!

Dei um pequeno suspiro e parei onde estava. Não me virei.

— Que tal terminar essa dança com um beijo? – ah Agreste, tava demorando né?

Reprimi um palavrão e preferi apenas virar de volta para aquele playboy de meia-tigela, tentando respirar normalmente depois de tal esforço.

— Não. – disse apenas, séria. Ele pareceu não se contentar e deu alguns passos na minha direção com um sorriso.

— Ah, qual é? É só um beijinho. – ele tentou argumentar, estendendo o indicador pra mim, suplicante. Balancei a cabeça, fingindo considerar seu pedido.

— Não. – repeti, colocando meu casaco ainda sob aquele olhar intenso de esmeralda. Captei uma confusão nele, ou seria apenas uma impressão minha?

— Mas quando eu danço as garotas querem me beijar no final. – Adrien explicou gesticulando com ambas as mãos, o que me fez entender que ele estava tentando me explicar o óbvio. Balancei a cabeça com um mínimo sorriso.

— Desculpa. Não essa garota. – repliquei, virando as costas e indo em direção a minha bolsa no meio do auditório vazio. – Eu nem te conheço direito Agreste. Você acha mesmo que é assim? Acha que dançando desse jeito iria conseguir? – indaguei enquanto colocava a mochila nas costas. Para minha surpresa ele já estava perto de mim quando me virei. Balancei a cabeça, levando em consideração. – Você até que dança bem...

— Ah, eu...

— Mas foi só isso. – acrescentei séria. – Não é pra ter ideias. Eu venci. – lhe encarei bem e resolvi que já passara da minha hora de ir embora. – Cumpra sua condição e eu já lhe agradeço por isso Agreste.

Virei minhas costas e fui embora deixando um garoto que dança pra caramba pra trás, que tinha lhe dado um chute bem nos documentos e possivelmente com um ego ferido. Mas o que fazer?

Eu não tenho limites.


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