Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 30
O Encontro Perfeito? - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Tudo bem com vocês? :)

Então, estamos aqui mais uma vez. Gente, espero que vocês estejam gostando de SYH. Logo mais a história ganhará um novo rumo e cara, vai ficar incrível. Fiquem ligados! ;)

Capítulo postado dia 26/03/2019, ás 18:25.



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Laura

— Uau, parece que alguém acordou animada hoje. – Charlotte comenta dando risada quando passo por ela correndo na direção da cozinha com alguns pratos sujos do café da manhã. Dou um sorriso de canto ao observá-la encostada na beirada da porta. – Sonhou com alguma coisa boa?

— A senhora nem imagina. – respondo, começando a esfregar os pratos para me livrar logo daquela responsabilidade.

— Por favor Laura, você sabe que odeio quando me chamam de senhora. – a escuto reclamar e balanço a cabeça, sorridente. – Estou tão velha assim? Eu pareço ter quantos anos pra você garota?

— A mesma idade e beleza de quando me apaixonei por você querida. – Achille responde, surgindo em suas costas com um abraço repentino e depositando beijinho no seu pescoço. – Vinte e cinco.

Não consigo controlar minhas gargalhadas quando a mulher simplesmente dá um tapa com força em um dos braços do melhor amigo do passado do meu pai. Termino de colocar toda a louça no escorredor e espirro um pouquinho de água em ambos, eterno casal apaixonado.

— Sabe, vocês são muito perfeitos um para o outro. – digo, revirando os olhos com um meio sorriso. – Espero um dia ser feliz como vocês dois.

— Tenho um leve pressentimento que você será muito mais feliz um dia Laurinha. – o pai de Jacques afirma, trocando um olhar com a loira ainda em seus braços. – E acho que esse dia não está lá muito longe.

O encaro um pouco apreensiva. O que é que ele queria dizer com aquilo? Porque ele e tia Charlotte tinham trocado aquele olhar? Tento controlar o rubor que tentava chegar até minhas bochechas e balanço a cabeça, tentando parecer o mais inocente possível. Não queria dar bandeira que estivesse sentindo o que quer que fosse sobre o filho deles. Seria péssimo ter que lidar com a família inteira do Jac me olhando com caras sugestivas e fazendo comentários nada discretos – que, acredite, nem um dos dois pombinhos casados tentaria disfarçar.

— É... – solto, tentando me convencer com que minha voz aguda não era nenhum sinal de inclinação sobre aquele assunto. – Só Deus sabe o dia que esse milagre vai acontecer, mas obrigada tio Achille. – emendo rapidamente saindo da cozinha. – Será que o peso morto do filho de vocês já está acordado? Nós tínhamos combinado de sair daqui a dez minutos. – indago, tentando me desviar o mais rápido possível daquele assunto desconfortável.

— Porque não vai lá conferir? – Charlotte me devolve, entrando novamente na cozinha enquanto eu assinto, pensativa. Ela me dá um copo com dois cubos de gelo com uma piscadela marota.

Vou em direção ao corredor e entro no meu quarto entre risadas. Deixo o copo sobre minha pequena escrivaninha e entro no banheiro para dar uma última checada em meu cabelo. Estava nervosa. Só teria uma chance para fazer com que meu plano desse certo e no final todo mundo saísse ganhando. Eu precisava fazer com que tudo estivesse sobre o meu controle no que eu faria daqui a poucos minutos. Minha mente vagueia até o dia que finalmente consegui trocar mais de duas palavras concretas com a italiana em prol do bem maior do meu shipp.

Naquela mesma semana que eu havia visitado o Françoise Dupont com a dona Charlotte e aquela mulher ruiva tingida eu havia começado a fazer minhas primeiras aulas de dança. Minha turma era composta por várias meninas incríveis que me acolheram tão bem que não pude evitar de me sentir em casa. Entre elas estava Lila que não chegava a se misturar muito com ninguém dali, no meu ver era exatamente o tipo “excluída”. Assim que nosso horário havia batido e as meninas iam embora sozinhas eu tinha recebido uma mensagem da mãe de Jac, avisando que talvez fosse demorar um pouco para chegar. Como que por coincidência do destino Lila também não dava sinais de já ter alguém lá fora lhe esperando para ir embora. Nós continuamos sentadas no chão de madeira clara do auditório encarando as poltronas vazias que se estendiam por metros e metros do nosso campo de visão com um silêncio confortável nos envolvendo. Do lado de fora do prédio da universidade diversos alunos passavam correndo de um lado para o outro para irem embora em meio a véspera do mês de férias de meio do ano.

Peguei meu caderno de criação e de escrita, rabiscando um pequeno modelo frustrado. Mordo minha bochecha por dentro, apagando o mesmo rascunho duas vezes até desistir. Olho para a italiana de relance e de repente vejo uma ideia vindo a minha cabeça. Rapidamente pego meu lápis e dessa vez meu desenho dá certo. Dou um pequeno sorriso enquanto fazia um desenho da garota dos sonhos do Diego em grafite.

— Você desenha muito bem. – alguém murmura e me viro com um sobressalto em sua direção. Lila Rossi estava me encarando com um sorriso e apontando o caderno em minhas mãos com um aceno de cabeça. – Acho que não conseguiria fazer nem a metade.

— Obrigada... – murmuro de volta, um pouco envergonhada. Após alguns minutos acrescento. – Desenhar não é tão difícil quanto parece. É que nem a dança: quando você se envolve com suas ideias e começa a passa-las para o papel não consegue mais parar de criar.

— Você falando assim se torna muito mais fácil. – a morena de olhos verdes intensos comenta, sendo interrompida por uma mensagem apitando em seu celular. A observo dar um longo suspiro.

— Aconteceu alguma coisa? – pergunto, preocupada.

— Eu pensei que meu pai viesse me buscar, mas parece que houve algum imprevisto e ela vai mandar minha tia Francesca vir no seu lugar. – Lila conta, guardando o telefone rapidamente com uma cara desgostosa. – Como sempre ele está ocupado demais com o maldito trabalho dele como assistente técnico de um cineasta “famoso”. – faz aspas com os dedos e eu desvio o olhar para meu caderno novamente. Escuto uma risada amarga vindo da mesma. – Mais um dia normal da minha vida.

— Eu... Sinto muito. – murmuro baixinho, lhe assistindo pelo canto do olho. Coloco o caderno na frente dos meus joelhos dobrados e lhe encaro. – Sei como é se sentir jogada de escanteio pelo seu próprio pai.

— Sabe? – ela questiona com um tom meio debochado. – Você não me parece mesmo alguém que tem problemas com a família. Na certa, seu pai deve no mínimo se importar com você, senão não estaria estudando aqui em Paris.

Dessa vez a risada amarga e dolorida sai de mim. Fecho meus punhos sem desviar o olhar do desenho recém-feito.

— Se ter pegado o próprio pai traindo sua mãe dentro da sua própria casa no flagra, sendo que naquela mesma semana ele tinha dito que estaria se esforçando para te entender e te apoiar naquilo que te fazia se sentir bem, e além disso ter sido arrastada para a casa do seu amigo de infância em um país totalmente diferente do seu país natal por tempo indeterminado é importância comigo então, uau, ele morreria por mim. – disparo, ironicamente. – Tem razão, não tenho problema nenhum com a minha família.

O silêncio novamente nos envolve, mas dessa vez, num tom constrangedor. Eu não conhecia a história da crush do Diego, mas uma coisa era reclamar da vida outra totalmente diferente era dizer que outra pessoa não tinha os próprios problemas para se ocupar. Me levanto, pegando minha garrafa de água e indo na direção do bebedouro na parte de trás do palco.

— Me desculpe. – ouço a mesma dizer baixo, nas minhas costas. Não me viro até minha garrafa estar cheia. – Não queria ser grossa com você, sei que todos temos problemas. Foi indelicadeza da minha parte.

— Não tem problema. – respondo, secamente.

— Tem sim. – a italiana retruca, esfregando o rosto. – Escuta, não estou acostumada com esse tipo de aproximação. Eu não tenho amigos aqui dentro então eu nunca percebo quando estou sendo grosseira com os outros, porque não os quero perto. – a observo se encolher e desviar o olhar para o palco novamente. – Eu... Gostei da sua companhia, na verdade você é a primeira que realmente tentou falar comigo desde...

— Desde quando? – pergunto, estreitando os olhos. Ela dá um sorriso triste.

— Desde muito tempo. – diz, enquanto lhe acompanhava a onde estávamos alguns minutos atrás em silêncio.

— Então, nesse caso, tenho mais que o direito de mudar essa sua triste realidade. – digo, parando na sua frente com a mão estendida. Ela me encara, descrente. – Sou Laura. Laura Novaes.

— Lila. – ela fala, com uma risada fraca e apertando a minha mão. – Você é estrangeira também, não?

— Brasil. – conto, balançando a cabeça. – É tão óbvio assim que eu sou brasileira quanto você é italiana?

Nós duas rimos. Finalmente! Depois de tantas tentativas falidas de me aproximar eu finalmente tinha conseguido conversar de fato com a Rossi, a crush platônica do Dieguito. Ali, parando para pensar, nós até que tínhamos muita coisa em comum. Algo me dizia que além de querer ajudar o meu amigo eu acabaria achando uma ótima companhia também, alguém que me entenderia melhor do que qualquer um.

— Quer dizer então que você irá estudar aqui também? – Lila me pergunta, parecendo interessada. Eu assinto com a cabeça. – Que legal. Vai cursar o que por aqui?

— Direito. – a palavra soa totalmente estranha na minha boca e eu faço uma careta. – Digo, farei isso por que meu pai impôs que eu fizesse. Jamais cursaria isso por vontade própria.

— Eu entendo perfeitamente. – a Rossi diz, cabisbaixa. – Curso Cinema por conta da imposição do meu pai também.  

Faço um passo improvisado e me lembro de uma velha canção conhecida.

 

Eu: Eu cresci ouvindo que, para decidir aquilo que quero ser

A única coisa que realmente importa é o dinheiro que vou ter

Meu pai só sabe dizer que no curso de Direito ele quer me ver

Mas a verdade que não admite é que ser escritora é meu maior prazer

 

— É mesmo? – Lila indaga, achando graça na minha confissão musicalizada.

— É mesmo, mas tudo bem. – garanto, com um sorriso triste. – Já estou acostumada. – cruzo os braços e lhe encaro com uma sobrancelha arqueada. – Mas e você?

— Bom... – a morena murmura.

— Bom? – lhe incentivo a continuar.

 

Lila: O tempo todo nos ensaios eu só espero o intervalo começar

A claquete bate, o cameraman chega para me fotografar

O maquiador pega o pó de arroz e aplica até quase me sufocar

E eu me indago a sós “por que tudo isso tenho de aturar? ”

 

Ela encara o chão, parecendo chateada. Toco seu ombro com um sorriso, agarrando suas mãos e nos agitando em passos desengonçados no meio do auditório vazio. Ela faz uma careta confusa e apenas me segue.

 

Eu: Então você é igual a mim.

Não aguenta mais viver assim.

Formalidade e frieza que parece não ter fim.

Acredite, sei como é viver assim.

Nem acredito que apareceu

Uma garota que pensa como eu.

Como um espelho que mostra o reflexo meu

É fácil ver que você é como eu.

 

— Então você é uma atriz? – lhe indago, me lembrando que seu pai trabalhava em algum estúdio conhecido por ai.

— Não, eu trabalho em alguns filmes que meu pai compra de alguns roteiristas amadores, quer dizer – ela se auto corrige – recém-descobertos de um site da web.

— Ei, eu adoro esse site. – digo, contente. – A maior parte de meus desenhos eu faço de personagens de lá.

— Eu fiz a princesa Rose, de “Dois Lados da Mesma Moeda”. – Lila conta e eu fico boquiaberta.

— Uau, é verdade! – exclamo, me reprovando mentalmente por não ter notado tal fato antes. – Meu caderno tem várias versões dela que eu mesma fiz.

— Parecem ser desenhos bem complicados. – comenta, e eu dou uma risada.

— Ah, mas não é mesmo. – asseguro, balançando a cabeça.

 

Eu: Com a caneta e o papel em mãos se começa a criação

Eu crio um mundo, uma cidade, um império, uma nação

Lila: Uma princesa, um militar e uma terra a desbravar

Nós duas: Com muitas ideias e um pouco de inspiração basta apenas começar

— Mas eu jamais desistiria de atuar. – a morena de olhos verdes conta, com um suspiro. – É a única oportunidade que eu tenho de ficar próxima do meu pai já que meus pais se separaram quando eu era menor.

— Eu entendo perfeitamente. – repito o que a mesma dissera poucos minutos atrás. Ela dá um sorriso fraco. – Jamais gostaria de decepcionar a minha mãe.

Nos separamos e fico quase tão surpresa ao ver que a mesma sabia até mesmo os passos daquela canção quanto descobrir que a desenhava há muito tempo e não sabia.

 

Nós duas: Então você (É isso aí) é igual a mim (Como eu, sim).

Num faz-de-contas que não tem fim

Sem nunca ter (Sem nunca ter) coragem para dizer

O que realmente eu quero ser

 

Então você (então você) é igual a mim (igual a mim).

Que bom é achar alguém assim

Um coração (um coração) cansado de sofrer

 

Então você é igual a mim.

 

Não conseguimos controlar as risadas. Jamais pensei que iria encontrar alguém igual a mim e eu havia prometido para mim mesma enquanto saíamos para nos encontrarmos com nossas caronas para casa uma única coisa: que apesar de só ter me aproximado dela para arranjar um namoro para o nerd do Diego ela agora também se tornaria minha amiga.

E uma promessa minha jamais caia por terra.

Respiro fundo e antes que pudesse pensar em mais alguma coisa meu celular apita. Era uma mensagem da Rossi.

“E então, está tudo certo para depois do almoço?”

“Claro.” digito, mordendo o lábio inferior. “Se importaria se eu levar o Jacques e o melhor amigo dele, o Diego? Sabe como é, o pai de Jacques é meio que meu responsável aqui em Paris e ele cismou de querer que eu saia acompanhada para todo lugar com esses dois.”

Observo a tela tensa, enquanto alguns minutos se passam como se estivessem sendo arrastados. Por fim, ela manda uma resposta.

“Tudo bem.” suspiro, aliviada demais para pensar se ela teria ficado contente ou não de sermos acompanhadas. “Então nos vemos daqui a pouco.”

“Até lá.” mando de volta, com um gritinho de empolgação.

Mal podia acreditar que tudo estava dando certo!

Pego o copo agora com água gelada e corro para o quarto de Jacques, despejando o conteúdo de uma vez em sua cara. Ele dá um grito desesperado e cai no chão com um estrondo e um xingamento. Rindo de tal cena e me repreendendo por não ter gravado aquilo vou na direção das janelas, arrancando ambas as cortinas grossas e escuras que impediam a luz do sol de entrar.

— Bom dia bela adormecida. – falo, me virando para o mesmo com um sorriso sarcástico e colocando as mãos na cintura. – Não se preocupe, você não estava no Titanic, foi só um recadinho da sua mãe.

— Laura, você ficou louca? – o loiro praticamente grita, se levantando do chão apenas o suficiente para se apoiar na beira da cama desarrumada. – Isso é jeito de acordar uma pessoa? – ele esfrega a mão no rosto enquanto eu vou na direção de seu guarda-roupa escolher uma roupa qualquer para adiantar nosso lado. – Justo na melhor parte do meu sonho. – resmunga, se sentando no colchão.

— Estava sonhando com a Gisele Bündchen no Titanic? – brinco, franzindo a testa para uma camisa cor-de-rosa e continuando a procurar alguma coisa bacana ali dentro. – Uau, ainda bem que eu te acordei então. Ela é muita areia pro seu caminhãozinho. – acrescento, esticando uma camisa azul marinho que combinava perfeitamente com a minha camiseta sem alças azul ciano com uma fina blusa branca com brilho.

— Não, estava sonhando com uma modelo ainda mais bonita. – ouço Jacques rebater com um certo ar sonhador. Sinto o coração disparar subitamente. Engulo em seco, revirando uma de suas gavetas em busca de uma calça jeans que combinasse com um look decente.

— Ah é? – murmuro, procurando não deixar transparecer nada além de curiosidade. – E quem seria, posso saber senhor Olivier?

— Você deve conhecer ela. – Jacques responde, e por um momento paro o que estou fazendo. – É uma morena bonita, com cabelos compridos, olhos belíssimos que me deixam hipnotizado quando olho demais e cara, até a voz dela é perfeita. Ela é simplesmente maravilhosa.

Me viro para encarar Jac e ele está encarando o teto, visivelmente longe dali. Sinto uma chama de esperança queimando dentro do meu peito e por um momento meu coração para com a adrenalina. Passo a língua pela minha boca seca e forço a pergunta que martelava dentro da minha cabeça para sair.

— E qual o nome dessa maluca que parece ter roubado o seu coração? – pergunto, curiosa e um pouco desesperada. Ele me fita de volta, com um sorriso largo que poderia ter me matado se tivesse algum problema cardíaco.

— Alya Cesàire, uma das melhores amigas da Marinette. – revela, se jogando de costas em sua cama novamente. – Vocês se conheceram no aniversário da Tuggi, não se conheceram?

Toda a esperança e alegria que até agora pouco estavam me dominando simplesmente havia evaporado. Sentia como se meu coração tivesse sido quebrado em milhares de pedaços dentro de mim e não pude evitar o silêncio. Não podia acreditar que realmente esperava que ele fosse dizer outro nome. Na verdade, eu já deveria ter aceitado: Jacques era um cara bonito, atlético, popular nos campos da universidade e por mais que fosse gentil, amigo e compreensivo comigo eu sabia que longe de mim ele deveria ser diferente. Diferente com outras meninas bonitas e populares como Alya. Não me levem a mal, Alya era uma garota muito bacana, não tinha nada contra ela e, por mais que Jac lhe visse como uma verdadeira deusa grega, não deveria ter motivos para não gostar dela. Bem... Não deveria, mas a partir de agora provavelmente acharia algo para não ser muito fã de sua companhia.

Pego a primeira calça que vejo e fecho seu guarda-roupa com força, jogando a muda de roupa que havia escolhido com uma jogada nem um pouco agradável em cima de seu abdômen.

— Conheci. – digo, cruzando os braços. – Também conheci o Nino, o cara que ela estava babando loucamente por ele bem na sua fuça quando me largou falando sozinha com o Diego na festa. – disparo, desviando o olhar para a porta. – E sinceramente? Ela é muita areia pro seu caminhão, de qualquer forma.

— Eu hein, que bicho te mordeu? – o loiro me questiona, confuso. Reviro os olhos e vou na direção da porta.

— O bicho do tempo. – rebato, abrindo a porta com uma careta. – Estamos atrasados. Ainda temos que nos encontrar com o nosso querido Dieguito para que o meu plano funcione, então se você quiser colaborar tampando essa visão ridícula do seu tanquinho de meia-tigela e vestir essa roupa antes do começo do apocalipse eu agradeceria muito. – esbravejo, irritada e bato a porta atrás de mim.

***

Diego

Eu estava de boa na minha casa, dentro do meu quarto jogando videogame mais uma vez, quando do nada Laura e Jacques entraram no meu quarto escancarando a porta exatamente como a brasileira havia feito no dia anterior. Reviro os olhos e ajeito meus óculos no meu rosto que quase haviam caído no chão com tamanho susto que ambos haviam me dado. Jogo o controle na minha cama e pauso o jogo, me voltando novamente para minhas visitas surpresas com os braços cruzados.

— Posso saber que raios vocês dois vieram fazer aqui na minha casa agora? – questiono, irritado. – Será que vou precisar mesmo esconder a chave reserva da minha porta senhorita Novaes?

— Ah, cala a boca seu reclamão. – a mesma rebate revirando os olhos e fechando a porta. – Escuta, o negócio é o seguinte: nós vamos sair com a Lila e você vai junto.

— Como é que é? – solto, arregalando os olhos. – Que papo é esse agora, perderam o juízo? Eu já mandei você parar de andar com a maluca da minha prima Laura, a Tuggi vai ouvir umas poucas e boas depois e...

— Diego – Jacques me interrompe e eu lhe encaro exigindo respostas – você vai e acabou.

— Vocês ficaram loucos, só pode. – grito, descrente. Me levanto da minha cama e balanço os braços. – Gente, qual é, se isso é alguma pegadinha de vocês, não tem graça nenhuma.

A brasileira revira os olhos e respira fundo. – Escuta a gente, por favor? Até agora você só reclamou, então eu ficaria muito grata se parasse de me interromper e me ouvisse. – coloco as mãos no rosto e respiro fundo. Ela se joga na minha cama do mesmo jeito que fizera ontem quando conversamos sobre o meu passado. Estava começando a pensar que não tinha sido uma boa ideia fazer nada daquilo.  – Olha Diego, eu deveria ter te contado há um tempo atrás, mas preferi continuar quieta até esse momento. Faz algumas semanas que eu me inscrevi nas aulas extracurriculares da universidade, e... Eu meio que cai na mesma sala que a Lila estava. Eu não sabia de nada, não sabia que ela estava fazendo justamente aulas de dança nesse meio tempo. – lhe encaro querendo que vá direto ao ponto. Ela morde o lábio e desvia o olhar para a janela. – Resumindo, nós meio que nos tornamos amigas, temos muita coisa em comum, eu convidei ela pra sair e agora ela vai nos encontrar daqui a pouco do outro lado do centro de Paris pra gente sair e conversarmos, sendo que já confirmei a sua presença. – ela dispara tão rápido que eu quase não entendo nada.

— Porque raios você fez isso garota? – questiono, tentando entender no que aquela maluca tinha me metido. Olho na direção de Jacques que até agora estava calado e balanço as mãos. – Cara, como é que você deixou tudo isso acontecer? Pensei que você fosse meu amigo!

— Diego, a Lau só queria ajudar. – o loiro responde e eu bufo com raiva, me jogando na minha cadeira de rodinhas. – Pensa bem, essa é a sua grande chance de conquistar a Lila, a garota dos seus sonhos mais bizarros.

— Eu não tenho sonhos bizarros. – devolvo, na defensiva.

— Deve ter sim, porque você é bizarro. – o Olivier retruca, cruzando os braços. – Diego, me escuta pelo menos uma vez na sua vida e faça a coisa certa sem temer as consequências. Sério, tente levar ao menos essa situação sem pensar mil vezes no que pode ou não dar errado.

— Nem tudo na vida nós precisamos sentir aqui. – Laura diz, tocando na minha testa com o dedo indicador. Lhe encaro confuso. Ela sorri. – Algumas coisas só isso aqui pode resolver pequeno gafanhoto vermelho. – acrescenta, cutucando meu peito com um tapinha.

Franzo a testa, pensando no que a mesma quer dizer. Eu sempre resolvia as coisas após pensar muito nas possibilidades, só depois de fazer isso, nunca por impulso ou de qualquer jeito. Imagina só! Só de pensar na Lila já podia ver o desastre que seria somente respirar o mesmo ar que ela estaria respirando também, imagina qualquer outra coisa? Seria uma completa pagação de mico na frente de um monte de desconhecidos e dos meus melhores amigos, não... Não. Definitivamente eu não iria topar aquela loucura.

Se você não se mexer ou tomar alguma atitude em relação a Lila você nunca irá ser nada dela Diego.

Mas eu já não sou nada dela!

Você se entendeu seu idiota! Quer passar os cinco anos de medicina olhando de longe somente para ela sabendo que poderia ser o namorado dela? Fala sério, seus amigos estão certos, você nunca se arrisca, vai que dessa vez você consegue alguma coisa?

Não acredito que você está dando ouvidos a doida da Laura, onde já se viu? Desista, vai dar tudo errado. Se for possível até o planeta para de girar quando você trocar mais de duas letras com ela, e olha que isso é impossível!

Mais impossível que ele se tornar o namorado tão esperado que quer ter a Lila ao lado dele? Por favor, cala a sua boca que você não sabe de nada.

Cala boca você, seu arrombado! Você tá querendo estragar a vida do nosso Diego, enquanto eu tô tentando salvar todo um futuro brilhante! Já se esqueceu do que seus pais vivem dizendo Diego? “Primeiro os estudos, depois as paixonites que nunca vão te levar a lugar nenhum”, ou “Você não deve namorar alguém só para se achar o tal, não importa onde você esteja” ou ainda...

Porque não deixamos o nosso Dieguito resolver o que fazer?

É, é a melhor ideia que você teve até agora.

— Diego? – Jacques me chama e eu lhe encaro, um pouco zonzo. Odiava quando minha consciência tentava dar uma dessas no meio de uma discussão. – Você tá legal cara?

— Estou. – minto, balançando a cabeça e tirando os óculos. Lhes encaro por longos minutos em silêncio me reprovando mentalmente pelo que estou prestes a fazer. Por fim, suspiro profundamente, me rendendo. – Está certo. O que é que vocês sugerem?

Em meio a um gritinho de empolgação de Laura e uma sacudida encorajadora do meu melhor amigo eu só podia me perguntar como eu havia me metido naquela encrencada.

Eu realmente deveria estar muito desesperado.


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Notas finais do capítulo

Música usada no capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=HKa6G6-eVEg



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