Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 24
A Viagem


Notas iniciais do capítulo

Olá meu xuxuzinhos! Tudo bom com vocês? Gente... Estamos em mais um fim de ano. Acho que quem me acompanha há um tempo já pode dizer que já é o quinto ou quarto final de ano que eu passo por aqui no Nyah!, não? Hueheuehue :v Bem, enfim, quero desde já desejar boas festas de final de ano para todos vocês e dizer que só nos veremos no ano que vem agora. Que em 2019 vocês possam comentar, recomendar e acompanhar ainda mais SYH, sendo essa uma entre outras que se Deus quiser ano que vem serão postadas aqui também. Saibam que eu amo todos vocês e desejo o melhor para esse novo ano que virá (mesmo vocês, leitores fantasmas que me leem e não deixam nenhum rastro de atividade paranormal aqui huheue, ♥ pra vocês também) e que ele venha pra gente com muita paz, muita alegria e muita saúde porque dinheiro eu sei que nem vem kkkkk

Ok, sem mais delongas, aqui está o último capítulo de 2018 gente... Dá até uma dorzinha no coração ;-; Aproveitem.

Capítulo postado dia 29/12/2018, às 00: 26.



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Marinette

Dois dias já haviam se passado desde o convite de Adrien, o nosso primeiro beijo e a briga feia que eu tive com o Diego, sendo que nenhum dos dois me disseram mais nada depois disso. Suspiro agarrada ao meu travesseiro e encaro minha porta. Estou chateada. Posso não saber o que aconteceu entre o Agreste e ele no passado, mas não precisava dizer tudo aquilo pra mim. Beleza, talvez ele até estivesse certo em algum ponto: eu realmente fui fraca quando deixei ele me beijar. E cara, como eu queria fingir que tinha sido apenas mais um beijo qualquer. Queria apenas dizer pra quem quer que me perguntasse que não me importo nem um pouco com o modelo. Queria ser apenas mais uma garota qualquer que o Agreste usou e jogou fora, como o Diego mesmo disse. Mas não. Não, eu precisava ser hipócrita e idiota o suficiente pra não afastar aquela súbita emoção que tomava conta de mim sempre que me aproximava dele. Não. Eu precisava me intoxicar com a ilusão de realmente sentir alguma coisa. Respiro fundo, fechando os olhos pra me concentrar no momento péssimo que resolvi ir para aquela praia cheia de ricos e me arrependo amargamente agora. Ouço um leve som de passos no corredor enquanto ainda estou com a cabeça pesada de sono. É cedo, mas provavelmente as meninas já estavam de pé a aquela altura. De pé e cheias de mochilas entupidas de roupas jogadas em toda parte.

Impressionante. Se as duas tivessem essa disposição toda para estudarem talvez fossem mais produtivas na faculdade.

— Marinette, eles chegaram! - ouço Ay gritar do outro lado da porta e resmungo, jogando o travesseiro sobre minha cabeça. - Levanta logo essa bunda gorda da cama e vamos! Não vou perder essa praia maravilhosa que nós vamos por sua causa!

— Estou pensando seriamente o que eu deveria ganhar como recompensa por ter que aturar vocês debaixo do meu teto. - grito de volta, mas minha voz é abafada e provavelmente elas não escutam. Engano meu.

— Para de reclamar ou eu vou entrar ai dentro e te jogar um balde de água fria Dupain-Cheng! - Kattie berra, esmurrando minha porta com força até eu ter coragem o suficiente para me levantar do meu confortável colchão e abrir a porta. - Até que enfim! A Alya já ia buscar o balde.

Kattie estava linda. Quer dizer, ela ficava linda até de pano de saco, né, vamos ser sinceros. Estava com o cabelo preso num rabo de cavalo bem preso com a franja solta com um conjunto estampado de flores e o biquíni amarrado no pescoço aparecendo.

Dei um sorriso amarelo, tentando não demonstrar tanto a falta de ânimo somado a minha falta de dormir na noite passada. Tudo culpa da Bridgette. Cara, quem em sã consciência quer maratonar C.S.I: Miami e Las Vegas das dez e pouco da noite até as dez da manhã do outro dia sem parar? Eu estou dois dias sem dormir direito. Dois dias. Como alguém consegue ser tão linda e radiante como a ruiva em tais condições? Dou um sorriso amarelo e me viro para pegar minhas coisas: uma mochila rosa com bolinhas brancas.

— Eu só queria ter esse seu bom humor depois de ficar praticamente 48 horas sem dormir direito Kat. - comento, dando uma última olhada no meu quarto e esticando uma última vez os lençóis da minha cama. - Sabe, nem todo mundo consegue dormir em tão pouco tempo que nós tivemos sem ganhar algumas olheiras de brinde.

— Eu sou agraciada pelos deuses da beleza. - a mesma rebate com uma gargalhada enquanto fecho a porta do meu quarto e seguimos para a sala para nos juntarmos as outras. Ela também está carregando uma mochila que de longe podia se ver que estava bem cheia. - A propósito, curti o look zumbi apaixonada.

Olho pra mim mesma já descendo os degraus da escada. Eu sabia que não estava nos meus melhores dias e provavelmente minha aparência estava horrível, mas dou ombros. Minha aparência naquele momento refletia meu espírito, depois de tanta confusão que eu havia metido nos últimos dias.

— Obrigada. - respondo com um pequeno sorriso. - É a última tendência no momento.

— Prontas suas vacas? Ou eu vou precisar arrastar o pasto até a porta também? - minha irmã me pergunta de braços cruzados e eu franzo a testa. Ela arregala os olhos numa careta. - Nossa mana, foi atropelada por um caminhão?

— Ha-ha, muito engraçadas. - rebato com um sorrisinho sarcástico. - Tiraram o dia para me aloprarem e esfregarem na minha cara que todas vocês estão descansadas e belas como princesas?

— Ih, parece que alguém acordou com o pé esquerdo hoje. - Alya zomba inclinando a cabeça para o lado enquanto eu pego minhas chaves e abro a porta.

Lhes mostro a língua, indicando a saída com uma das mãos dramaticamente. As observo darem uma gargalhada, passando por mim ainda zoando com a minha cara. É, queria mesmo saber onde eu estava com a cabeça quando concordei em passar três dias num lugar isolado da minha vida normal com esses seres humanos.

Antes de fechar a porta olho na direção da pequena estante onde nossa televisão fica e sem perceber engulo em seco, mordendo o lábio.

Estamos de olho em você.

Com o coração acelerado pela adrenalina fecho a porta o mais rápido que consigo, acelerando o passo para me juntar a minha irmã e minhas melhores amigas. Elas continuam conversando com animação e eu torço para que nenhuma delas tenha visto meu nervosismo súbito. Tento manter minha calma enquanto saíamos do prédio e ao longe avistávamos pessoas familiares. Kattie foi a primeira a enxergar Louis e acenar para o mesmo com um sorriso - nem preciso dizer que ele retribuiu todo alegrinho, preciso? -, sendo logo seguida por um aceno mais discreto de todas nós. Acho que preciso parar com todas essas paranóias. Tenho a impressão que isso vai acabar comigo ainda. Balanço a cabeça, pra afastar o cansaço e quando olho na direção de Louis novamente é que enxergo o mini-ônibus chique que estava atrás dele com o pisca alerta ligado provavelmente a nossa espera. Assim como eu nenhuma das meninas consegue conter a surpresa.

— E aí meninas, preparadas para nossa viagem? - o primo de Adrien nos indaga sorridente. Ele está com um óculos escuros que reflete nossos rostos e não consigo evitar uma careta quando me vejo. Realmente estou parecendo um zumbi, não era brincadeira da Ferrugem.

— Claro que estamos, por qual outro motivo iríamos acordar cedo em plena sexta-feira de férias? - Alya retruca arqueando as sobrancelhas, com um sorriso de canto.

— Essa é uma ótima pergunta morena. - um moreno de cabelos negros bagunçados e olhos verdes cintilantes responde antes de Louis, descendo da nossa carona e parando ao lado do moreno com um pulo ágil. Ele me parece alguém que já tinha visto em algum lugar, mas não sabia exatamente onde. - Bem, vamos embarcar nessa lata velha e pegar logo a estrada, sim? Não aguento mais a Tikki e a Trixx perguntando se já chegamos se nem saímos da capital ainda. - ele resmunga, indicando a entrada do mini-ônibus com um aceno. De repente parece ter visto um fantasma quando olha na direção onde eu estava. - E aí Bridgette.

— Plagg. - minha irmã responde com um sorriso e balança a cabeça.

— Então quer dizer que a Tikki também vai pra essa loucura toda?

— Você quer dizer ir pra essa loucura toda de novo. - Plagg corrige sem deixar seu sorriso vacilar. Sinto como se estivesse perdendo alguma coisa. - É bom te ver. Você sabe, já faz um tempinho.

— É, faz mesmo. - Bridg rebate, apertando meu ombro com força. - Mas saiba que dessa vez só vou mesmo por conta da minha irmã. Ela insistiu bastante. Por mim iria trabalhar nessas férias. Sabe como é, economias nunca são demais.

— Não sabia que vocês se conheciam. - solto, encarando minha irmã mais velha com uma cara que dizia "dá pra me explicar alguma coisa?", porém ela ainda está encarando o moreno de olhos verdes cintilantes. Olhando melhor agora me lembro de onde o conhecia: o aniversário da prima do Diego. Meu estômago se revira ao pensar na briga com o mexicano, exatamente quando o olhar do conhecido de minha irmã desvia seu olhar dela para mim.

— É uma longa história Marinette. - Plagg responde, com um certo ar distante na voz e de repente seu sorriso caloroso desaparece. Estreito os olhos. - Ah, por favor, é claro que eu sei o seu nome. Eu também tenho minhas fontes sabia?

— Certo, sem querer estragar o climão e nem nada do tipo, mas será que vocês não podem deixar esse papo todo pra depois que a gente voltar da praia não? - a voz de Kattie ecoa, parecendo notar meu desconforto naquela situação toda.

Por mais que esteja brava com suas brincadeirinhas sem graça logo pela manhã lhe lanço um olhar agradecido. Ela retribuiu desviando o olhar de mim para Ay e Louis, que até agora não sabia o que se passava atrás daqueles óculos escuros espelhados. Ele esfrega as mãos e juntos todos nós entramos dentro do mini-ônibus. Fico surpresa quando vejo que não só Tikki e Trixx estavam nos esperando, mas toda a galera - bem, a maioria - Dussu, Wayzz e Lily, aquela garota do grupinho que de alguma forma era melhor amiga de Chloé Bourgeios. Todos nos cumprimentam e assim que Plagg explica alguma coisa sobre "ir no banheiro enquanto podíamos pois ele não pararia até chegar no destino" eu me jogo numa cadeira da direita, na janela enquanto minha irmã senta silenciosamente ao meu lado. Me questiono se deveria perguntar a ela o que significava aquela "troca de farpas" que de alguma maneira eu também estava envolvida, mas assim que percebo que rapidamente ela começa a conversar com Tikki como se eu não estivesse ali decido deixar aquela conversa para mais tarde. Coloco meus fones de ouvido, encostando minha testa no vidro gelado e fechando os olhos, para tentar relaxar um pouco durante aquela viagem.

Com a maciez da poltrona em que estava, o balançar do veículo e do meu cansaço deixo o sono me carregar para longe.

***

Chloé

— Você tem certeza que essa garota vale tanta implicância assim pra você Bourgeios? - Alex me questiona, sentado na minha cama e me olhando preguiçosamente, como um verdadeiro gato.

Lhe lanço um olhar torto enquanto jogo uma pilha de roupas numa pequena bagagem que levaria para a cabana de praia da família Agreste. Adrien havia me convidado e ao Zuberg também, o que não era novidade porque eu também tinha uma casa naquela mesma praia, então até ali eu não tinha nenhum interesse em ir para a praia junto com ele e aquele bando de "amigos" que ele dividia o apartamento que Gabriel Agreste havia lhe dado. Porém, assim que ele mencionou que aquela vadiazinha da Dupain-Cheng também iria para lá com as amigas cafonas dela é claro que eu deveria ir para lá também! Ora essa, quem elas pensam que são para sequer pisar naquela praia? Se juntasse as três para serem vendidas no mercado negro não chegariam a valer nem uma letra do nome Bourgeios. Agora era uma questão de honra aparecer naquele lugar, e se tem algo que eu tenho é honra ao nome da minha família.

— Você não entende garoto? - retruco com outra pergunta, fazendo o mesmo revirar os olhos. - Essa é a minha oportunidade de ouro de me vingar daquela Dupain-Cheng. O leque de ideias é muito grande, não posso perder essa chance Alex.

— A ideia do fresco do Adrien de levar a gente pra lá era de nos divertirmos um pouco, não tentar desaparecer com as roupas de banho de uma rival qualquer que não chega aos seus pés meu amor. - ele retruca com um sorriso sarcástico, me fazendo tacar a parte de cima de um biquíni preto em sua direção com força. Ele dá uma gargalhada irritante. - Se bem que você ficaria uma gracinha sem esse biquíni aqui... Já imaginou se fosse você no lugar da Marinette? - sua voz ecoa no quarto enquanto termino de fechar minhas malas. Sinto um sorriso em sua pergunta ambígua.

Me viro novamente para o loiro de olhos castanhos chocolate e confirmo meus instintos. Ele estava sorrindo quando com um pulo simplesmente brotou do meu lado, me agarrando pela cintura e com um puxão me beijou. Sob a pressão de seus lábios, não consegui conter uma risada.

— Se minha mãe soubesse que é assim que você está me protegendo nunca mais iria saber de você, meu amado Alex Zuberg. - brinco, arqueando uma sobrancelha enquanto lhe encaro no fundo de seus olhos castanhos escuros. Ele ainda dá um esboço de sorriso, mas sua expressão rapidamente se fecha.

— Ela não precisa saber de nada Chloé. - responde e estranho ter me chamado pelo primeiro nome, era meio raro isso acontecer entre nós dois. - Além disso, sou um ótimo guarda-costas. Caso não perceba, onde você vai eu estou com você e por isso até hoje nenhum sequestro relâmpago milionário aconteceu com você.

— É claro que não. - concordo, passando meus braços em seu pescoço e bagunçando seus fios loiros escuros da parte de trás da sua nuca. Ele não desvia o olhar de mim, mas seus músculos relaxam quando lhe abraço com força. - Eu não sei o que seria de mim sem você Alex. - solto, involuntariamente. Fecho os olhos com força. É sua vez de enfiar seus dedos em meu cabelo e não consigo impedi-lo de tal.

Seu toque é reconfortante, um abrigo para mim do resto do mundo. Por mais que odiasse não saber tudo por trás da máscara que Alex usava na maior parte do tempo e ter certeza que ele escondia alguma coisa grande do meu conhecimento, eu não posso deixar de amar aquele garoto estúpido que conquistou o lado mais sombrio do meu coração ferido e o fez bater mais forte. Me lembro perfeitamente como foi o dia em que nós dois havíamos finalmente percebido que o que sentíamos um pelo outro realmente era verdade.

Como se eu pudesse me esquecer.

Era metade do mês de janeiro. Naquele dia estava tão frio que quando estava voltando para casa estava começando a nevar. Ele estava lindo, sempre sério enquanto dirigia a limousine do meu pai e eu lhe encarava pelo retrovisor. Me recordo que naquela mesma semana havia conversado com Lily sobre o Zuberg. Ela havia me dito que eu precisava tirar a prova que aquilo que eu sentia era recíproco antes de me amarrar de vez com "aquele pegador de quinta categoria", pois talvez toda aquela coisa que eu estava sentindo fosse somente uma atração de adolescentes da minha idade. Bem, foi exatamente isso que eu fiz quando cheguei no hotel e ele me ajudou a subir com as mais variadas caixas de sapatos que eu tinha comprado no shopping. Enquanto ele arrumava as caixas do lado do meu armário de sapatos eu não pude deixar de encará-lo com um misto de curiosidade e paixão que eu achava ser momentânea.

Use as mangas do meu suéter,

Vamos ter uma aventura.

Cabeça nas nuvens, mas minha gravidade é centrada.

— Sei que sou um loiro natural digno de capa da Playboy senhorita Bourgeios, mas me olhando dessa maneira estou começando a ficar preocupado se tem algo no meu rosto. - ele solta, me encarando por baixo dos seus longos cílios e dando um largo sorriso sarcástico. Paraliso na mesma hora. Ele nunca havia feito tal coisa até ali e aquela não era a primeira vez que estávamos sozinhos.

— Bem, uma beleza digna de um deus grego deve ser admirada não? - rebato, erguendo a cabeça e inclinando a mesma levemente para o lado. Nossos olhares se fixam quando ele se levanta e percebo a pequena diferença de altura entre nós dois.

— Não posso contrariar esse argumento. - ele retruca com um sorriso de lado um tanto malicioso. Arqueio uma sobrancelha e me viro de costas para tirar o grosso casaco roxo escuro que estava vestindo. - A senhorita não acha melhor fechar as janelas antes de tirar suas roupas de frio?
Um amor, duas bocas.

Um amor, uma casa.

Sem camisa, sem blusa.

Apenas nós, você vai descobrir

Nada que eu realmente queira te contar, não.

Era uma atitude arriscada, eu sei, mas Lily havia me dito para ser ousada de verdade pelo menos uma vez na vida se quisesse de verdade saber o que precisava. Assim que jogo meu casaco na cama o frio me atinge com força. Estremeço com a queda brusca de temperatura e quase desisto da ideia que estava na minha cabeça pra pegar aquele calor de volta pra mim.

— Não pode estar tão frio assim, pode? - indago, sentindo o vento se chocar contra mim com força e congelando meus braços.
Nunca fiquei tão arrependida em tão pouco tempo. Abraço meus braços, fechando meus olhos com força enquanto me sinto tremer dos pés a cabeça. Ouço Alex fechando todas as janelas do quarto e junto com elas as cortinas ficando entreabertas para a luz de fora entrar. Ele é rápido, parando a corrente de ar que quebrava contra mim como um raio. Com os olhos abertos, o sigo com o olhar enquanto ele acende as luzes, fecha a porta e liga o aquecedor perto de uma das janelas. O frio que me cerca ainda não se dissipa e mordo o lábio, me aproximando de onde o mesmo está com as mãos trêmulas.

Porque está muito frio

Para você aqui

E agora

— Sim sua idiota, sempre está mais frio do que parece estar. - ele me responde, parecendo irritado e tira sua jaqueta, colocando em volta dos meus ombros e agarrando minhas mãos com uma delicadeza que não achava possível vir de alguém naquele estado. - Parece que estava segurando blocos de gelo há horas. - ele suspira, analisando ambas e as enfia dentro dos bolsos do suéter preto que estava usando por baixo. Sinto meu rosto esquentar quando olho para cima e encontro seu olhar.

E se eu pudesse somente tirar o seu fôlego...

Eu não ligo se não tem muito o que dizer

Às vezes o silêncio guia sua mente

E te move para um lugar tão distante

— Não sabia que guarda-costas mandavam seus protegidos enfiarem as mãos nos bolsos de suas blusas para a mão deles não cair. - comento, tentando não parecer tão insegura quanto achava que estava.

Ele morde o lábio, com os olhos distantes ainda vidrados em mim.

— Eles não mandam. - retruca por fim, me trazendo pra mais perto e passando os braços na minha cintura com cuidado. Meus olhos investigam seu rosto em busca de uma resposta. - Mas não será sua mão congelada que irá cair se a sua temperatura corporal não subir de novo, será eu. - ele continua, e no meio de seus fios loiros eu posso enxergar finíssimos flocos de neve derretendo com o calor que começava a ser criado pelo aquecedor. - Eu sei que não deveria me envolver com você. Sei que sua mãe me contratou para ficar de olho em você e avisá-la de qualquer coisa que vá contra o acordo que ela fez com o seu pai, para que você fosse embora para os Estados Unidos com ela. E nós dois sabemos que você mesmo assim não para de ultrapassar essas regras ridículas de Stella Bourgeois, mas...

— "Mas..."? - lhe questiono, com a voz baixa.

Esses corações adoráveis

Todas as outras batidas

Aqui dentro é quente

Lá fora começa a chover

Ele dá um passo a frente, nos aproximando ainda mais. Posso ouvir seu coração bater no mesmo ritmo que o meu e meus sentimentos escorrendo para fora da minha boca enquanto seus lábios tocam na minha bochecha, traçando uma linha até minha orelha direita. Prendo a respiração para controlar meus impulsos nervosos - algo que mesmo assim, não dá nada certo.

— "Mas" eu não posso deixar de sentir uma vontade louca de te beijar loira.

Ele se afasta de mim e me dá um beijo na testa. Ele parece hesitar por um breve momento, como se quisesse dizer alguma coisa e discutisse consigo mesmo se era uma boa dizer ou não. Lhe encaro, balançando a cabeça para incentivá-lo a continuar e ele respira fundo. Seu cabelo está enorme e um pouco mais escuro desde a primeira vez que nos vimos, tão grande que o mesmo o prendera com um elástico para trás. A maior parte na verdade, já que várias mechas ainda bagunçadas cobriam seu rosto perfeitamente. Nada me tirava da cabeça que ele se parecia com um verdadeiro anjo caído.

— Chloé, eu acho que você não deveria... - ele começa, parecendo escolher bem as palavras. Estreito os olhos.

Escuto meu celular tocar ao meu lado, mas o ignoro e continuo prestando atenção no Zuberg. Ele desvia o olhar para o chão, distante. Antes que conseguisse começar de novo e dizer o que estava lhe engasgando meu celular toca mais uma vez. O seguro para ignorar a chamada, mas o loiro me impede.

— Atenda. - Alex manda, concentrado no meu rosto. Meu toque preenche o clima entre nós. - Pode ser importante.

Olho para o visor. É minha mãe. Suspirando, balanço a cabeça relutante e atendo o telefone.

— Oi mãe. - digo, meio sem jeito, indo até a ampla varanda da cobertura.

"Porque não me atendeu na primeira ligação Chloé?"

— Eu estava no banheiro. - minto, olhando para o céu azul cheio de nuvens brancas. - Me desculpe.

"Espero que você esteja cuidando mais desse seu péssimo cabelo cheio de pontas duplas e do seu rosto nada magnífico para não ter atendido uma ligação minha."

— Claro, eu estou trabalhando nisso. - respondo, tentando sorrir ou parecer que estou sorrindo desse lado da linha. A escuto arquejar, como se aquilo não fosse a resposta que quisesse ouvir.

"Você deveria ser mais perfeita como sua amiga, Jacqueline Gagnon. Sabe, ela sim é um bom exemplo a ser seguido. Cabelos formidáveis, olhos elegantíssimos, uma pele maravilhosa..."

— Acho que a senhora não ligou para me criticar mais uma vez, ou ligou? - retruco, apertando minhas unhas na palma da mão livre com força. Sua dor é o que me faz manter a calma.

"Isso é ridículo! Por favor Chloé, quando foi a vez que liguei para a minha única filha para criticá-la sobre suas imperfeições?"

— Eu não vou responder essa pergunta. - afirmo, convicta e a linha se silencia talvez pela minha audácia. Ergo a cabeça e olho para o céu novamente. - Escuta mãe, não posso falar agora. Estou de saída. O Adrien me convidou para passar uns dias numa das cabanas de praia dele, em Calanque D'En-Vau e no momento o motorista do papai já está me esperando, então tchau.

"Quem você pensa que é para falar comigo nesse tom mocinha? Saiba que eu..."

Desligo o celular. Respirando fundo, agarro o único presente que ganhei da minha mãe em toda a minha vida: um colar de ouro com um pingente de cristal dourado. Virara um pequeno hábito e agora já não adiantava mais freá-lo.

Um pigarreio de Alex me traz de volta ao meu quarto. Ele estava na porta, rígido como um verdadeiro guarda-costas enquanto alguns empregados terminavam de carregar minhas coisas e o meu loiro me esperava, vestindo sua farsa de "apenas segurança". Trocamos um olhar cúmplice enquanto guardo meu celular na minha pequena bolsa de documentos.

Se prepare Dupain-Cheng. Aqui vou eu.

***

Kattie

Nós estávamos visivelmente dentro das longas e intermináveis estradas do litoral parisiense, algo que em pouquíssimas horas foi algo incrível. O tempo dentro do ônibus estava até que agradável depois do climão entre o Plagg - possível e muito provável amigo de muita afinidade do Adrien e do irmão mais velho dele, Félix, acho - e a Bridgette. Louis tinha me apresentado as amigas do Dussu, nosso futuro guia de como chegar no estágio da sua profissão sonhada, que agora cantavam na minha língua natal comigo The Greatest, da Sia. Para os confusos e os que não prestam atenção na minha vida eu esclareço: sou canadense. Meu inglês com toda a certeza é muito melhor do que qualquer outra língua que eu tente dizer: nunca consegui falar tão bem algo quanto meu idioma nativo.

Estava cantando no fundão com Lily - uma garota bronzeada de cabelos loiros que, na minha opinião, eram muito bem tingidos, porque se fossem de verdade não teriam a raiz mais escura que o resto dos fios; o seu jeito de falar me lembrava muito a "Rainha da Escola" que tentou humilhar a Mari na frente da universidade toda, então não fiquei muito perto não. -, Trixx - aquela morena maravilhosa de olhos azuis escuros com um corte channel invertido degradê é simplesmente a melhor companhia se você quiser zoar alguém tipo o irmão mais velho do Plagg, o Wayzz. Se bem que eu acho que talvez, só talvez, ela tenha implicado até demais com ele em relação a todo o resto que estava lá dentro do ônibus... -, Dussu - um amor de pessoa, nem tenho comentários, tirando o fato que a pronúncia dele também era muito boa. - e claro, o Louis.

Ah, o Louis.

Gente, que demais, até nossas vozes combinam.

— Cara, a gente canta muito hein? - Trixx solta me lançando um sorriso largo e cutuca o moreno de olhos verdes e cabelos arrumados sentado ao seu lado na poltrona. - Não acha Wayzz?

— Acho. - escuto sua resposta e dou uma risada baixa. - Agora que disse isso vocês podem parar de cantar? Meus ouvidos estão doendo desde que entramos na rodovia, há uma hora atrás. - ele reclama, lançando um sorriso torto para a mesma.

— Você só está reclamando porque não sabe fazer melhor. - Lily, ou "Bee" como Louis sussurrara mais cedo no meu ouvido, alfinetou analizando suas unhas perfeitas.

— Hã, isso não é verdade. - Dussu protestou se intrometendo na conversa. - Você sabe tão bem quanto eu que ele tem uma voz melódica de se ouvir que só gente chata da administração suporta ouvir.

— Falou o Eddie Murphy de humanas. - Wayzz retruca, se apoiando na poltrona que estava e olhando para trás.

De repente uma discussão entre aquele povo doido havia começado e deixei Louis me levar pela mão para sentar mais pra frente, deixando o fundão discutir entre eles a vontade. Com uma gargalhada eu me sento à janela e assisto a paisagem lá fora mudar entre árvores mais altas e mais baixas, com flores em diversas cores diferentes. Desde de pequena se tinha uma coisa que eu adorava é admirar o caminho rumo ao meu destino. É divertido, não sei explicar direito. Me volto para o moreno ao meu lado e o observo me encarar com aqueles óculos escuros que consigo enxergar o meu reflexo. Balanço a cabeça e dou um pequeno sorriso.

— Afinal, onde foi que você arranjou isso? - lhe pergunto, encostando minha cabeça na poltrona confortável e me virando para o mesmo. Ele dá ombros.

— Roubei do Adrien na última vez que fui pra cabana. - responde imitando meu gesto e ficando de frente pra mim também. - Digamos que eu era uma criança muito esperta e bagunceira. Sabe como é, né?

— Aham, sei mocinho. - devolvo, arqueando a sobrancelha. Ele sorri, aquele sorriso brilhante e conquista coração de comercial de pasta de dente. - Espero que ele não fique bravo com você por estar usando os óculos dele há o que? Cinco anos?

— Na verdade foi há três. - Louis me corrige, colocando a franja para trás. - Eram férias estudantis do segundo ano do ensino médio. Eu tinha vindo com meus pais por um convite da minha tia, Emillie Agreste, a mãe do Adrien. Ela sempre convidava minha mãe e a gente para passar uns dias com o resto da família Agreste.

— Você e o Adrien parecem bem unidos mesmo. - comento, pensativa. Ele balança a cabeça devagar. - Se não estiver sendo muito curiosa, eu posso perguntar porque faz três anos que você não ia a essa cabana?

O observo tirar os óculos escuros do rosto e analisá-los, como um especialista de joias preciosas as analisa e decide se são falsos ou de verdade. Quando começo a me arrepender da pergunta e pensar em como desviar daquele assunto, o moreno de olhos castanhos coloca os mesmo em mim, prendendo minha franja para trás. Agradeço aos céus pelos óculos refletores em meu rosto para que o Yaosaka não visse tamanha surpresa em meus olhos.

— Você fica bem com eles. - elogia, inclinando a cabeça para o lado com um sorriso torto. Faço uma careta.

— E você está tentando me desviar desse assunto. - rebato, revirando os olhos atrás das lentes escuras. - Louis, nós mal nos conhecemos. Como eu posso confiar em você e você em mim se não saber ao menos isso de você?

Ele parece concentrado, como se estivesse prestes a me contar algo que não pudesse e escolhendo as palavras para não falar demais. Por fim ele dá um longo suspiro e se joga contra o seu assento, fechando os olhos e abrindo rápido.

— Meus pais morreram num acidente de carro naquele mesmo ano, enquanto voltávamos dessa viagem de volta para nossa casa no Canadá. - Louis revela, num tom contido e ao mesmo tempo oprimido. Apenas o observo, tentando não ficar boquiaberta. - Ninguém sabe o que aconteceu ao certo, mas eu me lembro de ouvir os policiais dizendo que o carro sofreu algum tipo de sabotagem. - ele continua, se tornando distante e com a expressão rígida. Posso ver as linhas de expressão em sua face se contraírem. Ele dá uma risada fraca. - Claro que ninguém liga para um adolescente de 16 anos que mal sabe se virar sem os pais e que está desesperado por informações sobre o que aconteceu com sua família. Sabe qual foi a alternativa que eles encontraram pra isso? - me indaga, focando seus olhos em mim novamente.

— Qual? - sussurro, mal conseguindo falar alguma coisa.

— Me mandar para um orfanato. - ele me responde e em um pequeno instante sua voz falha. Desvia o olhar acastanhado de mim para a paisagem lá fora novamente. - Como se o Conselho Tutelar se importasse com mais um garoto perdido e orfão em solo norte-americano. - resmunga, com tom amargo. - Como se eles ligassem para o tratamento que eles não dão dentro de lugares como aquele. Um orfanato não é um lugar para crianças nem para ninguém, deveriam mandar os presos e condenados para lá e deixá-los uma semana sem comer também.

Passei a língua nos lábios para ver se minha boca voltava a soltar as palavras que se estalavam em minha garganta. Minha curiosidade gritava em meus ouvidos.

— Você... Você passou quanto tempo naquele lugar Louis? - questiono, com a voz trêmula e tentando conter a vontade de abraçá-lo com força ali mesmo.

— Um ano e meio. - responde, com os olhos cada vez mais distantes. - Foi quando meu avô, Niakamo-Fu descobriu onde eu estava e me tirou daquele maldito lugar. - balanço a cabeça e me endireito em minha poltrona. - Desde então estou em Paris. Terminei meu ensino médio e ele me ajudou a entrar no François Dupont esse ano. - me sobressalto quando rapidamente ele vira o rosto e me fita profundamente. - Foi quando encontrei você Kattie.

— Quando me encontrou? - repito, tirando os óculos e analisando seu rosto em busca de respostas. - Então... Nesse tempo todo você estava me procurando? Você ainda se lembrava de mim?

Quando ele assente sinto minha boca se escancarar. Ele dá um mínimo sorriso e segura minha mão onde a nossa velha pulseira da amizade da infância ainda estava amarrada.

— Eu sabia que mais cedo ou mais tarde nos encontraríamos de novo, só não sabia quando isso iria acontecer. - Louis responde enquanto nossos olhares se fixavam. Meu coração começou a acelerar que nem um louco dentro de mim. - Eu... - ele começa e uma lombada em alta velocidade nos faz pular nos assentos. Hesita por alguns minutos e suspira, voltando o olhar para a janela com os cantos da cara marcados por um sorriso. - Enfim, nós já estamos chegando! Faltam apenas alguns metros, já posso vê-la lá embaixo. - diz, fazendo uma careta para o sol que bate em seus olhos. Sem me olhar ele prossegue: - Acho que tenho um lugar para te mostrar que você vai adorar na cabana. Sério, leve sua melhor câmera para lá.

— Louis. - chamo, estreitando os olhos e virando seu rosto para mim com uma das mãos. Acaricio sua bochecha, tocada por agora ter conhecimento do seu passado que ele fez questão que eu soubesse apenas e não todo o resto. Ele de repente fica mudo e eu dou um sorriso sincero. - Sabe que eu sempre vou estar aqui pra você, não sabe?

Seus olhos parecem brilhar e enxergo sua expressão fraquejar um pouco. Sinto meus próprios olhos se encherem de água e sem esperar mais um minuto afasto a separação entre nossos bancos e lhe envolvo num abraço apertado. Ele afunda o rosto no meu pescoço enquanto eu encosto minha cabeça na sua, mexendo meus dedos entre as mechas tão escuras que me lembravam as raras e preciosas pérolas negras que um dia já vira na televisão do restaurante. Respiro fundo para não começar a chorar e ser o porto seguro que o garoto órfão de pais precisava há mais de três anos. O chocalejar do ônibus faz com que nossas respirações soassem como uma só e eu fecho os olhos, sentindo o calor do corpo daquele homem com um coração de adolescente carente no meu corpo. Seus braços apertam com força minha cintura, como se a qualquer momento eu também fosse desaparecer como fumaça e deixá-lo sozinho. Queria gritar que jamais faria isso com ele. Queria dizer para o mundo inteiro que nunca iria deixá-lo sozinho de novo. Queria dizer que ele era mais importante do que muitas coisas e que eu sempre seria parte dele de alguma forma, mesmo que não fosse sua família ainda.

— Eu vi meus pais morrerem Kat. - o escuto sussurrar, quase inaudível com o murmúrio da galera lá trás. Engulo em seco. - Eu vi eles morrerem e não pude fazer nada para ajudar. Eu deveria ter morrido com eles também. Eu devia...

— Não. - interrompo, firme. Lhe afasto um pouco e seguro seu rosto entre minhas mãos. Seco algumas lágrimas com o polegar e lhe lanço um olhar perfurante. - Nunca mais diga uma idiotice dessas. Você ainda está vivo porque é importante para muitas pessoas Louis. O que seria do seu avô se tivesse perdido você também? - indago, procurando naquele olhar de vários tons de marrom uma resposta. Sinto algumas lágrimas descerem pelo meu rosto também. - O que seria do Adrien? Dos seus amigos? De mim?

Seus olhos brilham de um jeito diferente e ele pisca várias vezes, antes de respirar fundo e segurar minhas mãos entre as suas com cuidado. Fecho os olhos com força e me repreendo mentalmente por fracassar em parecer forte, separando nossas mãos e secando meu rosto rapidamente. Pego o óculos escuros em meu colo e o coloco novamente, com uma gargalhada ao me ver no vidro da janela.

— Tinha razão. - concordo, me voltando para o mesmo. - Eu fico uma gracinha com os óculos roubados do futuro namorado da Marinette.


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Notas finais do capítulo

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Música usada nesse capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=0kZRiWko4hE



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