Steal Your Heart AU escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 13
Karaokê


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, avisinho rápido: eu apaguei esse capítulo e estou publicando de novo. Aproveitem, perdão pelos errinhos (não revisei) e até o próximo capítulo!

Capítulo postado dia 07/06/2018, ás 17:18



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/747674/chapter/13

Marinette

Eu estava no sofá da sala assistindo Disney Channel e comendo o bom e mais fiel companheiro das minhas infinitas horas de solidão: o famoso brigadeiro de panela que minha mãe me ensinara a fazer quando era pequena. É claro que a programação estava super divertida e interessante, mas eu não estava nem mesmo olhando pra televisão. Não, claro que não. O teto do meu apartamento é muito mais interessante que princesas com cabelos e mãos mágicas, que falam com bichos selvagens e que só são princesas porque passaram por algum trauma de infância. Alya disse que chegaria mais tarde naquela noite junto com Kattie porque iriam curtir no restaurante dos O’Green. No caso Kat iria trabalhar naquela noite então é provável que apenas Ay aproveite a noite de karaokê. Elas até me perguntaram se eu não queria me juntar a elas, mas na boa, depois de ver as sombras do meu passado, ter que aturar o esdruxulo do Agreste a tarde inteira, quase ter sido assaltada ou algo pior e ainda por cima ter que socorrer o idiota daquele loiro por ter me salvado... É, eu realmente preferia ficar em casa.

Eu não parava de pensar no que Adrien havia me dito e tudo o que acontecera hoje. Eu até admito que em alguns pontos eu estava enganada sobre ele, mas ainda sim meu orgulho é grande o suficiente para acreditar em qualquer coisa a mais do que ele me dissera antes de ir embora.

 – Adrien... O que... O que é isso?... – perguntei com os olhos arregalados de preocupação. Eu o odiava, mas ele ainda sim era uma pessoa, um ser humano. Não merecia aquelas marcas nas costas. Ele ficou imóvel e o medo atravessou o meu corpo. – Seu pai fez isso com você? Como... Meu Deus, porque?...

— Você apenas o admira porque não sabe o que acontece nos bastidores Marinette. – ele parou os olhos sob os meus, me mostrando que aquilo era mesmo verdade. Ele nunca me chama pelo meu primeiro nome. Por um momento eu vi um garoto totalmente diferente do que a aparência me mostrara. Um garoto assustado, que por incrível que pareça era solitário, um garoto... Normal. – O Gabriel nunca admitiu nenhuma imperfeição em ninguém. Ele é rígido, ignorante e principalmente faz as pessoas obedecerem tudo através de ameaças. – ele então desviou seu olhar para o chão. – Você já deve ter percebido o que acontece quando os outros não fazem o que ele quer.

Boquiaberta, eu nem sabia o que falar depois disso. Na verdade eu não conseguia mesmo já que estava com tanto frio que nem sentia meus pés direito.

— Eu e meu irmão “colecionamos” várias dessas. – ele continuou fazendo aspas com os dedos e dando uma risada fraca. – Digamos que nós nunca fomos obedientes.

— Como vocês tiram fotos com as roupas da marca que vocês eram obrigados a ficar sem camisa? – indago guardando as coisas dos Primeiros Socorros. Ele bufa.

— Meu pai pagava pras maquiadoras ficarem de boca fechada. – o observo indo na direção do corredor. – São poucas as pessoas que sabem isso, considere-se com sorte baixinha. – me viro pronta para revidar quando uma série de espirros me ataca. Argh, eu não posso pegar uma gripe agora. – Ei, você deveria trocar de roupa. Se não cuidar desse resfriado pela raiz ele pode virar uma pneumonia.

— E desde quando o modelo mais famoso e esnobe de Paris sabe o que é ficar doente? – lhe questiono com um pequeno sorriso no rosto apesar de toda aquela situação. Ele me retribui com um sorriso de verdade e eu admito que hesitei um pouco antes de continuar. – Sabe... Até que você não é como eu imaginava Agreste.

— E como você, ó mais perfeita garota mandona, chata e insuportável me imaginara nos seus sonhos Cheng? – ele retrucou com um sorriso divertido. Reviro os olhos. Não acredito que depois de tudo o que passei e disse a ele ainda seria obrigada a prolongar aquela conversa... Agradável?...

— Bem, pra mim você não passava de um garoto mulherengo que só sabe gastar dinheiro sem se importar com mais nada. Aliás eu já deixei isso bem claro pra você, não? – respondo voltando pra cozinha para preparar alguma coisa quente para nos esquentar um pouco. O ouvi se remexer em seu lugar com um suspiro bem-humorado.

— Ok, essa você venceu, mas, aproveitando esse fatídico acidente que eu te salvei agora pouco, – me virei para encará-lo enquanto a água para um café começava a ferver. – eu queria te dizer perdão. Eu não sabia do que estava falando mais cedo e realmente eu quero me redimir com você. Eu sei que você não está nem ai pra mim, deve até mesmo me odiar.

— É bem por ai mesmo. – confirmei arqueando as sobrancelhas.

— A questão é que eu quero te entender Marinette. – o Agreste disse cruzando os braços encima da bancada da cozinha onde geralmente eu e minhas amigas comíamos. – Você é diferente, mas um diferente bom, no bom sentido. O “X” é que o seu jeito, a sua atitude, você, me provou que muita coisa que eu acreditava e fazia era totalmente distinta do que eu realmente precisava fazer... Ah cara, eu não sou lá muito bom em chegar numa garota e conversar normalmente com ela...

— Ah claro, você simplesmente chega nela fala um elogio qualquer e quando ela entra na sua onda você fica com ela. Pra que perder tempo conversando e conhecendo ela, não? – comentei revirando os olhos. Ele coçou a nuca, sem jeito.

— Resumindo essa mísera tentativa de aproximação: eu gosto de você. Sei que você nunca ficaria comigo, porém... Você não gostaria de ser minha amiga? – ele me perguntou e eu não escondi uma risada.

— Eu? Ser sua amiga? – questionei lhe servindo do café recém-feito em uma caneca qualquer. – Tá bom, não tinha uma mentira melhor do que essa Agreste?

— Estou falando sério Cheng. – ele rebateu sério, revirando os olhos com o meu comentário. – Quero te mostrar que eu não sou como você imaginou e imagina ainda. – fiz uma careta do tipo “aham, acredito em você parça”. – Por favor, você me deve uma por ter te salvado e estar ferido no seu lugar.

Revirei os olhos enquanto deixava o calor da bebida aquecer o meu interior. O meu frio começava a passar aos poucos, mas minha roupa molhada não ajudava lá muita coisa. Pensei muito por longos minutos no que o loiro dissera. Ele tinha razão, por um lado ele tinha me salvado mesmo. Por outro eu seria amiga do cara que eu mais odiava desde que começar a estudar Design. Bufo com a verdade esfregada em minha cara.

— Talvez nós possamos ser amigos. – murmurei balançando os ombros, sem encarar o rapaz do outro lado da pequena cozinha. – Não posso dizer que não agradeço por ter impedido algo ruim de me acontecer... Porém, isso não quer dizer que só por esse motivo você pode abusar da sua sorte senhor Agreste.

— Ora senhorita Cheng, se quer me dar esse conselho então que você mesma venha segui-lo primeiro. – o loiro soltou me encarando de cima a baixo com um sorriso de canto. Estreito os olhos antes de virar o último gole de café. – A propósito, você faz um ótimo café.

— Eu tento. – respondi com um ar superior facilmente cortado por uma crise de risadas. – Então... Amigos mesmo? – pergunto estendendo a minha caneca no ar em sua direção. Eu posso ver os seus olhos brilharem quando ele sorri.

— Amigos. – ele confirma imitando meu gesto.

Agora eu era amiga daquele loiro aguado. O que você estava pensando Marinette? Não sei se o que fiz fora algo bom ou não, porém assim que meu celular apita eu logo começo meu caminho de começar a me arrepender.

“E então Cheng, ainda está sozinha?”

***

Alya

Eu estava no restaurante dos pais da Kattie, o famoso e conhecido de toda Paris: L’e Vent Souffle. Nós duas havíamos insistido para a Mari vir com a gente, mas eu percebi que ela não devia estar muito bem para sair de casa e depois de tanto insistir a gente combinou de conversar mais tarde. Bom, eu já mencionei o quanto eu amo estar aqui? Sério minha gente, aqui tinha tudo de bom mesmo: comida pra tudo que é gosto, músicas boas sempre nas melhores playlist’s, um clima super gostoso que faz você se sentir em casa mesmo e ainda por cima era o único a ter karaokê a vontade pros clientes. Tipo tem que ter muita coragem pra subir naquele palco e cantar alguma coisa né, mas tirando a vergonha que a gente passa é muito divertido... Enfim, o Nino havia me convidado pra sair e eu estava com um leve pressentimento que ele me diria algo importante no fim daquele dia. Eu estava ansiosa, talvez um pouco nervosa e cara, como eu odeio ficar agitada assim! Eu estava pensando em mil e uma paranoias já a aquela altura? Sim. Que tudo daria errado desde o começo até o final daquele dia? Sim. Que eu poderia ter um ataque e passar mal, estragando a noite mais perfeita com o boy magia que provavelmente perderia todo o encanto por mim e que me faria chorar por uma eternidade porque o deixei ir embora por minha própria culpa? Definitivamente sim e não era apenas exagero, podem acreditar.

Ele estava lindo cara. Todo descolado, com uma jaqueta de couro, jeans rasgado, aquele sorriso de anjo... Alguém me segura que eu tô tendo um troço!

— Não precisa ficar nervosa Alya. – ele me disse com calma e eu tentei dar um sorriso tranquilo de volta.

— Quem tá nervosa? Eu tô nervosa? Pff, claro que eu não estou nervosa, que mentira! – exclamei de uma vez e me reprovando em seguida. Eu estava parecendo um idiota e eu estava MUITO nervosa mesmo. Pigarreei, tentando manter alguma postura. – Eu... Só estou com fome, não estou nervosa...

— Então porque está apertando a toalha da mesa? – Nino me perguntou com um pequeno sorriso e eu imediatamente soltei o pedaço de pano em minhas mãos, abaixando a cabeça sem graça. Ele segurou minha mão levemente. – Ei, está tudo bem ok? Não precisa ficar assim Ay. – tentei dar um meio sorriso quando ele me chamou pelo apelido que minhas melhores amigas me chamam. – Aliás, você está linda essa noite.

— Obrigada. – murmurei sentindo meu rosto corar levemente. Só então ouvi um pigarreio do outro lado da mesa em que estávamos. Louis nos encarava com um sorriso divertido. – Ah é, você também tá aqui.

— É, infelizmente vou ficar segurando vela pra vocês dois enquanto o nosso pedido não chega e a noite de karaokê não começa. – o moreno que tinha sangue dos Agrestes brincou com uma leve gargalhada. Revirei os olhos e olhei por cima do ombro do mesmo.

— Olha Louis, eu tinha esquecido de te avisar. – comecei fazendo a melhor cara de tapada que eu conseguia pra disfarçar o sorriso crescendo em meus lábios. – A Kattie não vai poder vir hoje. Ela tinha uns assuntos importantes pra resolver com os pais dela... Alguma coisa a ver com o trabalho. Desculpa.

Ele pareceu meio desapontado, mas ainda sim deu um sorriso.

— Tudo bem, quem sabe outro dia, não? – ele disse com o sorriso um pouquinho murcho. Balancei a cabeça enquanto uma garçonete chegava com os nossos pedidos. Ela nos serviu e foi embora rapidamente. – Já que não tenho companhia vou deixá-los a sós quando acabar e vou dar uma olhada no karaokê.

Não se passaram nem vinte minutos depois disso e uma voz bem conhecida pegou o microfone para anunciar que o karaokê estaria aberto. Observei Louis ficar alerta quando pareceu reconhecer a voz e dei um pequeno sorriso para Nino. Juntos, olhamos na direção do pequeno palco que estava poucos passos de distância dali. Luzes coloridas focam em uma garota de cabelo de uma cor bem chamativa presa a uma trança com o uniforme do restaurante.

— Boa noite senhoras e senhores! Sejam bem-vindos a mais uma noite do karaokê aqui no L’e Vent Souffle! – a mesma cumprimentou com um grande sorriso e olhou na nossa direção.

— Aquela é quem eu estou pensando que é? – ouvi Nino perguntar e dei uma gargalhada.

— Sim meus amores, é a Kat. – confirmei e olhei na sua direção mais uma vez. – Linda! – gritei em meio a multidão que aplaudia a ruiva. Ela balançou a cabeça e pediu silêncio pras pessoas.

— Como sabem, toda noite o karaokê fica liberado para todos que são corajosos o suficiente para cantar para todo o restaurante até as onze horas da noite. – Kattie continuou olhando sorridente para muitos. – Então, quem será o primeiro?

Longos minutos se passaram e ninguém se manifestou. Então eu tive a brilhante ideia de apoiar a minha melhor amiga, né? Ai eu fui a única que levantou a mão e surpreendeu a todos. Andei até o palco e dei uma olhada nas músicas separadas para aquela noite. Escolhi uma das minhas favoritas e que por sorte Ferrugem havia escolhido daquela vez. Smoke and Fire, da Sabrina Carpenter. Observei minha melhor amiga descer do palco e Louis disfarçadamente se levantar da nossa mesa e ir conversar com ela. Já falei que shippo os dois? Qual nome vocês acham melhor: Louttie ou Kattouis?

Oh, oh, nosso amor estava correndo até um prédio em chamas

Oh, oh, nosso amor são cinzas espalhadas com um sentimento ardente

Senti o calor assim que nós começamos a espalhar

Você sabe que viu isso chegando

Mas as memórias ainda estão em minha mente

Queimando como fumaça e fogo

 

Rumores se espalham como brasas ao vento, eu não mudei minha opinião

Mas eu estive queimando

Porque tudo o que ouço falar é como fogo

E nós estamos apagando

 

Não quero apagar a luz

Mas é isso

 

Eu não sou um bombeiro

Eu apenas preciso respirar esta noite

Então o alarme toca

E digo adeus a noite

 

Oh, oh, nosso amor estava correndo até um prédio em chamas

Oh, oh, nosso amor são cinzas espalhadas com um sentimento ardente

Senti o calor assim que nós começamos a espalhar

Você sabe que viu isso chegando

Mas as memórias ainda estão em minha mente

Queimando como fumaça e fogo

De relance vi Nino literalmente babar enquanto cantava. Ali ficou mais que provado que ele me quer – isso saiu de uma maneira bem errada, mas acho que vocês entenderam, não? – por perto. A única coisa que eu não contava era que lá no fundo do restaurante da minha amiga estava outra pessoa babando por mim: Jacques. O loiro estava acompanhado de um homem negro em uma mesa enquanto terminavam de jantar eu acho. Acho que era o pai dele. Porém, entre aquele cruzamento de olhares eu nunca me senti tão envergonhada.

O que eu poderia fazer agora? Dois caras apaixonados por mim mesmo? É sério produção?

Segredos em uma cidade pequena, eles sempre estão ao redor

Mas a chama foi acesa

E estou ouvindo toda a conversa fiada

Eles sussurram enquanto eu ando

Em uma casa cercada

Então boa sorte

 

Eu não sou um bombeiro

Eu apenas preciso respirar esta noite

Então o alarme toca

E digo adeus a noite

 

Oh, oh, nosso amor estava correndo até um prédio em chamas

Oh, oh, nosso amor são cinzas espalhada com um sentimento ardente

Senti o calor assim que nós começamos a espalhar

 

Você sabe que viu isso chegando

Mas as memórias ainda estão em minha mente

Queimando como fumaça e fogo

Todos me aplaudiram de pé e eu agradeci totalmente envergonhada, devolvendo o microfone para um cara que seria o próximo a cantar. Recebi vários elogios enquanto voltava pra minha mesa e encontrava um Nino totalmente boquiaberto. Lhe lancei um sorriso tímido enquanto me sentava e ao horizonte via Jacques indo embora com o que poderia ser seu pai.

— Você foi incrível. – o moreno a minha frente me elogiou olhando nos meus olhos. Balancei a cabeça tentando parecer que não me importava tanto com isso.

— Ah, não foi nada. Eu fiz isso pela Kat. – respondi enquanto o via aproximar sua cadeira da minha. Ele deu um sorriso de canto sem tirar os olhos de mim. – É o que os melhores amigos fazem não é mesmo?

— Sim, você provou sua lealdade e principalmente provou que sabe como me impressionar. – o ouvi dizer e então notei o grau de sensualidade em sua voz mais rouca. Lhe lancei um olhar maroto e dei um pequeno sorriso.

— É mesmo? – perguntei mais baixo para que só ele pudesse ouvir. Ele balançou a cabeça, já distraído demais da nossa conversa. Estalei os beiços, pensativa. – Então é fácil te impressionar senhor Lahiffe?

— Você não precisa de muito esforço. – Nino respondeu tão baixo que quase não lhe escutei. Ele estava próximo. Bem próximo. Eu podia ver em seus olhos que aquilo tinha 95% de chances de ser verdade mesmo. Agarrei a gola de sua jaqueta e lhe encarei desafiadora.

— Então pare de me enrolar e me beija logo se realmente sente algo por mim. – ordenei para arriscar minhas apostas.

Deu muito mais certo do que imaginei.

Ele segurou meu rosto com as duas mãos e finalmente me deixou beijar aquela boca tentadora. Movimentos leves, respeitosos, porém tão ansiosos quantos os meus. Eu agarrei sua nuca e me permitir aproveitar aquele momento o máximo que conseguisse e em todo o momento que ele durasse. Ficamos ali vários e vários minutos, compartilhando nossos mútuos desejos de curtir aquele momento enquanto ele durasse.

Realmente somos como fumaça e fogo.

***

Louis

— Eu podia jurar que você tinha me dado um bolo de verdade senhorita Enferrujada. – soltei quando cheguei perto de onde a ruiva estava. Ela se virou surpresa e deu uma gargalhada. – Eu ainda não acredito nisso.

— No que? Que eu não aparecei mais cedo pra jantar com você por estar trabalhando no meu restaurante? – ela indagou sorridente e eu estreitei os olhos.

— Seu restaurante? – repeti confuso. Ela apontou para o bolso do uniforme do estabelecimento. Benditas letrinhas miúdas... – “Pertencente à família O’Green desde 2003”.

— Foi o ano que meus pais conseguiram abrir o restaurante aqui na França, um pouco depois da nossa mudança do Canadá. – ela explicou enquanto nos sentávamos em uma mesinha alguns passos longe do palco onde a música rolava solta.

— Não sabia que você tinha sangue canadense. – comentei encarando aqueles belos azuis esverdeados. – Mas, pensando bem, você tem os traços de uma norte-americana mesmo. É muito raro ver uma ruiva bonita como você no meio de um bando de franceses de cabelos escuros e sem graça. – ela ficou um pouco envergonhada e puxou a franja para trás da orelha. Admito que adorava quando ela ficava corada... Ficava simplesmente adorável. – Isso sem falar das suas sardas especiais.

— Essas sardas só servem para me atrapalhar. – ela brincou e eu dei uma pequena gargalhada para aliviar sua tensão. – Você fala como se não fosse francês também. – ela ressaltou arqueando uma sobrancelha. Meu sorriso diminuiu até desaparecer. Várias lembranças ameaçaram me atacar se eu não as dissipasse logo.

— Não sou totalmente. – respondi baixo. Encarando minha mão esquerda sobre a mesa e esfregando a velha pulseira de um acontecimento do passado na outra. Aquela era uma das minhas portas para voltar a uma realidade nas minhas memórias mais sombrias. – Só de parte de mãe. Meu pai tinha sangue chinês, por parte do meu avô, então...

— Você não fala muito deles. – ouvi Kattie murmurar e soltei um pequeno suspiro.

— Eu... Não gosto muito de tocar nesse assunto. – esclareci tentando não soar muito grosso com a ruiva. Ela ficou um pouco sem graça e me pediu desculpas baixinho. Dei um meio sorriso e peguei sua mão direita com a minha, dando um pequeno beijo nela. – Ei, você não tem culpa de nada. Prometo que um dia eu conto a história do meu passado só para você senhorita O’Green, como você...

— Essa pulseira. – ela disse me interrompendo e encarando o velho acessório quase caindo do meu pulso. Ela estava pálida e eu comecei a ficar assustado. – Onde... Onde você conseguiu ela, Louis... Onde?

— Eu tenho ela desde que eu era pequeno, quando eu morava no Canadá... Eu vim de lá também. – lhe respondi tentando ignorar o peso que começava a tomar conta dentro de mim. Estranhei sua reação e resolvi lhe questionar: - Por quê? Você ficou branca de repente Kattie, você está passando mal?

Ela então deu um grande sorriso me deixando ainda mais confuso. Seus olhos encontraram os meus enquanto ela esticava sua mão restante sob a mesinha e me fazia ficar gelado. Uma pulseira de barbante igual a minha com miçangas verdes claras já desbotadas pelo tempo com uma pedra azul ciano maior no centro. Encarei a minha pulseira com as mesmas cores contrárias e com uma pedra maior verde escura no centro. Nos encaramos e ela não conteve um grito.

— Eu não acredito que é você! – exclamou com os olhos brilhando com a luminosidade do karaokê. Eu nem sabia como reagir com tudo aquilo. – Ah meu Deus, Louis é você! Era você esse tempo todo!

— Isso... Isso é muita loucura mesmo Kat. – afirmei me levantando e a abraçando, contente da vida. – Uau, isso é muita coincidência! Parece até coisa do destino! – exclamei entre risadas.

Quando nos separamos eu podia ver a felicidade naquele mar esverdeado a minha frente. Foi então que percebemos que o karaokê estava vazio... O que fizemos? Bem, eu não disse que iria deixar os dois pombinhos em paz? Foi o que eu fiz, mas não antes de olhar na direção de ambos, cutucar a ruiva e mostrar os dois bonitos se beijando na maior paz do outro lado do restaurante. Rindo, deixei Kat me levar até o palco e escolher a música que cantaríamos. Face To Face, do Ross Lynch e da Debby Ryan.

Louis

Eu tenho tentado chegar até você

 

Kattie

Você sabe, eu tenho trabalhado no estúdio

 

Louis

Devemos escrever uma nova canção

 

Kattie

Talvez eles jogá-lo no rádio

 

Louis

Quando é que podemos ficar juntos?

 

Kattie

Não vamos esperar mais um dia

 

Louis

Não se esqueça da sua guitarra

 

Kattie

Já entendi e eu estou no meu caminho

 

Louis

Tem sido assim por muito tempo desde que eu vi você

 

Kattie

Eu estava imaginando se você fosse mesmo real

 

Ambos

Agora eu não posso acreditar em meus olhos

Sim, você não está fingindo

Pensei que poderia ser meu amigo imaginário

Você é como uma estrela que pousou do espaço sideral

Meu mundo ficou muito mais brilhante

Agora que eu posso vê-lo face a face

 

Kattie

Amigos imaginários não perdem o seu lugar

 

Louis

Eu preciso te ver

Eu preciso te ver

 

Kattie

Você e eu apenas falando cara a cara

 

Louis

Face a face

 

Ambos

Agora eu não posso acreditar em meus olhos

Que você não é fingido

Pensei que poderia ser meu amigo imaginário

Você sabe que ninguém mais pode sempre tomar o seu lugar

Meu mundo ficou mais brilhante todo

Agora que eu posso vê-lo face a face

(face a face)

 

Agora que eu posso vê-lo face a face

(Louis: Vamos pegar algumas panquecas!)

Eu só quero vê-lo face a face

(Kattie: Festa todo dia!)

 

Eu só quero vê-lo face a face

 

Kattie

Tudo bem!

 

Ambos

Yeah, yeah, yeah, yeah

Todos os que ainda estavam ali nos aplaudiram e nós saímos do palco, ambos sorridentes. Já era tarde da noite e a maior parte dos funcionários já começavam a limpar o restaurante, organizar as mesas e levar os pratos para a cozinha. Meu celular já batia às onze e meia da noite. Eu precisava ir logo pra casa senão não acordaria muito disposto para a aula no dia seguinte. Nino dissera que levaria Alya para casa já há uma hora e eu ainda estava no L’e Vent Souffle. Kattie havia me pedido para acompanha-la até o apartamento que morava com suas melhores amigas e depois de tudo o que havíamos passado, cara, é lógico que eu não tinha como negar. Ela dissera que daria tchau para os pais e se arrumaria para ir embora enquanto eu a aguardava na saída.

— Me desculpe a demora, meus pés não aguentavam mais aquele saltinho.

Me virei e encontrei uma garota de cabelos soltos bagunçados escondidos embaixo de uma touca roxa e enfiada dentro de uma grossa blusa verde de forro. Pelo visto ela adorava o frio de Paris.

— Agradeça por nós dois não morarmos muito longe. – brinquei enquanto começávamos a caminhar pelo centro comercial de Paris. Ela deu uma gargalhada e enfiou as mãos nos bolsos do casaco. – Então meu bem, que loucura não? Como você se sente sendo uma amiga de longa data de um meio Agreste? – lhe indaguei para puxar conversa com a mesma.

— Bem, não mudou muita coisa na minha vida não. – ela respondeu e nós dois rimos. Ela parecia cansada depois de um dia como aqueles. – Mas eu fico feliz que seja você Louis. Sabe... Hã, você é um cara legal... Acho que muitas garotas também gostariam de ser sua amiga no meu lugar. – eu lhe encarei com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto. – Não que eu não tenha gostado de descobrir quem somos... Tipo, eu gostei, mas...

— Eu entendi ruiva. – afirmei com calma, tentando tranquiliza-la. – Aposto que muitos garotos também dariam muito para te ter, como algo eu digo.

— Não, eu não sou dessas que ficam se atirando em qualquer garoto que veem por ai Louis. – Kat disse revirando os olhos e em seguida me mostrando a língua. – Sou bem mais difícil do que você imagina, viu? Não pense que é qualquer um que sabe como me conquistar.

Demos uma leve gargalhada. Há alguns metros o provável apartamento que a O’Green morava se mostrava iluminado pelas lâmpadas da rua. Ela estava exausta e tinha certeza que cairia morta de sono assim que passasse pela porta de entrada. Ri sozinho e enfim paramos em frente a portaria. O vento estava gelado como aço e bagunçava nossos cabelos na rua quase deserta. Nos encaramos por alguns segundos sem querer interromper aquele pequeno momento que compartilhávamos.

— Obrigada Louis. – a mesma disse e eu balancei a cabeça. – Não, eu digo em geral. Nunca pensei que encontraria o dono da promessa de mais de dez anos atrás.

— Eu também não. – soltei, e era mesmo verdade. Havia perdido muitas esperanças em solo canadense. – Mas as vezes o destino nos dá alguns presentes que nem mesmo a gente consegue entender no começo, porém no final é um dos melhores presentes que nós poderíamos querer.

— Que profundo. – ela brincou e eu sorri, coçando a nuca. – A gente se vê amanhã.

— Boa noite senhorita O’Green enferrujada. – desejei me curvando ironicamente em sua direção. Ela suspirou contrariada.

Com passos rápidos e ágeis ela depositou um pequeno beijo no meu rosto, se virando em seguida e atravessando o portão.

— Boa noite. – disse de volta, desaparecendo no saguão do prédio e me deixando para trás com o coração acelerado e com um sorriso bobo na face.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Steal Your Heart AU" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.