Entre o Amor e a Razão escrita por Duda


Capítulo 3
Capítulo 3




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Sam abriu os olhos e se lembrou de que não estava indo para as ilhas do Caribe e sim estava na casa do seu ex-noivo decidindo se iria cometer eutanásia com a esposa dele que um dia fora sua melhor amiga. Ela já estava decidida, a noite fora longa e levou muito tempo para tomar essa decisão para voltar atrás agora. Então Sam resolveu levantar trocar a roupa e ir dar a notícia de sua decisão, ela foi até o closed e escolheu uma conjunto de calça e blusa ambos em tons claros, assim teria bastante semelhança com suas habituais roupas de médica, porém menos fria.

Desceu as escadas e percebeu que Edy já estava tomando o café, quando Sam entrou na sala de jantar, Edy levantou-se para cumprimentá-la e depois indicou o lugar para que ela pudesse se sentar, ela o fez e em seguida pediu ovos com bacon e um suco de laranja.

—Excelente escolha, mas não tão saudável quanto a refeição de ontem. Edy observou.

—Bem eu também abuso de vez em quando. Sam disse sorrindo.

Porém Edy depois de sorrir também fechou a cara e seu semblante tornou-se sério, e Sam imaginou-o trabalhando, ele estava de terno e gravata e não se parecia nada com o homem frágil que vira quando chegou ali pedindo desesperadamente por sua ajuda, mas Sam entendeu o motivo por que Edy tinha o semblante sério naquele momento. E a pergunta seguida ao pensamento de Sam só fez confirmar suas conclusões.

—E então, decidiu?

—Sim, decidi.

—E qual será sua resposta.

— Eu quero conversar com um advogado e um médico antes de fazer qualquer outra coisa, tenho um amigo médico, aliás um ex-professor de faculdade que poderá me orientar. Quero também levar os exames de Mylla, a fim de ter plena certeza que não há mesmo mais nada que se possa fazer para mudar seu quadro de saúde.

— Tudo bem eu até entendo o seu lado, mais é que nós não gostaríamos que tudo o que está acontecendo aqui...

— Não se preocupe Edward, o Dr. Dampsen é muito confiável, e a discrição faz parte do código de ética de um médico.

Muito bem, você pode pegar uma carona comigo, e poderemos almoçar juntos para que você me dê uma resposta definitiva.

— Ótimo, só preciso pegar minha bolsa.

— E eu vou pegar os exames para você.

O caminho até a cidade é um pouco distante pois Somerset, era uma propriedade mais afastada, foi por isso mesmo que ela escolheu aquela propriedade para morarem, pois estariam longe da poluição dos carros e longe dos agitos de São Francisco, e assim ela e o marido poderiam se amarem a vontade sem o problema de terem vizinhos observando a vida deles. Mas o que estava pensando, ela não era a dona da casa aliás o motivo pelo qual ela e Edy estavam juntos naquele carro era por que a dona da casa estava morrendo e precisava da ajuda dela.

Edy assim como Samantha, pensava justamente no motivo porque compraram a casa um pouco distante da cidade de São Francisco, mas agora isso era o que o incomodava, a distância parecia ter aumentado muito do dia anterior, devido ao fato de Sam estar ali ao seu lado, ele lembrava-se bem da última vez que fizera aquele percurso com Sam, na época, estavam super felizes, tinham ido lá para conferir a decoração da casa, pois eles se mudariam dentro de três dias, mas no dia seguinte o destino se encarregaria de pregar uma peça neles.

Sam tinha ido até a loja para experimentar o seu vestido de noiva e se encontraria com Edy para os dois almoçarem juntos, mas quando Edy chegou no restaurante Sam estava lá conversando com Tom, eles haviam sido namorados antes de Sam começar a namorar Edy, e Tom ao ver Edy chegar olhou para ele sorrindo com sarcasmo e cochichou algo no ouvido de Sam. Edy teve ódio e já chegou brigando com Sam por causa de seu ciúme, e ainda por cima ouviu Tom dizer "Te vejo mais tarde" de forma bastante insinuante, e quando foi pedir explicações para Samantha, ela desconversara e ainda se fez de vítima, dizendo que se ele não confiava nela, não devia tê-la pedido em casamento.

À noite seria sua despedida de solteiro e Edy, como não tirava aquele "Te vejo mais tarde” da cabeça, começou a beber sem parar, para acabar com a raiva que estava sentindo e principalmente, para não pensar o que estava pensando, mas o destino levou Mylla àquela festa, Edy assim como Sam e todos sabiam que Mylla o amava, mais já tinha se conformado em perdê-lo afinal a amiga o conhecera primeiro, mas naquele dia Mylla tinha bebido muito, ela queria esquecer que Edy iria se casar, mais acabou parando na despedida de solteiro dele, e os dois bêbados e desesperados por motivos 'talvez semelhantes' acabaram passando a noite juntos, mas no dia seguinte, um dia antes do casamento Sam pegou os dois juntos dentro da casa na cama que tinha escolhido para o casal.

E Samantha não quis ouvir suas explicações, porque ela não o ouviu, ele a amava e ela sabia disso, o que aconteceu foi devido a bebida, e também a raiva que ele ficou, porque ela não explicou o que Tom quis dizer, porquê?

Samantha também pensava na véspera de seu casamento, chegar em sua futura casa e ver Edy e Mylla lá nus na cama dela. Naquelas circunstâncias ele queria que eu o ouvisse e entendesse o fato de dormir com minha melhor amiga e ainda pois a culpa em Tom, ele só queria, conversar pois estava com problemas, Se Edy pudesse imaginar que tipo de problemas Tom possuía, ele riria muito das bobagens que falara aquele dia. Sam sabia sobre a paixão de Mylla por Edy mas jamais imaginou que ela pudesse trair sua confiança daquela forma e na sua futura casa, Mylla era uma pessoa que não pensava nas conseqüências antes de fazer algo, era sua melhor amiga há três anos atrás mas fora para a cama com o seu noivo sem se quer lembrar desse detalhe, e pior engravidara e seu pai que não suportava escândalos obrigou-os a se casarem, Edward Nicolson, disse que foi obrigado a aceitar as imposições do pai de Mylla, pois ele trabalhava na empresa onde ele era um dos maiores investidores e não podia perder o emprego, principalmente depois de ter feito tantos gastos com o casamento que deveria ter acontecido com Samantha Sanders.

Quase chegando na cidade Sam olhou para Edy, e viu a expressão séria em seu rosto, ele estava mais lindo do que nunca, a seriedade combinava com ele, um homem de negócios, na época em que o conhecera ele era apenas um estudante que fazia estágio nos escritórios da Diksen S.A. uma das maiores empresas exportadoras do setor têxtil dos EUA, mas hoje ele estava casado com Mylla, e pediu-lhe para ajudá-lo a não tratar da amiga. E essa seriedade no rosto, em que estaria pensando, será que ele a amava? Ou será que Jack tinha razão, e o casamento deles tinha sido um fracasso, mais porque então não se separaram, porque permanecer em um casamento fracassado por tanto tempo? Estas perguntas a atormentavam e não queria pensar nelas, isso era mais uma prova de que ainda amava Edy, e que seria um período muito difícil se aceitasse a cuidar de Mylla.

— Chegamos. Disse finalmente Edy, estacionando o carro em frente a Universidade de São Francisco. _ Tem certeza que sabe o que está fazendo? Ele perguntou, ainda em dúvida se devia confiar em Sam.

— Você acha que estaria aqui se não tivesse certeza do que estou fazendo?

— Muito bem, nos encontramos no Memfys ao meio dia então. E espero que você tenha uma resposta definitiva.

— Tudo bem. Samantha disse, mas ficou pensando no porque ele escolheu almoçar justamente no Menfys, o restaurante onde tudo começou.

Agora Sam estava no roll principal da Universidade de São Francisco, esperando pelo Dr. Dampsem.

— Sam! Eu não acredito como vai você? Quanto tempo, e então como está Harvard. Disse o Dr. Dampsen se referindo a universidade onde Samantha fazia a pós-graduação.

— Dr. Dampsen como vai? Disse Sam amavelmente, pois gostava do Dr. Dampsen como se fosse um pai.

— Bem, na mesma luta com alunos teimosos que acham que o mundo está a seus pés porque fazem uma faculdade de medicina. Mas o que a trás aqui?

— Bem Dr. Podemos conversar em particular?

— Claro, por aqui. Disse o Dr. Dampsen entrando numa sala próxima a eles com os dizeres "sala de reunião"._ Sente-se.

— Mylla Nicolson, é este o motivo que me trás aqui. Disse Sam de forma séria e ainda tentando analisar o que queria dizer o som das suas palavras, ao dizer o sobrenome da amiga.

— Eu sei sobre ela, pobre garota. Mas o que você tem haver com ela, pensei que a odiasse pelo que fez?

— Bom na verdade eu sinto ainda muita mágoa, principalmente ao ver Edy, e ainda sentir o que sinto por ele. Ela disse em tom de confidência sem a menor preocupação, pois depois que seus pais morreram em uma acidente de carro, o Dr. Dampsen que na época era seu professor, praticamente a adotou, só não o fez por que ela já era maior de idade e podia tomar conta de si, mais ela sempre o procurava, quando estava precisando de conselhos. _ Mas não é por isso que eu vim lhe procurar, a família de Mylla procurou-me para que eu pudesse vir cuidar dela, pois eles querem parar o tratamento dela para que ela não sofra mais. Sam relatou então toda estória para o Dr. Dampsen, que escutou-a atentamente.

Após a narrativa de Sam, o Dr. Dampsen, levantou-se da cadeira calmamente e em silêncio deu a volta na mesa redonda onde eles estavam sentados e ficava bem no centro da sala, parou perto da janela e voltou-se para encarar Sam ao perguntar.

—O que você pensa a respeito Sam?

—Eu concordo com a posição deles, mas existem vários fatores que me deixam apreensiva, um deles é esse rancor que Jack nutre por Edy e eu, temo que ele possa se arrepender do que está me pedindo e então será tarde demais.

— Você se arrependeria?

Sam não sabia onde o Dr. Dampsen, queria chegar, parecia que a estava testando, mas já que viera até ali ela achou melhor falar a verdade. _ Talvez, na verdade eu não sei, pois a doença e principalmente a quimioterapia são muito dolorosas.

—Muito bem. Falou o Dr. Dampsen pausadamente, mas e o juramento que você fez, sua profissão é salvar vidas e não tirá-las.

Sam não teve resposta para aquela pergunta, ela sabia disso, e não esquecera em momento algum seu juramento, principalmente naquela noite, quando ela fizera o juramento, ela estava orgulhosa de si e da profissão que escolhera, e no entanto estava ali tentando se justificar de uma decisão que ela já havia tomado, e só precisava entender mais sobre o assunto. E ela simplesmente abaixou a cabeça, sem dar resposta alguma ao Dr. Dampsen.

Como ele viu que não receberia resposta, prosseguiu.

—Sam, não fique envergonhada, isso é muito sério e na nossa profissão nós passamos por situações semelhantes, felizmente neste caso o que a família de Mylla pretende, não se trata de eutanásia, como você supôs, eles tem razão quanto ao tempo de vida dela, e também têm razão quanto a quimioterapia não fazer efeito, e parar com o tratamento é diferente de cometer eutanásia. Eu só fiz estas perguntas, para que você se lembrasse de sua verdadeira função, e por mais que o problema alheio te toque, ou comova, você não pode reagir a isto, você deve sempre por a vida acima de qualquer outra coisa.

E o Dr. Dampsen pôde ver a expressão de alívio no rosto de Sam, porém não deixou que ela o interrompesse, continuando assim seu pensamento.

— Eutanásia, é quando um médico provoca a morte do paciente, aplicando-lhe medicamentos letais a saúde de seu paciente, a fim de aliviar a dor que ele está sentindo, o que é completamente diferente do caso em questão, você não irá provocar a morte dela, irá somente cuidar para ela não sofrer tanto. Não precisa se preocupar, a não ser que haja algo mais afligindo você minha querida.

O Dr. Dampsen tocou no ponto certo, ele sabia que seria muito difícil permanecer ao lado de Edy, ela baixou a cabeça num gesto de recuo e após pensar alguns segundos disse por fim.

— A minha profissão está acima de qualquer coisa, e eu não posso deixar uma pessoa que está precisando de minha ajuda, por quaisquer motivos que houverem. Sam disse levantando-se da cadeira e dirigindo-se até a porta. _Muito obrigado Dr. Dampsen.

— Tchau Sam, mas pense bem se você não está usando isto como desculpa para permanecer mais tempo aqui do que realmente o necessário.

Sam não deu resposta, apenas olhou o Dr. Com ar de incredulidade, tentando fazer com que ele visse que estava dizendo uma besteira.

Mas do lado de fora, pôs-se a pensar nas palavras do Dr. Dampsen, tentando ver se havia alguma veracidade no que ele dissera. Não faz sentido, eu o odeio, se quisesse alguma coisa com ele, não teria desistido do casamento um dia antes, dele ocorrer, na época foi um terrível transtorno, desmarcar com os convidados, devolver os presentes, além é claro, de ter que agüentar Edy, ligando para sua casa de minuto em minuto, para explicar porque havia dormido, com Mylla, ele atribuiu tudo a bebida e ao ciúme de Tom, e queria que ela acreditasse, como ele podia ser tão cínico, provavelmente estava acostumado a dormir com outras garotas, ela achando que ele a amava, como pode acreditar nele durante cinco anos de namoro, felizmente Deus não deixou que ela fosse enganada mais, só era difícil de aceitar ter descoberto isso tudo, justamente através de sua melhor amiga. E agora vem o Dr. Dampsem dizer que eu estou arrumando pretexto para ficar ao lado de Edy, isso é ridículo.

Sam concluiu pegando o telefone e discando o número do telefone do escritório do ex-noivo, que ela jamais havia esquecido, por mais que tentasse.

—Diksen bom dia? Disse do outro lado da linha.

— Bom dia, por favor o Sr. Nicolson.

—Quem deseja falar com ele?

—Diz a ele que é Saman... Sam interrompeu, lembrando-se que não estava sendo formal como deveria, e em seguida repetiu mais segura. Que é a Dra. Sanders, por favor.

— Sim Dra. Sanders, Edy, aguarda a sua ligação.

—Edy? Sam repetiu, automaticamente em voz alta sem perceber. Na verdade ela tinha ouvido muito bem, porém estava chocada com a intimidade com a qual a secretária dele o tratava

— Sim, Edward Nicolson, não é com ele que deseja falar?

— Sim é claro. Disse Samantha, percebendo que a secretária de Edy, não entendera que sua dúvida era quanto ao modo íntimo que ela tratara patrão. Ela sabia que não se tratava de Jannett, pois era uma secretária já idosa quando eles se separaram e pelo que sabia, ela havia se aposentado há um ano, e a voz que vinha do outro lado da linha era de uma pessoa jovem e além do mais era muito sensual. Samantha confirmou sem sombra de dúvidas que Edward Nicolson era um mal caráter, e que provavelmente tinha caso com essa secretária, mesmo sabendo que a esposa estava doente. Jack tinha razão de duvidar que pudesse haver algum caso entre os dois, ele provavelmente sabia das aventuras de Edy fora do casamento, e portanto supôs que ela agiria com a mesma falta de compostura que o ex-noivo. Os pensamentos de Sam foram interrompidos ao ouvir a voz de Edy do outro lado da linha.

— Oi Sam, estava ansioso por seu telefonema. Edy disse num tom direto e objetivo.

— Muito bem, eu estou ligando porque já tenho uma resposta, mais eu gostaria de comunicar a todos juntos. Sam disse referindo-se à família Taylor. _ Será que é possível que eles almocem conosco também? Sam propôs, não só por que queria que todos soubessem que não se tratava de eutanásia, o que ela decidira a fazer, mas também porque não queria almoçar com Edy, a sós naquele restaurante, isso lhe traria péssimas lembranças, principalmente ao ver a intimidade de Edy com sua secretária.

— Claro, vou ligar imediatamente para todos, marcando o encontro. A que horas você prefere? Edy perguntou, pois ainda era cedo, e até a hora do almoço iria demorar um pouco.

— Pode ser no seu horário normal de almoço.

—Eu saio ao meio-dia, vai demorar ainda.

—Não se preocupe, eu pretendo visitar alguns lugares, e talvez encontrar com algumas amigas.

—Tudo bem então, até lá.

—Até mais tarde, tchau.


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