Pétalas escrita por Mercúrio


Capítulo 1
O Choro do Artista


Notas iniciais do capítulo

Miraculous Ladybug não me pertence.
Hanahaki Byou é uma doença fictícia que não foi inventada por mim.
Dito isso, espero que gostem.



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Eu amei Marinette desde o dia em que a conheci.

Não sei dizer exatamente quanto tempo demorou para eu perceber meus sentimentos, mas me lembro até hoje do fatídico dia em que ela descobriu. Apesar de ter agido de forma doce e compreensiva, suas atitudes apenas aumentavam mais o meu desejo de tê-la comigo.

Alguns anos atrás, Marinette revelou ao mundo que era Ladybug, assim como Adrien disse ser Chat Noir. Tudo se tornou tão surpreendente e incrível aos olhos de qualquer um, era uma atitude romântica e maravilhosa da parte dos dois. Apareceram em noticiários, revistas, jornais, em qualquer local que a mídia poderia divulgar. Formavam o casal do século, e eram tão jovens quanto eu.

E quem sou eu, afinal? Bom, acho que não me encaixo no papel de protagonista, não igual o Adrien. O dia em que Marinette soube de meus sentimentos, se tornou uma memória do passado, que ela sequer se preocupa em recordar. E eu também não gosto de fazer isso, pois todos os dias, eu acordo animado, pensando que finalmente superei.

É isso. Eu superei. Não preciso mais pensar na Marinette. Fazem meses que não a vejo, então o sentimento deve ter sumido. Ela deve estar feliz agora.

Apenas não pense, Nathanael. Não pens--- Droga.

“Feliz aniversário, Nath! Estou passando aí na sua casa, quero poder te abraçar nessa data especial.” – Mari.

É horrível quando você decide não pensar na pessoa que ama bem na data do seu próprio aniversário. A chance dela se lembrar é alta. Se fosse uma mensagem apenas, eu estaria tranquilo. Mas ela virá aqui, e provavelmente trará aquele gato desgraçado.

Eu não odeio Adrien. Estou feliz que ele faça bem para Marinette, mas seu lado possessivo e ciumento é detestável. Esta criatura foi a razão de eu sequer ter conseguido falar com ela na nossa festa de formatura.

Caminhei até a cozinha, na intenção de buscar um copo d’água para me acalmar. Preciso de remédios, infinitos calmantes. Toda vez que recebo qualquer sinal que ela ainda se importa comigo, meu coração decide explodir. Mas só preciso de uma ou duas pílulas para meu dia ficar bom.

Sinto meu celular vibrar. Talvez uma belíssima mensagem de Adrien, avisando que também virá aqui, pois se sente inseguro com seu relacionamento, como sempre? Eu não me surpreenderia. Ele é completamente cego e medroso, ao contrário de Marinette, que tem certeza de que será sempre seu.

Sinto um aperto no coração novamente, é ela. Duas mensagens no mesmo dia. Eu deveria pegar uma sombrinha, pois acho que vai chover.

“Tenho um segredo para te contar” – Mari.

Eu não sabia que segredo era esse, mas estava feliz dela confiar em mim o bastante para contar. Principalmente depois de tanto tempo que ficamos distantes um do outro.

Eu não sabia que horas Marinette chegaria, mas não havia mais nada que eu pudesse fazer até o final do dia. Peguei meu Tablet e caneta digital, iria apenas desenhar até escutar o som da campainha.

Eu não conseguia pensar em algo que não fosse ela. Seus cabelos azulados, que escureceram muito com o passar dos anos. Será que sua pele ainda era suave e macia? Eu não a toco faz anos, me limito à vê-la em fotos.

Minha mente é um gigante mar de perguntas, que só podem ser respondidas por ela. Eu não direi muitas palavras antes, muito menos o que sinto, pois seu coração pertence a outro, e será assim pelo resto dos meus dias – que, com sorte, serão em breve.

Ultimamente, minha garganta anda coçando muito, como se estivesse algo a sufocando. Tentei ir no médico, mas não havia nada de anormal, deveria ser só uma inflamação passageira. Entretanto, perdi a conta de quantas vezes tossi enquanto esperava Marinette. Eu iria vomitar a qualquer momento, e sabia disso.

— Ela não merece ver isso... – Murmurei, mesmo sabendo que não havia mais ninguém em casa.

Meus passos eram rápido, e eu tremia, por alguma razão. Quando me abaixei para deixar a cabeça próxima da privada, apenas forcei minha tosse, esperando que aquela sensação de enjoo sumisse o mais breve possível, mas não ia embora.

Depois de quase meia hora, eu senti algo saindo de minha garganta. Fechei os olhos, não queria ver aquilo, seria ainda mais nojento. O cheiro era o suficiente para me deixar tonto. Entretanto, o único odor que emanava, era o perfume de margaridas brancas. As preferidas de Marinette.

Abri os olhos. Ao invés de estar cercado por vômito, o sanitário estava preenchido por pétalas de margaridas e sangue. Não sei o que diabos é isso, se engoli alguma flor sem querer e isso prendeu na minha garganta, mas era assustador.

Mesmo depois daquilo, ainda parecia que estava algo na garganta, o que me forçava a tossir cada vez mais. E, toda vez que eu abria os olhos, via apenas pétalas e sangue. Aquilo era a única coisa que saía de dentro de mim.

Isso é algum tipo de doença? Vírus? Eu preciso ir para o médico, essas pétalas podem sufocar minha garganta. Eu preciso ao menos saber o que tenho de tão grave assim.

Voltei para a sala e puxei meu Tablet para perto. Minhas mãos estavam trêmulas, e quanto mais eu tentava não tossir, mais pétalas saíam de minha boca. O sangue, aos poucos, desaparecia, deixando apenas aquilo me sufocar. Procurei na internet que doença era aquela, descrevendo todos os sintomas. Parecia que nada se encaixava, que era apenas uma mentira do meu próprio organismo.

Após várias páginas de pesquisa, me conformei que aquilo tudo deveria ser um sonho. É impossível que alguém consiga vomitar pétalas, não é?

— Nath! – Escutei o chamado de Marinette, virando o rosto para o portão, onde ela esperava que eu a recebesse. Quanto tempo eu passei vomitando?

Chutei as pétalas para longe, as deixando num local em que ela não percebesse, correndo até o portão, com a chave em mãos. Os olhos dela brilhavam enquanto me encarava, de uma forma que revivia o meu lado de bobo apaixonado.

— Feliz aniversário! – Ela praticamente gritava, envolvendo os braços em meu pescoço, num abraço forte. Sorri, sem jeito, todo o desespero deveria ficar de lado, eu precisava aproveitar aquele momento com ela. – Eu não trouxe um presente, mas prometo que lhe darei um.

— Você não precisa me dar nada, Mari. Eu estou realmente muito feliz em poder te ver. Onde está o Adrien? – Perguntei por instinto, queria ao menos saber quanto tempo teria em paz até que aquele loiro roubasse ela de meus braços novamente.

— Isso faz parte do segredo, sssh! – Protestou Marinette, cruzando os braços, como ela normalmente fazia na hora de preparar uma surpresa. Suas atitudes eram algo que sempre me fascinou, ainda mais agora.

O tempo foi maravilhoso com ela. Depois de tantos anos prendendo o cabelo, ela decidiu soltar. Ficaram longos e brilhantes, aquele tom de azul destacava os seus olhos. Seu físico era cheio de curvas, mas eu não me atrevia em olhar para algo que fosse além de seus ombros.

— Você quer entrar? – Perguntei, inclinando a cabeça pro lado. A maior parte de mim, estava rezando para que ela não percebesse as pétalas.

Marinette assentiu, e caminhou até mais rápido do que eu para a entrada da casa. Aquele local era dela, assim como Paris inteira. Ela sempre olhou para o mundo, e eu, olhava para ela.

— Faz tanto tempo que não venho aqui! Mas não mudou em nada. Achei que todas as paredes estariam coloridas com seus desenhos.

E elas estavam, Mari. Eu tinha uma pintura sua para cada centímetro, do quarto até a sala, mas tive que cobrir com tinta novamente, pois seu namorado insistiu em não te trazer aqui até que não houvesse mais nada além de cores mortas.

— Ah, eu gosto desse estilo. – Menti, me sentando num canto do sofá, o mais longe possível dela. Não conseguia a encarar por muito tempo, não sem lembrar das flores e de todos os momentos que passei ao seu lado. – Então... Qual é o segredo?

— Você promete não contar para ninguém? = Confirmei com a cabeça. – Adrien e eu vamos nos casar!

Seu tom de voz era como se aquela fosse a melhor notícia do mundo. E realmente era, ao menos para ela. Para mim, era como se uma enorme avalanche estivesse caindo em cima da minha cabeça.

Como eu havia pensado: Ela sequer se lembra de que eu a amo, tudo ficou no passado, assim como meus sentimentos deveriam estar. Ela não é obrigada a corresponder, mas ainda dói, principalmente porque sei que não posso ficar desse jeito.

Ela estava esperando que eu lhe abraçasse e dissesse que estava feliz por ela, que iria fazer de tudo para ajudar nos preparativos do casamento, ou que simplesmente eu demonstrasse o mínimo de ânimo por aquilo. Eu sabia que deveria ter a decência de fingir, de ignorar meus sentimentos e fazer aquilo porque, independente de tudo, ela era minha amiga.

Mas a dor falava mais alto. As pétalas, que antes sufocavam minha garganta, pareciam estar tentando crescer ao redor do meu coração, e seus espinhos iriam o perfurar. Eu iria chorar até minhas lágrimas se transformarem em sangue, meus desenhos deveriam captar ainda mais a depressão que me consome. Ela é tudo o que tenho. Nenhum amigo me resta. E agora, eu sinto como se sua alma estivesse indo embora para sempre.

Apesar da vontade de chorar, decidi forçar o melhor de meus sorrisos, fechando ambos os olhos. Ela não pode me ver sofrer, eu não posso ser egoísta ao ponto de fazê-la ficar mal por causa de um amor bobo.

— Mari, isso é incrível! Você tem tanta sorte... – Falei, tentando rir de maneira abobada. Nunca fui bom mentiroso, mas Marinette conseguia ser pior ainda, principalmente quando estava dominada pelo seu universo feliz e mágico.

— Sim! E eu preciso da sua ajuda, já que você é um desenhista incrível... – Ah, eu sabia que ao menos deveria ter uma segunda intenção para ela estar aqui. O que fazia  eu me sentir ainda pior. – Eu preciso de uma imagem minha, como Marinette, casando com ele, como Chat Noir. Mas não quero uma fotografia, pois já perdemos a aparência do passado, mas sim da época da adolescência! Pode fazer para mim? Dê o preço que quiser.

Fiz silêncio por um tempo. Se Hawk Moth ainda existisse, eu teria sido Akumatizado na frente dela. Não sei qual seria meu nome de vilão, mas o objetivo seria fazer Adrien engasgar com as pétalas que eu sou obrigado a cuspir.

— Seria uma honra. – Menti, mas precisava fazer isso por ela. Eu a amo, e depois de tantos anos de distância, aquela era a hora de mostrar que me importo. – Mas eu não quero dinheiro em troca. Pode ser em qualquer pose?

— Qualquer uma, mas eu insisto em pagar! O casamento será em dois meses, é tempo o bastante? – Assenti, não sabia o que falar. Que belo presente de aniversário esse. – Tudo bem! Ah, eu te convidaria para ser padrinho, mas você não está namorando, não? E todo o restante da sala já tem seu par...

A última coisa que eu queria, era ser padrinho daquele casamento. Eu provavelmente morreria de desespero de ter que ver de camarote os dois jurando amor eterno.

— Não tem problema. Estarei feliz em trabalhar com os desenhos.

— Isso me deixa feliz! Por sinal, você está fazendo quantos anos hoje, Nath? Vinte e três, certo? Você nunca teve uma namorada?

“Não, porque a única garota que já amei na minha vida, está noiva de um gato possessivo”, pensei. Mas eu não era nem louco de dizer aquilo e a magoar naquele ponto da conversa. Se ela não se lembrava dos meus sentimentos, eu não poderia estragar sua felicidade contando para ela.

— Não gosto de namorar. – Eu nem sabia como era, nunca experimentei, mas ela cairia nessa mentira.

— Sei... Bom, eu só podia te falar isso mesmo. Eu preciso ir agora, sabe? O Adrien vai me encontrar no salão de casamento, queremos achar o melhor de toda a Paris! Mas fiquei muito feliz em te ver, Nath.

Seu sorriso era sincero, mas agora, não era o bastante para consolar um coração partido. Fiz um grande esforço para não tossir, o que me surpreendia era a força que tive para não a desapontar. Eu não serei feliz, então não posso estragar tudo para outras pessoas.

Eu já sei que estou sozinho mesmo, não preciso fazer mais ninguém sofrer o mesmo que eu.

Quando Marinette se levantou para ir embora, eu apenas me despedi e a vi saindo pelo portão. Ela acenava, completamente feliz e ansiosa, levando cor e brilho para qualquer lugar em que pisava. Bom, minha casa foi tocada, mas eu não.

Eu sou um artista, mas não tenho cores, não tenho brilho ou inspiração. Sou apenas algo abstrato e confuso, mas que carrega o ar da melancolia.

 

Dois meses depois...

 

Eu não saio de casa desde a visita de Marinette. Aquilo me marcou, e não tive a chance de superar, pois as pétalas vieram, e agora eu sabia o porquê.

Hanahaki Byou.

Quando encontrei essa doença na internet, achava que era apenas algo fictício. Mas em um mundo que existem super-heróis, por que isso não poderia?

É uma espécie de doença que surge quando você ama alguém que não sente o mesmo. Nela, várias flores começam a crescer dentro de você, e elas não param, a não ser que você seja correspondido ou morra.

Essa doença tem três estágios: As pétalas, as flores e os buquês.

O primeiro acontece quando, diversas vezes, você começa a tossir pétalas da flor preferida de quem ama, junto de sangue. Há a sensação de estar sendo sufocado, o que eu passei no dia em que Marinette veio me visitar.

O segundo, são as flores inteiras. Ao invés de tossir apenas pétalas, diversas margaridas saíam de minha boca. O cheiro, no começo, era maravilhoso, mas se tornou o meu maior pesadelo. Eu as via no chão e chorava, tinha vontade de queimar, mas isso não resolveria meu problema. Ainda estou nesse estágio, mas sei qual será o próximo.

O terceiro estágio é o que trás a morte: Buquês começam a crescer dentro de seus pulmões, os espinhos perfuram seu coração, e as flores bloqueiam a passagem de oxigênio para poder respirar. Em poucos dias, enfrentarei isso, pois já posso sentir as pétalas se espalhando por todo o meu organismo.

Eu fiz o desenho de Marinette, e ela amou. Disse que preferia que eu tivesse entregado pessoalmente, acabei tendo que inventar uma desculpa para não sair de casa.

Em vários dias, ela mandou mensagens, dizendo que iria me ver para entregar o presente. Eu ficava ansioso e feliz, pois seria a última vez que eu poderia olhar em seus olhos. Mas, sempre que anoitecia, a resposta era a mesma:

“Desculpa não ter ido, estou muito ocupada com o casamento, mas prometo remarcar”

Eu sempre perdoei. Não tenho o direito de ficar bravo com ela, eu também não me levanto para a ver. Também há uma forma de curar essa doença, pelo que li, que é através de uma cirurgia para remover as pétalas, mas isso tira todas as memórias e sentimento de quem ama. Eu não quero isso.

Eu não quero perder as memórias da pessoa que fez eu me sentir vivo, da única razão para eu ter sorriso algumas vezes nos últimos anos.

Eu sei que vou morrer, sei que eu não vou ter o final feliz que Marinette e Adrien conseguiram, que meu destino será ver o sorriso dela à distância.

Eu não posso fazer ela se sentir infeliz com a minha morte, então... Decidi cortar relações com ela. Completamente.

Quando percebi que ela nunca iria me ver, escrevi uma carta, dizendo que a odiava e coisas do tipo, e que aquele desenho seria a última coisa que faria para uma desgraçada como ela. Anexado àquelas mentiras, havia uma margarida murcha, das quais acabei tossindo no meio da doença.

E ela deve ter acreditado, pois recebi uma carta de ódio de Adrien alguns dias depois. Se ela me odiar, não vai ir atrás de mim, não vai ficar infeliz porque morri, pois não saberá. Sei que ele irá a impedir de manter qualquer tipo de contato comigo.

Eu não posso fazê-la chorar pela minha morte. Mesmo que ela me odeie pra isso, eu não posso ser cruel nesse ponto.

Está tudo bem se eu morrer, só não quero levar ninguém para o abismo junto comigo.

Enquanto esperei os buquês crescerem, fiz vários desenhos, de um mundo novo, uma possibilidade em que eu pudesse ficar com ela, em que eu fosse escolhido para carregar um dos Miraculous, junto de Marinette. Nesse universo, nos apaixonávamos e mantínhamos isso em segredo, só nós dois precisávamos saber.

Eu gosto de imaginar um mundo onde eu teria sido feliz com ela, onde o único forte e intenso desejo que tive na vida, se tornasse realidade.

Eu não durmo já tem vários dias, não posso fazer isso. Minha única preocupação tem sido proporcionar a visão de um final feliz para mim, mesmo que eu já saiba que isso não vai acontecer. Nos desenhos, tudo é branco, exceto Marinette.

Tudo que eu enxergo, é cinza. Mas ela, desde o início, foi o arco-íris inteiro, e eu jamais consegui dizer para ela o quanto eu estava feliz em ser iluminado por cada uma de suas cores.

Tudo o que fiz foi chorar e me lamentar, esperando que, talvez, um dia, eu conseguisse ser tão fantástico e incrível quanto Chat Noir. Mas não, eu não sou.

Eu sou um artista. Minha felicidade é fabricada, não espontânea, eu desenho o que gostaria de ser, pois a minha própria prisão, é o que realmente sou.

Enquanto penso nisso tudo, as lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto, os buquês estão surgindo mais rápido do que pensei. É bem provável que eu não passe daquela noite, que quando o Sol surgisse, a minha história teria seu ponto final.

Em meu desespero, peguei o celular e disquei o número da Marinette. Mesmo que ela não atendesse, eu precisava escutar o som da caixa postal, eu necessitava ouvir a voz dela, era o meu último desejo antes de morrer.

— Alô? – Escutei sua voz, estava completamente silencioso em sua casa. Com aquilo, comecei a tremer, sem saber o que dizer. Eu queria falar o quanto a amava, implorar para que viesse me ver, que acabasse de vez com essas flores.

Ao invés disso, eu fechei meus olhos e suspirei. Não precisava dizer nada, por mais que quisesse. Escutei Marinette falando mais algumas coisas, perguntando se eu estava na linha, se era um engano, e meu silêncio era dominante.

Eu queria passar o resto dos meus poucos segundos de vida naquela ligação, mas sabia que ela iria desligar a qualquer momento. Com minha melhor voz rouca, murmurei, apenas para a manter lá.

— Apenas não desligue... Me fale sobre o quão bela a noite está, Mari.

Ela reconheceu minha voz. Ao invés de dizer o que pedi, começou a chorar e me xingar, irritada. Estava tudo bem, eu merecia aquilo. Quando o dia do casamento chegasse, ela estaria feliz e esqueceria tudo.

Ela pode me odiar hoje, mas sorrirá amanhã. E eu poderei a amar, independente de onde eu estiver.

Ela sempre foi tudo. Sol, Lua, Terra, Mar, dentre todas as outras coisas maravilhosas que esse mundo pode proporcionar. Ela era todas as cores, todas as músicas, todos os poemas pertenciam à ela.

E eu, bom...

Eu era apenas o Artista que fez o mundo inteiro em sua imagem e semelhança.


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Notas finais do capítulo

Hanahaki Byou é uma doença fictícia que se desenvolve através de um amor platônico. Nela, as flores preferidas da pessoa amada começam a crescer dentro de seu organismo.
Primeiro, o infectado começa a tossir pétalas.
No segundo estágio, o infectado começa a tossir flores inteiras.
No terceiro, são os buquês, que entopem a passagem de oxigênio pelo corpo, junto dos espinhos, que perfuram o coração do infectado.
As únicas formas de evitar a morte são:
1. Ser correspondido.
2. Fazer uma cirurgia para retirar as pétalas, mas isso destruirá todas as memórias e sentimentos que tem sobre a pessoa que ama.
A doença é amenizada caso o infectado receba carinho, mas só desaparecerá de vez se o sentimento for correspondido.
Espero que tenham gostado.



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