The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 2
1º de Abril


Notas iniciais do capítulo

Hey! Voltei!
Dois capítulos em um só dia, Gabi?
Eu vos digo: sim, sim, sim!
Antes de vocês lerem o capítulo novo, segue abaixo a lista dos atores que interpretam meus personagens.
Melinda Hunters - Holland Roden
Adam Hunters - Jeremy Irvine
Michelle Hunters - Jennifer Aniston
Michael Hunters - Jr Bourne
William Hunters - Jacob Tremblay
Reginna Rivera - Jordana Brewster
Amélia Rivera - Crystal Reed
Christina Lockwood - Lily Collins
Charlie McClain - Logan Lerman
Tyler Pierce - Dylan Minnette
Boa leitura!



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—Melinda, vamos levantar, está na hora. –

—Só mais cinco minutinhos, mãe. – resmunguei puxando mais o cobertor e virando para o outro lado da cama.

—Nada de cinco minutinhos. Vamos, levanta. – ela puxou meu pé.

—Sai, mãe! – puxei meu pé de volta e tentei voltar a dormir.

—Ok. Só espero que depois você não venha reclamar que acabou o café! – escutei sua voz se afastando. Empurrei o coberto e levantei.

—Já estou em pé! – gritei indo em direção ao banheiro do meu quarto. Fiz minha higiene matinal e tomei um banho. Sai do banheiro e me arrumei rapidamente, peguei minha mochila e desci. – Bom dia, bom dia. – falei jogando a bolsa no sofá e indo para a cozinha.

—Essa animação toda só por causa da data de hoje? – minha mãe questionou arqueando a sobrancelha.

—O que tem hoje? – me fiz de desentendida franzindo as sobrancelhas.

—Não finja que não sabe que dia é hoje. – ela colocou uma xícara com café na minha frente. – Espero que hoje não tenha nenhuma pegadinha, Melinda. Não quero receber uma ligação do diretor da sua escola hoje, ok? – e lá estava um olhar sério, mas em seus lábios tinha um sorriso discreto.

—Claro, hoje o dia será sem pegadinhas. – sorri e logo depois uma buzina daquelas que você compra para fazer assustar alguém soou pela casa seguido de um som como se água tivesse sido derramado. Meu sorriso alargou mais ainda e bebi um gole do café.

—Melinda! – Adam gritou em plenos pulmões.

—Eu disse sem pegadinhas. – Michelle, minha mãe, repreendeu minha atitude, mas ela sorria.

—Achei que isso valia apenas para a escola. – continuei sorrindo e escutei passos pela escada. Por um momento achei que era Adam, mas logo William, meu outro irmão, o mais novo, entrou na cozinha.

—O que você fez dessa vez para o Adam? – ele indagou sentando-se na mesa e pegando uma torrada.

—Você não viu? – ele negou.
—Adam trancou a porta do quarto quando foi dormir achando que assim você não faria nenhuma pegadinha com ele. A porta continua fechada. – Will explicou dando de ombros.

—Eu apenas coloquei uma buzina maluca no banheiro dele. Assim que ele abrisse a porta, a maçaneta iria acionar ela. Também tinha um balde cheio de tinta verde no box do banheiro, ou seja ele deve estar igual ao Hulk. – Will sorriu.

—Quero só ver quem irá limpar essa tinta verde do banheiro. – mãe resmungou enquanto suspirava.

—Você acha que ele fez alguma pegadinha para você? – arqueei a sobrancelha.

—E você acha que o Adam tem criatividade para fazer pegadinhas? Ainda mais para mim? – Will deu de ombros.

—Lembra-se do ano passado quando ele... – fechei a cara.

—Calado, William. Adam tinha me pego desprevenida! – peguei uma torrada e dei uma mordida. Assim que terminei de comer, Adam entrou na cozinha acompanhado de Michael, meu padrasto.

—Você me paga, Melinda! – ele resmungou sentando-se na mesa.

—Nossa. Como você tirou a tinta verde depressa. O que fez? – perguntei com um sorriso travesso. Adam grunhiu e começou a se levantar, mas Michael colocou a mão em seu ombro, fazendo-o parar.

—Menos, crianças, menos. O dia mal começou e vocês já estão querendo se matar? – ele falou colocando seu café.

—Eles dois, né? Eu não faço nenhuma pegadinha. – Will deu de ombros pegando outra torrada.

—Você devia, pirralho, é bom. – falei levantando. – Eu vou indo para a escola. Fiquei de passar na casa do Charlie. – sai da cozinha e peguei a mochila no sofá. – Ah! E Adam – olhei para meu irmão mais velho e sorri. – Se eu fosse você eu teria mais cuidado por onde ando. –

—Você também, maninha. – ele deu um sorriso travesso. Semicerrei os olhos na direção dele, mas dei um sorriso para disfarçar.

—Eu sempre tomo, mon amour. – joguei um beijinho para ele e peguei as chaves do meu carro, saindo de casa. Procurei meu fone de ouvido na bolsa enquanto ia até a garagem, quando o achei conectei no celular e ergui a cabeça, soltei um grito e a chave do carro caiu no chão. – Adam! – gritei observando o estado do meu carro. Ele estava todo sujo de ovo e farinha. Na lateral tinha escrito: "Te peguei, pirralha".

Apanhei a chave do chão e destravei o carro. Se aquele desnaturado fez algum dano dentro do meu bebê ele me paga. Aproximei-me do carro e torci o nariz ao sentir o cheiro de ovo podre. Desgraçado. Abri a porta do carro e vi a tinta azul sair de dentro dele e derramar no chão, sujando meu tênis favorito e um pouco da minha calça. Soltei outro grito enquanto fechava a porta com certa força e dava meia volta.

Meus pais estavam na porta de casa, me encarando com sorrisos nos rostos, mesmo tentando evitar. O mesmo valia para meus irmãos, mas esses não faziam questão de fingir. Principalmente Adam.

—Adam Hunters! Você está morto. – disse jogando a mochila no chão e indo até ele com passos pesados. Adam deu passos para trás ainda rindo.

—Nada mais justo, não é? Você fez duas pegadinhas comigo e eu fiz duas com você. Estamos quites, Melinda. – ele falou com um sorriso sonso.

—Não estamos quites po... –

—Melinda! – minha mãe me repreendeu.

—Não estamos quites merda nenhuma, Adam. Você acabou com meu carro! Por fora eu não estava nem aí, mas você colocou tinta azul no interior dele! E ainda de quebra sujou meu tênis favorito. – ralhei indo até ele que se afastava cada vez mais.

—Você devia agradecer. Eu iria fazer uma pegadinha com você na escola. – respirei fundo.

—Vai ter volta. – ameacei pegando a mochila e tirando meu tênis. Entrei em casa e subi para meu quarto.

Troquei a calça, calcei outro tênis e pensei em outra pegadinha para Adam. Talvez eu devesse incluir ele nas pegadinhas que iria fazer com o pessoal da escola. Sorri com essa possibilidade e desci, enquanto mandava uma mensagem para Charlie avisando que eu não poderia ir buscá-lo.

—Até que fim! Essa demora toda para trocar uma calça e um tênis? – ele revirou os olhos levantando do sofá. Franzi o cenho. – Mãe mandou eu te levar para a escola já que eu estraguei seu carro. –

—E eu não quero mais saber de pegadinhas, estão ouvindo? Só pela manhã vocês já causaram muito sujeira. – ela falou da cozinha alto o suficiente para a gente escutar. Olhei para Adam enquanto cruzava os braços e arqueava a sobrancelha.

—Ok, por mim tudo bem. Sem pegadinhas. Estamos quites? – ele estendeu a mão. Não tirei meu olhar do dele e apertei sua mão. Não estamos quites, mas iremos ficar quando você cair em mais uma das minhas pegadinhas.

Soltei a mão de Adam e passei por ele, saindo de casa. Meu irmão veio logo depois e entramos no carro dele.

—Então? Vai manter o silêncio ou vai me contar o que você planejou para fazer na escola? – Adam deu a partida e eu continuei calada, porém resolvi falar logo. Eu precisaria de ajuda para algumas pegadinhas.

—Preciso da sua ajuda para algumas delas. – ele sorriu. - Mas saiba que se você me ajudar e for pego, nada de me dedurar. O mesmo vale para mim. –

—Claro. Espera. Algumas? Será mais de uma? – dei um largo sorriso.

—É meu último ano naquela escola. Acha mesmo que eu irei sair dela apenas com uma pegadinha? – ele assentiu, entendendo.

—Então, Melinda, conte-me tudo e não me esconda nada. – Adam pediu e eu comecei a contar algumas das minhas ideias.

Eu amo 1º de Abril.

***

—Hey, gata. O que aconteceu? Achei que estava tudo certo para você me buscar em casa e do nada recebo uma mensagem sua falando que não viríamos juntos para a escola. – Charlie disse assim que me aproximei do meu armário.

—Adam, aquele desnaturado. – resmunguei abrindo o armário. – Fez o favor de sujar todo meu carro e ainda colocar tinta azul dentro dele. – Charlie segurou o riso enquanto arregalava os olhos.

—E você? –

—Antes disso acontecer eu tinha feito uma pegadinha com ele. – sorri pegando meu livro de Química e olhando para o moreno ao meu lado. – Vamos? A aula já vai começar. – disse começando a andar.

—Que? – Charlie segurou meu braço. – Como assim "vamos"? Sabe que dia hoje? –

—Claro que sei. Primeiro de Abril. – soltei uma risada. – O que foi, Charlie? Está achando estranho o fato de eu estar... –

—Calma? Sem nenhum toque de euforia por conta do dia de hoje? – ele soltou meu braço e semicerrou os olhos. – Sim, você está estranha, Melinda. – ri enquanto cruzava os braços.

—Eu fui proibida pelos meus pais de fazer qualquer pegadinha aqui na escola. É isso ou ficar sem meu presente de aniversário. E você sabe o quanto eu quero aquele presente. – menti. Charlie continuou com os olhos semicerrados, mas assentiu.

—Realmente. Se entre ganhar aquele presente e fazer pegadinhas, eu preferiria mil vezes o presente. – sorri.

—Pois é. Afinal, eu posso fazer pegadinhas no ano que vem, não é mesmo? –

—É você aceitou isso numa boa? –

—Não, mas tive que ceder dessa vez. Até o Adam cedeu, acredita? –

—Sério? – assenti. O sinal tocou e fomos para a sala. Sem que Charlie percebesse eu dei um sorriso.

É hora da diversão.

Entramos no laboratório de Química e nos sentamos em uma das bancadas. Os alunos foram entrando e me encaravam com certa desconfiança. Antes de sentarem, eles olhavam ao redor, os bancos e o teto. Tudo achando que eu tinha feito alguma coisa. Tolinhos.

Colocar algo nas cadeiras e um balde cheio de minhoca no teto eu já tinha feito no meu primeiro ano aqui nessa escola. E uma coisa que eu nunca fiz foi repetir pegadinhas. Afinal, eles iriam saber, não é mesmo?

Logo a professora entra na sala e todos ficam em silêncio. Ela fala um "bom dia" e me encara, olhando logo em seguida para sua cadeira. Por fim, se dando por vencida ela se senta e faz a chamada. Após chamar todos os nomes da lista, a sra. Blake levanta e olha para a sala.

—Bom, como eu falei na última aula iríamos fazer um experimento. Todos já estão com sua dupla? – assentimos. – Ótimo. Algumas vidraças já estão sobre as bancadas de vocês, a única coisa que precisam agora são os líquidos que vocês anotaram na aula passada. Um de vocês irá pegá-los e testar a hipótese de vocês. Podem ir. – ninguém levantou. Provavelmente achando que teria alguma pegadinha. Suspirei como se tivesse decepcionada e levantei, indo até o armário de vidro e pegando o que iria precisar. Voltei para o meu lugar e os outros alunos levantaram.

—Acho que todos estão esperando alguma das suas pegadinhas. – Charlie sussurrou rindo.

—Vão cansar de tanto esperar, porque não vai ter pegadinha nenhuma. – sussurrei de volta começando a preparar o experimento.

Charlie e eu fizemos o experimento e ele deu certo, fizemos algumas anotações e esperamos as outras duplas acabarem.

—Sra. Blake, o cloreto de sódio acabou. – um menino falou.

—Tem mais na dispensa. Eu vou buscar. – ela abriu uma porta que tinha no laboratório e entrou. Segurei um sorriso que insistia em aparecer sabendo o que viria a seguir.

Cinco, quatro, três, dois, um.

Um grito agudo veio da salinha e logo a sra. Blake apareceu no laboratório gritando e pulando. Ela subiu em cima da mesa e continuou com os gritos. A turma se encarou confusa, até mesmo eu para disfarçar.

Eis então que o motivo dos gritos histéricos da sra. Blake aparece. Sapos aparecem no laboratório fazendo as meninas gritarem e subirem nas banadas, derrubando as vidraças. Os meninos começam a rir do desespero delas e eu os acompanho, enquanto sentava na beirada da bancada. Charlie me repreende com o olhar, mas também está rindo.

—Parem de rir! Tirem esses bichos nojentos daqui! Agora! Você me paga, srta. Hunters. – ops. Hora de se fazer de vítima.

—Mas o que foi que eu fiz? Vai dizer que quem fez isso foi eu? – falei com um tom indignado. – Eu nem gosto de sapos! Eu tenho nojo dessas coisas verde e cheios de rugas e sei lá o que! – Charlie pegou um sapo com a mão e veio até mim. Soltei um grito e me afastei. – Sai, Charlie! Sai daqui. – o empurrei de leve com o pé.

—McClain! Pare já com isso! – ela ordenou para meu amigo.

—Charlie! – gritei quando ele veio para cima de mim também. A vontade de rir estava enorme, mas eu estava fazendo de tudo para parecer que estava realmente com medo. Quando Charlie veio para cima de mim novamente, eu o empurrei, desci da bancada e fui pulando sobre os sapos até a porta do laboratório. Abri a porta e sai correndo.

Quando estava mais afastada do laboratório cai na gargalhada. Isso nunca perdia a graça. Tenho que admitir que Adam fez um bom trabalho e do jeito que eu pedi.

***

Eu não levei a culpa pelo "incidente" no laboratório de Química, ninguém levou na verdade.

Por incrível que pareça a sra. Blake acreditou no meu teatro e falou ao diretor que, aparentemente, eu não tinha culpa. O diretor acreditou no relato da professora, mas antes de me deixar ir para a próxima aula me advertiu sobre qualquer planejamento de pegadinhas.

Agradeci a Charlie depois da confusão. Ele foi de suma importância para meu teatro, mesmo não sabendo que eu tinha planejado uma pegadinha. Aliás, ele ficou com um pouco de raiva por eu ter mentido para ele. Problema esse que resolvi com comida, claro. Levei-o até a lanchonete da escola e comprei uma maçã do amor para ele. No começo ele ficou desconfiado, mas logo depois deu uma generosa mordida na comida. Só que a maçã do amor na verdade era uma cebola do amor. Não preciso dizer que ele só faltou me matar, por isso agradeci ao Karl, o atendente da lanchonete, e sai correndo.

Teve outras pegadinhas, como o carro do professor de Geografia cheio de tinta rosa no interior do automóvel e com glitter, também rosa, por toda lataria. A cor rosa ganhou força por conta dos pensamentos homofóbicos e machistas que ele tem.

Enquanto eu estava na aula de História, pedi para ir ao banheiro. Fui até meu armário e tirei o papel filme de lá. Fui até a sala de Literatura, aula que o Adam estava tendo no momento, e grudei o papel transparente nos batentes da porta próximo ao chão, na altura das canelas. Voltei para a sala de História e mandei uma mensagem para Tyler e logo um alarme de carro foi acionado, era o carro do professor de Literatura. Adam me contou que o professor saiu da sala e quando passou pela porta, acabou caindo, gerando risadas em todos os alunos.

Na hora do almoço eu coloquei pedras de gelo com mentos nos refrigerantes de Charlie, Adam, Chris e Tyler sem que eles percebessem. Depois de um tempo os refrigerantes fizeram igual a um vulcão, entrou em erupção e sujou toda a mesa.

E faltava a última pegadinha. Essa era com o diretor.

—O que você está pensando em fazer, Melinda? – Tyler questionou. – Até agora você não foi pega, mas se descobrirem que você fez uma pegadinha com o diretor é suspensão na hora. –

—É por isso que eu vou fazer sozinha dessa vez. – olhei para Adam. – Obrigada pela ajuda com a sra. Blake, mas agora é por minha conta. –

—Ei! Eu te ajudei com o sr. Simons! –

—Sim. Ajudou apenas a cobrir o carro com glitter. Quem saiu carregando duas latas de tinta e jogou a tinta dentro do carro correndo o risco de alguém ver fui eu! –

—Mas mesmo assim não vou receber nenhum crédito? – revirei os olhos.

—Não. – levantei e comecei a caminhar em direção à saída do porão que tinha na escola. Ali era meio que nosso ponto de encontro.

—Espera. O que você vai fazer? – Chris questionou. – Eu não sou a favor dessas pegadinhas, mas a curiosidade é maior que minha opinião. –

—Vocês saberão, amores. Esperem e verão. – disse saindo do porão. Fui até meu armário e guardei as latas de spray rapidamente em minha bolsa, sem que ninguém visse. O mesmo aconteceu com a super cola. Peguei uma vasilha e sorri enquanto a guardava também na mochila. Fui para o banheiro, entrei em uma cabine e lá fiquei até tocar para a próxima aula.

Depois de longos minutos, o sinal finalmente tocou e eu pude repassar como eu iria organizar aquela pegadinha sem ser pega. Esperei mais alguns minutos e sai do banheiro. Fui até a diretoria e me escondi. Chequei a hora no celular e mordi o lábio inferior. Já está na hora do sr. Clarke sair da sua sala.

A porta da diretoria foi aberta e logo o sr. Clarke saiu da sala. Esperei ele se afastar e me aproximei da sala. Olhei ao redor, vendo se tinha alguém e quando constatei que não havia uma alma viva ali além de mim me voltei para a sala do Sr. Clarke. Levei minha mão até a maçaneta e a girei, abrindo a porta. Eis que um som baixo, como se fosse um alarme, dispara.

—Mas o que? Que merda é essa? – o som não era alto, mas quem estivesse por perto poderia escutar. – Merda! – resmunguei dando meia volta e me preparando para correr.

—Olá, srta. Hunters. – o diretor sorriu. – Gostou do meu novo disposito? Ele evita que alunos tentem fazer qualquer pegadinha comigo ou com a minha sala. – sorri amarelo.

—Realmente é um bom dispositivo, sr. Clarke. Só que eu estava querendo falar com você e não fazer pegadinhas. Afinal, meus pais me proibiram de fazer qualquer coisa do tipo. –

—Ah, foi? Você veio conversar. Sobre o que, srta. Hunters? –

—Sobre as faculdades. Eu queria saber se o período de escolher a faculdade e o curso já começou. Você sabe, eu estava preocupada em perder as inscrições e tal. – menti olhando nos olhos do diretor.

—Ah, sim. Claro que sei. Porém, se você queria apenas conversar, por que iria correr assim que o dispositivo disparou? – droga.

—Porque eu estava com medo disso acontecer. O senhor está achando que eu vim aqui para preparar alguma pegadinha com você, o que, claramente, não é o caso. Eu estou sendo julgada injustamente. – cruzei os braços.

—Veremos se é injustamente. A mochila. – ele estendeu a mão. Oi?

—Espera aí. Você não pode fazer isso! –

—Sim, eu posso. Do que você tem medo, srta. Hunters? Se você veio aqui apenas para conversar sobre a faculdade, não há para que ficar com receio de me mostrar sua mochila. E se eu abrir sua mochila e vir que você realmente veio para cá apenas para conversar, eu peço desculpas e garanto que isso não irá mais acontecer. - cretino.

Suspirei e entreguei a mochila a ele. O sr. Clarke me encarou surpreso, mas logo a surpresa se dissipou quando ele abriu minha bolsa.

—Conversar sobre a faculdade, não é, srta. Hunters? – ergui os ombros enquanto dava um sorriso de lado. – Faz um tempo que eu não falo com seu pai. Como ele está? –

—Por que não pergunta a ele? Creio que você irá chamá-lo aqui, não é? – arqueei a sobrancelha.

—Vamos. Para minha sala. –

***

—Ela fez quatro pegadinhas? – Michael questionou me encarando.

—Sim, seriam cinco se eu não tivesse instalado esse dispositivo na minha sala. – sorri.

—Eu não fiz pegadinha nenhuma! A sra. Blake mesmo disse que eu não tive culpa com o que aconteceu no laboratório de Química. –

—Aparentemente. – o diretor frisou.

—Sim, mas ninguém tem provas de que fui eu quem fez as pegadinhas com o professor de Literatura, Geografia e no refeitório. –

—Não temos provas concretas, mas na aula de História você pediu para ir ao banheiro e assim que você voltou para a sala, ele tropeçou no papel filme que estava na passagem da porta da sala dele e caiu. – o sr. Clarke explicou sua teoria.

—Sim, mas isso não significa que fui eu. Eu realmente fui ao banheiro. – falei séria.

—Isso não importa! Você foi pega em flagrante tentando fazer uma pegadinha comigo, diretor dessa escola. E não venha dizer que você está sendo acusada injustamente, pois eu encontrei cola, tinta spray e um sanduíche mofado na sua mochila. O que pretendia fazer, srta. Hunters? – sorri.

—Bom, a tinta spray eu trouxe para fazer um trabalho da oficina de Arte, a cola eu uso no meu dia a dia aqui na escola, ela serve para colar trabalhos e atividades, sabia? – falei fitando minhas unhas distraidamente.

—E o sanduíche? – revirei os olhos e encarei o homem a minha frente.

—Eu pretendia comer, oras! –

—Um sanduíche mofado? – bufei.

—Meu paladar é refinado, sr. Clarke. – sorri. Michael disfarçou uma risada com uma tosse.

—Chega. Você irá receber uma suspensão. – revirei os olhos encostando o troco no encosto da cadeira.

—Claro que vou. – resmunguei observando ele assinar um papel e entregar para meu pai.

—É uma suspensão de uma semana. –

—Uma semana só porque eu escolhi comer um sanduíche mofado? Uau. – assobiei. - Não quero nem saber o que o senhor irá fazer com os alunos que trazem outras coisinhas. –

—Melinda! – Michael me repreendeu e eu me calei. – Me desculpe pelo transtorno, sr. Clarke. Espero que isso não se repita. – senti o olhar do meu pai sobre mim.

—Também espero. Vocês já podem ir. –

Michael e eu levantamos e saímos da diretoria, logo saindo da escola. Entramos no carro dele e logo ele deu a partida.

—Francamente, Melinda, achei que tínhamos conversado sobre isso. Sua mãe falou sem pegadinhas. –

—Ela sabe? – questionei.

—Não, não contei a ela. Você irá contar. Filha, você sabe que isso pode pôr sua bolsa na faculdade em risco. – pressionei os lábios.

—Mas o que eu posso fazer, pai? Eu gosto de fazer pegadinhas, pregar peças nas pessoas. É mais forte que eu! – falei olhando para ele. Michael me olhou de soslaio.

—Eu sei. E sei também que eu falo para você fazer aquilo que te faz feliz. Só que isso irá acabar te prejudicando, entende, meu amor? Não apenas prejudicará você, mas como outras pessoas também. – cruzei os braços.

—Eu não tenho mais 7 anos. – disse com a cara fechada.

—Que? – ele murmurou confuso.

—Você falou agora como daquela vez que eu tinha 7 anos! Quando eu fazia aquilo e você dizia que eu podia machucar alguém! – ele me encarou parando o carro. O sinal estava vermelho.

—Me desculpe, Melinda. Eu não queria fazer você se lembrar daquela época, querida. – Michael colocou sua mão sobre meu joelho. – Eu amo você, Melinda, e eu não quero que você se prejudique, entende? – suspirei e coloquei minha mão sobre a dele.

—Eu sei, pai. – ele apertou minha mão. – O sinal está verde. – ele colocou a outra mão no volante e deu a partida. – Me desculpe por ter te tirado do trabalho. – sussurrei.

—Não. Esta tudo bem. Você é mais importante. – ele sorriu me olhando. Olhei para ele e sorri. Voltei o olhar para frente e arregalei os olhos.

—Pai, cuidado! – gritei e Michael freou o carro bruscamente.

—Você está bem? – assenti encarando o homem parado em frente ao nosso carro. Ele está há alguns metros de distância do carro, mas se eu não tivesse o visto provavelmente meu pai teria o atropelado. Michael voltou a olhar o homem.

—Por que ele não sai da frente? Por que ele não para de nos encarar? – perguntei.

—Eu não sei. – ele respondeu. Então o maluco que Michael quase atropelou saca uma arma e aponta para nosso carro.

—Aquilo é uma metralhadora. Por que ele está apontando uma metralhadora para a gente? – falei assustada enquanto o homem ao meu lado dava ré. Disparos foram feitos na nossa direção e eu me abaixei, até que percebi que o carro era a prova de balas. – O que? – murmurei confusa. E os vidros eram mais resistentes que o comum. – Pai? O que está acontecendo? –

—Mantenha a calma, Melinda. Vai ficar tudo bem. – ele respondeu girando o volante e entrando em uma rua mais movimentada. Ele foi cortando entre os outros carros e eu olhei pelo retrovisor.

—Estão nos seguindo, pai. Tem um carro nos seguindo! – gritei olhando para o homem ao meu lado. Michael me olhou rapidamente.
—Seus olhos, Melinda. Você precisa manter a calma. – me olhei no espelho e observei que meus olhos estavam brilhando. Não, isso de novo não! Cobri meus olhos com as mãos enquanto tentava controlar não só minha respiração, mas tudo.

—Não. Isso não pode estar acontecendo de novo. Não pode. – murmurei sentindo lágrimas se formarem em meus olhos.

—Calma, meu amor. Tente se controlar, apenas isso e eu cuidarei do resto. Faz como treinamos, lembra? – assenti. Comecei a pensar em meu pai. Meu pai biológico. Todos os momentos bons que tivemos antes da explosão. Senti minha respiração voltando ao normal e me olhei no espelho, meus olhos voltaram a ser castanho claro.

Michael me olhou de soslaio e sorriu. Percebi que ele ainda estava em alta velocidade, desviando dos carros e tentando a todo custo encontrar uma forma de escapar. Apertei o estofado do meu banco quando ele ultrapassou o sinal vermelho e um táxi quando bateu na gente. Ele girou o volante novamente, entrando em uma rua deserta.

—Droga! – ele resmungou olhando para o retrovisor. O carro parecia ter nos perdido. Respirei fundo. Estávamos salvos. Ou foi o que eu pensei ao menos.

Michael não diminuiu a velocidade mesmo depois de ver que o carro não nos seguia mais. Talvez se ele tivesse diminuído a gente não tivesse sido jogado para mais longe assim que o carro bateu na nossa lateral.

O carro saiu rodando pela estrada antes de começar a capotar, senti minha cabeça batendo em algo e logo tudo ficou escuro.

***

A primeira coisa que eu senti quando acordei foi dor. Dor no corpo, dor na cabeça, dor na alma. Senti algo escorrer pelo meu rosto. Sangue.

Eu ainda estava no carro. O carro ainda estava capotado naquela rua deserta. Olhei para o lado e não encontrei meu pai. O vidro estava totalmente quebrado e tinha sangue ali.

O procurei e encontrei junto com o homem. Eles estavam em uma luta corporal. Michael caiu, soltando uma risada e deu uma rasteira no homem. Ele estava todo machucado, mas mesmo assim conseguia bater no cara.

O homem conseguiu empurrar Michael com um chute e logo partiu para cima, chutando meu pai três vezes.

—Não. – sussurrei tentando soltar o cinto de segurança. – Droga! Abre, merda! – resmunguei vacilando o olhar para a briga. Outro chute. Procurei pela minha mochila e a encontrei um pouco afastada. Estiquei-me sentindo uma dor se alastrar pelo meu corpo e puxei a bolsa. Procurei pelo meu canivete e comecei a cortar o tecido do cinto.

Foi então que eu cometi o vacilo de olhar novamente para onde Michael estava. O homem tinha sacado uma arma e apontava na direção da cabeça do meu pai. Aumentei o ritmo e logo eu senti a gravidade me puxando para baixo e meu corpo caindo sobre alguns cacos de vidro. Ignorei a dor e me arrastei para sair pela janela.

Levantei do chão e comecei a correr em direção aos dois. A cada passo era uma dor ignorada. Eu via as coisas um pouco mais claro que o normal. Meus olhos estavam brilhando, porém eu não liguei. Foda-se meus olhos. Eu não posso perder meu pai de novo.

Quando eu me aproximei mais ainda deles, o homem notou minha presença e virou-se surpreso.

—Achei que você tinha morrido, garota! – debochou.

—E eu achei que você tinha amor à vida, imbecil. – ele soltou uma risada debochada.

—Isso é uma ameaça? Que meigo. – dei mais um passo na direção de Michael. O homem apontou a arma na minha direção, porém sua atenção total estava nos meus olhos. – Oh. Você é uma superdotada, garota. Parece que eu ganhei na loteria. – observei um carro atrás do homem. Era o carro que tinha nos seguido e batido na gente.

—Oh, não. Eu ganhei na loteria. – falei em um tom ameaçador sentindo algo crescer dentro de mim. Era meu poder. O poder que eu ganhei por conta da explosão. A explosão que matou meu pai.

Foi automático. Bastou lembrar da explosão e do meu pai que eu senti meus pés saindo do chão. Eu estava flutuando. Ou seria voando? O homem atirou na minha direção, mas a bala não me atingiu. Tinha um escudo transparente ao meu redor.

Eu não sabia o que estava fazendo, não tinha mais controle sobre o poder. Então eu gritei apontando para o homem. Uma espécie de jato saiu da minha mão e atingiu o homem. Ergui a outra mão e apontei para o carro, atingindo-o com um jato também. O carro explodiu e aquilo pareceu ajudar a controlar a energia que saia das minhas mãos em forma de jatos.

Foi então que eu cai, inconsciente.


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Notas finais do capítulo

Comentem, bebês!
Eu já tenho até o capítulo 5 pronto. Logo vocês irão saber como foi a estadia da Melinda na S.H.I.E.L.D.
Hã? O que? Falei alguma coisa?
Até mais!



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