San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2) escrita por Biax


Capítulo 89
165. Medo do Futuro


Notas iniciais do capítulo

Oie :)

Boa leitura!



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O mês de novembro entrou, e junto dele começou o nervosismo pré apresentação do teatro e pré provas finais e pré baile dos estudantes. Como assim o ano estava acabando? Parecia que tudo estava tão devagar, e aí, de repente, o tempo começou a correr.

No primeiro fim de semana, me ocupei em achar um presente para Lili, e Yan foi comigo. Foi difícil achar algo que ela gostasse, e no fim comprei um conjunto de brincos e corrente, um vestido e um batom. Quase um kit festa. Comprei também o embrulho e deixei tudo devidamente pronto, e guardei no fundo do guarda-roupa, debaixo de blusas de frio que nem eu mexeria naquela época.

Yan pediu desculpas a Lili, pois não poderia ir no aniversário porque já tinha um compromisso familiar, e ela disse que não tinha problema, e até brincou que assim eu poderia prestar mais atenção nela do que ele.

Na sexta, fui para a casa dela, no sábado arrumamos a casa e preparamos as decorações, e no domingo ajudamos com as comidas. Quando subimos para nos arrumar, tirei o presente da mochila e entreguei.

— Ah! Presente! — exclamou ela, pegando o embrulho e me abraçando ao mesmo tempo. — Obrigada!

Lili abriu a embalagem e ficou deslumbrada com tudo e resolveu colocar o vestido e as bijuterias, e passar o batom novo, claro.

Quando descemos, alguns convidados tinham chegado e foram cumprimentar a aniversariante. Não demorou para que Bebê chegasse com Carlos, depois James e por último, Júlio, que apesar das gracinhas de sempre, pareceu gostar do vestido da Lili.

Percebi isso porque quase sempre o pegava a admirando, parecendo até meio nostálgico, não sei exatamente sobre o quê. Talvez fosse uma sensação que todos sentíamos. Estávamos crescendo juntos, afinal de contas.

Mais parentes chegaram, a música começou a tocar e ficamos no quintal, comendo, rindo e dançando.

Em certo ponto, vi Viktor e sua família por ali. Eles deram parabéns a Lili, e percebi que o Viktor evitou ficar muito tempo com a Lili, e ela considerou isso bom. Apesar de tudo, dava para ver que ele tinha muito carinho por ela, assim como seus pais e irmã.

A festa seguiu. Teve um pequeno almoço, e de tarde, o bolo e docinhos. O dia passou tão rápido que mal notamos, e logo as pessoas estavam ajudando a arrumar as coisas e irem embora. Nós restamos para ajudar na limpeza ao anoitecer.

Depois de subir com os últimos presentes da Lili para o quarto dela, fui ao banheiro lavar minhas mãos, no escuro mesmo, e ouvi conversas se aproximando.

— Você gostou do meu presente? — indagou Júlio

Como a porta estava entreaberta, vi ele e Lili passando.

— Gostei, preciso olhar direito. Deve estar dentro da caixa...

Mesmo quando eles foram para o quarto, eu conseguia ouvi-los, já que a casa estava silenciosa com o fim da festa. Fiquei perto da porta, cheia de expectativa, pensando se aconteceria algo.

Ouvi embrulhos sendo amassados, pacotes remexidos, e uns segundos de silêncio.

— Fazia tempo que eu queria um desse. Como você lembrou? — perguntou ela, parecendo distraída.

— Teve uma época que você só falava disso, bocó. Grudou na minha cabeça.

Lili riu. — Exagerado.

— Cheio de frufru, como você gosta — comentou ele depois de uns segundos.

— É, tem até figurinha. Agora posso me organizar melhor. Valeu mesmo.

— Como você vai organizar a organização em pessoa? Impossível.

— Eu faço isso por você e pelo James.

— Só se for mesmo. — Os dois riram e eu sorri. Era bom ver que eles estavam bem. Júlio suspirou. — Eu fiquei pensando hoje cedo. Em como as coisas mudaram desde quando viramos amigos. Parece que isso foi dias atrás, e ao mesmo tempo, parece que faz milhões de anos.

— Realmente. Eu também fico pensando nisso às vezes. Dá um certo medo do futuro. Será que... mesmo quando terminarmos a escola, ainda vamos nos ver? — O tom da conversa se tornou mais melancólico.

— Talvez não com a mesma frequência, só se a gente fizer faculdade no mesmo lugar.

— Seria bom. Já não basta a Bru que vai ficar longe. Eu não quero que vocês também fiquem.

— Não vamos ficar longe. Eu digo por mim, pelo menos, mas sei que o James também não nos abandonaria aqui... Não faz essa cara, eu tô falando sério.

— Você sabe que não adianta falar isso. Não sabemos como vai ser o futuro.

— Que seja. Eu tô dizendo. Eu não vou te deixar sozinha. Se eu tiver que ir pra longe, em último caso, vou dar um jeito pra te levar junto. — Ouvi a risada baixa da Lili. — Eu não tô zoando.

— Ai, tá bom, já entendi.

— Você acha que eu tô falando da boca pra fora, né?

— Não. Só não dá pra saber...

— Eu nunca deixei de gostar de você. — A interrompeu, falando rápido, como se tivesse juntado a coragem e resolvido dizer logo. — Eu entendi que... não ia dar certo com a gente. Quer dizer, entendi mais ou menos, mas agora eu acho que entendo melhor. Por isso falei que estava pensando sobre como as coisas mudaram. Eu me referi mais a mim e a você. Mais a mim.

Houve uma pausa.

— Eu também nunca te esqueci completamente — disse Lili, calmamente. Eu até poderia imaginar ela dando de ombros. — Por que você falou isso agora?

— Eu quis falar. Sinto falta da sinceridade que sempre tivemos. A gente se afastou bastante esse ano.

— Por causa de tudo o que não deu certo.

— É... No fundo, eu tinha certas esperanças quando terminar com a Monalisa, e ver você gostando da notícia meio que aumentou — comentou ele, parecendo sorrir, quase envergonhado. — Mas todo mundo ficou feliz com isso, principalmente eu.

— Sinceramente, por que você ficou com ela?

— Sei lá... Eu... queria mudar. Queria parar de ficar pensando se a gente poderia dar certo algum dia. Você estava de rolo com o Mateus e aquilo me incomodava. Eu achei que ficar com alguém tiraria aquilo da minha cabeça. Funcionou, só que ficou bem chato depois.

— Imagino.

Mais um momento de silêncio.

— Eu... não quero passar por tudo de novo — sussurrou Lili. Dei um passo para o corredor para conseguir ouvir.

— Tudo o quê? — Júlio também falava baixo. Eles pareciam bem... envolvidos.

— As discussões, seus dramas, possíveis despedidas. Eu prometi que daria um tempo com namoros.

— Eu falei. Nós dois mudamos... E eu ainda gosto de você. Não vou me despedir.

Lili suspirou.

— Tudo bem, eu não vou ficar em cima. Agora sim posso mostrar como eu estou mais maduro — brincou ele, a fazendo rir.

— Essa eu quero só ver.

Ele riu. — Vai ver sim... Bom, vou pra casa. Nos vemos depois.

— Tá bom.

Pelo som, parecia que Júlio tinha dado um beijo no rosto de Lili. Eu fui para trás, me escondendo, e o vi passar e descer as escadas. Esperei um tempo, e fui para o quarto, a encontrando deitada na cama de bruços. Aquilo era tão a cara dela.

— Que foi? — perguntei ao sentar do seu lado.

— Você viu o Júlio descendo?

— Vi.

Lili sentou e começou a despejar baixinho toda a conversa que eles tiveram, e eu ouvi pacientemente, pegando os detalhes que não pude ver, como o fato deles estarem sentados lado a lado no colchão, ou como ele se aproximou quando estavam em silêncio e ela disse que não queria repetir tudo. Quando ela segurou a mão dele enquanto suspirava indecisa, e realmente teve um beijo no rosto, no final.

— Tá vendo? Só porque eu disse que não queria mais me envolver com ninguém — resmungou dramaticamente.

— Bom, pelo menos ele realmente mudou e quer esperar por você.

— ... Quero ver se ele vai fazer alguma coisa, como fazia antes.

— É o que veremos.

Resolvemos descer e James anunciou que iria para casa. Carlos também foi, e Bebê resolveu voltar conosco para a escola. Foi uma noite gostosa.

Nos encontramos todos para jantar, e depois ficamos na mesa de jardim, pois fazia tempo que não ficávamos lá, sem fazer absolutamente nada. Parecia que o clima de fim de ano estava começando a aparecer e, mesmo que fosse um pouco triste, também era agradável, ainda mais pelo clima fresco.

Me lembrava das primeiras semanas que tive naquele lugar. Era sempre nostálgico.

— Não é estranho pensar que ano que vem vamos acabar? Não vamos mais vir pra escola? — ponderou James, observando ao redor.

— Demais. — Júlio o acompanhou. Pelo jeito todos estavam com a mesma sensação. — Eu quero e não quero que isso aconteça.

— Eu não quero saber, mas a Bru e o Bebê continuarão vindo nos ver. — Lili apontou o dedo para nós, estreitando os olhos.

— Faremos um esforço, mas vocês também poderiam ir nos ver, né? — Bebê deu um sorriso forçado, brincando.

— Também. Podemos intercalar... E você e o Carlos, como vão fazer?

— Ele disse que ano que vem vai trabalhar e estudar, e que tentaria prestar o vestibular pra fazer faculdade em Mogi.

— Ele vai pra Mogi só pra ficar com você?

— Pois é — afirmou ele, como se não fosse nada, mas eu sabia que ele sempre ficava tocado quando falava naquilo.

— Uau, que fofo. Vocês vão morar juntos?

— Não, tá cedo demais pra isso. Não vou sair da asa dos meus pais enquanto não tiver um trabalho decente. — E todos riram, concordando.

— E você e o Yan, Bru? — perguntou James. — Já sabem o que vão fazer?

— No ano que vem, O Yan vai fazer o cursinho daqui da escola, talvez arranje um trabalho de meio período. O que vai rolar no outro ano já não sei.

Todos ficamos pensativos.

— Que estranho. A gente aqui falando do futuro... — comentou Júlio. — Parece tão perto. Dá medo.

— Eu não me sinto nem um pouco preparado para ser adulto — falou James, fazendo uma careta.

— Acho que é assim com todo mundo. — Lili balançou a cabeça.

— Vamos mudar esse papo triste? — Júlio deu um tapinha na mesa. — Vamos pra praia semana que vem? Vai esquentar mais ainda.

— Opa, só vamos.

O astral da conversa mudou completamente, como sempre acontecia. E eu sempre ficava olhando meus amigos conversando, animados, sobre os planos.

Realmente, o futuro dava medo, mas com certeza nunca perderemos o apoio que damos um ao outro.


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Notas finais do capítulo

Difícil conviver com você, Júlio. Uma hora quero te abraçar, outra te socar, e aí quero te abraçar de novo xD

Espero que tenham gostado! Até mais o/



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