Happy Ending escrita por Yume


Capítulo 1
Capítulo I - A vida não é um conto de fadas


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Primeiro capítulo de teste.
Seu Feddback é bem vindo, críticas construtivas sempre ajudam!
Espero que gostem, nos vemos nos comentários!
Beijos!
Boa Leitura!
Yume



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FS

Sorte nunca esteve no meu vocabulário, na verdade, a única coisa que conheço, desde sempre, é o amargo gosto do azar. Quando era pequena acreditava em contos de fadas, onde um príncipe no cavalo branco iria me salvar e então viveríamos juntos e felizes para sempre. Ainda conto essas histórias para minha filha, apesar de que ela já não acredita mais nisso, mesmo com meu esforço, Amy não teve uma vida fácil, aos doze anos tem consciência de que o mundo na verdade tem mais cavalos do que príncipes.

Meu pequeno apartamento tinha a leve semelhança com a abóbora da Cinderela, era pequeno, quase não tinha janelas e fedia a lixo, já que o prédio ficava próximo de um terreno que era usado para descarte. Só que eu sabia que não existiam fadas madrinhas que magicamente iriam transformar aquilo tudo em um castelo.

Olhei pela pequena janela do quarto que dividia com Amy, o sol começava a dar o ar da graça no horizonte, infelizmente, haviam prédios do tamanho de montanhas, tapando a visão, que eu imagino, seja de um lindo nascer do sol bem alaranjado.

Não havia dormido a noite, tentei em vão pensar em como faria para pagar o próximo aluguel, já que a quase dois meses estava desempregada e o pouco dinheiro que havia guardado estava chegando ao fim. O despertador tocou e sorri ao ver Amy se remexer na cama, resmungando algo inteligível.

— Vamos lá dorminhoca, sabe que se ficar mais tempo na cama, vai se atrasar para escola – Me agachei ao lado da cama e tirei algumas mechas de cabelo que cobriam seu rosto – Vamos princesa, eu faço panquecas com mel se levantar agora.

Ela abriu os olhos devagar e suspirou – Você não sabe cozinhar – Segurei um sorriso.

— Posso não saber cozinhar, mas sei fazer panquecas com mel, e você adora – Amy sorriu e acenou. Jogou as cobertas para o lado e esticou-se enquanto bocejava ruidosamente.

Deixei que ela fizesse sua rotina matinal e fui para pequena cozinha, toquei no interruptor, porém, mais uma vez a lâmpada havia queimado, suspirei e abri o máximo que consegui da janela, deixando a pouca luz solar que não era impedida pelos prédios, entrar.

Abri os armários, não haviam muitos suprimentos, mas tinha o necessário para a massa de panqueca. Nunca fui uma boa cozinheira, minha mãe não teve tempo ou muito menos vontade de me ensinar a cozinhar, na verdade, acho que nem ela sabe, mas eu sabia fazer o básico para não morrer de fome, e isso incluía, panquecas com mel, macarrão com queijo e ovos, fritos, cozidos ou mexidos.

  Deixei que a massa dourasse sobre a frigideira quente e olhei no celular, mais uma clássica mensagem de desculpas de uma das inúmeras empresas que deixei meu currículo nos últimos meses. Respirei fundo e contei até dez, não podia deixar Amy me ver chorando porque as opções estavam se esgotando.

— Tudo bem mamãe? – Forcei um sorriso e me virei na direção da única razão para que eu não desistisse de tudo.

— Tudo meu amor – Amy não era idiota, ela sabia quando as coisas não estavam bem e sabia quando eu mentia, mas também sabia como mascarar o que estava sentindo, então, apenas sorriu e sentou-se próxima a bancada.

— Acho que tem algo queimando – Arregalei os olhos e virei para o fogão, um círculo preto jazia sobre a frigideira, suspirei e desliguei o fogo – Pensei que soubesse fazer panquecas – Amy riu, não segurei o riso enquanto raspava o que deveria ser uma panqueca.

— Eu acabei me distraindo.

— Não se preocupe, eu como alguma coisa na escola, ganhei alguns trocados por cuidar da filha da Sra. Barney.

— Não queria que tivesse que gastar seu dinheiro, eu deveria fazer o seu café da manhã – Amy sorriu doce e veio na minha direção, me deu um beijo estalado na bochecha e um abraço.

— Não se preocupe, pessoalmente acho mais seguro comer outra comida que não seja a sua – Ela riu em meu ombro, fingi ficar ofendida.

— Como ousa garotinha! Não deveria ficar zombando de mim, eu sou a sua mãe! – Agarrei seu braço e comecei a fazer cócegas em sua barriga, nós duas riamos como duas crianças.

— Para... Mãe... – Ela estava ofegante, parei o que estava fazendo e a abracei novamente.

— Prometo que ainda vou dar tudo o que você merece, o melhor!

Ela suspirou – Eu sei mãe, mas eu não me importo, estando com você, está tudo bem – Amy ergueu a cabeça e me encarou com aqueles olhos verdes encantadores que eu tanto amo, sorri e beijei sua testa.

— Eu te amo princesa.

— Também te amo mãe – Ela me soltou e pegou a mochila – Vou sair para não me atrasar, nos vemos mais tarde – Acenou para mim e fechou a porta.

Suspirei e sentei no banco em frente a pia, fiquei encarando a porta por vários minutos, eu realmente gostaria de acreditar que um milagre aconteceria e um príncipe no cavalo branco apareceria para me salvar.

OQ

— Você vai para escola William! – Gritei para o garoto que continuava a ignorar minha presença – Largue esse videogame! – Tirei o controle de suas mãos, ele permaneceu imóvel, na mesma posição de antes – O que eu tenho que fazer para você me escutar? – Perguntei cansado, passei a mão no cabelo e um gesto de desespero.

— Me deixe em paz... – Sua voz não era mais do que um sussurro.

O encarei por alguns segundos, sem saber o que fazer, fechei os olhos e procurei por controle. Thea saberia o que fazer! Maldita hora em que resolveu sair para conhecer o mundo! William estava comigo a menos de seis meses e por todo esse tempo o máximo que consegui fazer com que ele falasse, foram frases quase monossilábicas e alguns resmungos sobre o quanto ele me odiava. Estava completamente perdido e quase sem opções de como fazer meu filho ter ao menos o mínimo de respeito por mim.

— Se não for para escola, vou ter que fazer com que estude em casa.

Ele suspirou e fechou os olhos por alguns segundos, levantou e pegou a mochila que estava sobre a cama, andou até a porta sem me dirigir uma palavra. Suspirei e o segui, minha mãe apareceu nas escadas e sorriu ao ver o neto, ao menos com ela, William mostrava cordialidade.

— Não está atrasado querido?

— Ainda não.

Mamãe passou a mão em seu cabelo o ajeitando – Quer que o acompanhe até a escola?

— Não precisa, obrigado – Ele sorriu fraco e foi para fora.

Observei ele sair em entrar no carro, pela janela vi o motorista sair em direção a cidade, respirei fundo e me sentei no último degrau da escada apoiando a cabeça sobre as mãos, senti o afago de minha mãe em meu ombro.

— Ele ainda não se acostumou com você, espere mais um pouco Oliver.

— Já fazem quase seis meses mamãe – A encarei exasperado – Seis meses! Ele nem mesmo me olha nos olhos e quando faz a única coisa que vejo é ódio!

— Entenda Oliver, ele perdeu a mãe e veio morar com um pai que até então nem mesmo sabia da existência, William tem apenas doze anos, se Thea que tem quase trinta, ao descobrir quem é seu verdadeiro pai, sumiu em uma viagem sem prazo pelo mundo, o que você espera de uma criança?

Suspirei – Eu não sei mais o que fazer.

— Apenas dê tempo ao tempo, uma hora ou outra, ele vai acabar se acostumando – Mamãe sorriu com doçura – Você também poderia tentar se casar, uma mulher ajudaria na criação dele, você já está ficando velho Oliver, precisa se casar.

— Já tenho um herdeiro mamãe, esse seria o único motivo para me casar, porém, como não há razão, me sinto feliz do jeito que estou.

Ela suspirou e meneou a cabeça – Então arranje algum tutor para William, pelo que sei ele está indo mal na escola, e você não tem a mínima condição de o ajudar já que a única coisa em que era bom na escola, era em dar em cima de qualquer menina que passasse em sua frente – Sorri com a lembrança e mamãe ficou séria.

— Tudo bem, vou falar com Dig e ver se ele conhece alguém.

— Muito bem, eu tenho que ir, tenho uma reunião daqui a alguns minutos – Abaixou-se e me deu um beijo na testa – Lembre-se, tenha calma – Concordei e a vi sair.

Levantei ajeitando o paletó, respirei fundo e desci as escadas, teria de arranjar um tutor para meu filho, mamãe tem razão, eu preciso de alguém que me ajude com ele.


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