Prenda-me se for capaz escrita por Luna Lovegood


Capítulo 3
Capítulo 3 - Lavando a roupa suja


Notas iniciais do capítulo

Cheguei!

Bem é isso! Aproveitem o capítulo!




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Felicity Smoak 

Eu estava sonhando que dormia. 

É ridículo eu sei, mas nunca tive um sonho mais relaxante. E depois de tanto tempo sem ter uma noite de sono completa, sem ter que trocar o colchão da cama, ou rolar por ele tentando encontrar uma boa posição para dormir, mudar os móveis de lugar por causa do feng shui. Dormindo com vários travesseiros porque sentia falta de algo, ou então sem nenhum porque a cama estava cheia demais. Nunca encontrando o balanço perfeito. Eu fiz várias tentativas inúteis de conseguir dormir uma noite inteira, sem acordar tensa, cansada, como se sequer tivesse dormindo. Era bom finalmente poder apreciar um bom descanso, onde tudo parecia estar no lugar certo para variar.

Me aninhei abraçando o travesseiro, apertando o tecido da fronha enquanto inspirava profundamente.

O travesseiro além de magicamente ser capaz de me fazer dormir a noite inteira, ainda era cheiroso.

Era quente e acomodava minha cabeça perfeitamente, como se tivesse sido feito sob medida para mim.

— Eu amo esse travesseiro. – murmurei e senti risadinhas virem do meu novo travesseiro favorito. Travesseiros não deveriam rir, mas eu estava sonhando então, quem se importa?!

— Eu sabia que você sentia saudades de me usar como seu travesseiro, mas não fazia ideia de que era tanta assim, amor. – a voz macia flutuou até meus ouvidos, uma parte da minha mente, uma escondida bem ao longe gritava para que eu acordasse e saísse da posição confortável. Mas era muito fácil ignorá-la quando eu me sentia tão bem agarrando o travesseiro e ele até mesmo afagava meus cabelos – Quer um segredo? Eu senti saudades de ser seu travesseiro também, por todas as noites.

Engraçado, meu travesseiro falava coisas bonitas.

Tive a impressão de receber um roçar de lábios em meus cabelos.

Travesseiros não beijavam.

Não falavam também.

Travesseiros não eram tão duros.

Ou quentes.

Ou faziam tututu como um coração batendo.

Oh, merda! Eu não estava dentro de um sonho!

— Merda. – o palavrão saiu da minha boca ao me dar conta da posição em que estava. Completamente agarrada no meu travesseiro favorito: Oliver Queen! Meu primeiro instinto era de me aninhar ainda mais naquele corpo, fechar meus olhos e voltar a descansar minha cabeça em seu peito ouvindo o ritmo do seu coração por mais um par de horas. A parte sensata, que demorara um pouco para despertar apenas gritava em desespero: se afaste.

Eu fiz isso.

Ou pelo menos tentei. Rolei o corpo para trás num único e rápido movimento. Eu não tinha notado o qual próxima da beirada da cama eu estava, eu tinha me esquecido de que não adiantava me afastar de Oliver, não quando eu estava literalmente presa a ele.

Então, quando eu cai de bunda no chão sem me incomodar com a dor no traseiro apenas porque eu estaria longe de Oliver, eu sequer tive um segundo para apreciar a distância. Porque obviamente quando eu cai, eu puxei Oliver comigo.

E ele caiu exatamente em cima de mim.

Cada maldita parte do corpo dele comprimindo o meu.

Devo chamar isso de karma?

— Se machucou? – Sua voz veio preocupado, seus olhos percorrendo meu rosto a procura de qualquer indicação de dor. Apenas balancei a cabeça, não queria abrir a boca e correr o risco de me humilhar ainda mais – Eu acho que esse é um jeito bem diferente de dizer bom dia. Mas eu gosto. – um sorriso terno se espalhou preguiçosamente por seu rosto, era um daqueles que costumava aquecer meu coração e me fazer sorrir de volta sempre que eu acordava e o via ao meu lado. Apenas um arquear singelo de lábios, mas que tinha tanto significado principalmente para mim, que recebi esse sorriso por todas as manhãs que acordei com Oliver. - Acho que se esqueceu de que não tem como fugir de mim, onde você vai eu vou também, mesmo que isso signifique o chão do quarto. – as pontas de seus dedos roçaram o contorno do meu rosto, descendo por minha garganta e indo até minha clavícula, e depois voltando a fazer o caminho inverso. Me questionei se Oliver sentia a minha pulsação ir mais rápido apenas por causa de seus toques - Mas eu meio que gosto desse chão, o tapete é macio, me faz pensar em como seria... – Sua voz era gostosa e sugestiva, seus olhos faiscaram caindo nos meus lábios e perdi o rumo absorvendo o que Oliver falava.

O tapete era macio, assim como a textura de seus lábios, recordei.

Era bom ter o peso de seu corpo em cima do meu novamente, sentir seu toque, a posição íntima, trazia tantas lembranças.

Eu também estava pensando no mesmo que Oliver. Eu queria o mesmo que ele.

Embora o seu querer estivesse bem mais evidente e comprimido contra mim, tornando difícil racionalizar. Me mexi apenas um pouco, ondulando embaixo do seu corpo sentindo-o melhor, e o sorriso de Oliver se tornou mais indecente entendendo o que eu queria. Sua boca desceu para mim, e entreabri a minha esperando sentir seus lábios num daqueles beijos que roubavam meu fôlego. Mas Oliver não o fez. Ele escolheu me provocar. Sua boca caindo apenas no canto da minha me dando apenas uma amostra de beijo que eu queria tanto, e deslizando para baixo até meu queixo, seguindo a linha do maxilar até minha orelha.

Oliver tomou seu tempo. Beijando minha pele com reverência e fome ao mesmo tempo. Eu não consegui pensar, eu só sentia sua boca quente sugando e chupando a pele sensível fazendo do meu corpo inteiro refém da sua boca.

Dentes me beliscaram e merda! Eu gemi alto e com vontade.

Oliver parou surpreso com minha reação tão efusiva e ter sua boca longe de mim serviu para clarear um pouco minha mente, mesmo que ter sua respiração ofegante e quente tão perto de mim, sua boca à uma distância tão pequena que parecia “vamos lá, pegue o que você quer, garota!” tudo isso ainda me deixava um pouco tonta. Helena estava certa, essa coisa de abstinência estava começando a mexer com o meu psicológico. Eu queria sexo, ok, mas eu não podia tê-lo com meu ex-noivo que eu jurei odiar pelo resto da minha vida.

Exceto que era apenas com ele que eu queria ter.

Eu precisava pensar em outra coisa.

Parei de olhar para a boca dele, que havia deixado o meu pescoço e agora parecia tão pronta para provar a minha. Se Oliver me beijasse, do jeito que havia beijado minha pele, eu estaria a um passo de cometer o maior erro da minha vida.

Um delicioso erro.

Um erro muito grande.

Movi os olhos para os dele, tão azuis, tão cheios de um sentimento perigoso do qual eu deveria fugir. Tentei olhar para as linhas de seu rosto e encontrei nelas tantas lembranças de expressões diferentes.

Isso não daria certo.

Resolvi encarar seu cabelo. Nada é mais inexpressivo do que cabelo, certo? Exceto que apenas olhar não bastava, e quando meus dedos o tocaram, sentiram a maciez úmida, eles não quiseram mais sair dali, eu comecei a acariciar e a puxá-lo como fazia antigamente.

— Estou gostando muito disso, amor. – um sorriso travesso prendia em seus lábios seu nariz roçou o meu, mas sua voz veio reticente e pragmática - Mas não siga em frente se não consegue lidar com as consequências agora. – Havia mais em suas palavras. Quase como se Oliver pedisse para eu não brincar com ele.

Nobremente, Oliver estava me dando a opção de parar. Graças a Deus entre nós ele ainda tinha algum juízo! Tirei minhas mãos de seus fios sedosos e úmidos...

— Por que seu cabelo está molhado? – questionei, só percebendo agora. Encarei-o melhor notando que as roupas estavam diferentes das da noite anterior - Você tomou banho! – acusei - Como você tomou banho se...?

— Eu tenho a chave, Felicity. – ele riu.

— Espere, então você... você nos soltou, tomou seu banho e depois nos prendeu de novo? – tentei juntar as peças. A outra opção seria eu ter tomado banho junto com ele...

— Não.

— Não? – minhas sobrancelhas se uniram. – Então como você tomou banho? – Aí meu pai amado! Eu tomei banho com Oliver Queen, e não me lembrava disso! Busquei pela minha mente a memória, eu queria muito essa lembrança.

— Eu vejo onde essa sua cabecinha depravada está indo... Você se lembraria, Felicity. – ele piscou para mim antes de me dar a verdade - Eu nos soltei assim que você adormeceu. – fiquei confusa - não queria que as algemas machucassem seu pulso caso você se mexesse durando o sono – retraí o sorriso que sem querer se alastrou por meu rosto. Oliver ainda era doce e cuidadoso... – Sem contar que manter aquela chave dentro da minha cueca estava começando a me incomodar... – ou nem tanto.

— Não temeu que eu acordasse durante a noite e fugisse? – questionei.

— Você nunca fugiria dos meus braços, amor – seu sorriso veio arrogante, e o olhar entre divertido e convencido quando seus dedos começaram a tracejar o contorno da minha bochecha e instintivamente, meu rosto inclinou-se para o seu toque e quando o polegar roçou meus lábios, eu os entreabri emitindo um pequeno suspiro.

Os olhos de Oliver cintilaram, e percebi que eu estava fazendo a festa do idiota, provando que estava certo!

Maldito corpo traidor.

— Sinto estourar esse balão inflado que é seu ego, mas eu fugiria para qualquer lugar do mundo se soubesse que você não estaria lá. –  Recuperei o controle e fechei a cara, mas seu sorriso convencido não se desfez.

— Tem certeza? – Havia riso em seu tom - Porque no instante em que soltei as algemas, você rolou na cama até mim, me abraçou e murmurou algo que parecia muito com o meu nome.

— Eu provavelmente tive pesadelos essa noite! – revidei.

— Continue se enganando, amor. – eu odiei o quanto ele estava sendo condescendente - Mas a verdade é que você dormiu nos meus braços a noite toda, como nos velhos tempos. E agora não está nem fugindo quando estou em cima de você, eu acho que gosta, sente saudades... – Oh, merda! Ele estava certo. Ali estava eu, debaixo do corpo de Oliver completamente confortável, sem tentar me mover para nenhum outro lugar, sem afastá-lo até porque era muito bom tê-lo em cima de mim -... Muito mesmo, na verdade se eu não estivesse me controlando aqui já teríamos batizado esse tapete.

Ele tinha razão.

Eu odiava que ele tivesse razão.

— Saia de cima de mim! – Explodi empurrando-o de cima de mim tentando recuperar alguma dignidade, mas a filha da mãe havia se escondido no canto mais remoto do meu cérebro no instante em que o corpo de Oliver caiu sobre o meu.

Oliver se levantou num suspiro, levando-me consigo.

Me afastei o máximo que consegui. E me concentrei em alisar minhas roupas amassadas, para não ter que encarar Oliver. Se minhas roupas estavam assim imagine meus cabelos! Levei uma das mãos para eles, dedos se emaranharam nos fios que se recusaram a desfazer os nós. Bufei de raiva.

Maravilha. Aqui estava eu, presa com meu ex noivo, numa casa afastada e tudo o que eu conseguia pensar era como o meu cabelo estava!

— Você está linda. – A voz de Oliver me atraiu para ele.

— O quê?

— Está preocupada se acordou bonita. – Como ele conseguia me ler tão facilmente? - Eu particularmente sempre amei como seu cabelo fica apontando para todos os lados quando você acorda – Oliver pegou uma das mechas torcendo o cacho rebelde em seus dedos, seu olhar se distraindo com o movimento, como se gostasse de apenas observar meu cabelo em sua mão – É bonito. Combina com você. Um pouco selvagem pela manhã. – ele riu.

Selvagem? Eu só conseguia pensar em Jane depois de um dia inteiro perdida na floresta. Humm... Oliver seria um bom Tarzan, com seus músculos, pegada forte e toda aquela nudez...

Ai Deus! O que está acontecendo comigo?

Helena estaria certa? Todo esse tempo sem sexo estava me tornando uma tarada sexual?

Eu precisava me afastar de Oliver.

Dei um passo para trás, colocando entre nós o máximo de distância possível.  E mesmo assim não era o suficiente. Malditas algemas que me obrigavam a ficar perto demais para ignorar seu efeito sobre mim!

— Você poderia tirar minhas algemas para que eu tome banho também. – Banho frio. Distância. Uma porta trancada entre nós e água gelada caindo em meu corpo, talvez isso ajudasse a, bem, a apagar o maldito incêndio dentro de mim que Oliver começava sempre que se aproximava. – Eu gostaria de vestir roupas limpas, um banho pode até mesmo me fazer ser mais gentil com você e... – Tagarelei, mas pelo modo que olhos de Oliver faiscavam para mim, ele tinha em mente algo muito diferente, algo que fazia meu estômago revirar de ansiedade  - ....Então, vai tirar as algemas para que eu possa tomar um banho? – consegui finalizar, ignorando o seu olhar.

— E perder toda a diversão? – ele riu - Eu não me importo de tomar outro banho, principalmente se for com você. Um par de mãos extras poderia ser bem-vindo para esfregar suas costas ou esfregar outras partes se você preferir...

Eu prefiro!

Eu preciso calar meus pensamentos! E principalmente as imagens que esses pensamentos evocavam e que agora dançavam na minha mente. Eu. Oliver. Chuveiro.

— Pode tentar ser menos pervertido por um momento? Eu não estou falando de fazer sexo quente, molhado e escorregadio com você no chuveiro! – Oliver balançou a cabeça, seus olhos apertados fortemente assim como suas mãos fechadas em punhos. Ele buscou uma longa e profunda respiração como se buscasse por controle ou tentasse expulsar um pensamento persistente. Mas quando seus olhos abriram novamente e caíram em mim, eu tive certeza de que ele não havia encontrado nem controle, nem expulsado o pensamento que o atormentava. Eu tive ainda mais certeza quando suas duas mãos se apoiaram com força uma de cada lado da minha cintura, dedos se enredando por debaixo da camisa de botões que eu usava. Seu toque quente e possessivo sobre a minha pele me fazendo respirar mais ofegante.

— Sexo, quente, molhado e escorregadio? – perguntou num sopro rouco e descontrolado de voz, dando um passo a frente e diminuindo tanto a distância entre nós que eu sentia o gosto mentolado do seu hálito. Estranhamente eu não recuei, talvez, só talvez eu quisesse sentir um pouco mais daquele calor que apenas Oliver provocava em mim. Talvez eu estivesse cansada do frio – Explique mais. – pediu, seus lábios desenhando um pequeno sorriso atraente quase impossível de resistir.

Mas eu precisava resistir.

Mesmo que Oliver fosse tão irresistível quando uma barra de chocolate para uma mulher na TPM. Ou um filhote de cachorro perdido para uma criança sem muitos amigos.

— Hum... – comecei a explicação, me esforçando para ser distante e neutra – Quente por que a temperatura da água estaria quente... – Uau, Felicity cadê o seu super cérebro quando precisa dele? Vira gelatina quando você está nos braços de Oliver?

Yep. Gelatina.

— Interessante. – Oliver analisou minha resposta com verdadeiro interesse. Havia um brilho que eu conhecia bem atrás das suas íris azuis, eu era vagamente consciente de que estávamos andando, mas eu não conseguia parar de olhar em seus olhos para ter noção para onde estávamos indo. Eu já havia mencionado que meu cérebro era tão inconsistente como uma gelatina nesse momento?

— Huhum. – apenas concordei com um murmúrio.

— E molhado? – eu demorei para assimilar sua pergunta. Minhas costas haviam batido contra alguma parede, e Oliver apenas continuou avançando até cada linha do seu corpo estar tentadoramente pressionada contra o meu, e eu apenas prendi a respiração. As mãos de trilharam um caminho perigoso por debaixo da blusa, fazendo a minha pele se arrepiar e se aquecer, e quando chegaram a borda do sutiã e tive uma das suas mãos fechando-se em concha em meu seio, eu apenas arfei soltando todo o ar que prendia. Havia algo de erótico em ter minha mão atada a dele, seguindo seus movimentos pelo meu corpo, o frio da algema causando calafrios em oposição ao calor do seu toque, ao calor que crescia dentro de mim. Me vi entrelaçando minha mão sobre a dele quando Oliver apertou meu seio novamente. Meu corpo lutando querendo mais, minha mente buscando por um ponto de equilíbrio, alguma coerência, mas eu só conseguia pensar em Oliver.  – E molhado, me diga porque vai ser molhado. – A voz baixa em meu ouvido me fez inclinar a cabeça para trás, totalmente entregue ao efeito da língua quente e molhada no lóbulo da minha orelha.

— E molhado por que... a água é molhada. – respondi.

— A água é molhada. – Oliver não segurou o riso ao repetir minha eloquente resposta, seu corpo vibrando contra o meu, a boca quente deixando a orelha e se colocando perto demais da minha. Seus olhos eram como dois vulcões prestes a entrar em erupção e queimando o que estivesse na sua linha de visão. – E escorregadio? Me diga, como seria escorregadio entre nós? – nossos lábios se roçaram por um pequeno milésimo de segundo, um momento tão fugaz, mas que fez tudo dentro de mim se agitar e se impelir para Oliver.

Escutei o som de uma maçaneta sendo girada, e meu corpo indo para trás sendo empurrado vagarosamente pelo o de Oliver. Eu não estava contra uma parede afinal, mas uma porta.

Eu era meramente consciente da mudança de ambiente. Dos azulejos brancos na parede, do piso frio sob meus pés descalços.

Oh, merda.

Estávamos no banheiro. Oliver estava pensando em sexo quente, molhado e escorregadio agora? Porque eu definitivamente estava. Era tudo o que tomava conta da minha mente.

— O que estamos fazendo? Não devíamos... – eu disse fracamente para mim mesma. Minha boca falava uma coisa, mas meu corpo fazia outra quando se apertava ainda mais contra o de Oliver.

— Eu quero uma aula prática sobre quente, molhado e escorregadio. – Oliver anunciou e num único movimento me vi pressionada contra a parede gelada de azulejos, e apesar do frio, tudo o que senti foi o calor de Oliver no meu corpo percorrendo cada terminação nervosa. Sua boca deslizando pela pele da garganta, sua barba e dentes arranhando com certa rudez e contrastando com a maciez e da sua boca sugando minha pele. Oliver não estava pegando leve comigo seguindo pelo pescoço até a orelha e depois fazendo o caminho inverso. Eu me derreti em seus braços. - Seria assim? - Oh. Sim. Exatamente assim boca quente, molhada e escorregadia. Era o que eu gostaria de ter respondido, mas da minha boca tudo o que saiu foi um som estrangulado, uma mistura de gemido com palavras que não faziam o menor sentido. Isso pareceu estimular Oliver, sua boca começou a sugar um ponto da pele com uma fome sem igual, eu tinha certeza que aquilo deixaria uma bela marca.

Sua mão começou a descer entre nós levando a minha com a dele, primeiro ele desabotoou a minha calça jeans e, com uma ousadia recém descoberta fiz o mesmo com a dele. Senti o riso dele em minha pele, Oliver gostava do jogo que estávamos fazendo.

Como xadrez, cada um fazendo um movimento por vez.

Não sei o que me levou a abrir meus olhos naquele momento. Talvez eu só quisesse olhar dentro dos olhos de Oliver e recuperar aquela conexão que sempre tivemos. Mas assim que abri meus olhos não foi os dele que encontrei. Isso seria impossível, Oliver estava todo concentrado em chupar a pele do meu pescoço, então o que eu vi foi o meu rosto no espelho na parede oposta. Aquela mulher não era a Felicity que eu via diariamente, comportada e com uma vida normal. Aquela mulher descabelada tinha um olhar sedento, boca aberta e respirava com dificuldade.

Oliver deslizou as mãos para dentro da minha calça e arfei, gemendo pelo simples roçar de seus dedos por cima da calcinha e mesmo, apenas isso, já tinha sido o bastante para me fazer estremecer. Seu toque parou aí, desafiando-me a fazer o mesmo com ele.

— Sua vez. – sua voz rouca me excitava e incitava ao mesmo tempo. Me vi deslizando o zíper de sua calça vagarosamente, dedos esbarrando em sua proeminente ereção. Eu queria rodeá-la com todos os meus dedos e acariciar, queria sentir o pulsar da carne excitada, queria...

O que estava acontecendo comigo? Eu estava pronta para transar com meu ex dentro de um banheiro. Onde estava o meu orgulho? E meu bom senso?

Felizmente eu recuperei um pouco dele antes que Oliver enfiasse sua mão ainda mais dentro da minha calcinha, e me fizesse perder totalmente a vergonha.

— Você não devia ter começado isso. –  Eu disse com a voz ainda trêmula pelo que quase permiti acontecer, puxando a mão de Oliver para fora da minha calcinha e o forçando a se afastar de mim. O calor dos seus olhos aos poucos se transformou de desejo para confusão à raiva e então para uma pulsante frustração.

— Amor, foi você quem começou a falar sobre tirar a roupa e ficar nua debaixo de um chuveiro. – jogou a culpa para mim, percebi que apesar da raiva rugir em seu peito seu tom era ainda mais malditamente sexy - Você quem começou a falar de sexo no chuveiro. A explicar como seria quente, molhado e escorregadio... Não pode me culpar por deixar que a minha imaginação fluísse e...

— E...? – pisquei meus olhos para Oliver, ainda um pouco anuviada pelas sensações.

— Eu não vou fingir que não quero te dar prazer, que não quero colocar a mão dentro da sua calcinha, Felicity. – engoli em seco com suas palavras cruas e honesta. -  Como você finge que não quer colocar as suas dentro da minha cueca, mas há poucos segundos elas estavam quase lá e não era uma maldita chave o que você queria! – esbravejou. – Era meu pau que seus dedos queriam tocar.

Senti meu rosto se aquecer. Eu quase fiz isso.

— Eu não quero tocar nada seu. – me apressei a negar, sentindo meu nariz franzir enquanto o fazia. Oliver avançou, por um momento eu pensei que ele fosse apenas me beijar e me fazer derreter em seus braços apenas para provar a mentirosa que eu era.

— Você mente muito mal, amor. -  engoli em seco ao escutar a voz tão perto de mim, meu corpo desejando impelir para o dele - Vá tomar o seu banho, Felicity. Antes que eu mude de ideia. -  ele concedeu com a voz mais seca dessa vez, se afastando tanto até que estivesse no lado oposto do banheiro, e só então eu notei que Oliver havia retirado as algemas de mim.

Eu havia vencido. Então por que eu me sentia tão estranha? Caminhei até o box e apenas estiquei a mão ligando o chuveiro e testando a temperatura da água. Eu sabia a resposta. Apesar dos meus constantes protestos, eu queria Oliver. Mas sabia que não deveria querê-lo e essas duas partes de mim estavam se confrontando.

— Vai ficar aqui me observando? – perguntei com uma nota de desespero ao notar que Oliver ainda estava no banheiro, e não tinha feito menção alguma de sair.  Será que ele queria...?

— Que outra forma eu posso garantir que você não vai fugir? – seu sorriso veio sem humor, seus olhos haviam perdido o brilho de antes, embora ainda houvessem resquícios do fogo quando ele olhava para mim.

— Eu não fugiria correndo nua por aí.

— Então basta eu não deixar que tenha roupas e você ficará trancada nessa casa comigo?- ele quase sorriu. Quase.

— Não foi o que eu disse! Não comece a ter ideias, Oliver. – devolvi - Pode pelo menos se virar já que se nega que eu tenha privacidade? – pedi. Eu não poderia lidar a tomar banho com Oliver e seu olhar quente em mim.

— Não há nada que eu não tenha visto aí. – deu de ombros encostando-se a porta e olhando-me dos pés a cabeça, parecendo relaxado. - Ou tocado. Ou provado com minha boca. – Suas palavras foram jogadas de um jeito leviano, mas a postura de Oliver guardava certa tensão.

Isso me irritou. Como no inferno ele ousava dizer essas palavras para mim e ficar ali parado agindo como se não fosse nada demais?

— Ok.  Cansei dos seus jogos -  Desisti ao perceber que ele não se moveu nem um centímetro. Oliver estava certo, não adiantava querer me esconder, o desgraçado conhecia cada linha do meu corpo como ninguém, mas era apenas isso. - Aproveite o strip-tease grátis. – anunciei, ainda mais irritada por ele dificultar tanto as coisas.

Comecei pelos botões da camisa que usava desabotoando um a um e logo a joguei no chão com certa rispidez. Desci para a calça que bastou apenas deslizar pelas pernas já que Oliver tinha antecipado a parte de desabotoar e descer o zíper e me poupado do trabalho extra. Chutei os jeans amontoando junto com a camisa, e então notei a expressão predadora de Oliver. Humm... Talvez eu pudesse reverter esse jogo. É como dizem um dia é da caça e outro do predador... Com um pequeno sorriso levei minhas mãos às costas para desabotoar o sutiã e comecei a despi-lo num movimento mais sensual do que pretendia, deixando a peça cair por meus braços.

Eu sabia que tinha os olhos de Oliver em cada um de meus movimentos, eu sentia o calor de seu olhar atravessando a distância do banheiro quando ele me encarava com cobiça. Ele poderia cruzar os braços e fingir que não estava afetado, mas a certas reações que não conseguimos esconder.

Coloquei meus dedos um de cada lado dos quadris, prendendo no tecido da calcinha e encarei Oliver por cerca de três segundos ele puxou todo o ar do lugar quando ameacei começar a descer a última peça.

— Aproveite seu banho. – não foi mais do que um murmúrio antes de Oliver sair batendo a porta num estrondo, sem me encarar uma única vez mais.

Sorri para mim mesma.

Dois podiam jogar esse jogo de provocação.

***

Entrei na cozinha cautelosa.

Eu havia tomado meu banho frio. Não havia outra opção, não quando apenas o olhar de Oliver em mim me fazia agir como um vulcão prestes a entrar em erupção, eu precisava esfriar o corpo e a cabeça também. E principalmente precisava de um tempo sem Oliver Queen baforando no meu pescoço e me deixando ainda mais confusa. O banho havia deixado algumas coisas mais claras para mim, eu não aguentaria esse jogo com Oliver por muito tempo. Ainda mais se ele mantivesse aquelas malditas algemas em mim, me impedindo de fugir sempre que as coisas saíssem do meu controle.

— Você ainda fica bem com minhas roupas. -  Oliver disse forçando um sorriso amistoso no rosto assim que me viu entrar na pequena cozinha. Ele estava de pé junto ao fogão, cozinhando. Olhei para baixo em mim mesma observando o caimento da camisa social branca que avistei sobre a cama assim que saí do banheiro enrolada na toalha. Eu aceitei, porque não estava a fim de vestir as mesmas roupas de ontem. Comecei a dobrar as mangas para cima apenas para ter uma desculpa para ignorar Oliver e seu sorriso por mais um tempo. - Pedi Tommy que trouxesse algumas das suas roupas. – franzi o cenho o encarando - Com fome? – Oliver perguntou, erguendo a frigideira onde eu via um perfeito omelete. Hum, aquilo era novo. Desde quando Oliver cozinhava?

— Minhas roupas? – perguntei, sem entender como Tommy pegaria as minhas roupas.

— Digamos que eu estava com a chave da sua casa também e pedi Tommy para passar lá e trazer tudo o que você precisa para ficar por um tempo. – explicou, fazendo-me estagnar e o encarar com certo horror. Quanto tempo ficaríamos nesse jogo? Oliver havia pego meu celular, minhas algemas e minhas chaves. O que mais ele roubaria de mim? - Não se preocupe, eu o proibi de mexer na sua gaveta de calcinhas e disse para apenas comprar novas. - Oliver justificou, entendendo erroneamente minha careta.

— Um tempo que seria quantos dias exatamente? – sondei, falhando em esconder minha preocupação. Por quanto tempo Oliver achava que poderia me manter aqui sem que ninguém desconfiasse? Sem que nós dois... Merda. Eu precisava sair daqui.

— O tempo necessário. – Oliver foi evasivo. -  Sente-se e coma.

—  Mandão. – Revirei os olhos, mas fiz o que ele disse, puxando uma das cadeiras e sentando-me a pequena mesa.

Primeiro porque eu estava com forme, e segundo porque não queria entrar num conflito com ele agora, conflitos tendiam a deixar nossas emoções a flor da pele e isso não seria bom. Eu poderia bancar a conciliadora, por enquanto se isso mantivesse nós dois à uma distância segura um do outro.

Oliver terminou de colocar o café a mesa, fiquei surpresa com a variedade de coisas que ele havia feito além da omelete. Havia café, bolinhos, suco, e algumas frutas. Ele estava tentando me impressionar? Meu pensamento começou a vagar para aquela nova versão de Oliver com um avental, e que sabia cozinhar. Estava tão distraída que mal percebi que Oliver me avaliava com certa expectativa. Esperando saber minha opinião.  Me servi da omelete, levei o garfo a boca disposta a me fazer de difícil.

 - Hum... – não resisti e deixei um gemido de prazer sair sem querer. - Isso está surpreendentemente bom. Quando foi que aprendeu a cozinhar? – minha curiosidade falou mais alto, em anos de namoro os conhecimentos de Oliver na cozinha nunca foram além de aquecer a comida no micro-ondas.

 - Eu não tinha mais uma empregada para fazer as refeições, pareceu natural apenas aprender. – ele deu de ombros como se aquilo não fosse nada demais. Mas eu conhecia Oliver, havia um orgulho tímido nele que eu achei bem fofo.

Bebi um pouco do café que Oliver havia nos servido e desviei o olhar dele. Eu não deveria achar nada em Oliver fofo. Deveria ficar distante. E agora, com nós dois sendo civilizados parecia o momento perfeito para realmente conversarmos.

— Eu tenho uma proposta para fazer. – anunciei, abaixando a xícara de café e encarando Oliver.

— Você tem? – Oliver pareceu surpreso - Estou curioso, continue. – Se recostou na cadeira e novamente me vi sendo vítima de seu olhar avaliativo.

— Você veio atrás de mim porque sabe que estou investigando o crime que você cometeu... – seu rosto se tornou mais abatido, olhos perdendo um pouco do brilho e foi fácil perceber que ele esperava que eu quisesse algo diferente.

— Supostamente cometi – Oliver me corrigiu - Eu sou inocente, Felicity. – Havia uma certa tristeza em seus olhos ao olhar para mim quando disse. –  Mesmo me conhecendo, é tão fácil para você acreditar que eu faria algo assim tão baixo? Roubaria o dinheiro de alguém? – perguntou.

— Sua família não construiu um império sendo honesta nos negócios... – Me arrependi no instante em que disse isso. A postura de Oliver se tornou mais dura, bem como as linhas de seu rosto o olhar triste sendo substituindo por algo mais impenetrável.

— Eu não sou minha família, sempre deixei isso claro para você. – Oliver se esforçou para soar sem emoção, mas eu conheci bem o suficiente para perceber os nuances de raiva, decepção – E estou surpreso que você ficou sabendo da queda dos Queens. Pensei que depois do término você tinha banido tudo relacionado a mim da sua vida. -  seus olhos semicerraram na minha direção.

— Eu tentei. - fui honesta, mesmo que este fosse um assunto que me deixasse desconfortável. O escândalo da corrupção na empresa da família de Oliver estourou algumas poucas semanas depois de rompermos, naquela época por mais machucada que eu estivesse, eu ainda estava apaixonada por Oliver e era difícil lutar contra a preocupação e o desejo de saber como ele estava lidando com tudo. - Mas era difícil quando ela estava estampando a manchete de cada maldito jornal. Não é sobre isso o que quero falar com você, isso não é sobre nós ou nosso passado, Oliver. – terminei, tentando colocar um limite nas coisas.

— Esta enganada, é sempre sobre nós. – insistiu. – Acha mesmo que dá para ignorar tudo o que vivemos, o que sentíamos um pelo outro? O que ainda sentimos, Felicity? - Ainda sentimos. Ainda nos sentíamos assim? Aqueles sentimentos ainda viviam dentro de nós? Eu sabia que não era indiferente a Oliver, que eu havia enterrado meus sentimentos tão profundamente dentro de mim, na esperança de que um dia desaparecessem. - O tipo de amor que tivemos não diminuiu e não desaparece apenas porque você colocou na cabeça que não existe mais amor. Amar alguém não funciona assim, não existe um botão de liga e desliga... – Meu coração deu saltos. Porque aquilo mais parecia uma declaração de amor? – Amar alguém é aceitá-lo por inteiro, com seus defeitos e qualidades, é estar perto mesmo quando a pessoa o quer longe, apenas porque você se importa demais para deixá-la sozinha. Eu sei que dizem que quando a gente ama a gente deixa livre, que o que é seu voltará um dia voltará. Mas vai por mim, nem sempre funciona assim – seus olhos faiscaram para mim – às vezes precisamos lutar pelo nosso amor, agarrar com todas as forças e não deixar partir porque a vida sem esse amor, não seria apenas miserável, mas não seria vida realmente.

Um longo silêncio pairou sobre nós, olhares dizendo mais do que palavras.

Meu coração se atrevendo a querer acreditar em suas palavras.

— Não importa. – desviei o olhar do dele e escondi meu rosto atrás de um gesto de mão. Eu estava mentindo. Mentindo feio porque eu não queria encarar aquela verdade. As palavras de Oliver haviam mexido comigo. Mas e daí? Ele poderia dizer que me amava, isso não mudava o fato de que ele havia me largado antes do casamento. Algumas feridas não podiam ser curadas com um simples “eu amo você”, porque apesar do discurso de Oliver sobre amor, havia mais em um relacionamento, havia confiança e lealdade e isso já não existia entre nós. Então do que valia apenas amor?  -  Vamos focar no agora, Oliver. – seus ombros caíram numa postura derrotada, embora ele assentisse – E agora você precisa de mim. Eu vou te ajudar a provar sua inocência, se você prometer que não vai colocar mais as algemas de mim.

— E que garantia eu teria de que você não fugiria? – seus olhos se tornaram mais astutos, tentando ler a minha mente, eu supus.

— Não foi você quem disse que eu jamais fugiria dos seus braços? – um sorriso brincou nos lábios de Oliver.

— Quando você deixa o coração no comando não foge, mas eu conheço bem essa sua cabecinha teimosa. – aquela mistura de tristeza e saudade em Oliver fazia meu coração se apertar. Por que tinha que ser assim para nós? - E ela sempre arruma um jeito de tornar as coisas mais difíceis para nós.

— Eu prometo que não vou fugir. – garanti.

— Você me prometeu outras coisas também. – Oliver pareceu machucado por um momento - Mas eu sou um tolo quando o assunto é você. – ele era? Eu achava que esse era o meu posto. - Tudo bem, temos um acordo. Sem algemas. Por enquanto. - condicionou - Eu acho que você vai precisar de uma nova desculpa para colocar as mãos na minha cueca.

O ignorei, não ia morder a isca.

— Qual o seu plano? – perguntei diretamente. Quanto mais rápido resolvesse isso, mais rápido poderia me afastar de Oliver. E daqueles sentimentos que faziam meu coração bater acelerado.

— Plano? – Oliver coçou a cabeça parecendo preocupado.

— Você foi até meu apartamento, me prendeu a você e me trouxe até essa cabana. – elenquei seus passos, eu mesma não conseguia ver aonde Oliver pretendia chegar com isso, e eu me orgulhava de sempre pensar a frente. Mas apenas não conseguia ver a lógica de tudo. - Tem que ter um plano maior por traz disso. Como acha que eu vou ser capaz provar sua inocência? Até onde eu havia investigado o dinheiro roubado levava para a sua conta, mas era isso.

— Eu não sei. Eu não tenho um plano... – Oliver pareceu acanhado por admitir isso - Tommy sugeriu que eu falasse com você, e assim que eu a vi... eu apenas não pensei muito. Eu apenas sabia que queria você ao meu lado, que precisava de você para... huh, me ajudar a sair dessa. Então...

— Então você me prendeu e me trouxe para cá. – completei. – E deixou a coisa ir.

— Basicamente. – admitiu. – Meu único plano era ter você.

Woou.

Que escolha de palavras.

O que eu faria se esse homem continuasse a me olhar e dizer coisas assim? Não ia durar muito.

— Ok. – pigarreei forçando-me a me concentrar em algo que não fosse nas palavras de Oliver, e enfiei uma garfada do omelete na boca – O que você pode me dizer sobre o dinheiro na sua conta então? – fui objetiva.

— Eu apenas não fiz isso, eu sei que o dinheiro desaparecido foi rastreado até uma conta em meu nome, mas eu sequer abri aquela conta, eu não sei como isso aconteceu. Eu tentei acessá-la para devolver, mas também não consegui – disse  - Eu não tenho nada a ver com isso, Felicity, eu não sou um ladrão. – Achei que seus olhos eram sinceros. Mas eu não podia confiar em mim mesma quando o assunto é Oliver Queen.

— Dizer que é inocente quando estiver diante de um júri não ajuda. – informei - Temos que encontrar provas que o inocentem. – e eu não fazia ideia de como fazer isso. No final das contas, me sequestrar não ajudaria muito Oliver - Suponho que Tommy como seu advogado já lhe alertou como as coisas funcionam, uma vez que a polícia souber que foi você.

— Sim. Basicamente disse que eu não teria chance se o caso chegasse ao júri e eu não tivesse provas de que não sou culpado. – ele pareceu genuinamente preocupado, estiquei minha mão querendo tocar a dele para lhe passar algum conforto. - Eu falei com Laurel também, com o trabalho dela na promotoria ela disse que talvez conseguisse um acordo para mim se as coisas chegassem assim tão longe. – Espera um minuto. Retraí minha mão. Ele havia procurado pela ajuda de Laurel? Dinah Laurel Lance?  - Mas eu não quero um acordo.

Pisquei. Senti meu sangue ficar mais quente, fervendo quase. E todo aquele papinho de que eu era a única que poderia ajudá-lo?

— Você procurou a sua outra ex primeiro? – Eu gritei - Então eu sou o quê? Sua segunda opção? A reserva? – Oliver abriu a boca, pego completamente de surpresa por meu rompante.

— Amor, sente-se. – Eu havia me levantado? Oh, sim. Eu tinha minhas mãos batendo firmes sobre a mesa e olhava de cima para o desgraçado mentiroso a minha frente.

— Você não manda em mim! – respondi ainda alterada – Sabe Oliver, você quase conseguiu me enganar se fazendo de bonzinho.

— Me fazendo de bonzinho? Felicity do que está falando? – Meu Deus, ele era ótimo em se fazer de confuso.

— Estou falando de você ter procurado Laurel antes, então quando ela se recusou a cair no seu charmezinho barato, a acreditar nesses malditos olhos azuis que... que despem uma mulher só com o olhar! Com o jeitinho manso de falar que me deixa...

— Que te deixa...? – Seus olhos estavam cheios de expectativa. Maravilha! Eu estava inflando o ego do bastardo idiota.

— Eu te odeio!  - esbravejei.

— Você está com ciúmes. – Odiei que não fosse uma pergunta. Odiei o sorrisinho convencido em seu rosto. - De Laurel.

— Não. -  bati o pé e bufei ao mesmo tempo. Eu não estava com ciúmes! Eu me negava a sentir ciúmes dele.

— Eu acho que está. – seu sorriso se tornou maior, mais presunçoso.

— O que eu estou fazendo aqui afinal? Deveria ter trazido Laurel! Deveria ter prendido as algemas nela, deveria...

— Deveria querer que ela enfiasse a mão na minha cueca? – Oliver completou, apoiando as mãos atrás da nuca e se balançando para trás na cadeira. Completamente relaxado. - É disso que está com raiva? Imaginar ela no seu lugar, presa comigo nessa casa, dividindo a cama, o chuveiro...

— Eu não me importo! – Me irritei, porque eu me importava. - Vá atrás dela!

— Percebe o quão irracional está sendo, amor? – Oliver finalmente se ergueu da cadeira, seus olhos doces procurando os meus, sua voz tão suave e convincente. Tentando me ganhar novamente.

— Eu não sou seu amor! – Ele precisava parar - Talvez Laurel seja, afinal ela é sua primeira opção.

— Bem eu dormi com ela primeiro. – o filho da mãe deu de ombros. Eu sabia que ele estava intencionalmente me provocando, mas é como dizem ciúmes pulveriza toda a parte racional de uma pessoa e a transforma em pó.

— Idiota. – Peguei um bolinho que estava sobre a mesa e joguei em Oliver o acertando bem no meio do rosto.

— Mas que diab...? – Oliver não terminou a frase, porque dessa vez eu joguei o restante da minha xícara de café nele. Para sorte de Oliver não estava muito cheio ou quente, mas isso não a impediu de escorrer pela sua blusa e ensopá-lo.

— Eu estou indo embora. – anunciei, dando as costas. E ignorando o fato de que tudo o que eu vestia era uma camisa de Oliver.

— Nós fizemos um acordo. –  Ele me lembrou. – Não pode estar falando sério. Tudo isso por causa da Laurel? – Era por causa de Laurel? Inferno. Eu apenas queria parar de pensar que eu era a segunda opção dele. Porque fazia minha cabeça girar pensando se todas as vezes eu fui uma segunda opção também.

— Estou cancelando o acordo, procure Laurel talvez ela esteja interessada. – Eu ainda tinha raiva demais percorrendo minhas veias. Peguei a primeira coisa que vi na minha frente, um prato. E ele fez um caminho perfeito em direção a Oliver.

— Você é louca. – ele disse ao se abaixar bem a tempo para o prato passar voando por sua cabeça e acertando o armário atrás dele.

Eu precisava voltar a praticar tiro ao alvo, Helena teria vergonha da minha mira.

— Vai para o inferno, Oliver!

— Eu estive nele nos últimos três anos. - ele esbravejou, se erguendo novamente e ficando na minha visão. Ótimo, não saia dessa posição que vou pegar mais um prato. 

— Deveria ter ligado para Laurel te fazer companhia! – sugeri. Assim o diabo poderia fazer churrasquinho dos dois.

— Você sempre teve tantos ciúmes dela? - Ele perguntou realmente sério. Sem se importar que eu tivesse um prato na minha mão e estivesse pronto para atirar nele. Ninguém poderia dizer que Oliver Queen temia a morte.

Mas me vi pensando sobre sua pergunta. Eu nunca vi Laurel como ameaça, mas as coisas eram diferentes. Eu tinha um anel de noivado no meu dedo. Oliver era meu e Laurel nunca ficou por perto então não havia razões para... Espera... eu estava com ciúmes! Eu estava morrendo de ciúmes. Com tantos ciúmes que eu gostaria de prender aquela algema de volta em mim e Oliver, apenas para garantir que ele não iria para nenhum lugar perto de Laurel.

Deus. Eu virei um monstro.

— Eu. Não. Estou. Com. Ciúmes. – Menti descaradamente. Eu tinha algum orgulho afinal e não iria admitir isso na cara dele. - Seria estúpido estar com ciúmes de um bastardo idiota, sequestrador de ex namoradas!

— Você foi a única ex que eu sequestrei.

— Porque eu era a sua segunda opção! – joguei o prato que tinha nas mãos na direção dele. Mas Oliver desviou, pelo menos dessa vez passou bem perto. Na próxima eu não iria errar.

— Mas que diabos, mulher! - reclamou - Será que pode parar de jogar os pratos em mim? – Pediu.

— Não! – Eu não estava sendo racional. Peguei outro prato. – Vá atrás da Laurel, ela certamente não jogaria nada em você.

— Eu tenho certeza que não. – Ouvi-lo concordar me deixou ainda mais furiosa. – Laurel sempre foi boa em me ouvir.

— Ela deve ter sido boa em outras coisas também... – falei amargamente. Oliver sorriu, dessa vez caminhando lentamente para mim. Ergui o prato mais alto, numa ameaça. Mas ele apenas continuou.

— Nem de perto tão boa quanto você, amor. – Oliver estava a minha frente agora, seu tom era morno, calmo e mesmo que tudo dentro de mim estivesse em ebulição. Ter o olhar dele em mim, aquele pequeno sorriso e o jeito que sua mão se enroscou na minha até que a abaixasse e colocasse o prato de volta sobre a mesa. Essas pequenas coisas, aos poucos, me fizeram relaxar - Mas definitivamente eu correria menos riscos de vida se tivesse pedido a ajuda dela, mas o que seria da vida sem um pouco de emoção, certo? É isso o que mantem nossos corações batendo forte assim dentro do peito.

— Por que diabos então está comigo? – Aquela era a pergunta que vinha rondando em minha mente. Oliver poderia pedir a ajuda de qualquer pessoa, por que eu?

— Você não é nem nunca foi uma segunda opção. Nenhuma vez, Felicity. – meu nome brincou na boca dele, como se houvesse algum segredo nele que apenas Oliver conhecesse - Na verdade você sempre foi a única opção para mim.

A única.

— Então, por quê? – Oliver suspirou, seus olhos tão profundos pareciam perdidos naquele mar azul, tão perdidos que desejei poder ser seu farol, desejei trazê-lo de volta para casa. E se isso não fosse possível, desejei então ser sua ancora, para ao menos poder ficar perdida junto com ele.

— Por que bastou eu te ver mais uma vez para eu saber que não poderia deixar você sair da minha vida. – meu coração falhou uma batida, ambas as mãos dele se colocaram ao redor de meu rosto, o elevando na direção do dele. Seus polegares acariciavam a pele da minha bochecha com um carinho conhecido e que já não sentia há três anos – Eu poderia te dar mil e uma razões para ter te prendido a mim e te trazido para cá, mas só uma é a verdadeira. – ele não disse, mas eu poderia lê-la em seus olhos. Apenas não fazia sentido o que eu encontrava lá. - Você sabe e eu sei, Felicity. Nós apenas ficamos dando voltas pelo assunto porque você é muito teimosa e ainda está magoada demais comigo para falarmos diretamente. – apesar de suas palavras serem uma repreensão, ainda assim sua voz em nenhum momento deixou de ser carinhosa e gentil - Mas adivinhe só, você não é a única que tem sentimentos, não é a única que está magoada.

Você está magoado? – Eu não entendia.

— Eu te procurei, por que de muitas maneiras diferentes eu preciso de você na minha vida, Felicity! Mas eu precisei de você no passado também! – suas mãos deixaram meu rosto se abaixando, enquanto algo frio tomava conta de seus olhos. Eu traduzi como decepção. - E você simplesmente me deu às costas e me baniu da sua vida sem olhar para trás. Eu pensei em ir atrás de você muitas vezes, mas eu pensei que bastaria te dar um pouco de tempo e espaço que logo tudo voltaria ao normal, que isto – sua mão se entrelaçou na minha, seu aperto era firme, como se dissesse que sempre estaríamos juntos, que pertencíamos um ao outro - o que sentimos um pelo outro iria te fazer enxergar a verdade. Mas não. Parece que eu não te conhecia tão bem. – ele sorriu tristemente e aquilo cortou meu coração. Eu vinha lidando com o Oliver provocador e de certa forma era fácil apenas lutar contra, mas esse Oliver que mostrava seu coração? Eu não fazia ideia do que fazer com ele. - E veja só, aqui estou cometendo o mesmo erro de novo acreditando que você poderia me ouvir ao invés de tirar as próprias conclusões e me abandonar.

— Foi você quem me abandonou. – murmurei.

— Eu seria um tolo se o tivesse feito. – Espere... o quê?

— Mas foi você quis cancelar o casamento. – Reafirmei.

— E você nunca se perguntou o porquê? – não o respondi. Essa pergunta pairava em minha cabeça de tempos e tempos, e eu só encontrei uma resposta. - Nunca quis saber porquê eu mesmo parecia miserável quando disse que precisava ao invés de queria cancelar o nosso casamento? – eu nunca tinha pensado naquela diferença, até Oliver jogar na minha cara. Querer e precisar. - Você apenas saiu de lá, olhando para a própria dor.

Eu tinha feito isso.

— Oliver... – busquei seus olhos – Por que você precisou cancelar o casamento?

— Porque eu te amava demais. – amava. Passado. Por que eu me importo? Eu não o amo. Eu o esqueci. Repeti. Meu coração retumbou alto, protestando contra meus pensamentos, suas batidas dizendo o quão mentirosa eu era. Me distraí de meus pensamentos ao sentir o metal frio se colocar ao redor do meu pulso, e pisquei olhando para baixo, para nossas mãos unidas novamente pela algema.

— O que está fazendo? Por que está me prendendo de novo? Eu disse que não fugiria...

— Mas quando você começa a jogar pratos em mim, me acusar de coisas que não fiz e bancar a namorada ciumenta, talvez eu queira fugir de você, talvez eu esteja cansado de tentar, talvez eu não queira te escutar... Mas não devemos fugir quando as coisas ficam complicadas, amor. Não é assim que fazemos dar certo. –  Vi um pequeno sorriso que não chegou a tocar seus olhos, e meu coração se aqueceu. Havia esperança talvez? - E se esse é o único jeito de nenhum de nós fugir, que seja! E só para garantir, vou colocar a chave no mesmo lugar de antes.

— Oliver... – o chamei - Eu não estou fugindo, mas eu ainda quero que me diga o porquê. – pedi.

— Você teve três anos para me perguntar isso... Saber iria fazer alguma diferença agora? – Não estávamos mais juntos. Não devia ter nenhuma importância. Mas tinha. Eu ia lhe dizer isso, mas uma batida insistente na porta da frente nos atrapalhou. - Deve ser Tommy com as roupas que pedi para você, o idiota deve ter esquecido as chaves. – ele meneou a cabeça um pouco impaciente, mas não deixei de notar que Oliver parecia grato pela interrupção. Nós dois caminhamos em direção a porta.

Mas não era Tommy que nos esperava do outro lado, embora fosse um rosto igualmente conhecido.

— Ei irmãzinha. –  Helena sorriu abertamente para mim, assim que me viu. Seus grandes e espertos olhos azuis me inspecionando por um rápido momento.

— Helena! Como você...?

— Não achou que ia me dizer que estava trepando com alguém e eu não ia ficar curiosa para saber quem é o sortudo da vez. –  Meu rosto se esquentou, como eu ia explicar para Helena que não estava acontecendo nada entre nós? Exceto que se eu fosse honesta, talvez estivesse acontecendo algo. Helena avaliou Oliver dos pés a cabeça, seu sorriso se tornou mais perigoso a medida que se aproximava – Mas foi bem fácil, assim que vi o Merlyn na porta da sua casa eu o persuadi a me contar o que estava acontecendo.

— Você chama de persuasão apontar uma arma pra virilha de um homem? – Tommy que estava logo atrás dela um pouco histérico.

— Imagine o que eu não faço com aqueles que realmente ameaço. – Lançou um olhar mortal antes de se virar para Oliver e pegar a todos nós de surpresa quando o abraçou - Oliver, que surpresa ver você novamente! Você sempre foi meu ex cunhado favorito. – E então minha irmã, mais velha sorriu. E eu sabia que as coisas ficariam feias agora.

— Helena... – Oliver começou a dizer e tive pena dele, tão confuso e ingênuo.

— Isso é por magoar minha irmã. – ela disse ao acertar uma joelhada bem no meio das pernas de Oliver. O grito de dor dele ficou preso na garganta, mas seu rosto era expressivo demais para todo mundo saber o quanto aquilo estava doendo. Oliver se curvou, levando as mãos e consequente a minha para o meio das pernas.

— É tão bom cumprir uma promessa. – Helena comemorou, contente consigo mesma.

— Você fez uma promessa de fazer uma omelete de Oliver Queen? – Tommy perguntou.

— Sim, quer saber o que eu prometi que iria fazer a você? – Provocou Tommy que num reflexo levou suas mãos para as próprias bolas, protegendo-as.

— Oliver, tire minha mão daí! – eu disse tardiamente ao perceber onde minha mão estava. Bem onde eu disse que não iria tocar outra vez.

— Agora eu estou morrendo de dor. – Oliver balbuciou - Podemos falar do seu problema em tocar minhas partes íntimas mais tarde? De preferência depois de eu ter certeza que tudo aqui embaixo ainda está funcionando como devia. – segurei o riso, era isso que o preocupava?

— É claro que vai ficar tudo bem. – o assegurei.

— Devíamos testar mais tarde para ter certeza. – Ele ofereceu, lançando-me seu melhor sorriso sem vergonha. E eu quase o chutei no meio das pernas outra vez só por causa do atrevimento, mas aí pensei... e se eu quisesse testar mais tarde?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



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