Believe in your Dreams escrita por J S Dumont, Isabela Maria


Capítulo 25
Capitulo 25 - Esperança


Notas iniciais do capítulo

Ola gente, estamos postando mais um cap. Obg pra quem comentou, e peço para comentar nesse também amanha responderemos a todos, favoritem e recomendem tbm, bgs bgs e ate o próximo.



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25.

Esperança

Assim que paramos em frente a minha antiga casa, eu fui a frente de Edward para bater na porta, porém antes de o fazer, instintivamente dobrei a maçaneta e como eu imaginava, a porta não estava trancada. Provavelmente, Charlie estava em casa, e ao pensar nele senti um arrepio por todo meu corpo. Respirei fundo, olhei para Edward que me olhou com um olhar confiante, então olhei novamente para frente e abri a porta.

Assim que entrei, encontrei a casa no estado em que imaginei que encontraria, suja e fedida, imediatamente coloquei a mão no nariz, enquanto olhava a minha volta, fui até a cozinha e encontrei a pia cheia de louça suja que deveria está lá por um bom tempo, vi uma barata já correndo pelo chão, realmente o chão estava um caos, assim que cheguei a sala eu vi uma enorme bagunça, havia diversas latas de cerveja vazias espalhada pela sala e Charlie estava caído no sofá, dormindo num estado deplorável, sujo e machucado.

Edward começou a carregar as coisas que compramos até a sala de estar, fora empilhando-as no chão, parecia não estar incomodado com toda a sujeira e o cheiro ruim. O que me aliviou um pouco.

Eu me agachei em frente ao sofá, olhei novamente para Charlie e vi que ele realmente estava um pouco machucado, com rosto inchado e com sangue seco espalhado pelo corpo, ele estava fedendo a bebida alcoólica, o balancei levemente, tentando acordá-lo.

— Charlie... Charlie... Como você se permitiu chegar nessa situação? – reclamei com ele, ainda o balançando. Ele parecia estar num sono profundo, provavelmente ocasionado pela bebedeira.

— Esse então é o tal Charlie? – Edward perguntou ao terminar de carregar as sacolas, ele entrou na sala de estar e se aproximou, até parar ao meu lado.

— É e está ainda pior do que eu imaginava... – eu disse.

— Aproveita que ele está dormindo e vamos dá logo uma geral na casa... – ele sugeriu.

É, realmente será melhor, já imagino quando ele acordar e nos ver, torço para que ele não nos expulse aos gritos.

Então nós trancamos a porta e começamos as nossas tarefas, eu lavei primeiro toda a louça suja para que Edward pudesse cozinhar enquanto eu ia limpando toda a casa, também eu precisei limpar a pia, o fogão e a geladeira, que estava num estado terrível, junto de Edward coloquei o que compramos nos armários e na geladeira que também já estava vazia, e então, Edward começou a cozinhar, já eu fui limpar o restante da casa.

Edward disse que faria bastante comida para que Charlie tivesse o que comer pelos próximos dias, a gente então iria colocar na geladeira, ai ele só teria o trabalho de tirá-la de lá e esquentar, o que achei uma ideia boa, assim só precisaria visitá-lo daqui uns dias.

Fora um trabalho difícil, a casa estava realmente muito suja, comecei pela cozinha, depois fui para os quartos e banheiro, quando cheguei a sala de estar e estava limpando os moveis, vi que Charlie começou a se mover no sofá, ele estava começando a acordar, e ao ver isso acontecer, meu coração disparou acelerado.

Parei o que estava fazendo para olhá-lo, vi que ele começou abrir os olhos bem devagar, até então parar o olhar em mim, ele piscou uma, duas, três vezes, parecia não acreditar que eu estava ali, na frente dele.

— Isabella... – ele disse num tom baixo, mas o suficiente para eu conseguir escutá-lo. – Eu estou alucinando... –ele disse, passando a mão em seus cabelos, depois se remexeu no sofá, sentando-se, ainda olhando fixamente em minha direção. – Por que você não some? Por que continua aqui? – então, ele aumentou o tom de voz. – SAI! SAI! Sai da minha cabeça, eu não quero te ver... – ele colocou os dois braços em volta do rosto, e abaixou a cabeça, colocando-a em seu colo.

— Bella... O que está acontecendo? – Edward apareceu na sala, vindo da cozinha provavelmente por causa dos gritos, ele olhou para Charlie e depois para mim, agora Charlie já havia levantado a cabeça, e estava olhando para Edward, com os lábios entreabertos.

— Você não está alucinando Charlie, eu estou aqui mesmo! – respondi, e ele olhou para mim, agora com um olhar surpreso.

— O que você faz aqui? – ele perguntou meio incrédulo. – Alec me falou que você fugiu da casa dele, o roubou e deu um fora, agora te vejo aqui na minha casa, ainda acompanhada de um estranho... – ele disse, voltando a olhar para Edward.

Eu suspirei e me aproximei de Charlie.

— Você está um lixo, por isso que estou aqui, vim limpar a casa, e Edward, meu amigo, veio me ajudar, ele está cozinhando, a comida dele alias é ótima, pelo menos eu duvido muito que a dele você irá reclamar... – falei, e então notei que Charlie me olhou por alguns segundos, ainda incrédulo com o meu gesto, e com razão, outra pessoa talvez não teria coragem de voltar, ainda mais sabendo do perigo disso, já que o ultimo gesto dele tenha me mostrado que ele não é de confiança, muito pelo contrario.

— Por que você está fazendo isso por mim? – ele perguntou, depois de alguns segundos em silencio.

— Você me criou, embora não tenha sido muito gentil, não tenha me dado carinho de pai, mas ainda assim me alimentou e me vestiu, e não tinha obrigação de fazer isso, mas assim mesmo o fez, então, eu também não tinha obrigação de vir aqui, mas eu vim, vamos dizer que seja para retribuir esse seu gesto do passado! – respondi, vi que minha resposta o deixou meio surpreso, mas ele ficou apenas me olhando, sem dizer nada. Então eu suspirei, e continuei. – Agora vá tomar um banho, você está precisando e muito disso!

Charlie me obedeceu e para minha surpresa sem reclamar, Edward voltou para cozinha e eu terminei de limpar a sala de estar, eu comecei a sentir o cheiro de limpeza na casa, e claro, isso fez a casa melhorar muito. Ao ir para cozinha, já comecei a sentir um cheiro bom, Edward estava fazendo uma sopa e também estava fazendo uma lasanha, tudo em uma boa quantidade, o suficiente até para a gente comer um pouco antes de ir embora.

— Viu, ele não te expulsou, isso já é um bom começo, não é? – ele comentou, assim que notou minha aproximação.

Então, eu sorri para ele.

— É, só quis que eu fosse embora, quando pensou que eu era uma alucinação, ai quando ele te viu, percebeu que realmente era verdade, eu estava mesmo ali... – respondi a ele.

 - Deu para perceber que ele ficou bastante surpreso com a sua visita! – ele falou, deu um suspiro e então se sentou a mesa.

— E com razão não é? Você sabe que minhas ultimas recordações dele não são nada boas... – eu falei. Edward então sorriu para mim.

— Mas agora pensando melhor, acho que você fez muito bem em ajudá-lo, pelo menos sua consciência ficará leve, e você vai se sentir melhor quando sair daqui, sabendo que fez algo por ele, mesmo ele não merecendo, assim pelo menos você não poderá se culpar no futuro, caso acontecesse algo de pior, devido ele viver nessa situação... – Edward concluiu.

Eu sorri de volta para ele.

— Você tem toda razão Edward, alias, eu me sinto bem em poder fazer algo pelo Charlie, e eu agradeço por você estar aqui me ajudando, você tem me demonstrado ter um bom coração, e também é muito compreensivo, obrigada... –agradeci e vi o sorriso de Edward se alargar, ele pegou a minha mão e me olhou, com carinho. Mas antes dele poder continuar, eu vi Charlie entrando na cozinha, rapidamente soltamos nossas mãos.

— Mas que droga, minha cabeça dói muito! – ele resmungou.

—Eu comprei remédio, eu vou pegar para você... – eu disse, e então rapidamente comecei a procurar o remédio nas sacolas, enquanto Edward dava uma olhada na comida.

Charlie fora para sala e se sentou no sofá, assim que consegui encontrar o remédio, eu o levei para ele, com um copo de água. Ele o pegou, e me olhou, com um olhar meio desconfiado.

— Foi Mike, não é? Você mantém contato com ele! – ele comentou, depois tomou o remédio e bebeu o copo de água.

— Não tem importância como eu descobri, o importante é que eu vim, ou você não acha que a casa está bem melhor agora? – perguntei, Charlie então olhou a sua volta. Resmungou, me entregou novamente o copo e depois se encolheu no sofá, permanecendo em silencio, o que não era uma surpresa, eu conhecia o seu jeito rabugento de ser. – Charlie, você não pode viver a vida inteira dessa forma, você tem que pensar mais em você, por que você se permite em se degradar tanto? Viver nessa situação, sem trabalho fixo, sozinho, deixando o álcool acabar com você dessa forma... Você não é feliz, ninguém poderia ser feliz vivendo assim...

Charlie cruzou os braços, continuou evitando me olhar, porém, ele não me xingou, não brigou e nem me expulsou, só se manteve em silencio. Eu suspirei, depois dei as costas e voltei para a cozinha. Coloquei o copo em cima da pia, e bufei.

— Eu queria tanto que ele mudasse... –comentei para Edward, agora ele estava desligando o forno. – Ele poderia ter sido como meu pai, ele poderia ser a família que eu não tive... A família que eu não conheci. Edward, por que ele tem que ser assim? Por que ele não poderia fazer esse papel em minha vida? Ia ser bom, um poderia ser a companhia do outro...

— Eu sei, mas não perca as esperanças, as pessoas devolvem apenas aquilo que tem no coração, você devolve amor, porque mesmo que sua vida tenha sido difícil, você tem um coração bom e puro,  já ele com certeza tem um coração amargurado, mas, você precisa descobriu o que levou a ser assim... – ele respondeu.

— Charlie não fala sobre o passado dele! – eu disse, me lembrando o quanto ele é misterioso.

— Então, tenha paciência, quem sabe devagar, ele vá mudando as atitudes e comece a falar mais sobre sua vida... –Edward falou.

— Acho que você está sendo muito positivo! – falei, não acreditando muito que isso seria possível, vivi muito tempo com Charlie e o conheço como ninguém.

— Temos que ser Bella, se você está aqui, é porque mesmo que pequena, mas você ainda tem um pouco de esperanças, você ainda acredita que ele possa se tornar uma pessoa melhor... – ele falou.

Então, eu soltei um longo suspiro. Talvez Edward tenha razão, lá no fundo, talvez eu ainda tenha uma pequena esperança...

***

Chamamos Charlie para comer, Edward serviu a mesa, e nos três se sentamos nela, e comemos juntos. Edward e eu fizemos isso com a intenção de ver se Charlie ficava menos rabugento, e começava a se abrir mais conosco.

— Como você brigou? – Edward fora perguntando.

— Eu briguei por que as pessoas são idiotas, só falam asneiras e sempre acham que estão certas... – ele disse, enquanto enchia a colher de sopa e enfiava na boca, Edward e eu estávamos comendo a lasanha, que alias era muito, mais muito boa. Eu até estava pensando em repetir, mas eu não queria comer demais, e deixar Charlie com menos comida.

— E você Charlie, sempre acha que está certo? – Edward perguntou. Eu sabia que aquela pergunta era estratégica, feita para Charlie tentar refletir. Tipo, ver que ele reclama que as pessoas acham que sempre estão certas, mas ele também age da mesma forma.

— Não sei, mas uma coisa eu sei que estou certo, que é um saco as pessoas sempre acharem que estão certas... – ele falou, Edward e eu então nos entreolhamos, realmente Charlie estava sendo bem confuso. – Por acaso, ele é seu namorado? – Charlie perguntou olhando para mim, sendo bem direto mesmo. Eu senti meu rosto esquentar, desviei o olhar rapidamente para o meu prato.

— Ele é só amigo, eu já falei isso, lembra? – eu disse.

— Eu não acredito muito nessas coisas de amigo! – ele falou, me fazendo suspirar. Ele já ia começar com aquele discurso, e eu já estava ficando envergonhada. – É bom não está com más intenções, se não, nem essa sua comida vai te salvar! –ele falou num tom grosso e bem ameaçador.

— Charlie! –falei num tom de repreensão. Ele me olhou. – Desde quando você se importa com meus relacionamentos? Se eu não me lembro, você me deu para o Alec como se eu fosse um objeto, sem nem se importar se ele estava com boas intenções ou não, e muito menos se eu queria ter um relacionamento com ele...

Charlie então me encarou por alguns segundos, bufou e colocou os talheres em cima da mesa, parando de comer.

— Eu sei, mas na hora eu estava com raiva porque eu estava sem nenhum custão no bolso, e para falar a verdade eu não fiz isso por causa do dinheiro que ele me deu e sim porque eu não ia ter mais grana, e ai eu vi que Alec podia te sustentar, depois Alec me falou que vocês estavam se dando bem, e então eu acreditei que o que fiz havia sido bom para você, que estava melhor com ele do que comigo, mas quando eu decidi te fazer uma visita, Alec me contou que você o roubou e fugiu, ai me dei conta de que vocês não estavam bem, mas ai já era, você tinha ido embora! – ele disse, no mesmo instante meus olhos marejaram, pois me recordei dos dias difíceis que passei na casa de Alec.

— Essa sua atitude me magoou muito Charlie, porque eu esperava muitas coisas de você, mas não isso... – falei, segurando as lágrimas que queriam cair dos meus olhos, depois suspirei. – Só que mesmo sendo difícil, eu decidi perdoar, porque mesmo você não me contando, eu já sabia que você fez isso achando que estava fazendo o certo, mas como sempre você tem uma estúpida mania de fazer as coisas erradas e pensar que está com a razão...

— Você veio aqui para ficar me criticando? – ele perguntou, parecia irritado com o meu comentário.

Eu respirei fundo e antes de responder, Edward colocou a mão no meu braço, eu o olhei e vi que pelo seu olhar, ele queria dizer para eu manter a calma, e pensando bem, ele está certo. Se eu quero que Charlie tente mudar, reflita e se arrependa dos seus erros, não vou conseguir por meio de discussões ou de brigas, se fosse conseguir eu teria conseguido quando ainda vivia com ele.

— Não, eu vim para te ajudar, e espero que eu consiga... – falei, depois vi que Charlie suspirou, assentiu com a cabeça e voltou a comer, e logo então eu fiz mesmo, decidindo dar fim aquela conversa.

Depois de comermos avisei a Charlie que ele teria comida para os próximos três dias, depois voltaríamos para limpar a casa novamente e fazer mais comida, o aconselhei a beber menos, tentar procurar um novo emprego, só não sei se ele iria me escutar, mas como Edward disse, eu tinha que ter esperanças.

Assim que se despedimos, voltamos para o carro de Edward, fora só eu entrar lá para olhar para ele e sorrir. Eu estava feliz por ele ter ficado ao meu lado nesse momento, e claro, por também ter me ajudado.

— Você foi muito bom comigo hoje, e cozinhou muito bem, como sempre... – falei, Edward sorriu para mim, depois ligou o carro e começou a dirigir.

— Pela forma que Charlie falou, eu acho que no fundo ele realmente percebeu que fez besteira, até mesmo ele deve estar vivendo nessa situação por não aguentar a culpa do que fez... – Edward concluiu, parecia mais esperançoso do que eu.

— Eu não sei, Charlie sempre foi muito frio... – falei, enquanto me lembrava dos anos que vivi com Charlie, não posso negar que foram difíceis, sempre ele me criticando, colocando-me para baixo, talvez porque queria que eu dependesse dele para o resto da minha vida.

— E esses são os que mais sofrem, porque não tem a coragem de admitir o que sentem... – Edward disse, parecia muito seguro disso, tanto que até aumentou um pouco mais a minha esperança em vê-lo tomando jeito, hoje até tivermos uma evolução, confesso, Charlie ainda admitiu que se arrependeu do que fez, não nos expulsou e nem gritou com a gente, e ainda para minha surpresa se preocupou com Edward e eu, o ameaçou dando uma de “pai ciumento”, algo que nunca ele havia feito antes, sim poderia ser uma evolução. E ao pensar nisso, olhei para janela e sorri.

— Onde você está me levando agora? – perguntei, voltando a olhar para Edward.

— Como eu disse, é uma surpresa... –ele respondeu, olhando fixamente para estrada, parecia bem misterioso.

***

Já havia anoitecido, Edward e eu seguíamos para uma estrada que eu não fazia ideia para onde nos levaria, começamos a subir uma espécie de morro, a estrada era deserta, havia só mato para um lado e para o outro, e quase não havia passagem de carro.

Claro, isso me preocupou. Afinal, eu não entendia qual era a intenção dele em me trazer para um lugar tão deserto. Fora então que ele parou o carro e eu estranhei, afinal, estávamos em lugar algum.

— Edward... Por que você parou o carro? – perguntei, confusa.

— Desce... Eu quero te mostrar uma coisa! – ele disse, tirando o cinto e saindo do carro, sem entender eu fui saindo logo atrás, Edward então me segurou pelo braço e fora me levando para fora da estrada, e então passamos por uma arvore, e paramos devido a altura, olhei a minha volta então pude perceber que dali de cima dava para ver a cidade.

Eu vi uma ponte, o mar e um pouco mais longe os prédios, as luzes da cidade eram lindíssimas e ainda onde estávamos era silencioso. Não dava para ouvir barulhos de carros, de estabelecimentos.

Eu sorri, devo confessar que estar ali em cima, era relaxante.

— Gosto de olhar a cidade assim do alto, principalmente em dias estressantes, isso me relaxa, me faz ver que minhas preocupações são pequenas, afinal, olha o tamanho disso aqui, quantas pessoas lá embaixo devem estar com uma vida bem mais difícil do que a minha, e talvez nem estejam reclamando, não é? – ele falou meio pensativo, sentou ali mesmo na terra e continuou olhando a cidade. Então, eu me sentei ao lado dele.

— É verdade... –concordei, também olhando a minha volta. – Sabe Edward, você já pensou que não parece que tudo que passamos na nossa vida é como se tivesse encaixado, fosse para acontecer, ou houvesse um por que? Ou talvez mesmo cometendo escolhas idiotas, há algo superior que faz no final, ás vezes tudo dar certo, transforma o mal num bem maior?

— É a questão da fé... A forma que vemos a vida! – ele disse, me olhando.

— É posso ver pelo meu exemplo, embora Charlie tenha cometido uma atitude idiota, e graças a ela fui parar na casa do Alec, também foi graças a isso que pude fugir, e tive a coragem de começar uma vida nova, hoje estou realizando meu sonho de infância, estou sendo dependente, posso me sustentar e ainda foi graças a isso que te conheci... – eu sorri para Edward que correspondeu meu sorriso. – O mal se transformou em algo bom na minha vida, eu pude recomeçar, e se não fosse isso eu estaria lá sendo empregada de Charlie e vivendo uma vida sem sonhos e sem expectativas alguma, então Edward eu não tenho mais o que reclamar, e sabe, também não tenho motivos para ficar voltando nesse passado, ficar o corroendo...

— Ouvir isso é muito bom Bella... – ele disse, então pegou em minha mão. – Eu acho que você tem toda razão! E pensando bem, então preciso agradecer que graças a tudo isso, eu tive a chance de te conhecer, e de saber como que é gostar de alguém de verdade...

— Edward... – comecei, olhando para ele. Ele já estava entrando num assunto complicado, vi que Edward também me olhava fixamente.

— Eu sei que eu tenho que ir devagar, eu sei que está sendo difícil para você assimilar isso, que é difícil para você acreditar e ainda, que é algo muito arriscado para você, já que tem a Esme que é sua chefe e a minha madrasta... Eu já entendi que você é muito grata a ela e não quer desapontá-la!

— Sim, isso mesmo! – falei, ainda bem que Edward entendia tudo isso.

— Mas saber disso, só faz eu gostar mais ainda de você... – ele falou e escorregou seu corpo para mais perto de mim. - Eu estou apaixonado por você – ele admitiu, e seus olhos brilharam de uma forma tão intensa, que era impossível encarar aqueles olhos e não acreditar naquelas palavras. – Assim como é difícil para você digerir também foi difícil para mim, você pode ter a ideia errada de que estou acostumado a ficar com as modelos da Esme, mas isso não é verdade, você pode investigar que vai ver que eu nunca fiz isso, pois não acho ético me envolver com as funcionarias da casa de moda, nem mesmo com as que estão começando a carreira ou as mais famosas, é sério Bella, com você aconteceu de uma forma natural, não foi porque quis, ou porque simplesmente quero me divertir com você como você falou para mim no dia que te beijei, eu entendo sua preocupação, você é linda é verdade, e você sabe disso, mas não foi só isso, não é pela sua aparência, não estou falando isso por interesse...

— Ah não? – falei, arqueando as sobrancelhas, enquanto reparava em cada detalhe do rosto dele.

— Não, eu aprendi a te admirar, vi que você era diferente e de inicio eu senti vontade de te proteger, de estar perto de você e esse sentimento fora aumentando, cada vez que eu conhecia mais você, o seu caráter, a forma que você me vê, para você eu não sou apenas alguém que poderia te dar todo o dinheiro do mundo, pelo contrario, para você isso é um utensílio, você não vê vantagens em se envolver comigo, o que mostra que você não é uma interesseira, uma golpista, você quer chegar longe pelo seu próprio esforço, e isso é algo que eu admiro muito em uma mulher!   

Eu sorri para Edward, enquanto meus olhos marejavam, confesso que era muito bonito ver um homem falando aquilo para mim, pois aquela era primeira vez que um homem se preocupava em ver de verdade as minhas qualidades, que não apenas me resumia como “uma mulher bonita”, Edward realmente fora mais profundo, e isso também fora impossível de não admirar.

— Edward você sabe que se a gente se envolver... – eu tentei começar, embora aquilo fosse muito bonito, tínhamos que ser racionais e conversar sobre os problemas que poderia trazer essa “relação”.

— Eu sei... – ele me interrompeu. – Eu sei dos riscos, mas eu estou cansado de Esme sempre ser um problema na minha vida, tudo bem, eu gosto dela, assim como você eu sou grato por tudo que ela me ensinou, e como te disse, eu também entendo a preocupação dela em eu aprender a cuidar dos meus bens, porém, como você mesmo disse uma vez, quando soube que eu tinha sonhos que tinha condições de realizar, mas não realizava, você me disse que eu parecia ter asas, mas que tenho medo de voar, e no fundo, talvez seja isso, sim, pensando bem, talvez eu usava tudo isso como desculpas porque eu estava com medo, com medo de arriscar e errar, com medo de quebrar a cara, e depois ela vir e dizer: Eu não disse, é Bella, eu não tenho vergonha de dizer que eu tinha medo, mas eu cansei de ter medo, como você mesmo falou, as vezes as coisas acontece na nossa vida,como se fosse mesmo para acontecer, eu acredito que você não entrou na minha vida por acaso, você entrou porque tinha que entrar e me mostrar que tenho que ter coragem de fazer o que quero, o que desejo, ser dono das minhas escolhas, arriscar, e se errar, simplesmente posso me levantar e tentar de novo...

— É sério que eu te mostrei tudo isso? – falei sem acreditar, que as minhas palavras que já foram faladas há um bom tempo, ainda estava guardadas dentro de Edward, que ele realmente refletiu quando lhe disse que ele deveria fazer o que gosta.

— Sim e da mesma forma que eu devo fazer o que gosto, eu também devo ficar com quem gosto e quem eu gosto é você Bella, não quero ter que ficar longe de você por medo, não quero mais ter medo e se Esme não aceitar isso, paciência, mas a partir de agora eu quero ser livre, livre para escolher minha namorada, noiva, esposa, livre para escolher minha profissão, livre para trabalhar a hora que eu quero, do jeito que quero, sem ela estar me influenciando em tudo, e foi você, foi essa experiência ao seu lado, que me deu força e fez eu enxergar tudo isso... – ele colocou a mão no meu rosto e sorriu. – Eu juro para você que nunca, nunca na minha vida falaria tudo isso se eu não tivesse a total certeza, pois sei o quanto o seu trabalho é importante para você, nunca diria isso se eu não tivesse falando serio, se eu não tivesse realmente, completamente apaixonado por você...

Meu coração a essa altura já estava totalmente disparado, eu sentia uma forte vontade de chorar, cada palavra de Edward era tão linda que era impossível de não acreditar. Mas a questão não era só acreditar, eu sabia que aceitar Edward era como também fazer uma escolha. Ele ou a gratidão a Esme. Ele ou a casa de modas, pois eu sabia que assim que essa bomba estourasse tinha grandes chances de dar adeus ao meu trabalho.

— Edward, eu nem sei o que dizer... – eu comecei me sentindo uma idiota por nem conseguir respondê-lo a altura.

— Não precisa dizer nada, pois as atitudes com certeza valem muito mais do que qualquer palavra que você poderia me falar agora... – ele disse.

— Que tipo de atitude? – perguntei, sem entender aquele comentário.

Edward ficou calado por alguns segundos, enquanto me olhava nos olhos, depois desceu olhar até minha boca, e então simplesmente sussurrou:

— Essa...

Logo depois sua boca já estava encostada na minha, e ele então me beijou, num beijo profundo e ao mesmo tempo, apaixonado.

***

Eu ainda estava receosa em me envolver com Edward, embora ele garantisse que estava apaixonado por mim e que deveríamos ficar juntos, no fundo ainda eu tinha um pouco de medo. As conseqüências que sofreríamos com essa relação, não saia de minha mente, capaz até mesmo de me tirar o sono.

Embora eu não tivesse mais conseguindo resistir ás investidas de Edward, eu pedi para ele para irmos devagar, segundo ele, ele estava disposto a contar até para família dele sobre seus sentimentos por mim, mas sinceramente eu não estava preparada para algo do tipo, eu tinha que pensar também na minha carreira, não queria depender do dinheiro de Edward, então, eu queria esperar, ganhar experiência como modelo, ficar conhecida, para seguir o conselho de Jéssica, quando Esme descobrisse a verdade, caso me demitisse, eu teria chances de conseguir outro trabalho em outra casa de modas.

Os próximos dias acabaram sendo melhores, embora agitados devido á correria do trabalho, era bom ter Edward ao meu lado para sempre me ajudar, agora como meu assistente ele sempre estava perto de mim na casa de modas, analisando cada detalhe de minha carreira, cada avanço que eu tinha com as aulas de Kate, que alias era bastante paciente e ainda uma ótima professora.

Também o lado bom de ter Edward sempre ao lado de mim, era que ele me deixava mais calma, e também evitava que Riley se aproximasse mais, toda vez que Riley vinha perto para fazer algum tipo de gracinha, Edward sempre aparecia e agia como um verdadeiro herói, me defendendo, e claro, isso só me fazia admirar e gostar ainda mais dele. Pois era bom ter alguém cuidando de mim e me protegendo, na verdade era fácil de se acostumar com aquilo.

O trabalho estava um pouco díficil. A dieta que eu fui obrigada a começar era um pouco mais difícil para seguir, pois eu sempre estava acostumada a comer de tudo, então sempre eu estava com fome, porém Edward como sempre muito amável, sempre estava fazendo pratos ótimos para mim, usando somente os ingredientes permitidos em minha dieta. E devo confessar que era muito bom ter uma pessoa com ótimos dons culinários por perto.

 Esme estava sendo cada dia mais exigente, eu a entendia, pois estávamos perto de viajar, a cada dia que chegava mais perto da viagem, mais nervosa eu ficava, pois segundo todos, este seria um desfile muito importante, ele é que iria abrir portas publicitárias para mim e também me dar fama.

 A cada três dias eu ia com Edward visitar Charlie, limpava a casa dele e fazia comida, pouco a pouco fui vendo que ele ia se aproximando mais, não bebia mais tanto e queria saber o que eu estava fazendo da vida, onde eu estava morando, mas de inicio eu ainda não confiava nele, então preferia continuar ocultando sobre o meu trabalho de modelo e onde eu estava morando. 

A cada dia que chegava mais perto da viagem, mais tempo eu ficava com Kate treinando, passava maior parte do tempo na sala de desfile com ela. Ela parecia conhecer esse mundo como ninguém, não era velha, deveria ter uns trinta e cinco a trinta e oito anos, mas não desfilava mais, agora trabalhava na casa de modas auxiliando outras modelos, e embora ela tivesse quase quarenta anos, ainda aparentava não ter nem trinta.

Era uma mulher loira, de olhos azuis, alta e esbelta, muito simpática, e tinha um charme incrível. Não demorei muito para admirá-la, tanto pelo seu conhecimento, como também pela sua simpatia.

— Isso mesmo, mantenha o ritmo, muito bem, continua, continua, continua, continua, uma volta para esquerda, muito bem, perfeito! – Kate dizia enquanto eu estava na passarela desfilando. Desci depois as escadas, e cheguei até Kate, que escrevia alguma coisa em sua prancheta. – Muito bom, cadê o Edward? Daqui a pouco você experimentará um dos vestidos da nova coleção de roupas da Esme!

— É sério? – perguntei meio surpresa. Eu estava bem curiosa para vê-los.

— Sim, tem que estar tudo perfeito, para Paris, não é? – ela disse sorridente.

Eu ia continuar a conversa, quando Esme entrou na sala, nos interrompendo.

— Isabella vem aqui! – ela me chamou. – Eu vou te apresentar umas modelos da casa que você ainda não conhece, elas como já são profissionais, vem menos aqui, devido os trabalhos publicitários e os desfiles no exterior, uma delas irá conosco para Paris, não irá desfilar, mas vai para auxiliar, trabalhar nos bastidores, então é bom você conhecê-la, pois estará muito com você em Paris! – Esme disse, ela colocou a mão em meu ombro e fora me conduzindo para fora da sala, fora então que eu vi no canto do corredor, três modelos conversando. Elas eram lindíssimas, e seus rostos não eram mesmo estranhos, todas, eu já havia visto na televisão, mas uma delas com certeza eu havia visto bem mais, já a vi desfilando em desfiles conhecidos na televisão e também fazendo comerciais de TV, não imaginava que ela trabalhava para Esme, deve ser no momento a modelo mais famosa dela.

Ela era oriental, tinha cabelos lisos, escuros que ia até altura do ombro, é alta e esbelta como todas as modelos da casa, mas o jeito dela se movimentar era o que mais chamava minha atenção, sempre com uma superioridade incrível.

 As outras duas eram loiras, uma tinha cabelo cacheado e a outra cabelo liso, a de cabelo cacheado era mais alta das três, as duas também tinham olhos azuis.

— Isabella... Essa aqui é a Kitrina Compley! – ela me apresentou a loira de cabelo cacheado. – Essa é Angelina Collins e essa é a Leah Clearwater! – ela disse apresentando primeiro a outra modelo loira e por ultimo a que mais já havia visto, a oriental Leah.

— Então essa é a famosa Isabella, Esme falou muito de você para nós! – Leah disse, fazendo questão de apertar minha mão, ela sorria para mim de uma forma simpática, diferente das outras modelos, essas não pareciam terem raiva de mim. Talvez seja pelo fato de que elas já são modelos conhecidas da casa, devem ter os melhores trabalhos, então, já estão num patamar tão alto que não devo ser uma ameaça a nenhuma delas.

— Eu estava falando que você é uma aposta da casa, espero que você chegue á fama que essas três hoje chegaram! – disse Esme. – Pelo menos estou investindo nisso!

— Olha, Esme está apostando muito em você viu... – disse Kitrina, sorrindo e as outras duas riram.

Eu sorri para elas, confesso que ainda ficava um pouco nervosa quando Esme me lembrava de quanto estava apostando e investindo em mim.

— Com licença, dona Esme as roupas de Isabella já estão prontas... – disse Terris, interrompendo a conversa.

— Ah sim claro, Isabella, tem como você chamar Edward para te acompanhar? Ele precisa ver se as roupas estão na medida certa para você... – Esme pediu.

— Sim senhora! –respondi.

— Depois vem com Edward até minha sala, estarei lá esperando! – disse Terris, eu concordei e então depois me despedi das modelos e me afastei para ir até a sala de Edward, dobrei alguns corredores, e cheguei a ver Riley passando e entrando na sala dele, suspirei aliviada ao ver que ele não me viu.

Eu já iria entrar na sala, coloquei a mão na maçaneta, quando, escutei a uma voz masculina falando dentro da sala, parecia que essa pessoa estava conversando com Edward.

— Não dá para acreditar, é sério isso? A Esme não vai gostar nada, ela é uma modelo nova, mesmo Esme estando animada com ela, por ser funcionaria nova, ela vai acabar acreditando que a garota está com você porque está com interesse, você sabe, o sonho da Esme é que você se case com a Victoria... – a voz masculina falou.

— Eu já sei disso... Mas isso é o que Esme quer, e não o que eu quero... – Edward falou, tirei então a mão da maçaneta e me aproximei mais para ouvir melhor. – Eu não gosto da Victoria, Esme já tinha que ter superado esse relacionamento, ter visto que não tem chance da Victoria e eu darmos certo, já Bella, bem, ela não é interesseira, ela não queria nem se envolver comigo, tive que insistir muito para ela me dá uma chance, sabe ela é diferente Emmett, se você a conhecesse você veria que ela não é nada parecida com a maioria das modelos da casa... – Edward falou o que fora impossível eu não deixar de esboçar um sorriso.

— Você está apaixonado mesmo por ela? – Emmett perguntou.

— Devo confessar que sim, ela é incrível, e cada dia que vou a conhecendo mais, mais eu me apaixono por ela... – ouvi Edward admitir, e naquele momento o meu sorriso se alargou.

Continua...


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