Capítulo VIII – Fé

Flash Back - ON

- Você não precisa ficar arriscando sua vida por mim. – havíamos acabado de regressar de uma missão. Sem ao menos combinarmos, eu e Neji nos encontramos em nosso local preferido, em meio à floresta. Esses encontros sem aviso prévio eram rotina, até mesmo antes de namorarmos.

- Quantas vezes eu tenho que lhe dizer que somos uma equipe? – a preocupação em seus olhos era mais que evidente e marcante, parecia até mesmo que fazia parte deles – Quando os shinobis são de uma equipe, eles se ajudam, se preocupam uns com os outros e os protegem mesmo que isso signifique perder a própria vida!

- Mas eu sou uma jounnin assim como você. Você tem que entender isso! – a minha paciência havia passado dos limites. Era a terceira vez em duas semanas que Neji protegia-me em situações que estavam sob meu controle, quase sendo atingido por golpes certeiros, pelo fato de deixar de dar a devida atenção em seu próprio inimigo.  

- Eu a compreendo Tenten-chan, mas peço que me compreenda também... – ele olhava-me ternamente, aproximando seu rosto do meu – Não suporto a idéia de que posso te perder. Levei tempo demais para perceber o quanto te amava. – começou a acarinhar meu rosto conforme falava - Saber que você corre risco de vida em cada missão que participamos é algo que ainda tenho que aprender a conviver, embora eu continue achando que possa passar anos e essa minha preocupação com você não sumirá... Poderá até aumentar.

- Tudo bem Neji-kun, eu te entendo. – nesse momento me permiti ser mais maleável, já que não conseguia ficar brava com ele por muito tempo.

- Promete que irá se cuidar enquanto eu estiver fora? – parou sua mão em meu queixo, levantando meu rosto de modo que nossos olhares se cruzassem, intensamente.

 - Eu prometo! – assim que terminei de falar, tomou meus lábios para si. Era um beijo carinhoso, desejado... Apaixonado. Um dos últimos que demos. Neji partiria no dia seguinte para a missão que arruinou seu cérebro.

Flash Back – OFF

Discutíamos por bobagens, era mais tempo perdido. Seu coração estava inquieto, amedrontado pela hipótese de que poderia me perder. Mas no dia seguinte, fui eu que te perdi, Neji.

- Fé... – dizia Neji, em tom de meditação – Sua fé é bem maior que a minha. – suas palavras eram dirigidas a mim, e, por incrível que pareça, não eram frias como sempre – Não sei se eu era assim antes, mas agora não tenho expectativa de nada.

- Antes você era um pouco desmotivado, devo dizer. – seu olhar tornou-se levemente espantado devido a minha sinceridade – Entretanto, depois que lutou com certa pessoa, você mudou. – sorri.

- Depois que lutei com quem?

- Com Naru... – fui interrompida pelo ruído proveniente da porta ao ser bruscamente aberta.

– NARUTO? - eu e Sakura falamos em uníssono, assustadas. Naruto entrou as pressas ao cômodo. Logo atrás dele estavam Hinata, que estava extremamente corada devido a toda agitação, e Hanabi com olhar de desaprovação.

- NEJI! – proferiu Naruto, eufórico.

***

- Sobre o projeto... – articulava Hiashi – Alguma novidade?

- Sim. – disse Hizoka, com um leve sorriso. – Recebi outra missiva ontem. O primeiro... – parou de falar e em seguida ativou o Byakugan - Tem alguém vindo.

- Certo. – batidas na porta foram ouvidas.

- Entre. – anunciou Hiashi.

- Desculpe interromper Hiashi-sama... – falava Yoshio – Apenas vim avisar que a ordem para Hinata-sama e Hanabi-san já foi dada, logo Neji-san estará aqui.

- Ótimo, está dispensado Yoshio.

- Obrigado, estou a sua disposição. – ausentou-se do recinto assim que terminou de pronunciar-se.

***

- Como está a sua lista Shizune? – proferia a Hokage, que também estava a fazer sua própria lista de shinobis com as características que desejavam.

- Está quase pronta! Faltam apenas dez shinobis para avaliar.

- Ótimo. Assim que terminar coloque ao lado da minha. – falou Tsunade, enquanto depositava sua lista sob a mesa.

- O que vai fazer? – Shizune olhava a Godaime com uma expressão de dúvida ao vê-la levantar.

- Tenho que falar com Hiashi.

- Você vai até ao clã Hyuuga? – Shizune a encarava, desacreditada.

- Não, chamarei um shinobi ANBU para que o convoque ao meu escritório. Algo me diz que apenas uma declaração por escrito dizendo o que eu quero que seja feito com Neji, não será o suficiente.

- Certo Tsunade-sama, mas, não quer que eu faça isso por você?

- Não é necessário. Para o momento, quero somente que termine a lista. – ao terminar de pronunciar-se, ausentou-se do local.

***

- Eu te conheço? – proferiu Neji, frio.

- O que? – as palavras de Naruto eram banhadas por indignação. Permaneceu com um semblante surpreso por alguns segundos, para logo após deixar formar um ínfimo sorriso em seus lábios – Está bem, eu já entendi. – o sorriso foi se alargando, enquanto eu e as demais o fitávamos atônitas – Ah Neji... Você não pode me enganar! – começou a gargalhar.

- Você é louco? – Neji o olhava com repulsa.

- Só estou dizendo que não é mais necessário que finja. – caminhou até ao lado de Neji, dando-lhe um pequeno tapa nas costas – Você escolheu uma hora errada para isso, Neji. Todos estão preocupados, ainda mais Tenten! Olhe como ela está desesperada. – nesse momento Neji olhou-me. A imensidão branca de seus olhos pareceu analisar cada linha de meu rosto, buscando qualquer resquício de mágoa. Resolvi intervir, mas Sakura foi mais rápida.

- NARUTO! O que está fazendo? – Sakura parecia pronta para lhe transferir um soco.

- Sakura-chan, se acalme. Não acredito que ele conseguiu lhe enganar também... – Sakura já iria revidar, mas Naruto prosseguiu, voltando seu olhar a Neji e elevando o tom de voz – Cara, COMO QUE VOCÊ RESOLVE COMEÇAR A TER SENSO DE HUMOR EM UMA HORA DESSAS? – caiu novamente na gargalhada – Admito que essa foi boa, mas, não se faz isso com os amigos Neji! Saúde não é coisa que se brinque! – ao contrário de Sakura, que já estava enfurecida, eu apenas observava o modo com que Naruto articulava cada palavra. Ele não parecia estar apenas fazendo comentários supérfluos como era de costume, aquilo parecia mais uma tentativa desesperada de não querer acreditar na verdade. Tive certeza dessa hipótese quando o fitei mais atentamente nos olhos lacrimosos. Ninguém faz piada com vontade de chorar.

- Naruto, já chega! – Sakura iria partir pra cima dele, mas eu a impedi. 

- Sakura-chan, deixe que eu cuide disso. – sorri e ela assentiu – Naruto-kun tente entender, Neji não está brincando... – proferi tudo calmamente. As lágrimas já se apoderavam de meus olhos, sem que eu as convidasse – Ele teve sim perda total de memória. – nossos olhares se intensificavam à medida que os segundos passavam – Ele esqueceu da vila, do clã, do exame chunnin, de Gai-sensei, de Lee... De você e... De mim. – Naruto fitou novamente a Neji e depois baixou o olhar.

- Eu compreendo... Perdoe-me Tenten-chan e Sakura-chan, pelo meu tumulto. E Neji... – levantou o olhar, com um sorriso sincero no rosto – Eu não vou lhe pedir perdão, porque sei que daqui uns tempos nós poderemos rir com o que acabou de ocorrer aqui. – suspirou - Não pense que vou admitir e muito menos aceitar que você esqueça tudo. – não desistir, não aceitar a condição de uma situação ruim... É isso que eu chamo de fé. - Eu estou com você e pode ter certeza... – apontou para a única janela que existia no quarto, esta que dava uma visão privilegiada do restante da vila – que Konoha inteira também está!

***

- Tsunade-sama, chegou bem na hora. – Shizune parou o que estava fazendo e direcionou o olhar à Hokage, que acabava de adentrar o escritório – Acabei de terminar a lista.

- Ótimo, dê-me. – Tsunade estendeu a mão pegando a lista de Shizune e posicionando ao lado da sua, na mesa.

- Algum shinobi ANBU já foi mandado ao clã Hyuuga?

- Sim, e pedi rapidez tanto da parte do shinobi quanto da parte de Hiashi. – articulava a Godaime enquanto seu olhar pairava sob as listas – Quero resolver logo este assunto. Neji não tem mais a amargura dentro de si por ver seu pai sendo torturado em sua frente ou pela morte deste, mas continua sendo parte da Bouke.

- Tem razão Tsunade-sama, já que a família secundária é menos privilegiada que a principal. – proferiu Shizune. Logo após intensificou o olhar em determinada área da lista que fizera. - Tsunade-sama, reparou que o assistente de Hiashi se enquadrou na lista? – apontou para a área que o nome de Hizoka estava.

- É verdade... – dizia a Godaime, com semblante de reflexão – Depois de mim, era ele quem efetuava melhor o Kenboushou no Jutsu.

- Interessante saber disso.

- Realmente... Interessante e bizarro.

- Você acha que ele seria capaz... – Shizune a olha com um ar questionador.

- Sinceramente? Não sei lhe responder. O clã Hyuuga tem mistérios que nem mesmo eu estou ciente.

- Entendo. – articulou Shizune, pensativa.

***

- Ele já está longe o suficiente? – dizia Hiashi ao observar Hizoka com seu byakugan ativado.

- Sim, podemos continuar.

- Ótimo. Então, qual é a novidade?

- Está tudo sendo encaminhado do jeito que imaginávamos Hiashi-sama. Cinco ninjas já foram testados e apenas um apresenta algum tipo de rejeição ou efeito colateral.

- São excelentes números... – Hiashi refletia – Mas, que tipo de efeito colateral? Porque rejeição já era algo que esperávamos.

- Perda total da... – foi interrompido devido a uma fumaça que se instalou no ambiente.

- Hiashi-san. – articulava o shinobi ANBU com máscara de porcelana – Tsunade-sama requisita a sua presença em seu escritório o mais breve possível.

- Certo, vou agora mesmo. – o shinobi apenas assentiu com a cabeça, desaparecendo logo em seguida.

- Continuamos esse assunto mais tarde. – proferiu Hiashi para logo após partir ao encontro da Hokage.

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