Capítulo VI – Kenboushou no Jutsu

 

 

“Não se preocupe Tenten-chan, eu voltarei pra você”

 

Eu não imaginava que as palavras pronunciadas por Neji naquele dia infausto ganhariam outro significado. Anteriormente tratava-se de seu retorno à Konoha. Posteriormente, do regresso de seu estado desfalecido. Atualmente, de sua amnésia.

 

- É um tanto complicado dizer tudo a você, Neji. Já que se trata de assuntos que se ligam um ao outro e que há anos estão sendo resolvidos. – Sakura dizia tudo calmamente, tentando não enfurecê-lo mais ainda. Eu ainda estava sem reação, apenas prestava atenção nas palavras de Sakura e Neji.

- Presumo que eu mereça saber a verdade. – Neji continuava ríspido.

- Vou direto ao assunto desde que você não queira saber o porquê de tudo.

- Certo.

- Você se lembra o que é uma missão rank-S?

- Não. – ele era breve e frio.

- Tudo bem... – suspirou longamente – Uma missão rank-S é uma missão de alto risco que envolve vários países. Você estava encarregado de uma.

- E do que ela se tratava? – proferiu Neji, visivelmente confuso.

- Era seu dever transportar um documento de extrema importância escrito e assinado por Tsunade-sama ao País do Vento.

- O que havia nele?

- Era confidencial.

- Certo. - fechou os olhos em sinal de meditação – Eu falhei?

- Você não estava sozinho, Neji. Havia mais dois shinobis altamente qualificados com você, para que houvesse sucesso na missão. Mas digamos que ocorreram circunstâncias...

 

***

 

- Tsunade-sama. – Shizune coloca-se em frente à Sannin com três livros e alguns pergaminhos sobre os braços – Aqui estão os relatos de documentos médicos – dizia ela, enquanto depositava quatro pergaminhos na mesa, apontando para eles – os Livros Shinobi de Jutsus Médicos – depositou os três livros que segurava, também apontando – E, finalmente, o lendário “Youhishi Ikusa”.

- Obrigada Shizune. - proferiu enquanto já começava a folhear algum dos livros.

- Tsunade-sama, tudo isso é para o caso de Neji?

- Sim. Eu não consigo entender... A kunai que o atingiu em seu ponto cego poderia realmente causar amnésia permanente, mas, eu deveria conseguir curá-lo.

- Entendo... E qual é o seu palpite em relação a isso?

- Antes de responder sua pergunta, Shizune, me diga... O que você sabe sobre o “Youhishi Ikusa”?

- Que esse é o pergaminho que foi usado nas 3 grandes guerras ninjas. Isso é tudo que sei.

- Você não sabe o que há nele?

- Não, mas, não seria algum tipo de jutsu secreto?

- Quase, Shizune. – ela dizia enquanto começava a abrir o pergaminho – o Youhishi Ikusa realmente foi usado nas 3 grandes guerras. Nele, foram registradas técnicas e jutsus que o Nidaime Hokage as designou para uso exclusivo de guerra.

- E que tipo de técnicas e jutsus estão registrados?

- Técnicas e jutsus secretos e comprometedores, que precisam de praticamente todo o chakra de um shinobi e estar no mínimo no nível jounnin para executá-las. - Tsunade dizia sem tirar os olhos do pergaminho - Algumas causavam morte instantânea sem nem precisar tocar no inimigo, muito usadas em shinobis que apresentavam alto risco para Konoha. Outras faziam com que o inimigo se tornasse incapaz de realizar qualquer tipo de jutsu. Enfim, várias outras.

- Então, foram restritas exclusivamente para guerras ninjas pelo fato... – foi interrompida.

- Por apresentar alto risco a quem a exercia e consequências praticamente eternas a quem era atingido por tais técnicas ou jutsus.

- Praticamente?

- Exato. Havia apenas uma exceção.

- E qual era?

- Somente o shinobi que usou a técnica poderia desfazê-la.

- Excepcionalmente?

- Sim. E às vezes, nem mesmo o próprio responsável por desempenhá-las conseguia. Para a prática de tal ato, a experiência e poder exigido eram proporcionalmente maiores do que a realização da técnica ou jutsu.

- Entendo. Por isso que eram usadas apenas em situações agravantes, certo?

- Certo. – suspirou – Você sabe como é... Algumas vezes os shinobis rivais que eram atingidos por tais técnicas ou jutsus, com o passar do tempo, se tornavam aliados. Então, os shinobis responsáveis por atingi-los por estas, poderiam não conseguir desfazê-la ou até mesmo já haviam falecido. – assim que terminou de falar, intensificou o olhar em uma parte do pergaminho, estreitando os olhos e esboçando um mínimo sorriso. – Achei.

 

***

 

- Tudo bem. – proferiu Hizoka – O acontecido foi há pouco mais de três meses...

- Três meses? – Hiashi elevou um pouco o tom de voz.

- Isso mesmo. – Hizoka articulava com um sorriso de escárnio no rosto. – Digamos que Neji não estava agindo da maneira que precisássemos que ele agisse.

- Explique-se. – Hiashi já havia se acalmado moderadamente.

- Ele não aceitaria continuar o projeto, Hiashi-sama. Ainda mais com aquela shinobi que ele estava – parou por alguns segundos – namorando.

- O que tem ela?

- Ele já estava ligado demais a Konoha e suas obrigações. Uma companhia que também devotava toda sua lealdade para a vila, poderia fazê-lo destruir o que estamos trabalhando há anos!

- Entendo sua preocupação Hizoka-san, porém, isto tudo que você acaba de delatar não passa de hipóteses?

- Com todo respeito Hiashi-sama, mas seu engano é cometido exatamente nesta parte.

- Vá direto ao ponto.

- Você se lembra do massacre ao clã Uchiha?

- Falei para ir direto ao ponto.

- O que te perguntei tem mais em comum com o que eu ainda vou dizer do que imagina Hiashi-sama. Por favor, me responda.

- É evidente que me recordo. Tal massacre não se apaga da mente tão facilmente.

- E você se lembra que todos foram mortos pela mão do shinobi que era considerado o gênio do clã?

- Aonde quer chegar com isso?

- Você sabe que foi por ordem do Sandaime tal execução. – Hizoka articulava enquanto caminhava em passos vagarosos pelo extenso salão – Imagino que se a Godaime desconfiar ou descobrir algo e pedir o nosso extermínio à Neji... Ele não negaria.

- Entendo Hizoka-san, e não discordo. Fizemos bem ao deixar para contar nossos planos à Neji após seu regresso à Konoha... Apenas não imaginávamos tal acontecimento. Tivemos sorte. 

- Eu não chamaria o que ocorreu de sorte, Hiashi-sama. Já que o ocorrido foi causado pelas minhas próprias mãos.

- O que? – Hiashi proferiu atônito, refletindo breves segundos - Kenboushou no Jutsu?

 

***

 

- Kenboushou no Jutsu. – Tsunade sorria em satisfação.

- Kenboushou no Jutsu? – Shizune perguntou com esperança na voz, devido ao significado da palavra.

- Era o que eu estava procurando. – Tsunade falava enquanto apontava no pergaminho onde estava escrito sobre o jutsu – Esse jutsu faz com que a pessoa tenha amnésia... Eterna. Ele foi bastante usado em shinobis inimigos de alta experiência, para assim, construir uma nova vida em Konoha.

- Então você imagina que Neji tenha sido vítima desse jutsu?

- Exatamente.

- Mas, quem faria isso?

- Ainda não tenho a resposta para isso, mas agora temos a certeza de duas coisas. – seu tom era preocupado - Primeira: esse shinobi, seja lá quem for e por mais lamentável que seja admitir, é de Konoha. Este pergaminho nunca saiu da vila, portanto, não haveria a mínima possibilidade do responsável ser de outra vila. – Shizune estava com um semblante deprimido. Ela não queria acreditar que havia um traidor em Konoha - Segunda: ele ou ela não pode ser muito jovem, afinal, a última vez que este pergaminho foi usado, foi na terceira Guerra Ninja.

- Realmente... E isso já faz algum tempo, não é mesmo?

- Com certeza. Kushina era apenas uma criança. – ambas sustentavam olhares abatidos após a pronúncia do nome da mãe de Naruto.

- Proponho então que façamos uma lista com os nomes dos shinobis que tenham tais características: Idade suficiente para ter participado da terceira Guerra Ninja e alto nível de experiência e poder.

- Excelente Shizune! – Tsunade sorriu – Vamos começar agora mesmo.

- Certo. – Shizune também sorriu.

 

***

 

- Rápido onee-chan! – Hanabi puxava Hinata pelas mãos, já que esta havia diminuído a velocidade dos passos ao avistar certo loiro. – Depois você admira mais o Naruto!

- Calma Hanabi, já estou indo! – proferiu Hinata, corando.

- Hinata-chan! – Naruto acenava com um largo sorriso enquanto ia se aproximando.

- “Agora que atrasaremos mais ainda” – pensou Hanabi, revirando os olhos.

- Naruto-kun. – disse Hinata, docemente. Ela estava mais madura e não gagueja mais a frente do herói de Konoha, porém, não podia controlar os batimentos cardíacos que sempre aceleravam quando ele estava presente ou o tom avermelhado que suas bochechas adquiriam ao conversar com ele.

- Pra onde vocês estão indo? – Naruto parecia realmente interessado.

- Vamos buscar Neji-san no hospital. – Hanabi interferiu – E estamos atrasadas, perdão Naruto. – assim que terminou de falar, começou puxar Hinata novamente.

- Neji? – Naruto estava animado – E eu posso acompanhar vocês?

- Eu acho melhor você n... – Hanabi foi interrompida.

- Seria uma honra Naruto-kun. – foi a vez de Hinata interferir.

- Então vamos logo. – Hanabi foi andando na frente - “Tudo bem, não vou estragar sua felicidade, onee-chan” – pensava Hanabi, sorrindo disfarçadamente.

 

***

 

- Que tipo de circunstâncias? – proferiu Neji.

- Pouco depois que vocês saíram de Konoha, vocês foram atacados por apenas um shinobi. Seus companheiros relataram que este não foi identificado, pelo menos por eles.

- Eles insinuaram que eu o reconheci?

- Sim, devido ao modo que você se dirigiu ao shinobi não identificado após dizer para seus companheiros prosseguirem sem você.

- Entendo... – Neji parecia tentar se lembrar do que ocorreu, mas aparentemente sem sucesso. – E então, o que houve?

- Você batalhou com o shinobi. – Sakura queria ir direto ao ponto, mas ainda faltavam pontos importantes a dizer - Neji, Tenten já lhe explicou o que é ser um Hyuuga em relação ao byakugan?

- Sim.

- E sobre o ponto cego?

- Não. – Neji desviou o olhar a mim. Não havia dado tempo de contar tudo a ele.

- Digamos que a sua defesa, devido ao byakugan, é praticamente perfeita. – explicava Sakura. Toda raiva que há poucos minutos predominava no ambiente, esvaeceu ao poucos. Independente de o clima estar tenso ou não, eu não arriscava abrir a boca até que Sakura terminasse de delatar tudo a Neji.

- Você diz “praticamente”, por causa desse ponto cego?

- Exatamente. O ponto cego do byakugan aloja-se atrás da primeira vértebra torácica, local que você fica incapacitado de enxergar.

- Então... Eu fui atingido no meu ponto cego. – Neji tentava entender.

- Sim. Embora você tivesse ordenado para seus companheiros prosseguirem com a missão, eles regressaram a Konoha em busca de reforços. Quando retornaram ao local em que você estava lutando, te encontraram inconsciente no chão com uma kunai fincada em seu ponto cego.

- E a missão? – é incrível como Neji, apesar de estar sem memória, tem os mesmos pensamentos que sempre tivera. Qualquer um eu seu lugar daria mais importância a sua saúde, mas Neji nunca foi como todos. Isso explica o fato dele estar perguntando sobre a missão nesse exato momento, ao invés de encher Sakura de perguntas sobre o que aconteceu com ele desde então. Realmente impressionante.

- Ela foi cumprida.

- Certo. – Neji continuava frio.

 

***

 

- Você está falando sério Gai-sensei? – os olhos de Lee brilhavam. Gai havia acabado de lhe dar a notícia sobre o time 9.

- Estou sim, Lee! Agora, mais do que nunca, temos que deixar que o fogo da juventude nos acompanhe!

- Conte comigo Gai-sensei!

- Eu sempre conto, Lee! – proferiu Gai, com a pose de Nice Guy.

 

_