No Silêncio de Um Olhar escrita por bpity


Capítulo 3
Eu vou acreditar


Notas iniciais do capítulo

Houve um problema no Nyah! quando postei o segundo capítulo.
Minha fanfic ainda estava classificada como nova e não como atualizada, assim, o site não anunciou a chegada da continuação.
Espero que isso não aconteça novamente, e, caso ocorrer, avisarei a todos que a lêem por mensagem privada como fiz anteriormente.



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Capítulo III – Eu vou acreditar

 

- Quarto 3, correto?

- Sim, Tsunade-sama. – a mão da Hokage foi de encontro ao cepilho – Seja cautelosa...

- Estou ciente dos riscos em que nos deparamos Sakura. – ficou alguns instantes com a mão pousada à maçaneta, suspirando lentamente – Fique aqui, não tardo com a análise.

- Certo. - terminando de falar, viu a Sannin adentrar o recinto – Boa sorte Tsunade-sama.

 

***

 

- Onde estou? – Abro os olhos e deparo-me com um teto e paredes a princípio desconhecidas.

- Como se sente Tenten-chan? – uma voz familiar articulava gentilmente. Após avaliar rapidamente o local em que me encontrava, reconhecendo-o e percebendo que estava deitada em uma cama macia, pude confortavelmente sorrir.

- Estou bem, Gai-sensei. – espreguicei-me.

- Estava preocupado! Eu e Lee te encontramos desacordada no antigo ponto de encontro do time 9...

- Desacordada? – meu espanto era evidente.

- Sim, e sei que não foi por fraqueza. O que houve Tenten-chan? Você não desmaia sem ter motivos consideráveis.

- É que...

- TENTEN-CHAN! – Lee... Escandaloso e surpreendente Lee!

- Lee-kun, que bom te ver!

- Digo o mesmo! Mas não desejava que fosse por algo tão inoportuno... – encarou-me tristemente. Se fosse para resumir Lee em uma palavra, eu diria que esta é: humilde. Humilde para aprender; para estar informado do bem-estar de seus companheiros (até mesmo desconhecendo o seu próprio); para contar com seu auxílio e para com suas habilidades. Um shinobi admirável, com uma força de vontade sem igual.

- Então Tenten-chan... Acho que já está na hora de nos contar o que está havendo. – Gai-sensei dificilmente pronunciava-se sério, porém, confesso que este momento está sendo uma exceção estimável.

 

***

 

- Então, você irá me examinar? – o tom de voz era frio.

- É o meu dever como Hokage. – autoritariamente a Sannin dava continuidade a prosa um tanto inconveniente. – Vamos Neji, quero ser breve nesta análise. Quanto mais rápido você me deixar examiná-lo, mais rápido poderei encontrar medidas que irão beneficiar a recuperação de sua memória.

- Certo. – ele estava assentado sob a cama, fez menção em deitar-se.

- Permaneça assim. - Tsunade aproximou-se e depositou suas mãos a poucos centímetros da parte superior da cabeça do Hyuuga, um chackra verde as envolviam.

- Tente lembrar algo.

- Eu já tentei. – ele fechou os olhos, as pálpebras estavam cerradas intensamente... Seu esforço era evidente.

- Continue. – suas mãos percorriam particularmente a parte traseira da cabeça, entretanto, ela concentrava seu chackra no local que se encontrava o lobo temporal (parte inferior do cérebro) - Dê o melhor de si.

 

Cinco minutos. Dez. Vinte. Trinta... Fora do quarto, Sakura começava a preocupar-se.

- Tsunade-sama... – proferia as palavras para que somente ela mesma ouvisse – Você mencionou rapidez na análise...

 

Um clima tenso instalava-se. Começavam a escorrer filetes de transpiração na face do Hyuuga, os quais se transformavam em gotas que pingavam sob a cama, umedecendo-a. Ter a capacidade de reter informações antigas estava tornando-se uma árdua tarefa.

 

- E agora? – reparava-se a exaustão até mesmo em sua voz.

- Nada... – ele dizia amargamente, inconformado de tal informação que transpassava.

- Agora? – a Hokage persistia.

- Nada. – ele maneava a cabeça negativamente.

- Nenhum nome? Nenhum lugar? Nenhum flash de memória? - seu tom ganhava desespero.

- Não... – ele suspirou – Nada. – o chackra verde desvaneceu da mão da Hokage. Então, ela depositou seus braços rentes ao corpo de maneira cansada, respirando um tanto ofegante.

- Certo. – seu tom autoritário regressou imediatamente – Mandarei comunicar seus parentes do seu despertar. – já se encaminhava em direção à porta.

- Espere! – ela virou-se – Minha memória voltará?

- O resultado do diagnóstico primeiramente pertence à sua médica.

- Mas é a minha memória e o meu estado atual!

- Seja paciente Neji, sua curiosidade não irá influenciar sua situação. – após dizer isso, retirou-se.

- Mas poderia me conformar do pior... – ele falou calmamente, não se importando da Sannin já ter se ausentado.

 

***

 

- Neji despertou? – Gai-sensei e Lee falaram em uníssono animadamente.

- Sim. – meu tom era abatido, contradizendo o clima eufórico que começava a alojar-se.

- Mas isso é ótimo! – Lee adiantou-se – Não entendo esta cara de desânimo.

- É claro que é ótimo... – prossegui – Era o que eu mais queria no mundo.

- Mas ainda não é tudo que tem para nos contar, certo?

- Certo. – comecei a sentir meus olhos marejar – Ele... – tive que fazer uma interrupção. Na tentativa ineficaz de segurar o pranto que estaria por vir – está com amnésia.

- O que? Amnésia? – dessa vez somente Gai-sensei pronunciou-se. Lee parecia ainda não ter absorvido tal informação.

- Sim... Ele não se lembra mais de mim... Não se lembra mais do time 9... Ele não se lembra mais de nada. – disse pausadamente. As lágrimas banhavam com abundância meu rosto. Seria possível contar tal fato sem chorar? Não para mim. Neji não apenas me esqueceu, esqueceu de nós. Do que sentíamos um pelo outro; dos seus anseios; das suas e nossas vitórias; das aventuras percorridas com o time 9; do que ele era; da sua história. Não há como contar de seu atual estado sem saudades, sem receios e sem emoções.

- Realmente lamentável... – disse Lee.

- E inaceitável! – Gai-sensei era confiante.

- Mas ele se recuperará! – fazendo pose de Nice Guy e com um sorriso radiante acrescentou Lee. 

- Pode acreditar nisso! – também fazendo a famosa pose Gai-sensei finalizou. Ambos animavam-me, completando as frases um do outro...

Ainda há esperança?

 

***

 

- Não há esperança Sakura. – Tsunade era firme em suas palavras.

- Mas, Tsunade-sama e se nós...

- Não há mais nada o que fazer. – interrompeu-a – eu curei todos seus neurônios debilitados com meu chackra, e não teve a mínima recuperação!

- Nada? – a shinobi médica estava abismada.

- Nada. – a Hokage levanta e vai em direção a janela, onde se podia avistar quase Konoha inteira. Era necessária privacidade nessa conversa, por isso estavam em seu escritório. Shizune estava presente.

- Entendo. – um semblante aborrecido instalou-se em Sakura.

- Vá ao hospital e deixe-o em observação.

- Certo. – ela já se afastava e caminhava em direção a porta.

- Sakura.

- Sim?

- Avise Tenten... O melhor é não iludir.

- Eu já havia avisado da probabilidade disso acontecer Tsunade-sama. Suponho que ela já venha imaginado que o pior aconteceria.

- Dê a ela a certeza, então.

- Certo. – saiu dali após dizer isso.

 

Tsunade permaneceu observando a vila pela vidraça, imersa em pensamentos e com uma feição preocupada. 

 

- Pensando em como eles vão reagir? – Shizune parecia ler a mente da Hokage.

- Você sabe o quanto eles são calculistas e complicados... - ela fechou os olhos. O semblante atormentado era constante. – Ainda mais encarando a perda total da memória dele, o que para eles é o mesmo que se o perdessem completamente.

- Realmente é uma situação intrigante.

- Sim. O clã Hyuuga não é nada fácil, e a perda de seu gênio só vai piorar sua metodologia...

- Tempos difíceis estão por vir. - Concluíram ao mesmo tempo.

 

***

 

Os raios solares dissipam-se anunciando que o término do dia está próximo. Estou caminhando sem rumo e lentamente pela vila desde que saí da casa de Gai-sensei. Konoha é um lugar belo, porém sua beleza está longe de fazer-me desviar o foco de Neji. Queria ser como Gai-sensei e Lee e encarar tudo de maneira otimista, mas a falta de fé é dominante. “Deus, fortaleça-me nessa hora!”. É interessante como no ápice do desespero as pessoas recordam quase que milagrosamente que Deus existe. São capazes de humilhar-se e bradar louvores ao Seu Santo Nome quando estão agoniadas com as circunstâncias, mas não são capazes de agradecer dia após dia pelas pequenas e essenciais coisas que ocorrem. Ou fazem o oposto, e O louvam continuamente quando tudo está bem, mas O esquecem quando as adversidades surgem. Eu fui diferente... Agradecia regularmente pelas maravilhas que Ele colocava em minha vida, e principalmente por Neji fazer parte dela. Agradecia pelo sucesso das missões e pelos amigos com quem sempre pude contar. Continuava a agradecê-Lo mesmo no meu fracasso, pois este só proporcionava-me uma persistência nos meus atos, que era responsável pelo meu sucesso seguinte. Agradecia-O mesmo quando me machucava, pois esta era a prova do meu esforço nos treinos. Agradecia-O e era fiel a Ele independente do que ocorria comigo... Até três meses atrás. Não aceitei o que ocorrera com Neji e naquele instante a falta de fé começou a surgir. Quem sabe ele não tardou tanto para despertar devido a minha descrença de que isso pudesse acontecer. Entretanto, diferentemente deste três meses que se passaram, eu vou agir como outrora agia. Vou acreditar que ele recuperará a memória.  Que ele possa falar de um fato antigo sem que alguém o conte. Que ele retornará a usar seu byakugan sem que alguém o ensine. Que ele voltará a ser Hyuuga Neji. Vou acreditar que um dia ele olhará para mim e venha chamar-me de “meu amor” com a doçura e a certeza que evidenciarão a sua recuperação, expressando a veracidade de seu sentimento, e divulgando como amostra viva que milagres existem. E, no final de tudo isso, eu olharei para o céu e agradecerei a Deus por ter me dado forças para acreditar nisso quando tudo influenciava na minha descrença.

 

- Eu vou acreditar. – sorri abertamente, como há três meses não sorria.

 

_

 


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Notas finais do capítulo

Terceiro capítulo postado.
Agradeço a todos que estão acompanhando!

Já sabem: críticas, elogios, favoritos (...) são sempre bem-vindos!