A flamula quedava quieta e apagada, a cera da vela derretida e disforme espreitava à sombra da mulher vestida em azul, que olhava pela janela o mundo afora. Fechou os olhos castanhos e passou delicadamente a mão pela madeira da janela; já gasta e forrada de cupim. Inspirou e expirou. Fechou-a e baixou a tranca. Olhou ao redor.

O tapete fora retirado, limpo e guardado; e sobre os móveis estendia-se um lençol pálido e embranquecido. A lareira, que ouviu tantas canções e risos, estava sem chamas. As cinzas foram retiradas e o metal, escovado. No andar de cima, os roupeiros jaziam vazios; as roupas: umas tantas guardadas em baús e postas da charrete, outras jogadas fora.

Também a estante tivera perdas. Alguns buracos vazios, de livros que Geanna levaria consigo.

— Podemos ir, meu amor? — Reimar perguntou, entrando na cozinha.

Yaha assentiu, engolindo em seco, e foi conduzida pelo marido até o pátio. Reimar girou a aldrava da porta e subiu no carro, ajudando-a.

Estalou a habena e os animais começaram a andar.

Yaha olhou para trás, uma última vez, enquanto a fazenda sumia-se de vista. No fim, todas as suas vis esperas amargaram como cinzas. Nada além de esperanças vazias.