O Bailar de Asas Douradas escrita por Nanathmk


Capítulo 27
Vida, e seus pesares


Notas iniciais do capítulo

Arrefecido; segundo o dicionário do Google:
adjetivo
1.que se tornou frio; que teve a sua temperatura minorada.
2.fig. que perdeu o ânimo; desalentado.
3.fig. que adquiriu suavidade; abrandado.
4.fig. que perdeu o entusiasmo; que se tornou indiferente, apático.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/744140/chapter/27

— Eu não te julgarei — Reimar começou, arrefecido, depois de descerem as encostas, em silêncio, até a praia. — Tampouco ficarei surpreso. Wenna avisou-me que era possível.

— Encontraste com minha irmã? — Yaha interrompeu, olhando-o. Ele assentiu. — Quando?

— Depois da Batalha de Berken. Três luas vermelhas após a carta que ela enviou-te. — Ele olhou distante, espreitando o mar. Suspirou. — Yaha, peço que não minta para mim. Tens sentimentos pelo ajudante?

— Eu — Yaha começou, o lábio tremeu. Olhou para as mãos. — tenho.

— Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? — ele perguntou. Sorriu secamente. — Afinal, seis anos são um longo tempo. Houve momentos que eu mesmo perguntei-me se algum diria voltaria para casa.

— Ainda assim, aqui estás.

— Para teu desalento.

— Desalento? — Yaha falou, as bochechas coradas. — Eu esperei por anos, sem sequer ter notícias tuas.

— A vida e seus pesares. — Ele disse, taciturno. — Perdoa-me. Tens razão, meu amor. — As últimas palavras saíram doces, atemporais. Uma memória vulgar, perdida no tempo. Yaha desviou o olhar, Reimar suspirou.

— Que queres que eu faça?

— Que escolhas. Não podes ter-nos ambos.

Reimar pressionou-lhe o ombro e caminhou de volta à casa, deixando-a sozinha. Yaha andou até às grutas. Sentou-se nas pedras, olhando o nada.

Levantou-se com uma resposta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Socorro. Passei o dia enrolando para escrever esse capítulo, pra escrever na correria em 20 minutos. De novo, coloquei umas referências poéticas no texto. Ambas do Drummond. O título do capítulo, e a ideia inteira dele, vem do poema "Remissão". É um poema de metapoesia, em que Drummond afirma que a única coisa que lhe resta é a poesia (simbolicamente, Lázaro para Yaha). Também o poema fala sobre como a escrita é uma forma de reviver a memória, e no capítulo é discutido sobre Reimar não ter mandado notícias. Também, o sentimento do Drummond no poema é apático e inerte, como Yaha no começo da história (esperando, esperando, esperando). E Remissão, o título do poema, significa nada além do ato de perdoar, alívio, consolo. Por fim, tem outro verso de outro poema do Drummond, na parte "que podes uma criatura senão, entre criaturas, amar?", em que o poeta fala que amar é inerente ao ser humano, mesmo em épocas de luto e tristeza, amamos; amamos, inclusive, o feio, o ruim, o errado.

Por último, não menos importante, obrigada ao carinho e apoio. Vocês são maravilhosos, digo isso de coração. Por isso: o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Bailar de Asas Douradas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.