Não imaginei que o Lucas realmente fosse manter contato depois daquela conversa. Pensei que seria como aqueles conhecidos que se reencontram depois de meses e dizem "vamos marcar algo", sendo que todos sabem que ninguém vai marcar nada. Por isso fiquei pasma ao ver uma mensagem no Whatsapp.

Era uma foto da vista da janela dele no caminho para São Paulo. O verde da paisagem casava bem com o azul imenso do céu. Enquadrada no meio da imagem, uma enorme candeia florida. No canto, o polegar do Lucas levantado.

Claro, essa fase da reconstrução da amizade é muito delicada. É preciso medir as ações muito bem, qualquer interação que pareça ter segundas intenções ainda é um tabu. Então, mandar uma selfie, por exemplo, ainda pegaria mal.

Me deu uma leve vontade de revê-lo uma última vez antes da viagem. Mas não seria possível a uma altura dessas. Logo, porém, esse pensamento saiu da minha cabeça quando o David me mandou um áudio me chamando pra tomar açaí. Acabei ficando com ele até tarde e ele me convidou pra pousar na casa dele.

Antes de dormir, outra foto, já dentro do avião.

"Se cuida." Respondi.

O David viu e zoou.