Ergui o olhar ao som da nova voz, nem um pouco surpresa. Não era incomum que apostassem direitos sobre minha companhia. Também não era incomum que fizessem isso sem me perguntar.

O homem tinha uma expressão confiante, um sorriso dançando no rosto ao mesmo ritmo do besante de ouro que passava entre os dedos da mão esquerda. Colocou a peça na mesa, e logo acrescentou várias outras. Era a peça mais cara do cruzeiro.

Não gravei seu rosto, apenas a expressão confiante que passava naquele momento. Logo me lembro do que preciso fazer. Sorrio de volta a ele, curvando o corpo sobre a mesa.

— Sorte ou habilidade?

O homem ao meu lado moveu-se inquieto, não me importei nem um pouco.

— Ambos. Sou um jogador. — ele responde, recebendo as cartas do dealer. Pessoas autoconfiantes são as mais fáceis de se tirar dinheiro.

— Meu acompanhante atual está com um belo recorde de vitórias. — minha voz soava quase cantada, no melhor tom de veludo. Isso faz o mesmo se empertigar. Ele cobre a aposta. O resto da mesa se retira. Está entre os dois agora.

— Seu acompanhante agora sou eu. — declarou, expondo as cartas sobre a mesa. É uma jogada altíssima. Ele venceu.