— Depois você pega e gira, prensando contra o osso. Se chama trepanação. - Carlos explica, enquanto ilustra com os braços fortes a ferramenta invisível em direção a um travesseiro.

Aceno duas vezes, seguindo sua mão, movimentos de girar, puxar o ar, como  que girando o instrumento.

— Depois é só... Está prestando atenção? - Vira para mim, pequenos tufos de pelos acima dos olhos franzindo com a testa, uma ruga.

— Não - Declaro, levantando do sofá. - Vamos fazer outra coisa, tem o estúdio, nunca o usamos. - Aponto para a sala escura e saltito na direção, ligo as luzes, instrumentos para formação e materiais. Pego um avental fino, coloco e corro até a estante de matérias, pego algo parecido com argila, o nome está escrito, greda, ao lado, argila, e tantos outros, levo até a mesa, me viro e Carlos estende baldes com água, pousando ao lado do material.

— Como molda? - Jogo água, tornando a massa fluida, agarro, esparramando e juntando, formando pequenas bolas. Junto e formo um copo, um prato, por fim tornando algo parecido com um vaso. Bato as mãos no ar, Carlos se aproxima, analisando.

— Um vaso!

— Um vaso... - Repete de forma monótona. - Claro.