Nova Terra escrita por Arymura


Capítulo 7
Capítulo 7




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No dia seguinte, Janeway aproveita seu tempo livre para fazer uma visita a Tuvok, ele sempre a aconselhou nos momentos mais difíceis e não haveria ninguém melhor para ajudá-la nessa situação. Seu pensamento lógico, por muitos considerado frio e calculista, seria extremamente útil neste momento.

— Tuvok, desculpe atrapalhar seu dia de folga, mas eu preciso conversar ou eu vou acabar fazendo alguma besteira.

— Capitão, a senhora sabe que pode me procurar a qualquer momento que precise. — Apesar de Tuvok ser capaz de controlar suas emoções, entende a necessidade dos humanos em expor seus sentimentos. Ele pensa, em um futuro próximo, sugerir a capitão algumas técnicas de supressão emocional.

— Por favor, vamos deixar essas formalidades de patentes para outro momento. — Janeway se senta ao lado de Tuvok. — Eu preciso de um conselho de amigo.

Tuvok serve duas xícaras de chá e entrega uma a Janeway.

— Certo, no que posso ajudá-la?

Enquanto isso, Chakotay termina as últimas horas do seu turno diário na ponte, tudo está tranquilo, como se o quadrante Delta nunca tivesse oferecido o mínimo perigo. Apesar de toda essa calmaria em torno da Voyager, no âmago de Chakotay, uma inquietação o incomoda como o anúncio de uma tempestade vindoura, o que dificultava sua concentração, fazendo as horas finais de seu turno se tornarem mais longas.

Ele se sentia solitário, não havia um conselheiro na Voyager, ou alguém que ele pudesse recorrer, para conversar sobre suas angústias. Seska se tornou uma inimiga, Tuvok se revelou um espião, que entregou sua cabeça a Federação; por mais que agora trabalhem juntos, não há mais qualquer relação de amizade entre eles, além de que, Tuvok é amigo íntimo de Janeway.

Ainda havia B’elanna, mas ela sempre foi intempestiva e acabaria dando com a língua nos dentes, na primeira vez que se sentisse contrariada por ele ou pela capitão.

Sendo assim, só lhe restava esconder tudo que sentia.

De volta ao quarto de Tuvok, Janeway se despede.

— Se me permite uma pergunta, o que a senhora decidiu fazer?

Janeway toca em seu comunicador.

— Chakotay, após o termino de seu turno, poderia me encontrar em meus aposentos? — ela diz de supetão, terminando a frase quase sem fôlego.

— Sim, Capitão — ele responde, intrigado, o tom de voz de Janeway parecia de quem estava angustiado.

Janeway desliga o comunicador sem dar espaço para qualquer pergunta de Chakotay e diz a Tuvok:

— É isso que farei.

Tuvok concorda, fazendo um sinal com a cabeça.

Janeway sai do quarto de Tuvok indo em direção aos seus aposentos. No caminho, ela pensa em como está difícil decisão iria afetar seu relacionamento com Chakotay e com todos os outros tripulantes, não se sentia preparada para lidar com isso, mas como capitão, já estava acostumada com situações difíceis. Além do mais, Chakotay merecia saber.  

Não demora muito para o turno de Chakotay terminar e, com muita pressa, ele sai da ponte. Os outros tripulantes percebem que há algo de errado, mas a chegada de Tuvok impede qualquer tentativa de especulação, pelo menos, naquele momento.

Chakotay anda pelos corredores a passos largos, sem dar atenção ao que acontece a sua volta. B’elanna tenta chamar o comandante, mas ele não a ouve, neste momento nada do que acontecia ali lhe importava. Apesar de toda confusão mental, a sua única certeza é que a tempestade já estava próxima demais.

Janeway ouve o interfone dos seus aposentos tocar. Ela pensa em ignorar, poderia fingir que havia caído no sono, mas isso seria só uma forma de prolongar seu sofrimento. Apesar da insegurança, ela autoriza a entrada.

Chakotay entra e vê Janeway sentada em sua mesa, segurando uma caneca de café, o olhar fixo no líquido preto e quente. Normalmente, quando se encontravam era para conversar trivialidades, dividir histórias engraçadas, porém, esses momentos vinham ficando cada vez mais raros. E, desta vez, o clima estava pesado. O quarto, que sempre esteve bem iluminado, parecia soturno, e seu animal guia lhe dizia que o local cheirava a medo.

— Capitão, no que posso ser útil? Asenhora não me parece muito bem — ele perguntou, temendo a resposta.

Janeway bebe todo o café em um gole só, se levanta e apruma seu uniforme, tentando ganhar algum tempo com isso. Até que ela respira fundo e diz:

— Chakotay, nós precisamos conversar sobre um assunto sério.

— Capitão, eu cometi alguma falha?

— Não, Comandante. — Janeway passa a mão no rosto, tentando secar o suor frio que insiste em denunciar seu nervosismo.

— Então...

— Comandante, o senhor sabe que nesses últimos meses eu não estive na minha melhor forma. Precisei fazer algumas visitas ao Doutor.

— Sim, mas a senhora disse que esteve indisposta, por não se alimentar direito.

— Na verdade, Comandante. — Janeway se aproxima de Chakotay. — A situação é um pouco mais complicada.

—Complicada? Permissão para falar abertamente, senhora.

— Permissão concedida — ela responde de imediato, como se já esperasse por isso.

Ele se aproxima ainda mais, segura suas mãos frias e diz:

— Kathryn, quando você deixou de confiar em mim? Depois que essas suas visitas misteriosas ao Doutor começaram, você se isolou, vive trancada naquele escritório. Nem se você comandasse duas naves, haveria tantos relatórios. Eu entendo que você tenha seus segredos, todos nós temos, mas seja o que for, isso te mudou — Chakotay percebe que suas palavrasafetam Kathryn, então, ele continua. — Por favor, seja sincera comigo, o que está acontecendo com você?

Janeway baixa a cabeça, as palavras dele repercutem em seus pensamentos, neste momento sente que fez a escolha certa. Ela fita-o, enquanto tenta escolher as melhores palavras.

—Chakotay, a verdade é que...

O comunicador de Janeway toca, e a voz de Tuvok a interrompe.

— Capitão, me desculpe incomodá-la, mas temos uma companhia indesejada.

— Dê o alerta vermelho, Tuvok, já estou indo para a ponte.

Janeway olha para Chakotay e lhe dá as costas e, com urgência, vai até a porta. Chakotay, ainda atordoado, segue a capitão e bloqueia seu caminho.

— Capitão, o que você queria me dizer? — ele implora.

— Isso pode esperar, comandante, vamos à ponte!

Janeway passa pela porta sem olhar para trás; Chakotay a segue, sentido que a tempestade havia chegado.

Espíritos, nos ajudem!

 

 


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