Nova Terra escrita por Arymura


Capítulo 12
Capítulo 12




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Nos aposentos da Capitão...

— Chakotay, eu não posso mais manter esse segredo, mesmo agora sendo tarde para confissões.

— Capitão…

Janeway se aproxima de Chakotay e remove de ambos seus comunicadores e pins de patente.

— Por favor, não é momento para formalidades, eu não preciso que você seja meu comandante agora. — Janeway segura as mãos de Chakotay. — Certo?

Eles se sentam frente a frente, as mãos frias de Kathryn fazem Chakotay tremer por dentro.

— Kathryn, seja o que for eu estarei ao seu lado…

Depois de alguns segundos de um silêncio inquieto, Janeway decide falar:

— Chakotay, nossos dias juntos foram maravilhosos, apesar de todas as perdas, eu creio que tenham sido alguns dos dias mais felizes da minha vida.

Chakotay sorri e responde: — Eu sinto o mesmo, Kathryn.

— Por um tempo, achei que a única coisa que restaria desses dias seriam nossas lembranças, mas eu estava enganada…

Algumas lágrimas escorrem pelo rosto de Kathryn, Chakotay enxuga cada uma delas com suas mãos. Ela respira fundo como se a força necessária para continuar pudesse ser absorvida pelo ar.

— Nossa última noite foi intensa, até os últimos minutos e…

— E? — diz Chakotay apreensivo.

Kathryn sorri entre as lágrimas.

 — Não foram só as lembranças que eu carreguei comigo. — Ela entrelaça os braços em torno de seu ventre como se o protegesse.

— Você está me dizendo que está grávida? — Chakotay pergunta extasiado com a possibilidade. — Não se preocupe, nós vamos ser bons pais, Kathryn.

Ela não consegue controlar o choro e abraça Chakotay.

— Não, nós não vamos…

— Kathryn…

— Nós nunca seremos. Quando eu descobri que estava grávida, já não havia o que fazer. O Doutor tentou descobrir como salvá-lo, mas a minha gravidez não duraria mais de seis meses e, mesmo se a gestação se completasse, não nasceria vivo. Ele desconfia que o vírus que contraímos tenha causado este problema. Mas, com tudo o que aconteceu, ele se foi antes que eu pudesse lhe contar. Eu simplesmente não sabia como contar.

Chakotay tentou absorver todas aquelas informações, não conseguia pensar em nada que pudesse dizer que fosse o bastante para consolá-la.

 — Não se culpe, Kathryn. Nós vamos superar isso. Juntos.

Por maior que fosse a tristeza de Chakotay, ele tenta manter-se forte.

— Você precisa descansar, em breve teremos uma surpresa para você. Venha, eu vou lhe ajudar a ficar mais confortável — disse tentando esconder sua dor.

Chakotay auxilia Kathryn a trocar de roupa e a se deitar na cama, ele deseja boa noite, seguido de um beijo.

— Eu ficarei na sala ao lado enquanto você dorme. Se precisar de mim é só me chamar.

— Chakotay, eu não quero ficar sozinha e minha cama é grande o suficiente para nós dois, você pode ficar ao meu lado, se quiser.

— Tudo o que você desejar, meu amor.

Chakotay se deita, e Kathryn aninha-se em seu peito. Em poucos minutos ela dorme, e ele aproveita este momento para chorar a perda de seu herdeiro, enquanto promete para si que nunca mais a deixará, nenhum protocolo irá impedir sua felicidade.

   As horas passam e a Voyager volta a encher-se de vida. Chakotay acorda Kathryn com uma xícara de café quente.

— Meu amor, nós somos esperados no refeitório.

— Achei que ficaria mais um dia sem a comida do Neelix — ela responde com preguiça na voz.

Chakotay ri.

— Vamos, vai valer a pena. Eu prometo. Já faz mais de uma semana que você não sai deste quarto, achei que estaria animada.

— Tudo bem, eu só preciso encontrar meu uniforme.

— Kathryn, você ainda está de licença. Você pode usar algo mais confortável, pelo menos uma vez?

— Acho que posso fazer isso. Mas creio que a camisola que estou vestindo, por mais que seja confortável, não é a roupa mais indicada para ocasião — Kathryn provoca.

— Com certeza não, ou eu serei obrigado a usar meu phaser algumas vezes.

Algum tempo depois, Janeway e Chakotay chegam ao refeitório, o local está enfeitado para uma grande festa, risos e conversas permeiam o ambiente.

— Então era isso que vocês estavam aprontando? — diz Janeway surpreendida.

— Capitão, sente-se aqui — diz Paris indicando uma mesa, onde também estavam Harry e B’elanna.

Após algumas horas de conversas triviais, Neelix pede a palavra.

— Capitão, nós temos alguns presentes para a senhora.

Enquanto Neelix faz um longo discurso, os tripulantes, um a um, entregam seus embrulhos; entre eles: doces, flores e itens feitos à mão. Janeway se sente maravilhada com todos os presentes e a consideração que a tripulação demonstra, mas ao fim da fila está Chakotay de mãos vazias.

— Eu não lhe trouxe nada, Capitão.

— Não se preocupe com isso, você não precisava trazer nada, nenhum de vocês precisava — Janeway responde sorrindo.

— Mas eu trouxe algo para a Kathryn.Eu sei que não deveria fazer desse jeito, talvez você me odeie por isso, mas eu não posso mais esconder…

Paris ri e diz baixinho a Harry:

 — Como se ninguém tivesse percebido.

— Talvez eu esteja colocando tudo a perder, mas eu preciso lhe fazer essa pergunta e, se você responder que sim, eu estou disposto a deixar tudo para trás, a patente de comandante não me fará falta. Eu sei como são as regras da federação, porém, nada me importa mais do que seu amor.

A tripulação se aglomera em volta dos dois, a expectativa pela pergunta, e principalmente pela resposta, é tão grande que chega a ser quase que palpável.

— Kathryn Elizabeth Janeway, você aceita se casar comigo?

Todos os presentes prendem a respiração. Janeway estava em estado de choque, seu amor por Chakotay é enorme, mas há tanto em jogo que escolher sua felicidade parece egoísmo. Perder seu comandante poderia ser um grande problema para tripulação, afinal, metade dela era composta por maquis.

E, pela primeira vez, Janeway pensou em si.

— Eu aceito. Mas preciso de você na ponte, todos nós precisamos. Teremos que resolver isso de alguma forma.

— Talvez possamos encontrar alguma brecha nas regras — diz B’elanna.

— Ou talvez, só por uma vez, devêssemos abrir uma exceção — argumenta Paris implorando.

A tripulação celebra, por toda nave a notícia se espalha rapidamente como fogo em paiol. Enquanto todos imaginam como será este casamento, Janeway e Chakotay deixam o refeitório discretamente.

Nos aposentos de Kathryn, Chakotay a auxilia a organizar os presentes.

— Acho que preciso de uma cabine só para os presentes — Kathryn analisa.

— Talvez você necessite de uma nave auxiliar só para eles — Chakotay debocha.

Ao fim de algumas horas, as flores distribuídas por toda a cabine deixam o local um pouco menos cinza e austero, o perfume doce no ar combina perfeitamente com as novas cores que permeiam todo o aposento. Apesar de ter sido uma tarefa árdua encontrar o local perfeito para cada uma das coisas, os dois apreciam o resultado final.

— Gostou?

— Eu amei. Agora eu tenho a melhor decoração de toda a nave.

Ela sorri, mas ainda sente-se triste por sua perda.

— Ele teria sido feliz aqui? Uma criança no meio desta guerra constante? — Kathryn questiona Chakotay.

— Sim. Nós o protegeríamos. Ele teria dois pais amorosos e uma centena de tios para estragá-lo — ele responde tentando consolá-la. — Mas não pense nisso agora.

— Você está certo. Eu preciso pensar no futuro...

Chakotay toca os ombros dela e diz em seu ouvido:

— Então esse é o nosso novo lar?

— Sim, e não precisamos esconder mais nada de ninguém. O nosso lugar é aqui...


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao fim. Obrigada a todos que acompanharam e também aqueles que tiraram uns minutinhos para comentar ( Ah, obrigada Pat, pela paciência na betagem.). Até a próxima.



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