Nova Terra escrita por Arymura


Capítulo 10
Capítulo 10




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Com um pouco de dificuldade, a porta da nave auxiliar é aberta por Chakotay, e uma densa fumaça negra escapa pela abertura. Sem hesitar, ele entra procurando Janeway e a encontra, desmaiada.

Ele carrega Janeway em seus braços, para a enfermaria, pelos longos corredores da fria e cinza Voyager. Os corredores cheios de tripulantes parecem intermináveis, no rosto de cada um daqueles que vislumbravam essa cena a felicidade era substituída por temor pela vida da Capitão. Enquanto Chakotay anda, o medo toma conta de sua mente, levando cada uma das recordações felizes de todos aqueles dias que viveram isolados no planeta inabitado.

Será que realmente valeu a pena ser resgatado? Será que se ainda estivéssemos lá, ela estaria segura?

 

Ao fim, entre toda a confusão de sentimentos, seus pensamentos se resumem a uma prece.

Por favor, eu só quero mais uma chance para dizer o quanto a amo; continue viva, Kathryn.

Chakotay entra na enfermaria com Janeway nos braços, o Doutor indica o leito previamente preparado para atendê-la, ele então acomoda a capitão.

— Kes, por favor, examine o comandante, ele pode ter inalado muita fumaça — diz o doutor enquanto examina os ferimentos de Janeway.

— Não, Doutor, eu quero ficar perto dela — Chakotay responde, tocando os cabelos ensanguentados de Janeway.

— Comandante, não há nada que o senhor possa fazer para ajudar, então, pare de me atrapalhar. Kes, faça o que eu mandei, agora!

Kes se aproxima do comandante e o direciona a outro leito.

Chakotay senta-se e olha para suas mãos, em seu colo, elas estão impregnadas de um vermelho vivo que se destaca mesmo em seu uniforme preto, as lágrimas escorrem de seus olhos e pingam sobre o vermelho de suas mãos, esvaecendo a cor.

— Comandante, não vejo nenhuma alteração em seus exames, talvez seja melhor o senhor trocar seu uniforme — Kes diz com a voz serena, tentando acalmar Chakotay.

Chakotay continua em silêncio, de cabeça baixa, olhando para suas mãos.

— Kes, eu preciso de sua ajuda aqui, se o comandante estiver bem, por favor, oriente-o a seguir para seus aposentos e descansar por hoje.

— Eu não vou sair daqui, Doutor! — esbraveja Chakotay, secando as lágrimas, deixando o rosto ainda mais sujo.

— Comandante, eu não tenho tempo a perder discutindo com o senhor, o caso dela é muito grave. O problema é muito maior do que você possa imaginar, no estado que a capitão se encontrava, nunca poderia ter passado por tanto sofrimento.  Então, por favor, saia daqui, isso é uma ordem! E, se o senhor não a respeitar, eu chamarei a segurança.

Chakotay levanta do leito e encara o Doutor.

— O que você quis dizer com “no estado em que a capitão se encontrava”? — pergunta Chakotay com raiva e frustração.

— Não me diga que a capitão nunca lhe contou nada? O senhor nunca deveria ter deixado...  

Ao mesmo tempo, Tuvok chega à enfermaria e sua presença interrompe a discussão.

— Tuvok, que bom vê-lo!

Tuvok estranha à repentina simpatia que o Doutor demonstra.

— No que posso ajudá-lo, Doutor?

— Por favor, Tuvok, conduza o comandante até os seus aposentos, ele precisa descansar.

Tuvok concorda e olha para o comandante, e Chakotay entende que precisa deixá-la aos cuidados do doutor, mas, antes, ele sussurra no ouvido de Janeway:

— Não me abandone, eu te amo, minha querida. Nós ainda temos muito que fazer nesta nave, todos nós precisamos de você, eu preciso de você.

Chakotay beija a testa de Janeway e, antes que Doutor pudesse reclamar, ele lhe dá as costas, saindo da enfermaria com passos largos e firmes. Tuvok o acompanha em silêncio.

Ao chegar à porta dos seus aposentos, Chakotay pergunta a Tuvok:

— Tuvok, você é o melhor amigo da capitão, por favor, me diga o que estava acontecendo. Alguns minutos antes de toda essa tormenta acontecer, ela tentou me contar alguma coisa muito importante, mas o ataque interrompeu nossa conversa.

— Me desculpe Comandante, mas não posso lhe ajudar. Em nossas conversas, a capitão nunca me disse exatamente o que lhe afligia, ela considerava melhor não me envolver totalmente em seus problemas pessoais. E mesmo que eu soubesse, não poderia lhe confidenciar isso, creio que somente a capitão deve revelar seus segredos. Se o senhor me der licença, Comandante, eu devo ir à ponte providenciar os relatórios. Caso precise de mim, não hesite em chamar. Descanse.

— Eu tentarei, obrigado. 

Tuvok o deixa, e Chakotay entra em seus aposentos. Cansado e triste, ele se larga em uma poltrona. A cada minuto, tudo ficava mais confuso e nublado. Mesmo que o Comandante tentasse se iludir, relembrando seus momentos felizes, o cheiro forte do sangue coagulado não o deixa esquecer que, neste momento, Janeway está lutando por sua vida. Sozinha.

Estamos longe dos locais sagrados de nossos avós.

Estamos longe dos ossos do nosso povo.

Mas talvez haja um ser poderoso que me aceite e me dê às respostas que procuro.

Ao mesmo ser que nunca me abandonou quando precisei, eu suplico.

Proteja aquela que se sacrificou para o nosso bem.


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