Caso 47 - Segredos de um Crime Vol. 1 escrita por Caroline Rodrigues


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

**** HEEEY !

Bem,como prometido começou hoje a repostagem. Mudei muitas coisas, muitas mesmo. Mas a idéia original continua com o mesmo objetivo. As mudanças foram necessárias para que não ficasse maçante tanto para vocês lerem quanto para mim escrever. Espero realmente que vocês gostem, mas aceito suas críticas. O prólogo saiu adiantado, e no dia 03/01 teremos o primeiro capítulo. ***



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Philadelphia - Pensilvânia. Dez anos atrás.

 

 

— Já decidiu qual a Universidade? - Lucas perguntou sem olhar em meus olhos ainda encarando um ponto distante no jardim.


— Ainda não - suspirei procurando o que tanto ele olhava - Talvez eu nem vá.


Ele não perguntou nada de imediato, continuou olhando para o ponto fixo do jardim onde as árvores balançavam com o vento forte do fim do outono. Lucas tinha essa mania -se é que eu posso chamar assim - de estar sempre com os pensamentos em outro lugar. Na verdade não era uma mania, era uma doença e meu pai fazia questão de frisar isso quase sempre. Mas eu nunca gostei de classificar meu amigo como doente, ele só tinha algumas manias estranhas e foras do comum e isso bastava como explicação para mim.


— Porque ? - ele finalmente perguntou se virando para me olhar pela primeira vez desde que me sentara ao seu lado naquele banco de concreto. Lucas tinha os olhos de um castanho intenso e interrogativo. Talvez essa última característica seja algo que só eu consiga enxergar por ele ser meu melhor amigo.


Suspirei pensando no que responder. Foi minha vez de encarar as árvores. Eu não sabia o porque.


— Não sei, só não consigo me decidir - respondi sem olhar para ele - Talvez eu queira ficar por aqui, a Universidade daqui é bom também, você sabe disso.


— Mas eu sei também que não é o que você sempre quis .


— As coisas mudam - dei de ombros balançando as pernas.


— Não nesse caso. Pode olhar para mim? - Sua voz era calma e cansada.


Me virei completamente para ele. Ele sabia os meus motivos.


— Eu sei que você quer ficar por minha causa Nina. Mas não é necessário - ele segurou minhas mãos nas suas e acariciou com as pontas dos dedos o dorso da mesma - Eu não vou a lugar nenhum, e DC não fica tão longe assim. Três horas de viagem e você pode me controlar como sempre faz ! - falou sorrindo de lado.


— Eu não controlo você! - ralhei mesmo sabendo que se tratava de uma brincadeira.


— Há controvérsias. - piscou para mim - Faça sua matrícula, vou continuar aqui, é uma promessa.


...

 

Dois anos depois


A chuva que caia molhando as pontas das minhas botas parecia entender meu estado de espírito.

Nublado.

O vestido preto liso nunca combinou tão bem com uma ocasião quanto agora, e se eu pudesse escolher, me jogaria de vez na escuridão do meu antigo quarto e choraria o resto da noite.


— Vai até lá se despedir ? - a pergunta do meu pai chegou aos meus ouvidos e interrompeu meus pensamentos, mas não parou a lágrima no meio do caminho.


Não respondi e apenas caminhei lentamente até perto do caixão. Estava fechado, segundo os médicos o estado em que o corpo se encontrava, era melhor assim. Eu não sei como pode ser melhor não poder olhar pela última vez o rosto dele independente do estado em que se encontrava. Como alguém pode achar isso melhor? Olhei para o outro lado vendo seus pais mergulhados em um semblante inexpressivo. Nenhuma lágrima. Nenhuma emoção.


Toquei a madeira fria e molhada acariciando a mesma como se tocasse seu rosto, suspirei fechando os olhos.


— Vou sentir sua falta - falei baixo com a voz embargada pelo choro contido - Você prometeu. Prometeu que continuaria aqui pra sempre, era sua rotina não era? Porque mudar agora ? - o sentimento de culpa fazia meu coração doer. Se eu não tivesse ido, talvez. ...


— Acho que já deu tempo de se despedir, querida - a voz dura e familiar soou atrás de mim. Me virei com certa brutalidade.


— Como a senhora pode ? Não sente nada mesmo ?- meu tom cintilava amargura - Ele...


— Ele se matou, Nina! - me interrompeu, mas ainda controlando a voz - Ele escolheu, estava doente sim, mas foi ele quem escolheu. Por favor, não faça um escândalo.


Ri sem humor. Era um riso vazio, que exalava ironia por aquela situação. O filho estava em um caixão, morto e gelado e sua preocupação era um escândalo de uma garota ?


— Lucas não merecia a mãe que teve - soltei antes mesmo de pensar.


O rosto ainda jovem da senhora de quarenta e tantos anos oscilou um pouco em emoções conflitantes antes de reassumir a expressão fria e dura de sempre.


— Eu também não merecia o filho que tive - respondeu antes de se virar chamando o coveiro com um gesto de mãos.


Não fiquei para ver ele ser colocado em baixo da terra. Apenas parti esperando não voltar nunca mais .


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