Um ano havia se passado desde que a batalha de Hogwarts foi travada, desde que aquele momento tinha se estagnado, desde que o mundo mágico estava tranquilo e nada mais além de memórias tinha sido deixado. Ginny já estava formada e treinava diariamente para poder fazer a seleção e entrar no time das Holyhead Harpies, desde o momento em que se formou não saia de cima da vassoura atrás do pomo de ouro. Aquela era mais uma noite como qualquer outra na Toca, Harry continuava morando com os Weasley e isso facilitava o relacionamento dele com Ginny, sendo assim, eles se viam todos os dias, passavam os dias juntos, e por morarem ainda com os Weasley dormiam em quartos separados.

O silêncio impregnou a casa enquanto Ginny fazia curativos em seus arranhões, havia sido mais um dia de treino intenso, sempre eram treinos intensos, isso não era mais novidade para a ruiva. Ela pegou seu kit mágico com os seus curativos e começou a subir as escadas, todos estavam dormindo e ela, como todas as noites, seria a última a ir para a cama. Um grito constante masculino se estagnou, o que fez com que Ginny quase caísse do degrau que acabou de subir, ela correu para o quarto dos garotos, sabia de quem vinha aquele grito, não era a primeira vez que ouvia e sabia que não seria a última.

—  Harry! Harry acorda! – disse a ruiva ao entrar no quarto e pegava nos ombros do garoto para poder acordá-lo. – Acorda Harry, ou você vai acordar a casa toda!

O garoto abriu os olhos e suava como se tivesse acabado de sair de um treino de quadribol, pelo menos foi o que passou na cabeça da ruiva naquele momento.  A procura intensa de Harry por seu óculos fez com que ele ficasse ainda mais consternado, Ginny pegou os óculos e entregou para o moreno.

— Você está bem? Estava gritando feito um berrador! – A garota tentava ser delicada, mas não estava em sua natureza, ainda mais com Harry, e o melhor de tudo é que ele entendia isso, e não sonharia em querer que Ginny fosse delicada com ele.

— Era ele... De novo! – dizia o garoto em meio a respirações ofegantes, ele tentava recuperar o fôlego que o pesadelo tirou do mesmo. – Ele estava de volta, e vocês estavam mortos, todos vocês Ginny, todos vocês... – Seus olhos estavam estagnados nos da garota, ele não conseguia piscar e segurou as mãos da ruiva com força.

— Foi só um sonho Harry, tá tudo bem, eu estou aqui, Ron está como sempre roncando e nem te ouviu, tá tudo bem... – A garota já estava acostumada a tentar acalmá-lo, mas dessa vez era diferente, ele estava pior, parecia que tudo tinha sido pior. – Eu vou tentar ficar um pouco aqui com você, ok?

Harry deu espaço para Ginny em sua cama, só a presença da ruiva já o fazia melhor, nada como ter a garota dos seus sonhos em seus braços a noite para melhorar mais ainda.

— Eu não sei o que houve dessa vez, mas foi tão mais real, eu sentia até a minha cicatriz doer, como se tudo realmente estivesse acontecendo. – O garoto abraçou Ginny com tanta vontade que ela sentiu seus braços doerem um pouco, mas não reclamou, gostava daquilo, de ficar perto dele, de sentir os braços dele em volta de seu corpo. – Eu tenho medo de tudo acontecer de novo Ginny, eu fiz tanta gente perder tanto por mim, vocês perderam o Fred, o Teddy perdeu os pais, eu sinto como se tudo isso fosse minha culpa, como se eu tivesse o dever de consertar tudo para todos.

A garota então virou-se para encarar Harry, ela precisava olhar no fundo dos seus olhos quando lhe contasse que nada daquilo era culpa dele, nada que aconteceu foi porque ele quis, ela e todos sabiam que se ele pudesse teria salvado todos. Mas não teve tempo de dizer nenhuma das palavras, ouviram um estrondo vindo de outro cômodo da casa e levantaram imediatamente, esse estrondo dessa vez também acordou Ron, que pulou da cama murmurando algo sobre aranhas, a garota não conseguiu entender direito.

— O que você está fazendo aqui Ginny? Não vai me dizer que vocês dois… – disse o ruivo com uma expressão tenebrosa.

— Calado Ron! Não ouviu o barulho? Vou descer pra ver o que é, fica aqui com as suas aranhas. – a garota respondeu com rispidez, não tinha tempo para as baboseiras de Ron, não agora.

Ela pegou sua varinha e sentiu que Harry a seguiu, até se posicionar do seu lado, ela notou que sua testa ainda estava coberta de suor, olhou para o garoto e confirmou com a cabeça que estava na hora de descerem, até que ouviram um murmúrio vindo do andar de baixo, Ginny abriu a porta e começou a descer as escadas, com Harry e Ron a seguindo, todos com a varinha a postos para qualquer invasão. Até que a garota reconheceu a voz que vinha do andar de baixo.

— Bill? – murmurou a ruiva e guardou a varinha, descendo as escadas mais rápido. – Bill! – gritou Ginny ao ver o irmão mais velho e se jogar nos braços do mesmo para um abraço, era assim que era hoje em dia na casa dos Weasley, sempre que eles ficavam dois ou mais dias sem se ver é como se não fossem se ver nunca mais, é o que acontece quando você perde alguém importante demais na família. – O que você está fazendo aqui? Por onde veio? Aconteceu alguma coisa? – As perguntas não paravam de se formular na cabeça da ruiva, ela nem percebeu que Ron e Harry já estavam do seu lado, também cumprimentando Bill.

— Saudades de você também, pequena! Eu vim pela rede de flú, preciso da ajuda de vocês urgente. – o Weasley mais velho estava com um ar preocupado, não tirava os olhos do outro lado da sala. Foi aí que Ginny percebeu que sua mãe estava onde Bill não tirava os olhos, ela estava com o mesmo olhar preocupado que tinha nos olhos do irmão.

— Fleur sumiu Ginny, ela desapareceu! – disse Molly, colocando as duas mãos na boca para tentar abafar o pequeno grito que ela deu com a notícia que tinha acabado de receber do filho e repassado para os jovens.