Teddy rolou de sua cama para chão tentando fazer o mínimo de barulho possível. Suas pequenas mãos o ajudaram a se arrastar até a cômoda e seus pés gordinhos escalaram os puxadores de madeira para alcançar aquele objeto esquisito trouxa que Papa Draco odeia, Papai Harry chama de babá eletrônica. É uma fofoqueira de qualquer forma, sempre avisando o que ele e Olivia estão fazendo. Com o objeto nas mãos, ele conseguiu desligar o botão. Ele não queria que os dois acordassem, não antes da surpresa. 

Agora sem perigo de ser dedurado e podendo fazer todo o barulho que quisesse, ele correu até o berço de Olivia que já tinha seus olhos esmeraldas muito bem abertos. Ela deu um grande sorriso com poucos dentes para o irmão e estendeu seus braços para ser pega. 

— Ollie! Você sabe que dia é hoje?! É natal! – Disse por entre as barras. – E eu queria fazer uma surpresa para Papa Draco e Papai Harry, já que eles são os melhores do mundo todo. E você vai me ajudar!

Olivia sorriu mais uma vez, balbuciando coisas que Teddy não entendia, mas era língua dos bebês e talvez significasse um sim. A garotinha rolou seu corpo, se sentando e em seguida ficando em pé dentro do berço. As pernas tentando ficar firme sob os pés. 

— Só um momento, Ollie. Eu vou te ajudar a sair. 

Teddy subiu em uma de suas cadeiras de plástico e facilmente conseguiu abaixar as barras do berço de Olivia. Esse era um dos maiores medos de Draco, porque de fato aquelas barras eram fáceis demais para se manusear. Porém Harry não lhe deu ouvidos, ele estava maluco, para que Teddy iria tirar Olivia de dentro do berço, afinal? 

As vezes Harry se esquece da criança que cria. 

Olivia resmungou um pouco ao ser pega no colo por Teddy, ele não tinha muito cuidado e ela estava toda torta nos pequenos braços, a bebê segurou o choro, porque Teddy estava conversando sobre como seria uma manhã divertida e ela confiava no irmão. 

O quarto de Harry e Draco eram duas portas à frente, logo depois o banheiro, então eles precisavam ficar mais quietos enquanto passavam. A porta estava aberta parcialmente, ainda muito escura por dentro desde que seus pais tinham cortinas grossas para bloquear a luz do sol.

— Ops! Desculpe Ollie, segura a minha mão bastante forte! – Disse ao sem querer, deixar a bebê escorregar do seu colo. 

Descer ou subir as escadas sozinhos eram uma das maiores regras da casa, eles nunca poderiam fazer isso sem a supervisão de um dos adultos, mas Teddy tinha certeza de que conseguiria fazer aquilo sozinho. Suas pequenas mãos estavam decididas em segurar um corrimão com a mão e com a outra a mão de Olivia que parecia estar bastante assustada em descer aqueles longos degraus sem seu pai. 

No andar de cima, Draco rolou de cima de Harry acordando com o som de algo se mexendo pela casa. Ele sabia que ainda era bem cedo, a julgar pelo sono que sentia. Harry ao seu lado respirava profundamente em seu sono e a babá eletrônica não acusava nenhum som anormal vindo do quarto dos bebês. Pensando que estava tudo bem e além do sono não conseguir deixar seus olhos abertos, Draco apagou novamente. 

Ali perto, mais precisamente na cozinha, Teddy tinha um problema, ele queria fazer panquecas mas mexer com facas e panelas era um convite aberto para o castigo, é isso estragaria as coisas, ele não queria ficar de castigo no natal. Tentou waffles mas ele não fazia ideia de como começar, tentou cereal com amorinhas e ' nanas mas deu muito errado, o cereal e leite caíram todo pelo chão e não sobrou nada. A única feliz era Olivia, que estava sentada no chão comendo as amoras que Teddy conseguiu salvar. Ambas as crianças estavam molhadas de leite. 

Harry se espreguiçou preguiçosamente, ele amava manhãs de natal e estava ansioso para que as crianças abrissem os presentes e tomassem café juntos. Ele cutucou Draco para que acordasse, mas o rapaz já não estava na cama. O que aconteceu em seguida fez Harry pular da cama e praticamente aparatar para o andar debaixo. Um baque na porta, seguido de alguém correndo pelas escadas e a dramática voz de Malfoy vindo em seguida.

— Pelas calças de Merlin! Teddy! Oh não, Olivia! 

Harry desceu rapidamente escadas temendo a confusão que encontraria. 

— Feliz Natal! – Teddy gritou batendo os pezinhos no chão molhado de leite.

O moreno queria rir, mas sabia que aquilo apenas daria a Teddy entender que estava certo tudo que havia feito, antes que seu marido tivesse algum tipo de ataque nervoso pela sujeira e bagunça, Harry agitou a varinha para um feitiço de limpeza, tirando Olivia do chão em seguida. Um resmungo saiu dos lábios da criança, ela havia sido afastada da sua tigelas de amorinhas! 

— Como você conseguiu tirar Olivia do berço, Teddy? – Draco perguntou.

— Eu abaixei as barras, papai. Foi fácil! – Respondeu o menor, agitando os braços animado. 

O olhar do loiro para Harry dizia em alto e bom som "Eu te avisei, mas você é muito teimoso para me escutar." O rapaz pigarreou e se voltou para Teddy suavemente:

— Isso é um não-não, Teddy. Você não pode tirar Ollie do berço, nem descer as escadas sozinho com ela. 

— Eu queria fazer panquecas de natal, porque você e papai Draco são o melhores! – Tentou explicar, as mãos abertas no ar gesticulando enquanto falava. 

Harry sorriu para ele com aquele típico olhar adorador. Draco respirou fundo, Teddy tinha esse jeito fofo de manipular, ele já nem se sentia tão bravo depois de saber as intenções do garoto. Ele levantou a criança e a colocou em seus braços. 

— Panquecas são para garotos grandes, como seu pai e eu. Mas você pode me ajudar agora, sim? 

Teddy bateu palmas e comemorou p fato de poder ajudar em algo no café da manhã de Natal. Enquanto Harry trocava Olivia e arrumava a mesa, os dois rapazes na cozinha se divertia o tanto que podia com as tigelas e panelas no preparo das panquecas. 

Agora Teddy estava feliz, com suas panquecas cortadas em pequenos pedaços que ele mesmo havia preparado! Olivia estava tentando imitar o irmão, colocando pequenos pedaços de massa na boca, mas estava tendo mais sucesso em se sujar de melado do que realmente se alimentar. 

— Pensando melhor... Depois do que aconteceu hoje cedo, nós não deveríamos comprar aquela vassoura para ele de natal. Eu só consigo pensar nos estragos que ele vai causar. – Murmurou Draco para Harry que quase engasgou com o pedaço da sua panqueca. 

— Mas eu já comprei! – Disse em meio a uma tosse. 

— Potter! 

— Você disse que eu poderia comprar os presentes, Malfoy! 

— Presentes? Posso ter o meu agora. – Teddy disse do cadeirão, quicando sobre ele agora com animação. 

Draco suspirou, seria um longo dia de natal, ele poderia sentir. Harry precisou soltar o garoto do cadeirão antes que ele tentasse correr para sala preso e tudo. Suas mãos foram correndo para o pacote comprido onde a desejada Junior Firebolt X estava embalada. 

Harry se aproximou do rosto se Draco, depositando um leve beijo em sua bochecha. O rapaz era exagerado em suas preocupações, ele sabia, mas depois de tudo que eles haviam passado, talvez ainda fosse demorar um tempo até que Draco sentisse que sua família estava realmente segura. 

Olivia soltou um grito agudo do colo de Harry ao ver Teddy flutuando alguns metros do chão em sua vassoura. O garoto por outro lado, estava encantado em como conseguiu fazer a ação facilmente, embora por pouco tempo antes de se desequilibrar e cair de bunda no chão. Uma grande cena de choro estava formada e Draco correu para socorrer.

Momentos depois, a dor esquecida e a vassoura guardada – Talvez fosse melhor treinar lá fora, quando o tempo melhorasse – as duas crianças brincavam animadamente com um pequeno trem encantado que fazia barulho, corria e soltava fumaça de verdade. 

Harry estava aconchegado no ombro de Draco, os braços ao redor do corpo, observando os filhos brincarem. Ele riu do pequeno curativo colorido no dedo de Olivia, que como o irmão mais velho estava seguindo os mesmo passos de diabete. 

— Eu sinto muito, prometo que o próximo não vai ser tão levado. – Suspirou. Draco se ajeitou em um pulo. 

Oh Merlin, Harry havia falado mais que a boca.

— Como assim próximo? – Perguntou, as sobrancelhas quase sumindo no cabelo. 

— Opa, parece que está na hora de colocar Olivia para dormir um pouquinho.

O rapaz se levantou rapidamente, pegando a criança do tapete para o seu colo mais rápido ainda.

— Harry Potter, volte aqui agora! 

O moreno voltou para sala, respirando fundo. Ele ainda não tinha certeza de nada, embora sentisse os mesmo sintomas que teve com Olivia, ainda assim não queria alarmar uma pessoa ansiosa como Draco. 

O loiro esperava uma resposta. Harry teve uma ideia.

— Vou deixar que você use Sherlock Malfoy novamente, talvez você descubra, hun? – Ele se aproximou, dando um pequeno beijo em seus lábios. – Feliz natal!

Dito isso, se virou para a saída da sala, realmente indo colocar Olivia para dormir dessa vez. Draco se virou para Teddy que já estava correndo em sua direção para segurar sua mão, afinal seu pai sempre precisava de um ajudante. 

Eles aparataram no segundo seguinte em meio ao tempo frio da Londres bruxa para encontrar um teste de gravidez e acabar com aquele mistério.