Emulação escrita por Garma


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Esta é a primeira vez que escrevo algo narrado em primeira pessoa, assim como também é a primeira vez que termino uma história em menos de uma hora, surpreendentemente. Fruto de uma madrugada sem sono, espero que não desejem minha morte até o fim do capítulo, haha. Os aguardo ansiosamente nas notas finais, para mais detalhes.

OBS: Não revisei, preferi postar direto assim que acabei para não perder a coragem.

OBS²: Durante boa parte do capítulo, eu estava ouvindo essa música, caso tenham interesse em compartilhar da mesma vibe que eu, enquanto lêem: https://www.youtube.com/watch?v=1sME6B2aVjw



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A música estava alta o suficiente para o quarteirão inteiro ouvir, só Deus sabe quem montou a playlist. Fiz questão de não me intrometer nessas coisas, já que os amigos dele haviam se comprometido e se responsabilizado por tudo. Não sabia que ele conhecia tanta gente assim. Minha única função era distraí-lo durante todo o dia 13 e impedir que chegasse em casa antes das oito. Não opinar na festa surpresa do meu próprio namorado, pff. Pensando bem, não sei como deixei que estragassem tanto a casa dele. Se soubesse que haveria um copo vermelho, daqueles de plástico, jogado em cada canto de sua sala, jamais permitiria. 

Kaworu e eu estávamos juntos há quase dois anos. Ficamos muito próximos logo quando nos conhecemos, numa escola particular de música. Era apontado como o aluno mais promissor dentre todos, fato que me deixou extremamente sem jeito e justifica o meu nervosismo descabido quando fomos postos pela primeira vez para praticar juntos.

Desde o primeiro dueto pude sentir uma conexão peculiar. Simplesmente não queria que esse sentimento se esvaísse ainda tão prematuro, então lembro da gente tocar até tarde naquele dia, dele me acompanhando até em casa preocupado pelo horário; nossa conversa fluía como se nos conhecêssemos há décadas.

Ele, sem sombra de dúvida, conhece mais a mim mesmo do que eu. E julgava conhecê-lo também, embora sempre acabasse sendo surpreendido, uma hora ou outra. Porém, se alguém me dissesse, que em algum momento da minha vida, o veria dançar tão animado uma música pífia como aquela, eu certamente não acreditaria. Apesar da cena ser atraente, tenho que admitir.

Ele era sempre tão calmo. Não importa o quão ruim o dia possa estar, sua serenidade é capaz de expulsar qualquer tensão. Seu olhar me acalma e seu toque chega a ser tão leve quanto o acalento de uma brisa primaveril.

Durante nossa relação, sempre fomos muito juntos e geralmente saíamos sozinhos. Desfrutar de sua companhia era, e sempre será, a melhor parte do meu dia. Não estudamos no mesmo colégio e por conta disso, nunca cheguei a conhecer de fato suas amizades.  Claro que já havia me apresentado a alguns de seus amigos, mas me sinto desconfortável dividindo sua atenção, confesso. Prefiro quando estamos a sós.

Uma semana antes de seu aniversário, recebi um telefonema de alguns indivíduos. Achei estranho que me ligassem, pois nas poucas vezes em que tive a oportunidade de vê-los, os achei até legais, mas depois comecei a me sentir tímido e acuado na presença deles. O mais alto tinha o cabelo descolorido e parecia ser o mais próximo do meu amor, é o que menos vou com a cara, com certeza. Pode soar contraditório, mas apesar de não me importar com o fato dele ter outras pessoas próximas, fico enciumado quando o vejo com elas. Minha insegurança transborda camuflada debaixo de uma cara emburrada, que tento esconder e disfarçar a todo custo. Não queria estragar a noite dele, parecia tão feliz. Só não... estava acostumado a vê-lo tão contente sorrindo pra tantas pessoas diferentes. Era como ver o Meu Mundo sendo repartido.

De repente, me senti solitário no meio daquela multidão alvoroçada.

Apertei os punhos com força, sem ter onde canalizar os sentimentos negativos que começavam a importunar minha paz interior. Abaixei a cabeça e encarei meus sapatos fixamente, sem me preocupar com os braços que esbarravam contra mim vez ou outra. Estava tão frustrado.

Havia passado o dia inteiro com ele. Nós almoçamos e passamos a tarde inteira juntos, nos divertindo. Pretendia entregar seu presente após a festa, pois nunca passou pela minha cabeça que seria “aquele” tipo de festa, e consequentemente fosse acabar tão tarde. Mesmo assim, mesmo tendo o roubado só para mim quase que pelo dia inteiro, não me senti satisfeito. Maldita hora em que o incentivei a dar atenção aos convidados. Bem verdade ele me procurou várias vezes, mas eu não estava à vontade e acabei insistindo para que continuasse com outras pessoas. Não tenho muito direito de reclamar, afinal.

Ainda com o olhar baixo, precisei conter a vontade de chorar, que vinha se acumulando por algum motivo. Apertei os olhos com demasiada força, não derramaria aquelas lágrimas egoístas de frustração em seu aniversário. Encontrava-me prestes a estragar tudo, não que fosse alguma novidade. Estava sentindo falta de alguém presente na mesma sala de estar que eu. Engraçado, não? Embora fosse complicado procurar por ele, de qualquer forma, as únicas luzes acesas eram coloridas e algumas delas piscavam irritantemente, igual uma casa noturna. Era espantoso como conseguiram transformar a casa de alguém tão centrado em um circo.

Queria que ele viesse ao meu encontro e me confortasse como sempre, me tirasse dali o quanto antes. Respirei fundo e ergui o rosto, completando com êxito a tarefa de reprimir o choro. Àquela altura, havia desistido de lidar com a situação e planejava aguardar, isolado, tudo acabar. Cansado de me sentir invisível, tal qual um fantasma, iria esperá-lo no quarto, entregar seu presente e despedir-me. No entanto, algo me impediu.

Bati os olhos diretamente na figura altiva que caminhava enquanto ostentava no rosto um sorriso de canto. Se destacava facilmente, como um anjo no meio de um ambiente profano. As mangas da camisa azul-marinho estavam dobradas na altura do cotovelo, exatamente como eu havia arrumado durante nosso passeio à tarde. Inevitavelmente fiquei estático, esperando que se aproximasse.

Ele veio em minha direção, com vários fios molhados grudados na testa, provavelmente devido ao champagne que jogaram sobre seu cabelo enquanto cantavam o “parabéns”. Pensei em perguntar algo, mas esqueci completamente o que era, quando sem dizer sequer uma palavra, me vi agarrado por um Kaworu ébrio. Fora a primeira vez que senti o gosto de álcool em sua boca. A surpresa só me impediu de retribuir por um segundo, no outro eu já estava completamente entregue, beijando meu namorado como se não houvesse amanhã, no meio de uma multidão de estranhos, com alguma música pop absurdamente alta tocando no fundo, que aliás não faço a mínima ideia de qual era.  Naquele momento, minha mente já estava sintonizada apenas com a língua quente do aniversariante, que invadia minha boca sofregamente.

O envolvi pelo pescoço possessivamente e ele fez questão de devolver, colando ainda mais nossos corpos. Pude senti-lo inclinando sobre mim, uma de suas mãos pressionava minha nuca conquanto a outra segurava minha cintura com firmeza, mantendo meu equilíbrio. Não só fisicamente falando. Naquele momento, a música já não alcançava mais o meu subconsciente. Todas as pessoas haviam desaparecido. Tudo que não fosse a boca dele encaixada na minha, parecia estar fora do ar.

Arfei entre o contato várias vezes, meus pulmões não são tão resistentes. De quando em quando, fiquei confuso se ele realmente estava passando a mão na minha bunda de maneira tão abusada...ou se era apenas minha imaginação tendenciosa. Ok, ele estava passando mesmo. Kaworu parecia me querer avidamente. Na proporção exata que precisava querer naquela noite, para me fazer sentir seguro novamente; como se estivesse adivinhando o que se passava na minha cabeça. Ou ao menos foi o que pensei, com aquela demonstração de afeto tão fervorosa e demorada.

Parecia estar o tempo todo lendo meus pensamentos, aguardando o momento perfeito para aparecer e me salvar, como sempre fazia.

O ritmo dos beijos não diminuíram, estes vieram a cessar subitamente, o que me deixou atônito por um instante. Até que encontrei a suavidade reconfortante exibida por seus olhos rubros, que me fitaram com esmero. Recebi um lindo sorriso, acompanhado de uma piscadela que me deixou sem jeito. Ainda estava envolto em seus braços, recuperando o fôlego, quando aproximou os lábios do meu ouvido.

“Eu o amo, sabia?”                                                                                                                         

Meus lábios agiram involuntários, contorcendo-se num sorriso sincero, na medida em que sentia meu coração aquecendo. Com poucas palavras, ele conseguira dizer mais do que o suficiente. Como se pudesse invadir minha alma, decifrar meus pensamentos, adivinhar o que preciso e me trazer tudo isso com o simples fato de estar presente. Esqueci por completo da angustiante frustração de outrora, e porque não dizer também, que havia esquecido do sentimento de emulação, bobo, sem sentido e desnecessário, que permiti que tomasse conta de mim.

Porque francamente...

Nos braços dele, o mundo não chegava a ser um problema.


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Notas finais do capítulo

Feliz Aniversário, Kaworu-kun. ♥

Vamos aos esclarecimentos, se ainda houver alguma alma viva que chegou até aqui: Esta não foi uma oneshot planejada, ela saiu num surto de inspiração de alguém com insônia. Então não me preocupei com alguns aspectos, como por exemplo, o fato do Kaworu ser tão "popular". Utilizei de uma lógica pessoal para me justificar, haha. Os curiosos são bem-vindos a perguntar sobre isso, dentre outras coisas também é claro, nos comentários e.e

Mas espero que a fanfic tenha ficado, ao menos, dentro dos limites do "aceitável".
A completei o mais rápido que pude, para poder postar hoje e não deixar o aniversário do nosso anjo preferido passar em branco. É isso, um beijo no coração de vocês.



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